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Médica do SUS acompanha menino com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH

Qual o papel do SUS no tratamento do TDAH?

No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Em adultos com idade entre 18 e 44 anos, esse número cai para 5,2%, entretanto, em pessoas com mais de 44 anos, a prevalência é de 6,1%. Em julho 2022, o Ministério da Saúde aprovou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do TDAH, documento que padroniza e orienta os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses pacientes na rede pública. Mas você sabe o que o SUS oferece? Continue a leitura para saber:

Quais as diretrizes do Protocolo Clínico para TDAH do Ministério da Saúde?

São critérios que guiam os profissionais de saúde no diagnóstico de TDAH, para orientar no diagnóstico e no tratamento, acompanhando a evolução do quadro do paciente. As diretrizes são formuladas com base em evidências científicas e rigorosos parâmetros de qualidade divididos em três momentos da jornada do paciente.

  1. Diretrizes para diagnóstico do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

Por seus sintomas se confundirem com os de outras condições e também com algumas características normais de desenvolvimento de uma criança, o diagnóstico do TDAH é complexo. Além disso, a falta de confirmação do transtorno ou um diagnóstico que esteja equivocado podem trazer consequências à pessoa. Por isso, o Ministério da Saúde estabelece as seguintes diretrizes:

  • A confirmação do diagnóstico pode ser baseada em 18 sintomas que indicam desatenção excessiva, hiperatividade e impulsividade;
  • Os comportamentos que evidenciam esses sintomas devem ser observados em várias situações durante, pelo menos, seis meses;
  • Os danos provocados por esses comportamentos à sociabilidade e/ou ao desempenho escolar devem ser evidentes;
  • Caso uma criança ou adulto apresente estes sintomas e exista a suspeita de TDAH, os profissionais de saúde devem realizar uma avaliação clínica e psicossocial completa;
  • Em ambas as avaliações, é necessário que uma equipe multidisciplinar esteja envolvida;
  • As informações e relatos de familiares, responsáveis, educadores e cuidadores são essenciais para a definição do diagnóstico, por isso, devem ser consideradas;
  • Além disso, os pontos de vista da pessoa com TDAH também devem ser considerados;
  • O diagnóstico deve ser realizado por um psiquiatra, um pediatra, um neurologista ou um neuropediatra.
  • Diretrizes para tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Ministério da Saúde indica a intervenção multimodal, ou seja, tratamentos combinados, enfatizando aquele que não envolve medicamentos. Dessa forma, incluiu nas diretrizes:

  • Orientar a pessoa com TDAH sobre os estigmas do transtorno e auxiliá-la na compreensão dos sintomas e explicar os desafios;
  • A terapia cognitiva comportamental, por meio do acompanhamento de um psicólogo que utilize essa abordagem.
  • O apoio educacional de profissionais para melhorar o desempenho escolar, com metas específicas e atingíveis, como maior seguimento de regras e melhora das notas do colégio;
  • O apoio familiar, considerando também as necessidades dos pais, mães e/ou responsáveis pelos cuidados da pessoa com TDAH;
  • Hábitos alimentares saudáveis, que promovam a ingestão de ferro, zinco e ácidos graxos (nutrientes com efeitos protetores) e evitam o consumo de corantes alimentares, açúcar e conservantes (substâncias que podem causar efeitos adversos nas pessoas com TDAH);
  • A obrigatoriedade de deixar quem tem TDAH e os familiares cientes dos potenciais riscos e efeitos colaterais relacionados ao uso de medicamentos.
  • Diretrizes para acompanhamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Ministério da Saúde considera que o monitoramento continuo garante que o tratamento do paciente seja adequado aos sintomas atuais e às suas circunstâncias familiares, sociais e culturais. Por isso, estabelece as seguintes diretrizes:

  • A frequência do tratamento não medicamentoso (como o atendimento psicológico, a orientação aos pais e o apoio escolar) deve ser semanal, ao menos de início;
  • As consultas com os médicos responsáveis devem acontecer em intervalos de, no máximo, 30 dias, período que pode ser prolongado se o caso tiver boa evolução;
  • Para avaliar a resposta ao tratamento, podem ser usados alguns questionários;
  • O acompanhamento deve ser feito não apenas nos serviços de saúde, mas também com o apoio educacional e familiar. Dessa forma, envolve uma equipe multidisciplinar, que pode ter psiquiatra, médico de família e comunidade, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo e assistente social.

Essas diretrizes são importantes porque:

  • Identificar a doença no estágio inicial e iniciar o acompanhamento de maneira ágil é essencial para um tratamento eficiente;
  • Grande parte dos estigmas do TDAH vem da incerteza das pessoas quanto à validade de um diagnóstico;
  • Há cada vez mais demanda de pessoas com TDAH por serviços de saúde mental.

O que é oferecido pelo SUS para diagnóstico de pessoas com TDAH?

O SUS busca articular o atendimento e acompanhamento de pessoas com TDAH nos níveis federal, estadual e municipal. Por isso, instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que prevê̂ a criação, a ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, especialmente em nível estadual. A RAPS conta com a Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental.

A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Ela diz respeito às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e à Equipe de Saúde da Família (ESF e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), lugares onde as pessoas são acolhidas por profissionais da saúde para atendimento e encaminhamento para especialistas.

Como o SUS deve seguir as diretrizes implementadas pelo Ministério da Saúde, deve também fornecer profissionais especializados em atendimento e diagnóstico de TDAH. Além disso, o Sistema Único de Saúde deve trabalhar em conjunto com as equipes de assistência social locais e, se for o caso, com as escolas públicas.

O que é oferecido pelo SUS para tratamento de pessoas com TDAH?

Além do acompanhamento na Atenção Primária, em conjunto com as escolas e assistência social, o SUS oferece os Centros de Atenção Psicossocial, locais onde adultos, crianças e adolescentes com TDAH recebem cuidados de saúde mental. Eles contam com uma equipe multidisciplinar e podem oferecer:

  • Sessões de psicoterapia;
  • Oficinas terapêuticas em grupo;
  • Oficinas de expressão;
  • Oficinas culturais;
  • Atividades esportivas;
  • Atividades de suporte social;
  • Grupos de leitura e debate;
  • Atendimento para a família, tanto para o grupo familiar quanto o atendimento individualizado para familiares.

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Referências


Direitos de quem tem TDAH

Quais são os direitos de quem tem TDAH?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, comumente conhecido como TDAH, afeta cerca de 3% a 8% das crianças e adolescentes da população mundial. Estima-se que 2,5% a 3% continuam a manifestar o transtorno na vida adulta. No Brasil, o TDAH atinge cerca de dois milhões de adultos. Nos últimos anos, as pessoas com TDAH conquistaram direitos que permitiram acesso à saúde, à educação, ao mercado de trabalho e inclusão social. Continue a leitura e saiba o que a Lei estipula sobre os seguintes aspectos:

Direitos de quem tem TDAH no acesso à saúde

Diagnóstico precoce – -é garantido pela Lei n.º 4.324 a avaliação do desenvolvimento infantil por equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando identificar sinais possíveis do TDAH. Os critérios de avaliação, diagnóstico e acompanhamento são estipulados pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade , aprovado em julho de 2022.

Acompanhamento com equipe multidisciplinar – ainda sob a Lei nº 4.324,se confirmado o diagnóstico de TDAH depois da avaliação pelos profissionais de saúde, a criança tem direito a começar o tratamento imediato na rede pública de saúde mais próxima à residência. Além disso, deve ser disponibilizado à família um atendimento psicológico, com orientações sobre o TDAH, para o acompanhamento conjunto. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do TDAH prevê que o tratamento inclui equipe multidisciplinar, que pode envolver:

  • Médico Psiquiatra;
  • Médico da família e comunidade;
  • Psicólogo;
  • Fonoaudiólogo;
  • Psicopedagogo;
  • Assistente social.

Acesso a medicamentos – a Lei nº 2.630, de novembro de 2021, instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O documento engloba e faz substitutivos a algumas outras leis que garantem direitos às pessoas com TDAH. Um exemplo, é o substitutivo à Lei nº 4.324, ao incorporar o acesso gratuito a medicamentos para o tratamento do TDAH. No entanto, apesar de aprovada, a Política Nacional ainda está em fase de tramitação e ainda precisa passar por algumas comissões para entrar em vigor.

Direitos de quem tem TDAH na educação

Identificação precoce do TDAH e acompanhamento integral – a Lei nº14.254, de novembro de 2021, estipula a identificação precoce de possíveis sinais de TDAH em alunos por parte dos educadores. Caso necessário, a escola deve ser responsável por encaminhar o aluno para diagnóstico e oferecer todo o apoio para o tratamento, seja dentro da escola – com psicólogo, psicopedagogo, entre outros – ou na rede de saúde.

Capacitação de profissionais da educação – para que o cuidado e atenção ao aluno com TDAH seja eficaz, a Lei nº14.254 estipula que as instituições de ensino ofereçam formações continuadas aos educadores sobre os sinais de TDAH e outros transtornos de aprendizagem. Também é necessário capacitar e apoiar os profissionais para os ajustes de abordagem com esses alunos no dia-a-dia.

Professor auxiliar – aLei nº 14.254 também assegura ao aluno com TDAH e/ou outros transtornos de aprendizagem o direito de contar com um professor específico, que deverá ajudá-lo com as necessidades específicas. A responsabilidade em fornecer o profissional é da escola, que pode contar com o apoio da área da saúde, da assistência social ou de outra política pública que exista na região.

Garantia de matrícula em instituições de ensino públicas e privadas – a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH estipula queo responsável pela instituição de ensino que recusar a matrícula ou renovação de aluno com TDAH está sujeita a multa de três a 20 salários mínimos. No caso de escola pública, se a recusa se repetir, o servidor público perderá o cargo após comprovada a situação na justiça.

Tempo adicional na resolução de provas – alunos com TDAH e outros transtornos de aprendizado têm o direito a resolver qualquer atividade de avaliação com tempo extra, que deve ser estabelecido de acordo com cada caso. A Lei nº 4.308, de 2021, antes previa o tempo adicional de 40 minutos, para qualquer teste, porém a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH apresentou um substitutivo que retira a especificação de tempo.

Direitos de quem tem TDAH no trabalho

A Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH prevê medidas que assegurem a inclusão e desenvolvimento do profissional com o transtorno. São elas:

Inclusão no mercado de trabalho – empresas com mais de 10 mil funcionários, públicas ou privadas, devem ter profissionais de recursos humanos capacitados para lidar com pessoas com TDAH.

Incentivo ao desenvolvimento profissional – gestores e profissionais de RH devem se engajar no processo de adaptação da pessoa com TDAH à equipe, ao ambiente de trabalho e às tarefas desempenhadas. Ajustes de atividades, ambientes, rotina e treinamentos específicos devem ser aplicados, de acordo com as necessidade e dificuldades do funcionário, antes de se fazer advertências sobre o desempenho profissional.

Direitos e conquistas sociais de quem tem TDAH

Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH – todo dia 1º de agosto é comemorada a Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH, com o objetivo de promover a importância do diagnóstico e tratamento precoce do transtorno. A data entrou em vigor em 2022, com a sanção da Lei nº 14.420.

Plano de saúde – segundo a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH, indivíduos com o transtorno não podem ser impedidos de participar de planos privados de saúde em razão da sua condição.

Participação nas políticas públicas – a Política Nacional também tem como diretriz a participação de pessoas com TDAH na formulação, execução e avaliação de políticas públicas.

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Referências

https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220804_Relatorio_733_PCDT_TDAH.pdf – acessado em 23/02/2023

Criança com TDAH recebendo atendimento de profissional especializado – Cellera Farma

Quais são os desafios dos adolescentes com TDAH?

Os sinais e sintomas do TDAH podem variar conforme o subtipo do transtorno, mas se agravam na adolescência se não houver tratamento, podendo afetar as relações, sentimentos, aprendizado, comportamentos e prejudicar a execução de tarefas de risco.

Continue a leitura para saber:

Quais são os sinais e sintomas do TDAH na adolescência?

Os subtipos do TDAH que podem levar a variação de sinais e sintomas são, desatenção, hiperatividade/impulsividade ou uma combinação deles.

Desatenção:

  • Falta de atenção aos detalhes e erros por descuido;
  • Dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
  • Parecer não ouvir quando se fala com ele;
  • Não segue instruções e não termina trabalhos com frequência;
  • Tem problemas para organizar tarefas e atividades;
  • Constantemente evita, não gosta ou reluta em fazer tarefas que precisem de esforço mental por muito tempo;
  • Frequentemente perde objetos pessoas ou coisas necessárias para executar tarefas;
  • Distrai-se facilmente;
  • Esquece as atividades diárias constantemente.

Hiperatividade/impulsividade:

  • Mexe ou bate mãos ou pés frequentemente;
  • Está sempre se movimentando;
  • Levanta-se constantemente quando se espera que fique sentado;
  • Incapacidade frequente de brincar ou participar tranquilamente de atividades de lazer;
  • Fala em excesso constantemente;
  • Responde muitas vezes antes de a pergunta ser concluída;
  • É comum não esperar a vez;
  • Interrompe ou se intromete constantemente.

É fácil confundir muitos desses sinais e sintomas com comportamentos normais da idade e apresentar um ou mais deles não quer dizer que o adolescente tem TDAH. Porém, quando eles são mais intensos e recorrentes do que o esperado, em mais de um ambiente, podem ser sinais de alerta e é muito importante que pais, outros responsáveis e educadores estejam atentos.

Quais impactos o TDAH pode causar na adolescência?

A puberdade agrava os sintomas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e a vontade de ser independente pode funcionar como um gatilho para a impulsividade, justamente no momento que o adolescente tem que lidar com questões como drogas, sexo e novos relacionamentos.

Além disso, a maior pressão nos estudos na adolescência sobrecarrega as funções executivas, que se referem à capacidade de desenvolver um comportamento orientado para objetivos por meio de ações voluntárias e organizadas. Geralmente, essas habilidades só se desenvolvem totalmente depois dos 20 anos de idade. Mas, em quem tem TDAH, isso só acontece de três a cinco anos mais tarde.

Os adolescentes com TDAH também apresentam uma tendência maior de alcançar a maturidade emocional mais tarde. Provavelmente, quem tem o transtorno só vai atingir aos 30 anos a maturidade emocional de um jovem de 21 anos sem TDAH. O que se deve a atrasos no desenvolvimento dos lobos frontais do cérebro.

Veja possíveis impactos do transtorno do déficit de atenção com imperatividade em vários aspectos da vida do adolescente:

Emoções – de uma forma geral, os adolescentes com TDAH têm mais dificuldade de controlar emoções, de se acalmar e de lidar com a frustração. O que pode ser difícil tanto para os adolescentes com o transtorno quanto para as pessoas que lidam com eles.

Relacionamentos – os adolescentes com TDAH podem falar ou tomar atitudes sem pensar, o que aumenta as chances de dificuldades de relacionamento em todas as áreas da vida. Inclusive, são mais propensos a serem ignorados ou rejeitados e não é incomum sofrerem bullying ou intimidar as pessoas. Na escola, por exemplo, eles têm uma taxa maior de suspensões por conta de problemas comportamentais.

Aprendizado – na escola, os adolescentes com TDAH têm dificuldade de se concentrar em testes e nos deveres de casa, e isso só piora conforme o nível de dificuldade das tarefas e a pressão aumenta. Então, a tendência é que o desempenho seja mais baixo e com índices de reprovação mais altos.

Comportamentos – existe uma tendência maior de os adolescentes com TDAH usarem drogas lícitas, como cigarro e álcool, e ilícitas, como maconha, mais cedo do que as pessoas que não têm o transtorno. Também há uma tendência maior de que iniciem a vida sexual mais cedo e não façam sexo seguro. Por conta disso, as taxas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) costumam ser mais altas entre eles.

Tarefas de risco – o TDAH pode, por exemplo, tornar mais difícil aprender a dirigir e, depois, conduzir veículos motorizados por causa da desatenção ou da impulsividade. Inclusive, as quantidades de multas, acidentes de trânsito e gravidade desses acidentes são maiores entre as pessoas com TDAH em relação as que não têm o transtorno.

Como é o tratamento do adolescente com TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ainda não tem cura, mas tem tratamento que pode controlar os sinais e sintomas e aumentar a qualidade de vida. O tratamento de adolescentes com TDAH deve ser multimodal, o que significa que pode combinar ensinamento de técnicas para quem tem o transtorno, medicamentos dependendo do caso e orientações para os pais e professores.

Tratamento não medicamentoso – as diferentes técnicas da terapia cognitivo comportamental (TCC) possibilitam que a pessoa com o transtorno seja capaz de suprimir ou amenizar comportamentos mal adaptativos e modificar suas crenças, pensamentos, sensações e emoções. O objetivo é desenvolver habilidades comportamentais que podem durar a vida toda.

Tratamento medicamentoso – pode ajudar a pessoa que tem TDAH controlar os sinais e sintomas que afetam no dia a dia como, a condição de se concentrar melhor, ser menos impulsivo, sentir-se mais calmo e aprender a praticar novas habilidades. Existem diferentes tipos de medicamentos na qual serão receitados conforme o caso e a resposta do paciente a eles.

Apoio educacional – é comum que crianças e adolescentes com TDAH tenham resultados educacionais inferiores, abandonem a escola mais cedo, faltem mais e sejam excluídas pelos colegas da escola. Então, diferentes tipos de intervenções podem ser usados, incluindo estratégias comportamentais, acadêmicas e de autorregulação.

Orientações para os responsáveis – os pais ou outros responsáveis precisam ser informados sobre como o TDAH pode afetar a criança e ao adolescente. E que todos os aspectos da vida da pessoa com o transtorno devem ser tratados por meio de uma abordagem multimodal que considere as questões sociais, emocionais, comportamentais e acadêmicas.

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Referências

Pessoa com TDAH e ansiedade–cellera farma

Qual a relação entre TDAH e ansiedade?

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é a comorbidade mais comum do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, ela atinge cerca de um quarto das pessoas que convivem com TDAH.

O que é TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do desenvolvimento neurológico que aparece na infância e acompanha os indivíduos até a vida adulta.

Ainda não se sabe exatamente o que causa o TDAH, mas o transtorno pode ter influências genéticas e ambientais, além de ser muito comum, pois é diagnosticado entre 3% e 5% das crianças de todo o mundo. Os sinais e sintomas são classificados em dois grupos, conforme o tipo do transtorno: desatenção e hiperatividade com impulsividade.

Desatenção:

  • Distraem-se constantemente;
  • Esquecem de tarefas importantes;
  • Demonstram desatenção mesmo quando são abordados diretamente;
  • Têm dificuldade de se concentrar e organizar tarefas;
  • Repetem erros descuidados;
  • Rejeitam atividades que demandam esforço mental por muito tempo.

Hiperatividade-impulsividade:

  • Estão sempre se movimentando mesmo em momentos e lugares inapropriados;
  • Falam bastante;
  • Mexem as mãos e os pés com frequência;
  • São impacientes e interrompem frequentemente outras pessoas;

Quais condições acontecem junto ao TDAH com mais frequência?

Pessoas que convivem com o TDAH ficam mais suscetíveis a desenvolver outros transtornos e condições, entre eles a ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e até abuso de substâncias. O mais comum entre eles é o transtorno opositivo desafiador (TOD), identificado em até 41% dos casos de TDAH.

Em crianças, as principais condições que acompanham o TDAH são:

  • Transtorno de ansiedade;
  • Transtorno de conduta;
  • Transtorno opositivo desafiador (TOD);
  • Depressão;
  • Transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

Em adultos com TDAH, as condições mais comuns que podem ocorrer simultaneamente incluem:

  • Alterações de humor;
  • Abuso de substâncias;
  • Transtorno explosivo intermitente;
  • Obesidade.

Quais as semelhanças e diferenças entre ansiedade e TDAH?

Embora o TAG e o TDAH possam ocorrer juntos, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade não é um transtorno de ansiedade. Os sintomas do TDAH são diferentes e envolvem, principalmente, problemas com foco e concentração. Já os sintomas de TAG são caracterizados pelos sentimentos de nervosismo e medo constante, mesmo quando não há perigo aparente.

Apesar de cada condição ter sintomas únicos, os dois transtornos se espelham. Isso pode tornar difícil dizer se uma pessoa tem TDAH, ansiedade ou ambos. Entre os sintomas de TDAH e de TAG que se assemelham, estão:

  • Dificuldade de concentração e de atenção;
  • Incapacidade de relaxar;
  • Sensação de inquietação;
  • Insônia;
  • Dificuldade em socializar;

Mas o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) tem sintomas bastante específicos, que são:

  • Sintomas de pânico, como batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida ou sudorese;
  • Sentimentos crônicos de preocupação ou nervosismo;
  • Medo sem uma causa aparente;
  • Irritabilidade;
  • Dores de cabeça e problemas de estômago.

Como a ansiedade afeta a pessoa com TDAH?

É possível que a ansiedade faça com que os sinais e sintomas de TDAH apareçam de forma ainda mais forte. Mesmo indivíduos que convivem com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e que não foram diagnosticados com ansiedade podem experimentar ansiedade ocasional em suas rotinas.

Por outro lado, o TDAH também pode desencadear sintomas de TAG. Isso porque os sintomas decorrentes do TDAH – como falta de concentração, procrastinação e hiperatividade – afetam a vida social, amorosa e profissional dos indivíduos, o que pode levar a um quadro de ansiedade.

Como tratar TDAH e ansiedade juntos?

Ambos, TDAH e TAG, podem ser tratados por meio de medicamentos e terapia. É comum que o paciente faça apenas um tratamento, seja para TDAH ou para o transtorno de ansiedade generalizada, que acabe resultando na melhora das duas condições. Entretanto, os médicos sempre tentam tratar primeiro a que for mais grave.

Medicação – o tratamento para TDAH pode envolver o uso de medicamentos estimulantes. No entanto, se eles estiverem causando sintomas de ansiedade, o médico pode optar por trocar a medicação prescrita ou optar por medicamentos para TAG.

  • Caso o paciente não queira ou não possa tomar medicações específicas para os dois transtornos ao mesmo tempo, o médico pode prescrever medicamentos para um dos distúrbios e tratar o outro com intervenções terapêuticas.

Terapia – a ansiedade relacionada ao TDAH pode ser tratada com terapia cognitiva comportamental e técnicas de relaxamento.

  • A terapia cognitiva comportamental ajuda pessoas a mudar seus padrões de pensamento para influenciar positivamente seu comportamento e melhorar a qualidade de vida e a forma como se relaciona com outras pessoas.
  • Já as técnicas práticas, como meditação, relaxamento muscular progressivo e exercícios de respiração profunda, podem ajudar a tratar o estresse e a ansiedade, diminuindo a frequência cardíaca, reduzindo a tensão muscular, aumentando a concentração e o humor.

Mudanças no estilo de vida – além dos medicamentos e práticas terapêuticas, mudanças no dia a dia podem ajudar a reduzir a ansiedade, tais como:

  • Sono – o cansaço pode piorar os sentimentos de ansiedade. É recomendado dormir ao menos oito horas por noite, além de dormir e acordar no mesmo horário;
  • Exercício – praticar exercícios regularmente pode reduzir a ansiedade de várias maneiras, inclusive porque estimula a liberação de substâncias químicas cerebrais que melhoram o humor;
  • Organização de tarefas – manter uma lista de atividades que precisam ser concluídas e definir prazos realistas para cada uma pode garantir que as metas sejam lembradas e alcançadas;
  • Alimentação saudável – fazer refeições equilibradas e manter-se hidratado pode ajudar a controlar a ansiedade. Reduzir a ingestão de cafeína e álcool também pode ser útil, pois ambos interferem nos padrões de sono.

Referências

Drogas que podem agravar o TDAH

O uso de drogas pode agravar o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) torna difícil manter a atenção e o foco e faz com que a pessoa seja mais inquieta, agitada, impaciente e, com frequência, impulsiva. Além disso, o transtorno pode aumentar o risco do consumo de drogas. Mas, qual o efeito do consumo de drogas nos sintomas do transtorno?

O que são drogas?

Droga é um termo genérico usado para designar qualquer substância que altere a função biológica e, possivelmente, a estrutura do organismo. Já as drogas psicotrópicas, também chamadas de drogas psicoativas, são as que têm o potencial de alterar o funcionamento do cérebro e provocar:

  • Modificação do sistema nervoso central (SNC) e comprometimento das estruturas cerebrais;
  • Alterações no humor;
  • Alterações em estados da consciência;
  • Alterações na percepção;
  • Alterações no comportamento.

Existem drogas psicotrópicas que são lícitas e outras que são ilícitas. Essas últimas se dividem entre as drogas que são ilegais e as drogas ou substâncias que, embora sejam lícitas para determinado uso, tornam-se ilícitas quando utilizadas com finalidades para as quais não são permitidas.

Drogas lícitas:

  • Medicamentos psicoativos usados para fins medicinais – medicamentos desse tipo têm uso controlado e, quando prescritos pelo médico para serem adquiridos para o paciente usar, é necessário receituário especial para isso;
  • Drogas psicoativas legais – não são proibidas por lei, como a cafeína, ou não totalmente, como o cigarro e o álcool, que só podem ser vendidos para maiores de idade no Brasil.

Drogas ilícitas:

  • Drogas psicoativas ilegais – a produção, importação e comercialização é proibida por lei, a exemplo de anfetaminas, ecstasy, cocaína e heroína;
  • Medicamentos psicoativos usados para fins não medicinais – embora sejam lícitos para utilização médica, o uso é ilícito quando a finalidade é outra;
  • Substâncias que não são para uso em pessoas – são lícitas quando usadas para o que foram criadas, mas podem ser psicoativas quando consumidas por alguém, sendo ilícita essa utilização, por exemplo: inalantes, como o solvente da cola de sapateiro, que evapora na temperatura ambiente e tem efeito psicoativo quando inalado.

As drogas psicotrópicas são classificadas em três tipos básicos, de acordo com a forma com que elas afetam a atividade cerebral:

Drogas depressoras – diminuem a atividade cerebral, o que reduz a atenção, concentração, tensão emocional e capacidade intelectual. Exemplos:

  • Tranquilizantes (ansiolíticos);
  • Álcool;
  • Inalantes;
  • Narcóticos, como morfina e heroína.

Drogas estimulantes – aumentam a atividade cerebral. Exemplos:

  • Cafeína;
  • Tabaco;
  • Anfetaminas;
  • Cocaína;
  • Crack.

Drogas alucinógenas – alteram a percepção. Exemplos:

  • LSD;
  • Ecstasy;
  • Substâncias derivadas de vegetais, como maconha, ayahuasca, sálvia, mescalina etc.

As alterações causadas por drogas psicotrópicas podem variar de acordo com uma série aspectos, que são:

  • As características biológicas e psicológicas do usuário;
  • O efeito que o usuário espera ter;
  • As circunstâncias em que a droga psicoativa é consumida.
  • A quantidade consumida desse tipo de droga;

Atenção! Mesmo as drogas consideradas leves, como calmantes e maconha, podem causar danos, dependendo de quem usa e do contexto em que é consumida.

O uso de drogas é mais comum em quem tem TDAH?

Existe um consumo maior de drogas entre pessoas que têm o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em relação às que não têm. Já foram feitas várias pesquisas a respeito, e alguns dados apurados sobre o uso de certas drogas em pessoas com TDAH são os seguintes:

  • Pessoas com TDAH, geralmente, começam a ter problemas com drogas e álcool mais cedo;
  • 25%, aproximadamente, dos adultos que estão em serviços de recuperação para abuso de álcool ou outras substâncias têm TDAH;
  • Crianças com TDAH são mais propensas a iniciar o abuso de álcool na adolescência;
  • Pessoas com TDAH têm quase três vezes mais probabilidade de se viciar em nicotina;
  • Pessoas com TDAH têm quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver um transtorno por uso de cocaína.

Não se sabe exatamente o motivo de o consumo de drogas ser maior entre as pessoas com TDAH e existem várias teorias de cientistas a respeito, tais como: problemas comportamentais causados pelo transtorno que poderiam aumentar a vulnerabilidade às drogas; algum aspecto genético relacionado ao TDAH que pudesse tornar a pessoa mais suscetível; e, ainda, a tentativa de diminuir os sintomas do TDAH por meio do uso de drogas.

Seja como for, o que se sabe é que o tratamento precoce do TDAH pode diminuir o risco de abuso de substâncias psicoativas. Quanto mais cedo as crianças forem tratadas, menor é a probabilidade de desenvolver transtornos por uso de drogas em comparação com as que iniciam o tratamento mais tarde.

Também é importante tratar distúrbios de saúde mental que, com frequência, as pessoas têm junto com o TDAH, como ansiedade e depressão. Pois isso, o tratamento precoce do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ajuda a diminuir o risco do consumo de drogas.

As medicações para TDAH podem viciar?

Embora medicamentos que podem fazer parte do tratamento de quem tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade sejam substâncias psicoativas, a pessoa com TDAH que toma a medicação corretamente, ou seja, na dosagem e na frequência prescrita pelo médico, não desenvolve dependência dela.

Além disso, tomar um medicamento psicoativo como parte do tratamento de TDAH na infância não leva a desenvolver transtornos de dependência mais tarde. Não há evidência alguma, até hoje, de que isso possa acontecer. Muito pelo contrário: o que existe são evidências de que os medicamentos para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade protegem de desenvolver transtornos viciantes depois, na adolescência e quando adulto.

O uso de drogas pode piorar os sinais e sintomas do TDAH?

Pessoas com TDAH têm, ao longo da vida, uma prevalência alta de transtorno por uso de drogas, e isso está associado a níveis maiores de sintomas de hiperatividade-impulsividade e desregulação emocional. Entre as drogas utilizadas, as mais bem representadas são canabioides, estimulantes e álcool.

Maconha – pessoas com TDAH podem buscar os efeitos relaxantes e prazerosos que a cannabis provoca. Entretanto, elas são mais vulneráveis aos efeitos da maconha e, em longo prazo, o uso leva a um agravamento dos sintomas, como impulsividade e instabilidade de humor.

Cocaína – é uma droga estimulante que atua nos sistemas que parecem estar danificados em pacientes com TDAH. Como esses sistemas são o alvo principal do tratamento farmacêutico do transtorno, o uso da cocaína pode ser reforçado na pessoa por mecanismos associados ao desejo de alívio de disfunções típicas do TDAH. Por outro lado, a cocaína pode mascarar vários sintomas do TDAH, podendo dificultar o reconhecimento do transtorno e, consequentemente, da definição de uma estratégia para o tratamento dele.

Álcool – embora o álcool seja um depressor, pode ter o efeito oposto em quem tem TDAH. O consumo afeta o lobo frontal, que é responsável pelo pensamento claro e pela tomada de decisões. O álcool pode potencializar comportamentos compulsivos da pessoa com TDAH e levar a consequências prejudiciais. Além disso, pode intensificar os sintomas de desatenção e inquietação e, com o uso prolongado, é possível que a pessoa apresente sintomas de ansiedade intensificados e ter dificuldade em controlar as emoções dela.

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O que é o hiperfoco que o TDAH pode causar e como isso pode ser positivo?

Referências

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8038274/ – acesso em 11/04/2023;

Menino brincando e pais observando sorrindo depois de o médico explicar para ela se o TDAH é um ou não um transtorno hereditário

O TDAH é um transtorno hereditário?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) provoca dificuldade no nível de atenção e foco da pessoa, fazendo com que ela seja mais inquieta, agitada, impaciente e, frequentemente, impulsiva. O transtorno tem uma forte influência genética, o que significa que existe uma tendência para que ele seja transmitido de pais para filhos, mas há vários fatores que podem influir se ele vai se manifestar ou não e de que forma.

O que é um uma doença ou transtorno hereditário?

Uma doença hereditária ou um transtorno hereditário, é uma condição de saúde causada por alterações genéticas passadas dos pais para os filhos. Essas alterações podem ser de diferentes tipos, incluindo mutações em genes específicos, cromossomos anormais ou anormalidades no número de cromossomos.

Embora os transtornos ou doenças hereditárias possam ser transmitidos de geração para geração em uma família, nem todas as pessoas que herdam a mutação genética desenvolvem a doença ou transtorno hereditário associado a ela. Existem vários fatores que podem determinar se uma doença hereditária se manifestará ou não em uma pessoa, tais como:

Penetrância – refere-se à probabilidade de uma pessoa com uma mutação genética desenvolver a doença ou transtorno que essa mutação tem a possibilidade de causar, sendo que a probabilidade pode variar dependendo da mutação e da doença ou transtorno em questão.

  • Penetrância alta – alguns genes podem ter uma penetrância alta, o que significa que a maioria das pessoas com a mutação desenvolverá a doença;
  • Penetrância baixa – outros genes podem ter uma penetrância baixa, o que significa que apenas algumas pessoas com a mutação desenvolverão a doença;
  • Fatores que podem afetar a penetrância – além disso, a penetrância também pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais adicionais.

Expressividade – diz respeito à gravidade dos sintomas da doença em pessoas com a mutação. Algumas pessoas podem ter sintomas graves, enquanto outras podem ter sintomas leves ou nenhum sintoma.

Fatores ambientais – alguns fatores ambientais, como dieta, estilo de vida, exposição a substâncias tóxicas ou a presença de outras doenças, podem influenciar se uma pessoa desenvolverá ou não a doença ou o transtorno hereditário.

Herança genética – a forma como a doença é herdada também pode influenciar se ela se manifestará ou não.

  • Gene dominante – algumas doenças ou transtornos são herdados de forma dominante, o que significa que uma única cópia do gene mutado é suficiente para causar a doença;
  • Gene recessivo – outros são herdados de forma recessiva, o que significa que ambos os pais devem transmitir uma cópia do gene mutado para que a doença se manifeste.

Ou seja, a manifestação de um transtorno ou doença hereditária é determinada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A presença de uma mutação genética em si não é necessariamente suficiente para garantir o desenvolvimento da doença.

Qual a diferença entre doença hereditária e doença genética?

Embora as doenças ou transtornos hereditários e as doenças genéticas estejam relacionadas à genética, elas têm diferenças importantes:

Doença hereditária – é uma doença que é passada de pais para filhos através dos genes. A doença pode ser causada por mutações genéticas, mas também pode ser causada por outros fatores, como traumas ou exposição a substâncias nocivas. As doenças hereditárias podem ser dominantes ou recessivas, dependendo de como são transmitidas pelos genes.

Doença genética – é uma doença causada por uma ou mais mutações genéticas. As mutações genéticas podem ocorrer espontaneamente ou serem herdadas dos pais. As doenças genéticas são causadas por alterações no DNA que afetam a produção ou a função de proteínas no corpo. Algumas doenças genéticas são hereditárias, mas outras podem ser causadas por mutações que ocorrem aleatoriamente.

Então, todas as doenças hereditárias são genéticas, mas nem todas as doenças genéticas são hereditárias. Isso porque as doenças hereditárias só podem ser transmitidas de pais para filhos por meio de genes, enquanto as doenças genéticas podem ser herdadas ou acontecer espontaneamente.

O TDAH é ou não um transtorno hereditário afinal?

O que se sabe atualmente é que o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade tem uma forte influência genética, o que significa que há uma tendência para que ele seja transmitido de pais para filhos. Mas o TDAH não é um transtorno hereditário no sentido de que é causada por um único gene. As pesquisas mostram que há vários genes envolvidos e que o risco genético depende da interação com fatores ambientais para levar a um quadro de TDAH, por exemplo:

  • Consumo de substância na gestação – alguns estudos indicam que fumar cigarro durante a gravidez aumenta o risco para o transtorno no bebê;
  • Prematuridade e baixo peso – bebês que nascem antes do tempo e/ou com baixo peso ao nascer, ou seja, menos do que 2,5 kg, têm mais risco de desenvolver o problema.

Em resumo, embora haja uma forte influência genética no TDAH, ele não é uma doença hereditária causada por um único gene, sendo influenciado por uma variedade de fatores genéticos e ambientais.

Quais são os sinais e sintomas de TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um quadro neurobiológico que provoca dificuldade no nível de atenção e foco da pessoa, fazendo com que ela seja mais inquieta, agitada, impaciente e, frequentemente, impulsiva. A estimativa é que até 8% da população mundial tenha TDAH, cujos sintomas podem ser divididos em duas categorias de questões comportamentais:

  • Desatenção (dificuldade de concentração e foco);
  • Hiperatividade e impulsividade.

É possível que o transtorno se manifeste sem os sintomas de uma das duas categorias comportamentais. O TDAH é mais comum em meninos, sendo que nas meninas é mais frequente que o transtorno cause apenas sintomas de desatenção, o que faz com que seja mais difícil de ser percebido e diagnosticado.

Principais sintomas de desatenção em crianças e adolescentes

  • Ter dificuldade em organizar tarefas
  • Conseguir manter a atenção só por um período curto e distrair-se facilmente;
  • Não conseguir se dedicar a tarefas tediosas ou demoradas;
  • Cometer erros por descuido;
  • Parecer esquecido ou perder coisas;
  • Parecer que não consegue ouvir ou executar instruções;
  • Mudar constantemente de atividades ou tarefas.

Principais sintomas de hiperatividade e impulsividade em crianças e adolescentes

  • Estar constantemente inquieto;
  • Ser incapaz de ficar parado, movimentando-se excessivamente;
  • Conversar excessivamente;
  • Interromper conversas;
  • Ser incapaz de esperar a sua vez;
  • Ser incapaz de se concentrar em tarefas;
  • Agir sem pensar;
  • Ter pouca ou nenhuma noção de perigo.

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Referências

https://www.nhs.uk/conditions/attention-deficit-hyperactivity-disorder-adhd/symptoms/ – acesso em 13/02/2022.


Volta às aulas: como lidar com o TDAH na escola?

Ficar quieto, ouvir em silêncio, concentrar-se. Essas são tarefas que toda criança tem que cumprir quando está em sala de aula. Por isso, o ambiente escolar pode apresentar desafios para uma criança com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Ele atinge entre 3% e 5% das crianças no mundo e é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Como o TDAH pode atrapalhar a aprendizagem em sua maneira tradicional, a atenção dos pais e professores precisa ser redobrada no retorno de crianças e adolescentes às aulas.

Como preparar quem tem TDAH para a volta às aulas?

Estrutura e rotina são as chaves para o sucesso de um aluno com TDAH. Portanto, antes da volta às aulas, procure seguir três recomendações que ajudarão na transição do fim das férias para as aulas:

  • Restabeleça a rotina de sono

Depois de um período sem horário para dormir e acordar, reajustar o organismo a fazer isso mais cedo pode deixar as crianças cansadas e irritadas. Algumas semanas antes do fim das férias, comece a retornar a esses horários aos poucos.

  • Tire um tempo para organizar os materiais escolares e a área de estudo

Fazer isso com a participação da criança permite que ela volte a se envolver com os estudos. Certifique-se de que seu filho tenha uma área de trabalho adequada, com boa iluminação.

  • Converse com seu filho

Seja claro sobre as regras de estudo na volta às aulas e explique as consequências de desrespeitá-las.  Deixe a criança saber que a aplicação das regras nada mais é do que um ato de amor.

Como o TDAH interfere na aprendizagem?

Sete a cada 10 crianças com TDAH apresentam distúrbios de aprendizagem. Isso acontece porque o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade causa um desequilíbrio nos níveis de neurotransmissores que, na maioria dos casos, é combinado ao subdesenvolvimento da porção frontal do cérebro da criança. Com isso, há uma maior dificuldade em manter a atenção, necessidade de estar constantemente se movimentando e falta de comportamento racional, sintomas que afetam a aprendizagem de diversas maneiras:

Concentração – a desatenção é um sintoma clássico do TDAH. Crianças com TDAH enfrentam problemas na realização de tarefas que exijam concentração. Por isso, muitas vezes procuram desculpas para não estudar.

Comunicação e interação – devido à sua natureza impulsiva, as crianças com TDAH têm dificuldade em lidar com outras pessoas. Elas ficam irritados com frequência e, quando isso acontece, podem apresentar comportamentos desafiadores e violentos. Dessa forma, podem ficar isolados no ambiente escolar.

Memória – devido à desatenção e impermanência características do transtorno, a criança com TDAH tende a ter dificuldade em guardar o que aprendem. Mesmo que pareça que estão ouvindo, algo atrapalha sua capacidade de reter a informação.

Habilidades de escrita – entre as crianças com TDAH que apresentam dificuldade de aprendizagem, pelo menos 6 a cada 10 delas apresentam deficiência mais profunda nas habilidades de escrita.

Como alunos com TDAH devem ser tratados na escola pública?

De acordo com a Lei 14.254/21, escolas da rede pública e privada devem garantir acompanhamento específico às crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. A legislação também determina que o acompanhamento deve ser feito pelos profissionais da rede de ensino, mas também por profissionais da rede pública de saúde, em uma parceria multidisciplinar. 

  • Os sistemas de ensino são responsáveis pela capacitação dos professores para identificação dos sinais de prejuízo à aprendizagem por TDAH.

Como professores podem ajudar alunos com TDAH?

Confira como os professores podem ajudar alunos com TDAH a lidar com cada um dos principais sintomas do transtorno:

Gerenciando a distração – ajudar uma criança a manter a atenção na aula envolve que um professor dinamize as atividades e pense estrategicamente. Algumas maneiras de fazer isso são:

  • Sentando a criança longe de portas e janelas para que não se distraia com o que acontece do lado de fora;
  • Quebrando longos períodos de exposição da matéria ou de trabalho em partes mais curtas;
  • Alternando atividades sentadas com aquelas que permitem que a criança mova seu corpo pela sala;
  • Anotando as informações importantes onde a criança possa lê-las facilmente, lembrando-a constantemente onde a matéria está localizada.

Gerenciando a impulsividade – para evitar que uma criança com TDAH aja impulsivamente e interrompa as atividades, é preciso guiá-la sobre um plano de comportamento, disciplinar imediatamente as infrações e dar a ela a sensação de controle sobre seu dia com planejamento de atividades. O professor pode fazer isso:

  • Garantindo que instruções de comportamento em sala de aula estejam escritas e fiquem em um lugar perto do aluno (na parede ou na mesa da criança);
  • Escrevendo a programação do dia na lousa e riscando cada item à medida que for concluído;
  • Repreendendo imediatamente o mau comportamento, certificando-se de que a criança saiba por que ela se comportou mal;
  • Reconhecendo o bom comportamento em voz alta, garantindo que a criança saiba o que fez certo.

Gerenciando a hiperatividade – as estratégias para evitar que a criança se mantenha sentada e concentrada na aula consistem em maneiras criativas de permitir que ela se mova, mas apenas em momentos apropriados. Liberar energia dessa forma pode tornar mais fácil para a criança manter o corpo mais calmo. Algumas maneiras de fazer isso são:

  • Pedindo que completem uma tarefa na lousa, para que caminhem pela sala;
  • Incentivando a prática de esportes no recreio das aulas;
  • Oferecendo uma bola antiestresse ou outros objetos que elas possam manusear discretamente em sua mesa enquanto assistem à aula.

A correção do comportamento de crianças com TDAH deve ser feita com cuidado para que a autoestima seja mantida, principalmente na frente dos outros. Desenvolver códigos com a criança para que ela entenda o que quer dizer através de gestos e palavras combinadas pode ser uma boa alternativa.

Em geral, há estratégias de ensino que tornam o processo de aprendizado mais divertido, o que facilita o interesse da criança. Veja alguns exemplos:

  • Conecte a matéria ensinada a curiosidades da vida real;
  • Insira jogos no processo, especialmente nas operações matemáticas;
  • Desenhe para ilustrar e tornar as informações palpáveis;
  • Invente siglas bobas ou músicas para elas guardarem as informações;
  • Conte histórias de maneira ativa, atuando e deixando as crianças participarem.

Como pais e/ou responsáveis podem ajudar o aluno com TDAH?

Confira como pais e responsáveis podem ajudar a criança com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade:

Trabalhe em conjunto com a escola – o objetivo das duas frentes é descobrir a melhor forma de ajudar a criança a ter sucesso na escola. É essencial que você comunique suas necessidades aos adultos na escola e é igualmente importante que você ouça o que os professores e outros funcionários da escola têm a dizer. Faça reuniões, crie metas juntos, ouça com atenção e compartilhe informação.

Incorpore pequenas recompensas no sistema de estudo em casa – crianças com TDAH respondem melhor a objetivos específicos e uso de presentes (sejam materiais ou não) como afirmação positiva. Crie um plano que incorpore o reconhecimento de pequenas e grandes vitórias.

Ensine a criança a absorver o aprendizado – não basta ter um planejamento de ensino na escola. Com o seu apoio, a criança pode usar o tempo de lição de casa não apenas para problemas de matemática ou redações, mas também para praticar as habilidades organizacionais e de estudo necessárias para prosperar na sala de aula. Alguns exemplos são:

  • Ajude seu filho a organizar seus pertences diariamente, incluindo mochila;
  • Ajude seu filho a aprender a fazer e usar listas de verificação, riscando os itens à medida que os realiza;
  • Escolha um horário e local específicos para a lição de casa que seja o mais livre possível de desordem e distrações;
  • Permita que a criança faça intervalos a cada dez a vinte minutos durante o horário de estudo.

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Qual a importância das atividades extracurriculares para quem tem TDAH?

Fazer atividade física e praticar um hobby no tempo livre são sempre recomendados para melhorar a saúde mental e ter mais qualidade de vida. Mas, manter atividades extracurriculares na rotina diária tem um impacto especialmente importante para quem tem TDAH, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Estima-se que entre 3% e 5% das crianças apresentam o transtorno, que causa dificuldade em manter a atenção e o foco. Continue a leitura para entender como essas atividades podem ajudar quem tem o transtorno e quais são as práticas mais recomendadas.

O que é TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é uma condição neurobiológica caracterizada por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. Embora a causa do TDAH não seja clara, os fatores que podem estar envolvidos em seu surgimento incluem a genética, o ambiente ou problemas no sistema nervoso central em momentos-chave do desenvolvimento.

Geralmente, o transtorno se manifesta ainda na infância e pode acompanhar a pessoa por toda a vida. Atualmente, é cada vez mais frequente o diagnóstico em adultos, que provavelmente manifestaram os primeiros sinais quando eram menores, mas não foram corretamente avaliados.

O TDAH pode ser dividido em três subtipos, conforme a predominância de determinados sinais e sintomas:

  • Subtipo predominantemente desatento – quando a maior parte dos sintomas está relacionada com desatenção e distração;
  • Subtipo predominantemente hiperativo – quando a maioria dos sinais e sintomas tem relação com hiperatividade e impulsividade;
  • Subtipo combinado – quando há uma mistura de desatenção e hiperatividade.

Atividades extracurriculares são importantes para quem tem TDAH?

Diversos estudos demonstram que realizar 30 minutos de atividade esportiva por dia ou participar de outros tipos de atividade extracurricular, como pintura e meditação, podem reduzir os sintomas de crianças com TDAH, melhorando sua qualidade de vida.

Uma das explicações para isso é que a prática esportiva ajuda a liberar hormônios ligados ao bem-estar no nosso corpo. Um deles é a dopamina, que costuma estar em níveis mais baixos em pacientes com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

  • Dopamina – é um neurotransmissor que tem várias funções, como regular o humor, o estresse e a concentração, bem como estimular a memória e o raciocínio.

No caso de outras atividades extracurriculares, como meditação e educação artística, são estimuladas habilidades como foco, atenção e criatividade. Além disso, as atividades extracurriculares podem ser um importante meio para a criança se expressar e aprender a lidar com sentimentos intensos e desafiadores, além de auxiliar no desenvolvimento da autoestima e de habilidades sociais.

Praticar esportes é bom para quem tem TDAH?

A prática de exercícios físicos e atividades esportivas auxilia no controle dos sintomas do TDAH ao elevar os níveis de dopamina e noradrenalina no cérebro – duas substâncias que costumam estar em baixa em pessoas com o transtorno.

  • Noradrenalina – atua como hormônio e neurotransmissor, preparando o corpo para a reação de “luta ou fuga” em situações de perigo ou fortes emoções. Mas ela também age no cérebro na parte da atenção, memória de dados, aprendizado e processamento de informações.

A escolha do melhor esporte, no entanto, vai depender da personalidade e do tipo de TDAH que a criança possui. Isso porque é importante que ela tenha interesse em praticar aquela modalidade e que a prática seja benéfica para fortalecer as habilidades únicas que cada criança possui. Veja, a seguir, algumas opções de esporte e os benefícios delas:

Natação – estimula a disciplina e o foco, além de oferecer interação social e sentimento de pertencimento de grupo.

Artes marciais – autocontrole, disciplina e respeito ao próximo são estimulados nas aulas, que também possuem rituais que ajudam a estruturar uma rotina e dar menos chance de distração.

Tênis – além de estimular a atenção, a força necessária para as rebatidas pode ser uma forma de extravasar a raiva e a frustação, sentimentos comuns em quem vive com TDAH.

Ginástica olímpica – além de necessitar de muita atenção para executar os movimentos, os aparelhos de ginástica também podem ajudar a desenvolver força e equilíbrio, questões sensoriais que podem se apresentar para algumas pessoas com TDAH.

Futebol – assim como outros esportes em time, é uma forma importante de estimular o trabalho em equipe e as habilidades sociais.

Hipismo – os cavalos têm a habilidade de copiar os comportamentos e as emoções do cavaleiro. Assim, a criança com TDAH vai aprender a observar e responder ao comportamento do animal em vez de reagir da mesma forma.

Atividades artísticas são indicadas para quem tem TDAH?

Crianças e adolescentes com TDAH com frequência sentem-se irritados e frustrados pelas dificuldades que enfrentam no ambiente escolar e em seus relacionamentos, além de possuírem baixa autoestima e pouca habilidade de interação social.

Por outro lado, essa faixa etária é conhecida por se expressar muito bem por meio de desenhos, pinturas e outras atividades artísticas. Dessa forma, esse tipo de atividade pode ajudar quem tem TDAH a se acalmar e a extravasar os sentimentos de forma não-verbal.

Atividades como pintura, desenho, escultura e outras envolvendo as artes ajudam a melhorar o bem-estar e a confiança nas crianças na medida em que as auxilia a modular o próprio humor, reduzir o estresse e expor problemas emocionais.

Além disso, esse tipo de atividade estimula os relacionamentos interpessoais e a criatividade – o que ajuda a equilibrar neurotransmissores importantes no cérebro, como a serotonina, ligada à sensação de prazer e bem-estar.

Por fim, as atividades artísticas também engajam as crianças e os adolescentes em ações que trabalham os sentidos. Para muitas pessoas com TDAH, equilíbrio, noções de orientação espacial e outras deficiências sensoriais são comuns, o que torna a atividade artística importante para fortalecer esse lado também.

Meditação ajuda quem tem TDAH?

Com frequência, crianças e adolescentes com TDAH precisam lidar com sintomas de ansiedade generalizada pelo excesso de pensamentos que têm ou pela hiperestimulação sensorial que sentem. Dessa forma, a meditação pode, sim, se tornar uma boa ferramenta para lidar com esses sentimentos, especialmente quando essas pessoas sentirem-se perdendo o controle e precisando de uma “âncora” contra pensamentos intrusivos.

A meditação também é importante para ajudar a pessoa com TDAH a se conectar melhor com o corpo, reduzindo a necessidade que algumas têm de se mexer ou levantar a todo momento, por exemplo, e melhorado o foco e a atenção nas atividades que estão realizando.

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