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Disbiose e Parkinson: desequilíbrio intestinal pode favorecer o surgimento da doença?

A microbiota intestinal é o conjunto de bactérias e outros micro-organismos que habitam o trato gastrointestinal. Evidências crescentes apontam que o desequilíbrio da microbiota – uma condição clínica chamada disbiose, na qual há maior número de bactérias nocivas do que benéficas – pode influenciar no desenvolvimento e na progressão de doenças neurodegenerativas, como o Parkinson. Dois artigos científicos brasileiros publicados recentemente reforçam essa hipótese e descrevem um possível mecanismo por trás dessa conexão. 

Qual a possível relação entre disbiose e Parkinson?

A disbiose intestinal costuma ser notada com frequência em pessoas com Parkinson esporádico, ou seja, casos em que não há um fator genético envolvido. Embora a relação entre essas duas condições ainda não seja bem esclarecida, estudos anteriores mostraram que algumas células do intestino expressam a proteína a-sinucleína, cuja agregação está sabidamente relacionada com a doença de Parkinson.

Na investigação que originou os dois novos estudos, conduzida pelo Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), de Campinas, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), os pesquisadores analisaram uma bactéria específica chamada Akkermansia muciniphila, que, conforme reportado em trabalhos recentes, se apresenta em maior quantidade em amostras fecais de pacientes com Parkinson.

A equipe de cientistas descobriu que essa bactéria é capaz de agregar a proteína a-sinucleína nas células do intestino. Eles perceberam, também, que quando as células intestinais foram cultivadas juntamente com neurônios, a proteína a-sinucleína poderia ser transferida de um tipo celular para outro.

Em resumo, a investigação sugere que a disbiose intestinal pode levar ao aumento de espécies de bactérias que, eventualmente, contribuem para a agregação da a-sinucleína no intestino. E que essa proteína pode então migrar para o sistema nervoso central, configurando um possível mecanismo de surgimento da doença de Parkinson esporádica.

O que é a doença de Parkinson?

Segunda doença neurodegenerativa mais comum, o Parkinson ocorre pela degeneração progressiva dos neurônios que produzem dopamina – substância química do cérebro que, entre outras funções, ajuda na realização dos movimentos voluntários do corpo de forma automática. Por conta disso, o distúrbio causa uma série de sintomas relacionados ao controle motor:

  • Tremores;
  • Rigidez muscular;
  • Lentidão e dificuldade de controlar os movimentos;
  • Alterações e dificuldades na fala e na escrita.

Por mais que os sintomas motores sejam os mais característicos do Parkinson, existem outros que também são frequentes e que podem aparecer muitos anos antes do diagnóstico da doença. Eles incluem quadros recorrentes de constipação intestinal, náusea, redução do olfato e movimentação durante o sono.

Como a disbiose pode prejudicar o organismo?

Quando os micro-organismos que compõem a microbiota estão em equilíbrio, eles têm um efeito benéfico para o corpo, auxiliando na digestão e no funcionamento do sistema imunológico. Por outro lado, quando ocorre a disbiose e há um predomínio de bactérias más, a digestão de alguns alimentos pode ser prejudicada, bem como a produção de vitaminas e a proteção do trato gastrointestinal contra agentes agressores.

A disbiose pode causar sintomas como constipação ou diarreia, gases e distensão abdominal. Quando não é devidamente tratada, pode aumentar o risco de problemas mais sérios, como doenças inflamatórias intestinais, síndrome do intestino irritável, obesidade, câncer, problemas cardiovasculares e doenças autoimunes.

Atenção: caso você tenha sintomas gastrointestinais frequentes, busque a avaliação de um especialista.

O que fazer para evitar a disbiose?

A má alimentação está entre as principais causas da disbiose. Portanto, uma medida importante para prevenir a condição é fazer certos ajustes na dieta. As recomendações incluem:

  • Beber bastante água;
  • Apostar em probióticos, que contribuem para a integridade intestinal.
  • Reduzir o consumo de açúcar, álcool, farinha branca e alimentos ultraprocessados;
  • Evitar o excesso de certos alimentos que costumam causar constipação, gases e desconfortos gastrointestinais, como: Alimentos enlatados, principalmente carnes; Carboidratos em milho, aveia ou pão; Algumas frutas como banana, maçã e uva; Produtos com lactose, como iogurte, leite e queijo;

Outra possível causa da disbiose é o uso indiscriminado de medicamentos, como antibióticos, anti-inflamatórios e laxantes. Por isso, nunca se automedique, sempre procure a orientação de um médico para o tratamento de qualquer problema de saúde.

Como probióticos podem ajudar a manter o equilíbrio da microbiota intestinal?

Os probióticos são bactérias benéficas que auxiliam no equilíbrio da microbiota intestinal. Eles “competem” com as bactérias ruins por um espaço na mucosa gastrointestinal, protegendo a região e garantindo seu equilíbrio. Portanto, os probióticos são grandes aliados para o tratamento da disbiose intestinal.

Atenção: é importante pedir a orientação de um profissional de saúde para o consumo do probióticos, porque o tipo e a dosagem variam de acordo com a idade da pessoa e a finalidade do consumo, entre outros fatores.

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Referências


Quais são os sintomas da Doença de Parkinson?

Embora um dos sinais mais conhecidos da Doença de Parkinson seja tremores que acometem, principalmente, as mãos, cerca de 20% dos pacientes podem não apresentar essa característica. O principal indicador do Parkinson, na verdade, é o quadro de bradicinesia, que faz com que as pessoas que têm a doença realizem movimentos mais lentos, caracterizados, muitas vezes, pela dificuldade de andar, pouca ou nenhuma expressão facial, além de um “arrastar de pés” durante caminhadas. Saiba mais sobre a doença e como ela pode se manifestar de diferentes formas, de acordo com o estágio em que se encontra cada paciente.

O que é Doença de Parkinson?

A Doença de Parkinson é uma enfermidade progressiva do sistema nervoso, parte do cérebro que controla dos movimentos. O quadro surge devido à degeneração de células presentes na região do cérebro chamada de substância negra. Essas células são responsáveis por produzir a dopamina, substância que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) por todo o corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente, provocando os sintomas.

Ela é a segunda doença degenerativa mais prevalente no mundo, só fica atrás do Alzheimer. O quadro não é fatal ou contagioso e, geralmente, não afeta a memória ou a capacidade intelectual do paciente.

Quais são os sinais e sintomas da Doença de Parkinson, como a doença se manifesta?

Os sinais e sintomas do Parkinson incluem alterações motoras e não-motoras. Os primeiros sinais são sutis e, por isso, podem passar despercebidos. É possível que eles se manifestem até uma década antes da manifestação mais grave da doença, que ocorre apenas quando há degeneração de boa parte das células que produzem dopamina.

Entre esses sinais e sintomas mais leves estão a constipação, redução do olfato e o transtorno comportamental do sono REM, que faz com que os pacientes se mexam muito durante o sono. Outros sintomas comuns que podem aparecer ao longo do desenvolvimento da doença são:

  • Lentidão de movimentos, chamada bradicinesia;
  • Agitação ou tremor em repouso, que pode piorar se o paciente está nervoso;
  • Rigidez dos braços, pernas ou tronco;
  • Problemas com o equilíbrio e quedas;
  • Alterações de humor – como depressão, ansiedade, irritabilidade;
  • Alterações cognitivas – como falta de atenção, problemas visuo-espacial, psicose e alucinações;
  • Suor excessivo, principalmente nas mãos
  • Mudanças sensoriais – como dor, sensação de aperto, formigamento e queimação;
  • Voz baixa e suave;
  • Tontura e desmaios;

Qual a importância do diagnóstico da Doença de Parkinson ser feito o mais cedo possível?

O diagnóstico da doença de Parkinson logo no início do curso da doença é de extrema importância para um tratamento eficaz, capaz de retardar a evolução dos sintomas – o que fica mais difícil com o passar do tempo. A grande dificuldade, porém, é que ainda não há exames que forneçam um diagnóstico preciso e, por isso, muitas pessoas descobrem o quadro apenas com o aparecimento de sinais mais graves.

O diagnóstico é feito por exclusão. Com exames para analisar o cérebro, como eletroencefalograma, tomografia computadorizada e ressonância magnética, os médicos conferem se a pessoa possui nenhuma outra doença. Além disso, os especialistas acompanham o histórico clínico do paciente e a presença de sinais e sintomas que podem indicar a presença de Parkinson.

Existe tratamento para a Doença de Parkinson?

Apesar dos avanços da medicina, não existe cura ou forma de prevenir o Parkinson. Entretanto, há tratamentos que podem melhorar significativamente os sintomas causados pela doença e, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes.

Medicamentos – existem diferentes tipos de remédios que podem ser usados para tratar a Doença de Parkinson.

Mudanças no estilo de vida – incluindo a prática de exercícios físicos no dia a dia e uma rotina de alimentação saudável também contribuem para que aqueles que têm Parkinson tenham uma vida melhor. No entanto, é necessário supervisão profissional.

Terapias complementares –  como fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e acompanhamento psicológico também podem fazer parte do tratamento e beneficiar os pacientes, auxiliando no controle de sinais e sintomas e na adaptação de tarefas cotidianas.

Cirurgia – para alguns casos específicos, os profissionais de saúde também podem sugerir procedimentos cirúrgicos com o objetivo de regular determinadas regiões do cérebro e melhorar os sintomas.

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