Probióticos
24/03/2025
Qual o papel da microbiota na terapia do câncer?

Pesquisas recentes revelam a influência da microbiota na resposta ao tratamento e na evolução da doença

A microbiota tem sido objeto de crescente interesse na área da oncologia. Pesquisas atuais vêm demonstrando que a comunidade de micro-organismos que habita o corpo humano pode interferir não apenas no desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, mas também na eficácia das terapias utilizadas.

Continue a leitura para saber:

  • O que é a microbiota

  • Quais os papéis da microbiota no câncer

  • Se é possível fortalecê-la e como fazer isso

O que é a microbiota?

A microbiota é o conjunto de micro-organismos, como bactérias, leveduras e vírus, que coexistem em diferentes partes do corpo — como o intestino, a pele, os pulmões, a cavidade oral e a vagina. Cada uma dessas regiões abriga uma composição específica de micro-organismos, o que torna a microbiota uma estrutura complexa e dinâmica.

A microbiota intestinal é a mais estudada devido à sua importância na digestão, na produção de vitaminas, na proteção contra patógenos e na modulação do sistema imunológico. Ela é composta majoritariamente por bactérias, mas também inclui fungos e vírus.

Por isso, muitos especialistas a consideram um “órgão oculto” do corpo humano. Alterações em sua composição já foram relacionadas a condições como obesidade, doenças autoimunes, distúrbios neuropsiquiátricos e, mais recentemente, ao câncer. Em casos como a doença de Hirschsprung, por exemplo, o comprometimento da função intestinal pode interferir diretamente na microbiota e em todo o funcionamento do sistema digestivo.

Quais os papéis da microbiota no câncer?

A influência da microbiota na oncologia pode ocorrer em diferentes fases da doença.

No desenvolvimento do tumor
Certas bactérias intestinais têm sido associadas ao aumento do risco de câncer, como o linfoma ou o câncer gástrico. Esses micro-organismos podem interferir na resposta imunológica do corpo e favorecer processos inflamatórios que promovem o crescimento tumoral.

Durante o tratamento
Estudos mostram que a presença de uma microbiota intestinal saudável pode influenciar positivamente a resposta à quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Em experimentos com camundongos, a ausência de microbiota reduziu a eficácia dessas terapias.

Além disso, há evidências de que a composição do microbioma pode interferir no metabolismo dos quimioterápicos, alterando sua ativação ou toxicidade. Algumas pesquisas até indicam que o perfil da microbiota pode ser utilizado como indicador da eficácia da terapia em pacientes com câncer de mama, auxiliando na personalização do tratamento.

Outro ponto relevante é que o impacto da microbiota não se limita à oncologia. Situações como obstrução intestinal ou desequilíbrios digestivos também afetam a microbiota e, indiretamente, o sistema imunológico, o que pode influenciar a forma como o organismo responde ao câncer.

É possível fortalecer nossa microbiota?

Sim. Há diversas formas de cuidar da saúde da microbiota e, assim, potencializar seus efeitos positivos para o organismo — inclusive durante tratamentos complexos como os oncológicos.

Algumas estratégias incluem:

  • Ingestão de alimentos prebióticos, como cebola, alho, banana, chicória, aveia e cereais integrais

  • Dieta variada e rica em alimentos naturais, com foco em reduzir industrializados

  • Prática regular de atividade física, que colabora para o aumento da diversidade bacteriana

  • Gestão do estresse, já que fatores emocionais afetam a composição da microbiota

  • Suplementação com probióticos, que pode ser feita com a orientação de um profissional de saúde

Os probióticos são especialmente relevantes por atuarem diretamente na recomposição da flora intestinal. Algumas cepas específicas auxiliam na resposta imunológica, além de reforçar a integridade intestinal — característica fundamental para a boa absorção de nutrientes e defesa contra patógenos. Inclusive, há estudos que destacam o papel dos probióticos na prevenção e controle da hipertensão, reforçando o impacto desses micro-organismos na saúde sistêmica.

Promover o equilíbrio da microbiota é uma medida estratégica não só na prevenção do câncer, mas também como suporte durante os tratamentos oncológicos. É um campo promissor que une microbiologia, imunologia e medicina personalizada para beneficiar a saúde de forma ampla e integrada.

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