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Qual a relação entre dor crônica e dor neuropática?

A dor neuropática é um dos principais tipos de dor crônica – aquelas que persistem por meses ou anos. Causada por uma lesão ou disfunção do sistema nervoso, ela atinge cerca de 3 a 17% da população mundial. Se não diagnosticada a tempo, a pessoa pode ter sua qualidade de vida reduzida e perder a capacidade até de realizar tarefas cotidianas. A dor é um sinal de alerta muito importante de que algo no organismo não está funcionando como deveria. Continue a leitura para saber mais sobre o assunto.

O que é dor neuropática?

A dor neuropática é uma dor intensa nos nervos do corpo, resultado de uma disfunção do sistema nervoso, no qual as fibras nervosas danificadas enviam sinais errados para os centros de dor. Pode ser acompanhada por outros sintomas e mais de um nervo pode estar envolvido, o que leva a uma dor generalizada, afetando o tronco, as pernas e os braços. A dor pode ser intermitente ou contínua e a sua intensidade pode ser de leve a muito intensa, dependendo da causa e dos nervos que estão envolvidos.

Um exemplo de dor neuropática é a chamada síndrome do membro fantasma. Essa condição rara ocorre quando um braço ou uma perna foi removido por causa de uma doença ou lesão, mas o cérebro ainda recebe mensagens de dor dos nervos que originalmente carregavam impulsos do membro ausente. Esses nervos então falham e causam dor.

O que causa a dor neuropática?

A dor neuropática acontece quando uma espécie de “curto-circuito” altera os sinais nervosos, que são então interpretados no cérebro anormalmente, podendo causar sensações bem dolorosas. Cerca de 30% de todas as dores nos nervos (dor neuropática) são causadas por diabetes, mas outras doenças como alcoolismo e herpes zoster podem ser a causa.

Causas comuns de dor neuropática incluem:

  • Pressão do nervo ou lesão do nervo após cirurgia ou trauma;
  • Infecções virais;
  • Câncer, malformações vasculares;
  • Condições neurológicas, como esclerose múltipla;
  • Condições metabólicas, como diabetes;
  • Efeito colateral de certos medicamentos;
  • Amputação;
  • Quimioterapia;
  • Problemas no nervo facial;
  • Infecção por HIV ou AIDS;
  • Mieloma múltiplo;
  • Compressão do nervo ou da medula espinhal por hérnia de disco ou por artrite na coluna;
  • Herpes-zóster (cobreiro);
  • Sífilis;
  • Problemas de tireoide.

Quais são os sintomas de dor neuropática?

Os sintomas de dor neuropática podem incluir:

  • Dor intermitente ou contínua, de intensidade leve a muito intensa. Algumas pessoas podem até achar difícil usar roupas grossas, pois mesmo uma leve pressão pode agravar a dor;
  • Dor espontânea (dor que vem sem estimulação): queimação, pontada ou dor tipo choque elétrico; formigamento, dormência ou sensação de alfinetes e agulhas;
  • Dor evocada, provocada por estímulos normalmente não dolorosos, como frio, escovação suave contra a pele, pressão etc.;
  • Dificuldade em detectar corretamente as temperaturas;
  • Problemas para dormir;
  • Problemas emocionais devido a distúrbios do sono e dor.

Qual a relação entre dor crônica e dor neuropática?

A dor neuropática é um dos principais tipos de dor crônica. A dor crônica é aquela que persiste por processos patológicos crônicos, de forma contínua ou recorrente. Ela implica alto impacto social, sendo frequentemente associada com outras doenças crônicas.

Em suma, se o desconforto persiste por mais de três meses e provoca incômodo constante e perda funcional, pode ser classificado como dor crônica.

  • No Brasil, a dor crônica afeta entre 28% e 41% da população.

Como a dor neuropática é diagnosticada?

Geralmente, o médico realiza o diagnóstico de dor neuropática a partir dos seguintes passos:

Avaliação dos sintomas e fatores de risco – o médico, inicialmente, realizará uma entrevista, na qual o paciente descreverá a dor, quando ocorre ou se algo específico a desencadeia. O especialista também investigará a presença de fatores de risco para dor neuropática, como a presença de uma doença crônica.

Realização de exames – o médico também realizará um exame físico e pode solicitar exames laboratoriais e testes para avaliar a função do sistema nervoso.

O diagnóstico de dor neuropática normalmente é sugerido quando a dor é desproporcional ao tipo de lesão tecidual e se forem detectadas alterações durante o exame neurológico. Às vezes, nenhuma causa identificável é encontrada.

Como a dor neuropática é tratada?

Atualmente, não existe cura para a dor neuropática. O tratamento tem como objetivo o alívio dos sintomas e, geralmente, envolve uma abordagem com múltiplos profissionais e uma combinação de terapias.

A dor neuropática não responde muito bem aos tratamentos habituais para a dor, sendo necessário o uso de medicamentos específicos prescritos pelo médico. A estimulação elétrica dos nervos envolvidos na dor neuropática pode controlar significativamente os sintomas. Outros tipos de terapias também podem ajudar com a dor neuropática, tais como:

  • Fisioterapia;
  • Terapia de relaxamento;
  • Massoterapia;
  • Acupuntura.

Importante: existem vários tratamentos disponíveis para a dor neuropática e, muitas vezes, é um processo de “tentativa e erro” para encontrar a melhor opção para um indivíduo. Cada pessoa é diferente e o médico levará em consideração as necessidades de cada um. Portanto, nunca se automedique. O profissional de saúde pode sugerir o encaminhamento a uma clínica de dor para avaliação, manejo e aconselhamento sobre como viver com dor crônica.

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IM/ACP 2021: como fazer o manejo ambulatorial da dor crônica?

Começou o Internal Medicine Meeting da American College of Physicians (IM/ACP 2021), um dos maiores encontros de Medicina Interna da atualidade. Estamos juntos realizando a cobertura do evento, que devido às limitações da pandemia, está em formato virtual.

Neste post, vamos revisar estratégias ambulatoriais de abordagem à dor crônica, com base na palestra realizada por Michael Ashburn, professor de Anestesia e Terapia Intensiva da University of Pensylvania.

Que intervenções não opioides têm mostrado redução de dor crônica?

O primeiro ponto abordado pelo palestrante, foi que o tratamento da dor crônica passa por várias esferas de abordagem, incluindo depressão, ansiedade, distúrbio do sono, questões familiares, limitações físicas. Vale também considerar que boa parte das pessoas que têm dor crônica apresentam estados anormais de dor (dor neuropática e dor miofascial). Neste contexto, deve-se focar no paciente e na sua experiência de sofrimento. Pensar apenas em nociceptores não trará os melhores impactos em pacientes que apresentam uma dor complexa.

É importante que sejam rastreadas e tratadas situações como: depressão, catastrofização da dor e ansiedade. Foram sugeridos respectivamente as seguintes escalas: PHQ-9, Pain Catastrophizing Scale e GAD-7 para rastreio. O efeito do tratamento dessas questões não é pequeno. O palestrante citou redução da dor em 45% quando tratada a depressão, 33% com o tratamento da catastrofização da dor e 12% com tratamento de ansiedade.

Há evidências de que a terapia cognitiva-comportamental tem valor para condições de dor crônica, ela inclui abordagem educacional sobre dor crônica, higiene do sono, pensamentos inapropriados e prevenção de recaídas. A frequência sugerida é de seis a oito sessões individuais ou em grupo. Além disso, citou efeitos positivos com a prática de mindfullness.

Os exercícios também foram ressaltados com uma opção de terapia. Modalidades passivas ajudam, porém acabam tendo efeito mais curto. O desafio é fazer com que o paciente esteja engajado em atividade física em sua rotina.

Quando decidir pelo uso temporário de opioides?

Para responder esta questão, o Dr Michael Ashburn trouxe alguns conceitos importantes para dor aguda:

  • O tratamento apropriado da dor é importante, porém carrega risco significativo de malefícios.
  • As expectativas do paciente e do prescritor são um ponto crítico.
  • O tratamento multimodal deve ser um ponto central (anestésicos locais, analgésicos não opioides, opioides em uso curto).
  • Opioides devem ser usados com muito cuidado e atenção, de preferência com uma data de término bem documentada. Não facilite a transição entre uso agudo e uso crônico de opioides.

Opioides para dor crônica: menos é mais

  • O efeito dos opioides é modesto, com média de alívio não sendo maior que 40%.
  • Opioides podem ser prejudiciais aos pacientes.
  • Devem ser administrados no contexto de cuidado integrado.
  • Deve-se avaliar os riscos cuidadosamente antes de prescrever: risco de abuso/dependência; risco de comprometimento respiratório (distúrbio respiratório associado ao sono, patologias respiratórias, outras medicações depressoras do sistema respiratório); risco de falência de tratamento (dor generalizada, cefaleia crônica diária); risco específico de cada medicação (metadona).

Mensagem prática

  • No tratamento da dor crônica deve-se avaliar várias esferas, incluindo depressão, ansiedade, distúrbio do sono, questões familiares, limitações físicas. O foco deve ser no paciente e na sua experiência de sofrimento, não apenas em nociceptores.
  • O tratamento multimodal deve ser um ponto central (anestésicos locais, analgésicos não opioides, opioides em uso curto).
  • Opioides devem ser usados com muito cuidado e atenção, de preferência com uma data de término bem documentada.

Fonte

https://pebmed.com.br/im-acp-2021-como-fazer-o-manejo-ambulatorial-da-dor-cronica/

Autor(a)

Dayanna de Oliveira Quintanilha

Editora associada do Portal PEBMED ⦁ Especialista em Clínica Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) ⦁ Graduação em Medicina pela UFF ⦁ Contato: dayquintan@hotmail.com ⦁ Instagram: @dayquintan

Referência Bibliográfica

  • Michael Ashburn, MD MPH MBA. Palestra Managing Chronic Pain in the Outpatient Setting – ACP meeting 2021.

Dor Neuropática Pós-COVID

Segundo a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor pode ser definida como: “Uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. Pela definição já conseguimos perceber que além das questões fisiológicas e anatômicas ocasionadas pela dor, é um sintoma que afeta o bem-estar social e psicológico do indivíduo.

Devido ao isolamento social causado pela pandemia de COVID-19, alguns males como a sarcopenia, piora de dores crônicas pela falta de condições de ir a médicos, deixar de ir à fisioterapia e diminuição de procedimentos intervencionistas analgésicos, há uma piora geral da dor, sendo necessário uma abordagem mais aprofundada sobre o tema.

No vídeo abaixo, a Dra. Mariana Palladini, especialista em terapia da dor, discorre de maneira objetiva sobre Dor Neuropática Pós-COVID.

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