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Estratégias para o gerenciamento do TDAH em adultos

No Brasil, cerca de 2,5 mil adultos convivem com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O distúrbio, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, afeta o âmbito acadêmico, profissional e social, causando prejuízos ao longo da vida. No entanto, o tratamento adequado, por meio de medicamentos e psicoterapia, é capaz de amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Além disso, algumas estratégias comportamentais podem ser úteis para o gerenciamento do TDAH em adultos no dia a dia. Continue a leitura para saber:

O que é o TDAH?

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é caracterizado por uma combinação de sintomas persistentes, como desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade.  Embora a causa exata da condição seja desconhecida, estudos indicam que ela está ligada a alterações genéticas sutis na parte frontal do cérebro, responsável pelo controle da atenção e pela inibição do comportamento.

As manifestações do TDAH podem variar entre os pacientes e se apresentar das seguintes formas:

  • Predominantemente hiperativo – sintomas relacionados à hiperatividade e impulsividade são mais acentuados;
  • Predominantemente desatento – desatenção e distração são preponderantes nesse caso;
  • Combinado – equilíbrio entre os sintomas de desatenção e sintomas hiperativos e impulsivos.

Os primeiros sintomas costumam surgir na infância e são mais facilmente detectados quando a criança inicia o processo de alfabetização. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado facilitam o controle do distúrbio ao longo da vida.

Entretanto, cerca de duas a cada três crianças com TDAH seguem com o transtorno na vida adulta e, em alguns casos, o problema só é diagnosticado na maturidade. Para pessoas que receberam diagnóstico tardio, a primeira coisa a saber é que suas dificuldades têm um nome e têm tratamento.

Quais são os sinais e sintomas de TDAH em adultos?

Os sinais e sintomas de TDAH costumam ser os mesmos na infância e na fase adulta. No entanto, a intensidade deles pode mudar com o tempo. A hiperatividade, por exemplo, tende a atenuar com o passar dos anos. Em contrapartida, a desatenção, a impulsividade e a inquietação podem persistir e interferir no funcionamento diário. As possíveis manifestações do TDAH incluem:

  • Rendimento aquém da capacidade intelectual;
  • Falta de foco;
  • Tédio;
  • Dificuldade de seguir rotinas;
  • Procrastinação;
  • Dificuldade para planejar e executar tarefas;
  • Ansiedade diante de tarefas não estimulantes;
  • Alteração de humor constante;
  • Esquecimento de datas e compromissos importantes;
  • Perda de objetos;
  • Problemas para expressar ideias e colocar em prática o que está pensando;
  • Dificuldade para escutar e esperar a sua vez de falar;
  • Intolerância a situações monótonas e repetitivas;
  • Falta de atenção com coisas simples e erros constantes na execução de atividades.

Importante: qualquer pessoa pode apresentar os sinais e sintomas acima em algum momento. Mas, no TDAH, eles estão presentes desde a infância e são persistentes, além de serem graves o suficiente para causar problemas em mais de uma área da vida.

Quais são os desafios associados ao TDAH em adultos?

Há uma parcela de adultos com TDAH que desconhece o diagnóstico. Um dos fatores que dificulta a identificação do transtorno nessa faixa etária é que, com frequência, a pessoa afetada e os que estão ao seu redor enxergam os sinais e sintomas da condição como um traço de personalidade.

Embora alguns dos adultos com TDAH não diagnosticados consigam desenvolver estratégias para compensar suas dificuldades, muitos deles, por desconhecerem a origem do problema e não receberem tratamento, ficam mais suscetíveis a relacionamentos instáveis, baixo desempenho profissional e acadêmico, baixa autoestima e outras consequências.

Um dos maiores desafios está na execução das atividades relacionadas ao trabalho. Pessoas com o transtorno estão mais suscetíveis a:

  • Demissões;
  • Acidentes de trabalho;
  • Avaliações negativas de rendimento;
  • Problemas de relacionamento com os colegas;
  • Repreensão por comportamento inadequado.

No âmbito da saúde, estudos indicam que 75% dos adultos com TDAH estão propensos a mais de uma comorbidade. Entre elas:

  • Depressão;
  • Dislexia;
  • Ansiedade;
  • Compulsão alimentar;
  • Distúrbios do sono;
  • Uso abusivo de álcool e outras drogas;
  • Baixa autoestima.

Como é feito o diagnóstico do TDAH em adultos?

Quando a pessoa suspeita do TDAH ou é alertada por alguém, é importante que ela consulte um psiquiatra ou neurologista. Para fazer o diagnóstico, o profissional realizará o seguinte processo:

  • Exame físico: para descartar outras possíveis causas dos sintomas;
  • Coleta de informações/anamnese: perguntas feitas pelo médico sobre histórico clínico pessoal e familiar, além do surgimento e frequência dos sintomas;
  • Testes de transtornos mentais:  para avaliar os sintomas e até mesmo descartar outros tipo de transtornos.

Como é o tratamento do TDAH em adultos?

O tratamento do TDAH em adultos costuma envolver medicação, psicoterapia e treinamento de algumas habilidades para atenuar os sintomas. Esses recursos, em geral, precisam ser adaptados ao longo do processo e podem ou não estar associados.

Em relação aos medicamentos, é comum a prescrição de:

  • Psicoestimulantes : são usados para elevar e equilibrar o grau de substâncias químicas cerebrais/neurotransmissores;
  • Antidepressivos: também ajudam no equilíbrio das reações químicas do cérebro.  Em geral, são recomendados quando há contraindicação para o uso de psicoestimulantes.

A psicoterapia é de suma importância para aprender formas de lidar com os sintomas e treinar habilidades como organização, planejamento e controle emocional. Há dois tipos de acompanhamento psicológico indicados:

  • Terapia cognitiva comportamental: ajuda no desenvolvimento de habilidades específicas para o gerenciamento de comportamentos e enfretamento de problemas no trabalho e vida pessoal. Também auxilia a lidar com comorbidades como ansiedade e depressão.
  • Aconselhamento familiar: essa terapia envolve pais, filhos e cônjuges, para que todos possam encontrar a melhor forma de se comunicar e lidar com os sintomas do TDAH.

Importante: buscar o máximo de informações sobre TDAH e partilhar experiências e dúvidas em grupos de apoio também são ferramentas importantes para conviver melhor com o transtorno.

Quais estratégias podem ajudar no gerenciamento do TDAH em adultos?

Além de acompanhamento médico, medicamentos e psicoterapias, existem técnicas que podem ajudar adultos com TDAH a lidar com o transtorno. Confira algumas delas:

Atividade física – ajuda a diminuir a alternância de humor, aumenta gasto de energia e acalma a mente.

Sono adequado – a falta de sono é capaz de piorar os sintomas do TDAH, aumentando o nível de desatenção.

Alimentação adequada – comer bem, em pequenas porções ao longo do dia, pode diminuir a distração e a hiperatividade. Diminuir o consumo de açúcar e carboidrato, e aumentar a ingestão de proteínas também contribui para redução dos sintomas do TDAH.

Documentar a rotina – manter uma agenda com os horários e compromissos ajudará a driblar a dificuldade de organização, comum para quem tem TDAH.

Definição de prioridades – identifique as tarefas mais importantes do dia e comece por elas.

Gerenciamento do tempo – outra dica é definir a quantidade de tempo necessária para executar cada tarefa e estabelecer prazos para seus projetos.

Uma tarefa de cada vez – realize uma atividade por vez e, no caso de um grande projeto, divida-o em partes para terminá-lo aos poucos.

Organização do espaço – verifique diariamente o que você usará e o que deverá ficar guardado. Defina lugares para chaves, contas e outros itens que se perdem facilmente. E jogue fora tudo o que não for necessário.

Evitar respostas imediatas – a impulsividade é um sintoma perigoso para adultos com TDAH que podem se comprometer a fazer algo que não vão dar conta. Por isso, antes de responder a um pedido, respire, pare, e verifique se realmente é possível.

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Referências