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Criança com TDAH na escola.

Adaptação da criança com TDAH na escola

No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Com sintomas como a incapacidade de prestar atenção, a dificuldade em ficar parado e a falta de controle de seus impulsos, crianças com TDAH, geralmente, têm o desempenho escolar prejudicado. Embora experienciem mais obstáculos, com o apoio familiar e escolar é possível facilitar alguns caminhos. Então, continue a leitura para saber:

Qual o impacto dos sintomas do TDAH durante o período escolar?

As crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade apresentam características muito marcantes que acabam por influenciar sua rotina, seja em casa ou em outro ambiente que conviva. Na escola, os comportamentos que mais afetam o desempenho de quem tem TDAH são:

  • Dificuldade de manter atenção do início ao fim da aula;
  • Distrai-se com facilidade e frequência do que o professor está falando;
  • Mesmo parado durante as aulas, a criança fica com a mente vagando muitas vezes;
  • A agitação e necessidade de se mover;
  • Pouca vontade e paciência para estudar e fazer deveres.

Geralmente, os sintomas da hiperatividade acometem mais os meninos, enquanto as meninas tendem a apresentar mais sinais de desatenção – mesmo quietas durante as aulas, são pouco participativas. Em ambos os casos, o aproveitamento escolar é prejudicado e as informações são pouco assimiladas, o que prejudica também o desenvolvimento da criança.

Devido a essas características, crianças e jovens com TDAH geralmente são taxados como bagunceiros, preguiçosos e maus alunos. Além do estigma, há também a frustração de não acompanhar os progressos de sua turma escolar.

No entanto, os sintomas apresentam melhora significativa após o início do tratamento para TDAH, de forma que a pessoa consegue se concentrar por mais tempo, fica mais disposta a cumprir com as atividades que considera monótonas e, assim, o rendimento escolar atinge parâmetros melhores.

Neste processo, as escolas, professores, pais e responsáveis exercem papel essencial de fazer o que é preciso para a criança e o adolescente encontrar espaço para desenvolver seu potencial.

O que a legislação brasileira determina sobre o suporte às crianças com TDAH nas escolas?

Em 2021, o governo brasileiro aprovou a Lei Nº 14.254, que estabelece como função do poder público o desenvolvimento e a manutenção de um programa de acompanhamento integral para educandos com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e outros transtornos de aprendizagem. Dessa forma, escolas da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio) em redes públicas e privadas no Brasil devem oferecer:

  • Cuidado e proteção aos alunos com TDAH;
  • Acompanhamento específico direcionado às dificuldades dos alunos com TDAH;
  • Formação e capacitação continuada sobre TDAH aos professores e educadores;
  • Acesso à informação para que professores e educadores possam identificar precocemente sinais relacionados ao TDAH.

Para isso acontecer, a Lei também estabelece que as instituições de ensino devem contar com o apoio de:

  • Redes de proteção social existentes no território, de natureza governamental ou não governamental;
  • Instituições e profissionais da área de saúde;
  • Instituições e profissionais de assistência social;
  • Outras políticas públicas existentes no território.

Dessa forma, a intervenção terapêutica deve ser realizada com metas de acompanhamento multidisciplinar, envolvendo familiares, educadores, assistentes sociais e profissionais da saúde.

O que as escolas e professores podem fazer para auxiliar crianças com TDAH?

Adaptações básicas

  1. Oferecer tempo extra em provas;
  2. Dar opções para o aluno demonstrar conhecimento da forma que lhe for melhor (por exemplo, deixe o aluno escolher entre trabalho escrito, relatório oral, ditado das respostas para alguém escrever, questionário online ou projeto prático);
  3. Certificar-se de que as tarefas não sejam longas e repetitivas. Tarefas mais curtas que fornecem um pequeno desafio sem serem muito difíceis podem funcionar bem;
  4. Oferecer instruções adaptadas à criança, com muitos exemplos práticos;
  5. Usar a tecnologia para auxiliar nas tarefas;
  6. Permitir pausas durante as aulas com tempo para se movimentar;
  7. Oferecer ajuda extra para o aluno se manter organizado – guias, gravações das aulas, pasta de tarefas, etc;
  8. Dar oportunidade da criança trabalhar em grupos pequenos;
  9. Envolver o conselheiro escolar ou psicólogo.

Ajustes no ambiente

  1. Deixar o aluno com TDAH sentar à frente, próximo ao professor;
  2. Minimizar as distrações na sala de aula;
  3. Auxiliar a organização em pastas e cadernos com divisões e cores diferentes;
  4. Limitar a quantidade de materiais sobre a mesa da criança.

Ajustes na comunicação

  1. Manter contato visual com a criança, com proximidade física;
  2. Deixar as tarefas claras – verifique com o aluno se ele entendeu o que precisa fazer;
  3. Deixar a criança confortável para participar verbalmente da aula;
  4. Observar e conversar com o aluno sobre o que o ajuda ou o distrai;
  5. Deixar claro para a criança quais as expectativas e as consequências de comportamentos na escola;
  6. Dar feedback frequente e demonstre que está prestando atenção ao comportamento positivo da criança;
  7. Ser sensível à influência do TDAH nas emoções, como problemas de autoestima ou dificuldade em regular os sentimentos;
  8. Fornecer avisos extras antes de transições e mudanças nas rotinas;
  9. Deixar bilhetes com as datas em que devem ser entregues trabalhos;
  10. Estabelecer comunicação diária ou semanalmente com os pais para reportar o comportamento da criança e se os trabalhos estão sendo feitos;
  11. Conversar com outros professores para reforçar pontos positivos e o que é preocupante em relação à criança;
  12. Deixar claro para a criança que a escola está ali para ajudá-la.

Qual o papel da família na aprendizagem de crianças com TDAH?

  • Entender o diagnóstico da criança e como isso afeta sua educação e socialização;
  • Saber os direitos garantidos às crianças com TDAH;
  • Manter contato próximo com profissionais da saúde e professores da criança;
  • Manter um bom relacionamento com a escola enquanto é um forte defensor da criança;
  • Manter registros cuidadosos, incluindo documentação escrita, comunicação entre casa e escola, relatórios de progresso e avaliações;
  • Incentivar a criança todos os dias;
  • Oferecer feedback positivo quando a criança apresentar melhoria de comportamento;
  • Trabalhar junto à criança para criar um sistema de ajuda com a lição de casa e outros projetos escolares;
  • Auxiliar na manutenção da rotina da criança;
  • Comunicar toda vez que houver mudança na rotina;
  • Deixar a criança confortável para ser quem é, sem receios de comportamentos.

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Referências

Entenda o que é o recém-aprovado protocolo nacional para o TDAH

O Ministério da Saúde aprovou o protocolo clínico de diretrizes terapêuticas para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). De caráter nacional, o protocolo é um documento que estabelece os parâmetros para o diagnóstico, tratamento e o acompanhamento na rede pública para os indivíduos com este transtorno. Confira, a seguir, alguns pontos importantes que o protocolo se refere:

Diagnóstico do TDAH

O protocolo recém-aprovado ressalta que o diagnóstico incorreto, bem como o atraso e a ausência de diagnóstico, tem sérias consequências para o indivíduo com TDAH. Portanto a identificação do transtorno e o encaminhamento ágil e adequado do paciente garantem melhor resultado terapêutico.

Profissionais aptos para o diagnóstico – O diagnóstico do TDAH deve ser realizado por um médico psiquiatra, pediatra, neurologista, neuropediatra ou outro profissional de saúde devidamente qualificado, com treinamento e experiência no transtorno.

É fundamental o envolvimento de equipe multidisciplinar para avaliação e gerenciamento adequados da doença.

Características e comportamentos indicativos – Para se enquadrar no diagnóstico de TDAH, as características apresentadas devem atender aos seguintes critérios:

  • Ter início precoce e ser persistente;
  • Causar prejuízos em dois ou mais contextos (casa, escola e ambiente clínico);
  • Causar comprometimento significativo do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Método de avaliação

Em casos de suspeita de TDAH, deve ser realizada uma avaliação clínica e psicossocial completa. O especialista deve considerar os critérios dos sintomas ajustados à fase de desenvolvimento e, sempre que possível, os pontos de vista da pessoa com TDAH. Também devem ser consideradas as informações coletadas dos responsáveis e da escola, no caso de pacientes em idade escolar.

Identificação de fatores de risco – durante a avaliação, o profissional de saúde deve estar ciente de que os seguintes grupos estão mais propensos ao TDAH, como por exemplo: Indivíduos nascidos prematuros, crianças e jovens com diagnóstico de transtorno desafiador de oposição ou transtorno de conduta, crianças e jovens com transtornos de humor (como ansiedade e depressão) e pessoas com um familiar próximo com diagnóstico de TDAH.

Diagnóstico de eventuais comorbidades[SI1] é fundamental que o médico consiga fazer o diagnóstico das comorbidades presentes em adultos e crianças com TDAH, dada a alta prevalência de condições de saúde associadas nesses pacientes e uma vez que o tratamento para cada uma delas é distinto.

Tratamento do TDAH

O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o TDAH preconiza a intervenção multimodal para o gerenciamento da condição, incluindo atendimento psicológico, orientação aos familiares e apoio escolar.

Monitoramento de pacientes com TDAH – O protocolo do governo brasileiro para o TDAH também destaca a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes, o monitoramento da eficácia das medidas terapêuticas instituídas e o acompanhamento das condições de saúde associadas.

Periodicidade de avaliação – o ideal é que as primeiras consultas ocorram em intervalos inferiores a 30 dias. Posteriormente, o intervalo pode ser ampliado para a cada três ou quatro meses.

Transição para a vida adulta – pacientes com TDAH que recebem assistência em serviços pediátricos devem ser reavaliados na idade de deixar a escola quanto à necessidade de continuar o tratamento. Se este for necessário, devem ser feitos arranjos para uma transição suave para os serviços de adultos.

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Referências


TDAH em crianças na escola: o que você deve saber?

Estudos nacionais e internacionais indicam que cerca de 3% a 7% dos estudantes apresentam o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que envolve a dificuldade de concentração, organização, persistência e inclinação à impulsividade. Assim, o TDAH em crianças e adolescentes pode interferir no rendimento escolar.

A seguir aprofundaremos o tema e por isso convidamos você a continuar a leitura para saber como lidar com as crianças com TDAH na escola.

O que é TDAH?

O TDAH é um transtorno de comportamento que envolve a dificuldade de concentração e a hiperatividade/agitação. Em geral, crianças com TDAH não conseguem focar nos estudos por muito tempo, se distraindo facilmente. Os sinais e sintomas podem ser caracterizados em três subgrupos:

  • Desatento – se caracteriza pela falta de atenção nos detalhes. Dessa maneira, a pessoa pode perder a concentração com qualquer barulho externo, por exemplo.
  • Hiperativo/Impulsivo – se caracteriza pela dificuldade em ficar parado no mesmo lugar por muito tempo e esperar que as coisas aconteçam no ritmo programado. É muito comum também uma inquietação ou movimentação constante das mãos e dos pés.
  • Combinado – se caracteriza pela junção dos sintomas do desatento e do hiperativo e impulsivo.

As crianças com o tipo “combinado” de TDAH costumam apresentar primeiro os sintomas de impulsividade ou hiperatividade e depois a desatenção. Vale ressaltar que com o passar do tempo essas características são amenizadas, principalmente se houver o tratamento adequado. Além disso, são observados altos e baixos ao longo dos anos, dependendo do contexto de vida da pessoa.

O tratamento adequado envolve uma equipe multiprofissional, além de apoio da família e da escola. Em alguns casos, medicamentos também são necessários para o controle dos sintomas, já que o déficit de atenção com hiperatividade não tem cura.

Diagnóstico do TDAH em crianças

Em geral o diagnóstico acontece na primeira infância, por volta dos seis anos de idade, fase na qual a criança está passando pelo processo de alfabetização. É neste momento que ela começa a ser cobrada e pressionada para manter um maior nível de concentração para reter os conteúdos de sala de aula e aprender a ler e a escrever.

Por isso é bastante comum que os educadores sejam os primeiros a perceber os sintomas e recomendar aos pais que procurem pelo diagnóstico e tratamento. Vale ressaltar que TDAH não é um problema de aprendizagem e sim um distúrbio com características que afetam esse processo. O diagnóstico de TDAH deve ser feito por um profissional da saúde capacitado, com base em avaliações médicas, de desenvolvimento e educacionais, para que seja assertivo.

TDAH em crianças: como se dá o convívio escolar?

É comum que crianças com TDAH na escola sejam confundidas com alunos bagunceiros. O comportamento hiperativo e a dificuldade de seguir regras muitas vezes são vistos como atitudes de displicência e pura falta de interesse nos estudos.

Sem o diagnóstico, o convívio da criança com gestores escolares, educadores e demais profissionais da escola, costuma ser conflituoso, já que ela “não obedece”. Em algumas situações, o relacionamento com outros colegas de classe também fica prejudicado, seja pela impulsividade ou a desatenção, resultando no bullying escolar.

As crianças com TDAH também estão mais sujeitas a baixa autoestima e problemas relacionados com a ansiedade e a depressão, que certamente interferem no desempenho escolar ao longo da vida. Nesse sentido, é extremamente importante que profissionais da educação observem os seguintes comportamentos:

  • Desatenção e distração constante;
  • Erros em avaliações por puro descuido;
  • Esquecimento e perda frequente do material escolar;
  • Extrema dificuldade em organizar os materiais;
  • Ações impulsivas ou inconsequentes;
  • Interrupção contínua enquanto outras pessoas falam;
  • Mudanças de humor rápida;
  • Impaciência e irritabilidade;
  • Incapacidade para realizar tarefas demoradas;
  • Extrema dificuldade em ouvir e cumprir regras;
  • Levantar toda hora na sala, sem qualquer estímulo;
  • Movimentos físicos excessivos;
  • Conversar enquanto todos estão quietos;
  • Dificuldade em esperar.

Porque o TDAH pode interferir no aprendizado da criança?


Todas as características apontadas no tópico anterior podem interferir no processo de aprendizagem. A atenção, por exemplo, é fundamental para que o aluno processe as informações e organize em sua mente o que está sendo ensinado. Dessa forma, a falta de atenção prejudica a assimilação dos conteúdos de sala de aula.

Nesse contexto, como o aluno não consegue reter as informações em sua totalidade, é comum acumular deficiências de aprendizagem com o passar do tempo. Afinal, a complexidade dos conteúdos só aumenta com o avançar da vida acadêmica.

Outros comportamentos como a impaciência e falta de persistência também refletem diretamente no processo de aprendizagem. Em geral, é normal que qualquer aluno tenha dificuldade diante de um novo conteúdo, mas aquelas que não apresentam qualquer problema de comportamento possuem mais facilidade em insistir e focar na explicação do professor. O mesmo não acontece com a criança ou adolescentes com TDAH.

Vale ressaltar que os alunos com TDAH conseguem, sim, concluir os estudos. A diferença pode estar no tempo em que levarão para ultrapassar todas as etapas. Isso porque muitas vezes precisam de um número maior de repetições e explicações para aprender. Nesse sentido é fundamental um acompanhamento especial de profissionais da educação, da saúde e da família como mostraremos na sequência.

Como a família, educadores e profissionais da saúde podem contribuir para o desenvolvimento escolar das crianças com TDAH?

Um ponto muito importante, especialmente para a família, é evitar as expectativas fora da realidade. Os sintomas de TDAH são bastante nocivos para o aprendizado e por isso, mesmo com todo o apoio, o desempenho escolar pode continuar aquém do esperado.

É valido considerar também que cada criança é um indivíduo único. Por isso é importante não confundir comportamento de TDAH com atitudes que correspondem a personalidade da pessoa. Pais e educadores devem estar atentos e informados sobre o que é exatamente o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade.

Para ajudar alunos com TDAH, os professores podem utilizar os métodos a seguir:

  • Colocar a criança para sentar mais próxima da lousa, longe de porta e janelas;
  • Fazer anotações em provas para que o aluno compreenda os erros e acertos;
  • Evitar instruções muito longas nas provas;
  • Usar uma linguagem clara e direta ao orientar os alunos;
  • Pedir que o aluno com TDAH repita as instruções, mas sempre evitando a exposição negativa diante dos outros alunos;
  • Conversar constantemente com o aluno, explicando os prejuízos de certos comportamentos para ele e demais colegas.

A família pode contribuir com o aprendizado das crianças com TDAH da seguinte forma:

  • Evitar broncas por comportamentos característicos de TDAH;
  • Agir sempre da mesma forma, independente das oscilações de humor e comportamentos da criança;
  • Reconhecer e recompensar o progresso escolar;
  • Acompanhar as tarefas de casa por meio de atividades que despertem o interesse da criança;
  • Anotar as datas de prova e tarefas em uma agenda;
  • Evitar barulhos externos enquanto a criança estuda.

Os profissionais da saúde devem ser munidos de todas as informações sobre o progresso escolar da criança. Assim, podem avaliar a necessidade de utilizar medicamentos específicos e/ou como promover uma terapia mais adequada para controlar e amenizar os sintomas de TDAH.

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Referências