EAP 2021: qual o papel dos probióticos na dermatite atópica?

Em palestra realizada no European Academy of Pediatrics Congress (EAP 2021), a Dra Zorica Zivkovic, pediatra e professora de pediatria do Children’s Hospital for Lung Diseases and Tuberculosis, Medical Center Dr. Dragisa Misovic, em Belgrado, Sérvia, falou sobre qual poderia ser o papel dos probióticos na dermatite atópica (DA) em crianças.

Dermatite atópica

A palestrante destacou que a DA é a desordem inflamatória cutânea mais comum na infância e afeta cerca de 20% dos bebês no início da vida, podendo preceder quadros de rinite e/ou asma. A maioria das crianças com DA apresenta história familiar de atopia. É de grande importância identificar aqueles bebês com alto risco de desenvolver alergias em um estágio inicial para definir estratégias de prevenção e modificação de doenças.

Evidentemente, a forma de intervenção precoce mais confortável e aplicável estaria no microbioma humano. O sistema imune inato de neonatos e lactentes representa o melhor alvo, especialmente através do sistema gastrointestinal. Portanto, segundo a Dra Zivkovic, nós devemos apoiá-lo e aprimorá-lo, desenvolvendo e/ou atualizando o conteúdo microbiano. Dessa forma, ela e sua equipe realizaram um estudo cujo objetivo foi avaliar o efeito da suplementação oral de LGG® (Lactobacillus rhamnosus GG) no desenvolvimento e na gravidade dos sintomas de DA durante um período de dois anos.

Probióticos e dermatite atópica

Foi realizado um estudo de observação controlada da vida real de 96 pacientes, sendo que 52 foram tratados com Lactobacillus rhamnosus combinado com vitamina D3 e zinco, enquanto os demais foram aconselhados a usar apenas tratamento sintomático. Todas as crianças foram encaminhadas para a clínica devido à condição atópica no início da vida e história familiar positiva de alto risco. No início do estudo, o índice Scoring Atopic Dermatitis (SCORAD) foi definido, bem como após 3 e 6 meses de tratamento, respectivamente.

O grupo ativo recebeu a cepa probiótica Lactobacillus rhamnosus 1×1010 cfu/g com 0,01 mg de vitamina D3 e 0,6 mg de zinco juntamente com o tratamento padrão para o período de 90 dias. O grupo controle recebeu apenas tratamento farmacológico padrão, que consistiu no uso de anti-histamínicos e hidratantes tópicos.

Os pacientes foram considerados elegíveis para a inclusão no grupo intervenção de acordo com os seguintes fatores: 1) manifestações clínicas de DA; 2) idade entre 6 meses e 3 anos; 3) história familiar positiva para doenças atópicas, sem uso de anti-histamínicos e de corticoides (sistêmicos e/ou locais) nos 14 dias prévios à inclusão no estudo.

Os resultados desse estudo mostraram que a formulação de Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) associada a suplementação de zinco e vitamina D3 em lactentes e na primeira infância reduziram a gravidade da DA segundo o sistema de pontuação SCORAD. Dessa forma, com base nesses achados, os pesquisadores recomendam fortemente, para a prática diária, a introdução de suplementação de probióticos, bem como vitamina D3 e zinco em bebês e crianças com DA e história familiar positiva desde o início da vida.

Para a Dra. Zivkovic, a introdução do probiótico LGG provou ser clinicamente eficaz na prevenção e tratamento da DA, podendo ser iniciado no primeiro dia de vida do bebê ou até mesmo no período pré-natal (conforme as manifestações clínicas) por um período de, pelo menos, três meses.

Fonte:  PEBMED –

https://pebmed.com.br/eap-2021-qual-o-papel-dos-probioticos-na-dermatite-atopica/

Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Suplementação de probiótico ajuda o sistema digestivo de bebês?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal Pediatric Research, a suplementação de Bifidobacterium longum subspecies infantis (B. infantis) no primeiro mês pós-natal, em combinação com o leite materno, resultou em colonização estável que persistiu até, pelo menos, um ano após o nascimento da criança, isto é, o probiótico pode persistir no intestino de bebês por até um ano, tendo um importante papel para um sistema digestivo saudável.

O leite materno fornece um amplo espectro de moléculas biologicamente ativas que auxiliam no desenvolvimento e maturação do intestino e do sistema imunológico inato e adaptativo, além de apoiar o crescimento da microbiota intestinal protetora. O B. infantis é uma bifidobactéria intestinal que ajuda na digestão de oligossacarídeos encontrados no leite materno. A bactéria já foi comumente encontrada em bebês amamentados com leite materno, mas praticamente desapareceu nos países industrializados. Estudos recentes relataram uma microbiota intestinal disfuncional em lactentes em aleitamento materno. Acredita-se que a redução dramática se deva a fatores como o aumento do uso de antibióticos, alimentação com fórmula e parto cesáreo. O uso de probióticos tem sido aplicado na tentativa de restaurar a microbiota intestinal. No entanto, pesquisas mostraram que a colonização foi transitória, inconsistente entre os indivíduos ou não impactou positivamente o intestino do hospedeiro.

Análise atual

Pesquisadores da University of California Davis realizaram um estudo de acompanhamento de 2 anos para um ensaio randomizado controlado em que bebês de 7 dias de vida receberam 1,8 × 1010 unidades formadoras de colônias de B. infantis EVC001 diariamente durante 21 dias ou apenas leite materno não suplementado. No estudo de acompanhamento, as mães (n = 48) coletaram as fezes do bebê aos 4, 6, 8, 10 e 12 meses de vida do bebê e completaram um questionário de dieta saudável. Em um estudo anterior, denominado IMPRINT, os pesquisadores avaliaram bebês saudáveis, a termo, amamentados com o mesmo suplemento de probiótico durante o mesmo período de 21 dias consecutivos, também começando no sétimo dia pós-natal e observaram colonização persistente de B. infantis nas fezes do bebê um mês após a suplementação.

Os cientistas observaram que a presença de B. infantis nas fezes foi 2,5 a 3,5 unidades log mais altas aos 6 a 12 meses de vida no bebê no grupo que recebeu a suplementação em comparação ao grupo amamentado com leite materno sem o suplemento (P < 0,01) e esta relação se fortaleceu com a exclusão de bebês que consumiram fórmula infantil e antibióticos. Os bebês do grupo que receberam o probiótico apresentaram significativamente mais Bifidobacteriaceae e menos Bacteroidaceae e Lachnospiraceae (P < 0,05). Não houve diferenças nas condições de saúde entre os dois grupos. Bacteroidaceae é uma família de bacilos Gram-negativos, anaeróbios obrigatórios e não esporulados, comumente encontrados no cólon adulto humano saudável. Enquanto a maioria dos membros desta família são considerados comensais, algumas espécies, como Bacteroides fragilis, incluem cepas patogênicas. A família Bacteroidaceae também contêm um conjunto expandido de genes codificados em loci de utilização de polissacarídeos, permitindo o consumo de ambos alimentos dietéticos polissacarídeos, bem como glicanos derivados do hospedeiro. Especificamente, Bacteroides thetaiotaomicron e B. fragilis, comuns no intestino neonatal, lançam mão de um grande conjunto de loci de utilização de polissacarídeo de degradação de mucina para catabolizar oligossacarídeos. Além disso, evidências atuais sugerem que a espécie Ruminococcus gnavus, que pertence à família Lachnospiraceae, pode desempenhar um papel fundamental na alergia e no desenvolvimento imunológico em bebês e na inflamação no intestino de pacientes adultos com doença de Crohn.

Mensagem final

A relevância desse estudo está no fato de que a colonização em longo prazo de um probiótico após a interrupção de seu consumo não havia sido demonstrada anteriormente. Esses resultados apoiam a importância de combinar um microrganismo específico com uma fonte de carboidrato que ele consome seletivamente, fornecendo assim um nicho ecológico aberto para que a bactéria possa ocupar. Os pesquisadores observaram que bebês amamentados com uma suplementação de uma cepa específica de B. infantis (EVC001) que utiliza com eficiência todas as estruturas do oligossacarídeo no leite humano por um breve período resultou em colonização sustentada um ano após a suplementação. A microbiota intestinal na primeira infância desempenha um papel crítico no desenvolvimento do sistema imunológico e na programação metabólica que tem impactos para a saúde por toda a vida. Mudanças na composição da microbiota intestinal com bactérias menos protetoras e patógenos potenciais mais elevados associados a um estilo de vida ocidental parecem aumentar os riscos de desenvolvimento de doenças alérgicas, inflamatórias e autoimunes. Com base nesses resultados, os pesquisadores frisam a necessidade de grandes ensaios clínicos para determinar se a suplementação de B. infantis EVC001 nos primeiros anos de vida previne o desenvolvimento dessas doenças na criança até a idade adulta.

Fonte:  PEBMED

https://pebmed.com.br/suplementacao-de-probiotico-ajuda-o-sistema-digestivo-de-bebes/

Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Referências bibliográficas:

O’Brien CE, Meier AK, Cernioglo K, et al. Early probiotic supplementation with B. infantis in breastfed infants leads to persistent colonization at 1 year [published online ahead of print, 2021 Mar 24]. Pediatr Res. 2021;10.1038/s41390-020-01350-0. doi:10.1038/s41390-020-01350-0

Como ajudar crianças com TEA e TDAH no período de confinamento?


A pandemia trouxe mudanças bruscas de rotina, diferentes padrões de trabalho, carga horária estendida de home office, filhos em casa em tempo integral e muitas novas tarefas e hábitos que tem afetado diferentes faixas etárias, principalmente no aspecto emocional.

Com as crianças não é diferente, suas atividades da escola foram interrompidas, atividades de lazer tornaram-se bem restritas e até tiveram que se adaptar ao novo método de aulas online. O acometimento é ainda mais intenso naquelas crianças com problemas de desenvolvimento, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro autista (TEA).

Confinamento e crianças com TDAH e TEA

Com o intuito de orientar e ajudar, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento que reuni respostas a alguns questionamentos comuns dos pais durante esse período. É muito importante que os médicos e profissionais de saúde saibam responder essas perguntas.

1. Como distrair meu filho(a) em casa e ajudá-lo(a) a passar o tempo?

Com esse maior contato familiar, devem ser incentivadas atividades que possam conciliar o tempo e necessidades das crianças e que possam estimular a curiosidade e a criatividade (esconde-esconde, quebra-cabeças, desenhos, atividades manuais…). Também são indicadas atividades como assistir TV em família e a leitura conjunta de livros adequados a faixa etária.

É de suma importância que se tente manter uma rotina alimentar saudável e que tenha objetivos diários definidos, para reduzir a ansiedade e o estresse que o período traz.

2. Devo criar novas regras e/ou limites dentro de casa?

Regras são fundamentais para a educação, porém em tempos de pandemia devemos adaptar as regras com as mudanças da rotina das crianças. Uma dica seria utilizar imagens com objetivos a serem alcançados naquele dia, como por exemplo: um desenho mostrando uma escova de dente, uma criança tomando banho ou uma família na hora da refeição. Sem esquecer de parabenizar a criança após um objetivo alcançado, caracterizando um reforço positivo.

Atenção especial ao abuso do tempo de telas. O ideal é planejar o tempo de tela na programação diária e o uso de um temporizador visual facilita o controle do tempo pela própria criança. Um exemplo é Time Timer, que é um aplicativo que mostra uma seção vermelha decrescente à medida que o tempo acaba. Outra dica legal que a SBP recomenda é o planejamento do tempo de tela antes de atividades preferidas, porque desligar antes do lanche é mais fácil do que antes de uma atividade acadêmica.

3. O que fazer quando meu filho(a) não quiser mais ficar em casa?

Esse momento acontecerá e a sugestão é aguardar horários com menor movimento, para sair ao ar livre, caminhar, mas sempre seguindo as normas de segurança.

4. O que fazer para não prejudicar os ganhos que meu filho(a) teve nas terapias até o momento?

Importante manter o contato com os terapeutas, para que eles possam auxiliar com dicas de tarefas em casa ou até mesmo promover sessões online. Lembrando que não devemos esperar respostas imediatas, já que é um momento bem difícil para todos.

5. Como devo proceder em casos de urgência ou dúvidas em relação às medicações?

Em caso de urgência/emergência tente contato com o médico assistente, do contrário, procure uma Unidade Básica de Saúde, Unidade de Pronto Atendimento ou Hospital mais próximo. Não altere ou suspenda doses por conta própria.

6. Mudanças comportamentais poderão acontecer nesse período? Como proceder?

Crianças com TEA geralmente tem dificuldades em expressar verbalmente sentimentos como ansiedade, medo, desconforto com a nova rotina e ainda mais em compreender o motivo dessa mudança de rotina. Os pais devem estar atentos a mudanças no padrão de sono, alteração do apetite, irritabilidade e/ou aumento de agitação, aumento de comportamentos repetitivos e preocupação excessiva ou ruminação.

Entrar em contato com o médico assistente e equipe multidisciplinar caso essas mudanças forem notadas para melhores orientações.

7. Como cuidar dos cuidadores nesse tempo de incertezas?

Neste momento, os pais se viram isolados, impotentes e com medo de adoecer ou perder a vida. Fora a questão da saúde, ainda há um cenário econômico e profissional duvidoso e os pais tiveram que lidar prontamente com as tarefas domésticas, com o cuidado de parentes idosos e o trabalho em casa.

Para tentar conseguir se manter emocionalmente bem para cuidar das crianças, a sugestão é não sentir-se culpado, acolher seu sentimento e conscientizar-se que está dando o seu melhor.

Uma sugestão é deixar de lado as preocupações que não podem ser respondidas ou resolvidas agora, como: O que vai acontecer com o ano letivo? Quanto tempo a quarentena vai durar? Quais serão os efeitos da quarentena no meu futuro?

Compartilhar as dúvidas e inseguranças com a rede de apoio também é fundamental!

Fonte: https://pebmed.com.br/como-ajudar-criancas-com-tea-e-tdah-no-periodo-de-confinamento/

Autor(a): Clara Madureira

Graduada em Medicina pela Universidade do Grande Rio ⦁ Residência Médica em Pediatria pelo Hospital Municipal Salgado Filho ⦁ Instagram: @draclaramadureira

Referência Bibliográfica: 

IMPACTO DO USO DE ANTIBIÓTICOS NA MICROBIOTA NOS PRIMEIROS 1000 DIAS

Desde sua descoberta ao final da década de 1920, os antibióticos vêm sendo um pilar para o tratamento de infecções na medicina moderna. Eles são essencialmente diferentes de todas as outras drogas, afetam não apenas o indivíduo a quem são ministrados, mas também toda a comunidade em seu entorno. Sabidamente, seu uso recorrente gera resistência à sua própria ação, assim, a utilização desta classe de medicamentos reside na interseção da saúde pessoal e pública.1

Os antibióticos não apenas beneficiam um indivíduo no tratamento de sua infecção, beneficiam também a comunidade na prevenção da disseminação desse agente infeccioso, conforme supracitado. Entretanto, a aplicação indiscriminada da terapia com antibióticos gera um custo para a comunidade no que se refere à resistência de seus efeitos terapêuticos. Nesse contexto, encontra-se uma nova característica para o cenário do tratamento com antibióticos: o dano colateral do medicamento em bactérias que normalmente vivem em humanos saudáveis, a nossa microbiota.1

O desenvolvimento da microbiota intestinal é especialmente importante durante os primeiros anos de vida, quando o microbioma adulto ainda não se formou. Estudos indicam que países em fase avançada de modernização, onde o uso de antibióticos é maior, apresentam uma desvantagem: a perda da diversidade microbiana intestinal ao longo do tempo. Além disso, nas crianças pequenas, a exposição a antibióticos está associada ao aumento do risco de uma variedade de doenças, incluindo obesidade, diabetes tipos 1 e 2, doenças inflamatórias intestinais, doença celíaca, alergias e asma.1,2

O desenvolvimento de diarreia associada a antibióticos (DAA) bem como a  possibilidade de disbiose transitória podem ser estimulados, em curto prazo, pelo uso excessivo de antibióticos. Na população pediátrica, a incidência de DAA é de 5% a 30%. Os antibióticos mais comumente ligados à DAA incluem cefalosporinas, clindamicina, penicilinas de amplo espectro, como amoxicilina e ampicilina, e fluoroquinolonas, como ciprofloxacino e levofloxacino.2

Na maioria dos casos de DAA, não se encontra um agente infeccioso específico. No entanto, o Clostridium difficile é responsável pelos casos mais graves. A DAA geralmente é autolimitada, no entanto, se for causada por C. difficile, pode levar a colite pseudomembranosa, com risco de internação e morte, sobretudo nos extremos da idade (lactentes e idosos).2

Revisões sistemáticas já estabelecem o papel de prevenção da administração de probióticos frente ao quadro de diarreia causada pelo uso excessivo de antibióticos, por exemplo. A justificativa para o uso de probióticos é baseada na premissa de que a DAA resulta da ruptura da microbiota intestinal comensal causada pela terapia antibiótica.2 

Com base nos estudos publicados, é apropriado iniciar a administração de probióticos precocemente, de preferência simultânea ao tratamento com antibióticos, antes que ocorra a modificação da microbiota intestinal e o crescimento excessivo de patógenos. Também pode ser interessante continuar a administração de probióticos durante e após o tratamento com antibióticos.2

Referências

1 – Indrio F, Martini S, Francavilla R, Corvaglia L, Cristofori F, Mastrolia SA, et al. . Blaser MJ. Antibiotic use and its consequences for the normal microbiome. Science. 2016; 352 (6285): 544-5. 

2 – Szajewska H, Kołodziej M. Systematic review with meta-analysis: Lactobacillus rhamnosus GG in the prevention of antibiotic-associated diarrhoea in children and adults. Aliment Pharmacol Ther. 2015; 42 (10): 1149-57.

O uso de imunossupressores e implicações da dieta na microbiota intestinal

O uso de imunossupressores e implicações da dieta na microbiota intestinal 

A flexibilização da quarentena traz um novo quadro de risco aos pacientes que fazem uso de imunossupressores, uma vez que as taxas de isolamento social são menores. Dessa forma, a rigidez na conduta do tratamento médico, na adoção de hábitos alimentares saudáveis e a disciplina no seguimento de medidas sanitárias de prevenção atuam como fatores preponderantes no sucesso de uma resposta imunológica positiva.1,2,3 

Ensaios clínicos avaliam o impacto de diversos fatores em pacientes em tratamento com imunoterápicos. No cenário da pandemia pelo SARS-Cov-2, pacientes imunossuprimidos requerem atenção especial: aqueles com hepatite autoimune, transplante hepático ou outras condições que requerem a utilização de medicamentos imunossupressores não devem interromper seu tratamento, uma vez que o risco de progressão da doença ou complicações superam os riscos de contrair o vírus. Por outro lado, pacientes com doença inflamatória intestinal que desenvolveram infecção por pelo SARS-Cov-2 devem suspender o uso de imunossupressores e imunobiológicos.3   

A utilização concomitante de antibióticos, por sua vez, deve ser rigidamente gerenciada conforme o avanço do tratamento para pacientes com imunoterápicos. Medicamentos como inibidores da bomba de prótons, por exemplo, devem ser descontinuados quando não forem claramente indicados, permanecendo apenas a terapia com imunossupressores.4  

Pacientes em imunoterapia podem sofrer alterações na composição de sua microbiota. O uso de imunoterápicos, como inibidores de ponto de controle (ICIs), estão cada vez mais sendo usados ​​na prática clínica, sobretudo relacionados ao tratamento de várias doenças graves, como câncer. A saúde da microbiota intestinal está fortemente ligada às respostas terapêuticas a esses medicamentos: uma microbiota com alta diversidade bacteriana e uma boa proporção de bactérias comensais no intestino parecem estar correlacionadas com melhores resultados terapêuticos para pacientes em tratamento com os inibidores de ponto de controle (ICIs).4,5 

Nesse sentido, uma alimentação balanceada também compõe o tratamento para indivíduos em cuidado com imunoterápicos. Pacientes devem ser aconselhados a minimizar o consumo de carne animal e aumentar a ingestão de vegetais, com foco na variedade. Uma alta ingestão de fibras (> 30 g/dia) mostrou ser benéfica para aumentar a chance de resposta aos imunoterápicos.4  

Alimentos fermentados podem ter um efeito benéfico sobre a microbiota intestinal e devem ser introduzidos sempre que possível. O ideal é que todos os pacientes que façam uso de imunoterápicos sejam encaminhados, antes do início do tratamento, a um profissional da saúde com conhecimento sobre microbiota intestinal.4  

A microbiota intestinal tem papel essencial na resposta imunológica do corpo a infecções e em manter a saúde de maneira geral. Sendo assim, uma dieta balanceada que seja rica em fibras, em vegetais e a suplementação com probióticos é essencial para a promoção da saúde e para a composição do tratamento de doenças graves.4

Referências

1 – Ministério da Saúde. Diretrizes para Distanciamento Social. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-apresenta-diretrizes-para-auxiliar-na-decisao-sobre-distanciamento-social. Acesso em: 25 out. 2020.

2 – Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Últimas Notícias. Coronavírus. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/coronavirus-entenda-a-importancia-de-evitar-aglomeracoes/. Acesso em: 25 out. 2020.

3 – Federação Brasileira de Gastroenterologia. Gastroenterologistas e Covid-19. Disponível em: http://fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/1347/. Acesso em: 25 out. 2020.

4 – Karla A. Lee, Heather M. Shaw, Veronique Bataille, Paul Nathan, Tim D. Spector. Role of the gut microbiome for cancer patients receiving immunotherapy: Dietary and treatment implications. European Journal of Cancer. Oct 2020. 149-155.

5 – J Pierrard, E Seront. Impact of the gut microbiome on immune checkpoint inhibitor efficacy-a systematic review. Current Oncology. 2019 Dec; 26(6): 395-403.

Como adultos devem explicar às crianças as mudanças de comportamento no contexto pandêmico

Incentivando as crianças a se protegerem

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomenda que adultos devem fornecer às crianças informações corretas sobre os acontecimentos recentes, como a pandemia pelo SARS-CoV-2, ao passo que têm a responsabilidade de mantê-las protegidas dos problemas mais graves, dada sua evidente inexperiência e vulnerabilidade. Nesse contexto, é indicado o apoio qualificado de um profissional da saúde, como o pediatra, no que diz respeito às recomendações de novos hábitos para as crianças em contexto de isolamento. A valorização dos profissionais da saúde e especialistas, por parte dos adultos, garante à criança a noção de que há indivíduos dedicados em manter a comunidade segura frente às consequências da doença provocada pelo SARS-CoV-2. Nesse cenário, o incentivo às boas práticas de higiene e a manutenção de normas alimentares saudáveis – e que estimulem o envolvimento da criança – previnem contra possíveis indisposições, ansiedades e demais fatores que direta e indiretamente contribuem para o quadro de imunidade baixa.1 

Oferecendo um ambiente de segurança emocional e imunológico

A manutenção de comportamentos que sigam à risca os protocolos sanitários, com agendas regulares, ou mesmo a criação de novas rotinas em um novo ambiente atuam como fatores de prevenção à saúde infantil no contexto pandêmico. Cabe ao pediatra acompanhar esse período e orientar as famílias em suas muitas demandas e preocupações. As crianças providas de informação e de cuidado emocional são capazes de entender que o pronto cumprimento das regras ajudará a manter a todos em segurança.1,2

Os comportamentos sugeridos serão seguidos pelas crianças conforme o exemplo dado pelos próprios adultos. Assim, cabe aos pais e/ou responsáveis ser diligentes na conduta de protocolos sanitários, hábitos de higiene e normas alimentares.1

Especialistas médicos indicam que é importante avaliar e ter cuidado também com a saúde mental nesse contexto pandêmico. Nesse sentido, médicos pediatras atuam incentivando os esforços da escola e dos alunos, estimulando os pais ou responsáveis ou até mesmo irmãos mais velhos a se dedicarem mais a auxiliar as crianças na adaptação ao ensino remoto, em benefício da aprendizagem delas, em momentos de excepcionalidade. Buscando criar, dentro das possibilidades de cada família, uma rotina que assemelhe aos horários habituais da escola, para que a volta não envolva novas mudanças, e criando uma atmosfera positiva e incentivadora das aprendizagens.2

É importante alertar para a importância de todos manterem equilíbrio emocional para lidar com as novas situações e a quebra na rotina decorrentes do isolamento social. O pediatra, portanto, deverá reforçar a importância da criação de momentos de conversa e brincadeiras, atividade física, participação nos trabalhos domésticos, visando a dar segurança emocional às famílias que vivenciam esse momento.2

Nesse cenário, a supervisão de pais ou responsáveis nas atividades do cotidiano, como a adoção de hábitos alimentares saudáveis, colabora para o fortalecimento da saúde imunológica infantil. Ainda que a maioria das crianças não faça parte de grupos de risco, é preciso ter e manter todos os cuidados com seus estágios de crescimento.1,2,3 

De maneira geral, as crianças não estão propensas a manifestar sintomas graves com a infecção pelo SARS-CoV-2, com a rara exceção feita àquelas abaixo de cinco anos de idade com síndrome gripal (no caso as crianças menores de dois anos, nas quais há maior taxa de 

hospitalização com o potencial risco de infecção pelo vírus influenza). Este grupo foi reclassificado como grupo de risco pelo Ministério da Saúde.2,3

Na vigência de eventual infecção, a atenção deve ser redobrada para a ingestão de grupos alimentares saudáveis. Ela é suficiente para manter a saúde, não sendo necessárias suplementações na maioria dos casos. O acompanhamento com o pediatra é fundamental na contribuição destas orientações, ele tem papel decisivo na construção dessa base nutricional, se estendendo à família como um todo. Portanto, deve-se dar atenção especial àqueles alimentos que atuam na manutenção e/ou fortalecimento da imunidade.2,4

A deficiência de ingestão, absorção ou aproveitamento destes nutrientes contribui para a deficiência do sistema imunológico com consequente aumento do risco de adoecer e de agravar doenças existentes.4

Referências

1 – UNICEF Brasil. Como falar com crianças sobre coronavirus. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/como-falar-com-criancas-sobre-coronavirus/. Acesso em: 01 nov. 2020.

2 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – O Ano Letivo de 2020 e a Covid-19. 

Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22514c-NA_-_O_Ano_Letivo_de_2020_e_a_COVID-19.pdf/ Acesso em: 01 nov. 2020.

3 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – Covid-19 e a volta às aulas. 

Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22516b-NA_-_COVID-19_e_a_Volta_as_Aulas.pdf/. Acesso em: 01 nov. 2020.

4 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – Nutrição em tempos de Covid-19. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22425c-Nota_de_Alerta_-_Nutricao_em_tempos_de_COVID-19.pdf/. Acesso em: 01 nov. 2020.

A relação entre mãe e filho começa com a vida inteligente dentro da barriga.

O uso diário de  probióticos é o segredo para manter o bebê protegido durante e pós a gestação

A reprodução humana é realmente fantástica. A relação estabelecida entre mãe e filho começa na fecundação.  No primeiro mês de gestação, após uma série de divisões celulares no útero, que a placenta começa a se formar, o embrião é envolto pelo líquido amniótico que auxilia na alimentação, além do cordão umbilical ser a maior ligação materna direta para a formação da microbiota instestinal do bebê. Durante este período, o intestino fetal no útero é exposto ao DNA microbiano e, potencialmente aos microrganismos maternos, portanto, a atenção em relação à saude feminina é muito importante nesta fase. 

Já no segundo mês, quando o coração começa a pulsar com batidas aceleradas de até 150 vezes por minuto, a vida intrauterina toma forma e o vínculo materno fica cada vez mais intenso. Por isso, o uso diário de probióticos a partir do primeiro mês de gravidez pode ser recomendado pelo ginecologista e pelo pediatra para a gestante. Essa suplementação ajuda a manter o bebê protegido ao longo dos nove meses de gestação, além de regular também a microbiota materna, conhecida como flora intestinal, no pós parto e ao longo da vida como uso diário. Além disso, o produto tem ações benéficas para o bebê a longo prazo, como na prevenção de doenças não infecciosas – cardiovasculares, distúrbios metabólicos e alergias.

“Os probióticos ajudam a proteger e a reequilibrar a flora intestinal, contribuindo para a saúde gastrointestinal da gestante. Vale ressaltar que na microbiota habitam trilhões de microrganismos do bem  (bactérias, vírus e fungos), que têm um papel importante de interação com o sistema imunológico. Por isso, o uso da suplementação com probiótico pode trazer benefícios durante e após a gestação”, afirma  a Gerente Médica da Cellera Farma, Dra. Nanci Utida. 

Nos meses seguintes,  o desenvolvimento do esqueleto, das costelas e dos dedos de mãos e pés do bebê são mais evidentes. Todos os órgãos internos se formam, ele já começa a se movimentar, sugar e engolir os nutrientes que a mãe leva para ele. Também começa a perceber alterações de luz, a diferenciar gosto do amargo e o doce, os cabelinhos e cílios começam a crescer,  formam-se as trompas e o útero nas meninas e os órgãos genitais dos meninos, que podem ser vistos no exame de ultrassom. 

Os lábios e sobrancelhas ficam mais visíveis e as pontas dos dedos apresentam as impressões digitais. O bebê ouve e reage a estímulos sonoros, como músicas e conversas e chega ao nono mês prontinho para vir ao mundo.

Os primeiros 1.000 dias

Após o nascimento, a flora intestinal do bebê é rapidamente colonizada por bactérias que são transferidas da microbiota vaginal materna, cólon e pele, dependendo do modo de nascimento e do uso de antibióticos. Há uma intensa exposição do organismo à microbiota (microrganismos que habitam nosso intestino). Para que os microrganismos nocivos não invadam nosso corpo, temos mecanismos de defesa. Estima-se que 70 a 80% das células de nosso sistema imune estejam  concentradas no intestino, transformando esta região no maior órgão linfoide do corpo humano. Cerca de 100 milhões de neurônios estão conectados no intestino através de sinapses que produzem vários neurotransmissores que regulam várias funções intestinais como a motilidade, absorção, secreção, excreção e sensibilidade, principalmente à dor.

Portanto, ao longo da gestação, assim como nos primeiros mil dias de vida do bebê é essencial garantir que o desenvolvimento do sistema imunológico e a microbiota estejam estáveis, pois representam o  crescimento e o desenvolvimento do bebê na primeira infância. 

Cultive o seu melhor

Com o slogan “Cultive Seu Melhor”, Culturelle® Probiótico está presente nas farmácias de todo o Brasil com um portfólio amplo, atendendo às necessidades de homens e mulheres adultos, incluindo idosos, gestantes e crianças.. Essa é a marca de probiótico mais prescrita por pediatras e a mais recomendada por farmacêuticos nos Estados Unidos, sendo a de maior confiança do consumidor no mercado americano. 

Para adultos, Culturelle® Probiótico Saúde Digestiva tem apresentações de 10 e 30 cápsulas vegetais com 10 bilhões de culturas ativas (UFC) de origem natural, sem glúten e livre de lactose e açúcar, com recomendação de uso de 1 cápsula ao dia.  Preço sugerido:  R$ 63,99 para 10 cápsulas e R$ 159,99 para 30 cápsulas.

Para crianças a partir de 1 ano de idade, a marca lança  inicialmente Culturelle® Probiótico Junior em 2 apresentações, sachês e comprimidos mastigáveis. A apresentação recomendada a partir de 1 ano de idade vem com 6 sachês unitários e 5 bilhões de culturas ativas (UFC). Pode ser adicionada em alimentos e bebidas para consumo. Preço Sugerido: R$ 32,29.

Já a apresentação em 10 comprimidos mastigáveis é indicada para crianças a partir de 3 anos de idade e também vem com 5 bilhões de culturas ativas (UFC). Preço Sugerido: R$ 50,99.

Sobre a Cellera Farma

Cellera Farma é resultado da aquisição do Instituto Terapêutico Delta e da empresa MIP Brasil Farma, com o investimento do grupo Principia Capital Partners em parceria com o sócio Omilton Visconde Junior, empresário com grande experiência no mercado farmacêutico brasileiro. 

Em 2019, a Cellera Farma passou a representar no Brasil 12 medicamentos da Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson. Por meio do acordo, a Cellera tem implementado estratégias de marketing, educação médica, comercialização direta para distribuidores e abastecimento do mercado nacional para esses produtos. Os medicamentos que fazem parte da parceria são marcas consolidadas da Janssen  que possuem indicação para o tratamento de doenças do sistema nervoso central e enfermidades gastrointestinais. São eles: Concerta®, Haldol®, Invega®, Reminyl®, Risperdal®, Risperdal Consta®, Stugeron®, Topamax®, Imosec®, Motilium®, Mylicon® e Pariet®.

Localizada na cidade de Indaiatuba, interior de São Paulo, a planta fabril tem 25 mil metros2 de área  total construída, aprovada pela Anvisa como planta de produção para medicamentos, cosméticos, produtos para saúde. 

Canais Cellera Farma:

https://devcellera.com/

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https://www.instagram.com/cellerafarma/

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Canais Culturelle:

@culturellebrasil e www.culturelle.com.br

Culturelle® e Culturelle JuniorTM são marcas registradas da DSM.

LGG® é uma marca registrada da Chr. Hansen A/S.

Reg. MS: 673990004/67

3990003/673990002

Referências: 

International Journal of Nutrology, a.10, n.1, p. 335 S – 342 S, Março 2017 – Suplemento 

Ann Nutr Metab 2013;63(suppl):28-40 – DOI: 10.1159/000354902

Informações para a imprensa:

VV4 PR – Comunicação e Estratégia

Valéria Vargas – RP – valeria@vv4pr.com.br – Tel: +5511 99286-0839

Importância do parto normal frente à cesárea

O desenvolvimento da microbiota do indivíduo é iniciada ainda no útero materno, entretanto, foi demonstrado que fatores relacionados ao ambiente de trabalho de parto e nascimento influenciam o processo inicial, no recém-nascido, de colonização por bactérias não patogênicas. Estudos mostram que existem diferenças distintas no perfil da microbiota daqueles nascidos de parto normal em comparação com os nascidos de cesárea.1

O intestino humano é o habitat de um ecossistema microbiano diverso e dinâmico. A microbiota humana desempenha um papel crítico nas funções que sustentam a saúde e é um ativo positivo nas defesas do organismo, com atuação direta na construção do sistema imunológico. O estabelecimento da microbiota intestinal humana durante a infância pode ser influenciado por vários fatores, incluindo o modo de parto.5

Evidências científicas sugerem, portanto, que o tipo de parto está envolvido no desenvolvimento da microbiota neonatal e pode explicar parcialmente os resultados de saúde pediátricos associados ao nascimento por cesárea. Especificamente, a microbiota intestinal de bebês nascidos de parto normal se assemelha mais à microbiota vaginal de suas mães e, dessa forma, consiste mais comumente em um perfil de colonização bacteriana potencialmente benéfica.4

Estudos e ensaios também apontam que a colonização direta do intestino da criança começa após a ruptura da membrana placentária, durante o trabalho de parto. Por exemplo, a microbiota intestinal de crianças nascidas de parto vaginal exibe enriquecimento em Bifidobactérias, Bacteroides, espécies de Escherichia e Parabacteroides, em comparação com a microbiota intestinal de bebês nascidos por parto cesariano, o qual é rico em microrganismos associados à pele, à boca e ao ambiente circundante. Há autores que propõem que um suposto desequilíbrio no padrão normal de colonização associado ao tipo de parto pode ser um fator influenciador à suscetibilidade futura dessas crianças para doenças crônicas como alergias, diabetes, doenças autoimunes e síndrome metabólica.2,3

Considerando que a primeira grande colonização microbiana ocorre no nascimento, é fundamental que os profissionais de saúde de trabalho de parto estejam atentos aos fatores que podem alterar a composição da microbiota durante este processo. As implicações de várias atividades e fatores exclusivos para o ambiente de trabalho de parto e nascimento podem influenciar a microbiota de mulheres e recém-nascidos, entre estes fatores, temos como exemplos:1 

  • A rota de nascimento; 
  • O uso de antibióticos; 
  • Os procedimentos de enfermagem.


A diversidade e o padrão de colonização da microbiota intestinal estão significativamente associados ao tipo de parto durante os primeiros três meses de vida do recém-nascido. A microbiota intestinal saudável é considerada promotora do desenvolvimento e maturação do sistema imunológico, enquanto o intestino anormal é considerado a principal causa de infecções gastrointestinais graves durante a infância. Contudo, é preciso que se estabeleça ainda, em novos estudos e ensaios clínicos, quais são os impactos do modo de parto na saúde dos bebês em cada fase da vida, para além dos primeiros 90 dias de vida.5

Referências

1 – Alexis B Dunn, Sheila Jordan, Brenda J Baker, Nicole S Carlson. The Maternal Infant Microbiome: Considerations for Labor and Birth. The American Journal of Matern Child Nursing. Nov/Dec 2017; 42 (6): 318-325.

2 – Indrio F, Martini S, Francavilla R, Corvaglia L, Cristofori F, Mastrolia SA, et al. Epigenetic matters: the link between early nutrition, microbiome, and long-term health development. Front Pediatr. 2017; 5: 178.

3 – Laforest-Lapointe I, Arrieta MC. Patterns of Early-Life Gut Microbial Colonization during Human Immune Development: An Ecological Perspective. Front Immunol. 2017; 8: 788.

4 – Diana Montoya-Williams, Dominick J Lemas, Lisa Spiryda, Keval Patel, O’neshia Olivia Carney, Josef Neu, Tiffany L Carson. The Neonatal Microbiome and Its Partial Role in Mediating the Association between Birth by Cesarean Section and Adverse Pediatric Outcomes. Neonatology. 2018; 114 (2): 103-111.

5 – Erigene Rutayisire, Kun Huang, Yehao Liu, Fangbiao Tao. The mode of delivery affects the diversity and colonization pattern of the gut microbiota during the first year of infants’ life: a systematic review. BMC Gastroenterology. 2016 Jul 30; 16 (1): 86.

Medidas preventivas para o trabalho presencial do profissionais da saúde e o tratamento de pacientes com o uso de imunossupressores.

Medidas preventivas básicas para o trabalho presencial de profissionais de saúde e o tratamento de pacientes com o uso de imunossupressores.

O retorno ao trabalho presencial demanda especial diligência quanto às ações diferenciadas para o distanciamento social e para o uso de dispositivos de prevenção a infecções. O Ministério da Saúde, desde o início da pandemia do SARS-CoV-2, indicou que tais medidas fossem estabelecidas por estados e municípios, a partir de seus distintos cenários. Além do distanciamento, a OMS (Organização Mundial da Saúde) também preconiza como ação de caráter preventivo o uso adequado de máscaras em distintas atividades diárias, entre elas, procedimentos médicos como consultas e exames clínicos.1,2,3

Gastroenterologistas, endoscopistas e profissionais relacionados às atividades dos mesmos devem permanecer vigilantes e revisar periodicamente os equipamentos de proteção pessoal, especialmente durante procedimentos endoscópicos. Nesse sentido, o uso de máscaras e protetores faciais é elementar nos cuidados ao paciente no contexto da pandemia pelo SARS-CoV-2, assim como a atenção na remoção apropriada de tais dispositivos.3

Antecedendo consultas e procedimentos de exames clínicos, é recomendado que, preventivamente, seja seguido um protocolo de perguntas sobre viagens, contatos com infectados e sintomas respiratórios recentes que indiquem infecção pelo vírus. Casos suspeitos, evidentemente, devem ser encaminhados para as clínicas de saúde voltadas ao tratamento do SARS-CoV-2. 3

A máscara, especificamente, é um item pessoal, que não pode ser compartilhado por parceiros. Trata-se de um objeto de proteção fundamental e de caráter preventivo contra a disseminação do vírus, e que precisa de cuidados específicos no seu manuseio e na sua higienização.3

O uso de imunossupressores e implicações da dieta na microbiota intestinal 

A flexibilização da quarentena traz um novo quadro de risco para pacientes que fazem uso de imunossupressores, uma vez que as taxas de isolamento social são menores. Dessa forma, a rigidez na conduta do tratamento médico, na adoção de hábitos alimentares saudáveis e a disciplina no seguimento de medidas sanitárias de prevenção atuam como fatores preponderantes no sucesso de uma resposta imunológica positiva.1,2,3 

O uso de imunoterápicos, como inibidores de ponto de controle imunológico (ICIs), revolucionaram o cenário terapêutico no que se refere ao tratamento de várias doenças graves. A saúde da microbiota intestinal está fortemente ligada às respostas terapêuticas a esses medicamentos.4 

No cenário da pandemia pelo SARS-Cov-2, pacientes com hepatite autoimune, transplante hepático ou outras condições que requerem a utilização de imunossupressores não devem interromper seu tratamento, uma vez que o risco de progressão da doença ou complicações superam os riscos de contrair o vírus.3   

Ensaios clínicos avaliam o impacto de diversos fatores em pacientes em tratamento com imunoterápicos. Transferência da microbiota fecal, probióticos, prebióticos, consórcios de bactérias e uma gama de intervenções dietéticas são alguns destes fatores.4  

A utilização de antibióticos deve ser rigidamente gerenciada conforme o avanço do tratamento com imunoterápicos. Inibidores da bomba de prótons, por exemplo, devem ser descontinuados quando não forem claramente indicados e, também, pacientes devem ser aconselhados a minimizar o consumo de carne animal e aumentar a ingestão de vegetais, com foco na variedade. Uma alta ingestão de fibras (> 30 g/dia) mostrou ser benéfica para aumentar a chance de resposta aos imunoterápicos.4  

Alimentos fermentados podem ter um efeito benéfico sobre a microbiota intestinal e devem ser introduzidos sempre que possível. O ideal é que todos os pacientes que façam uso de imunoterápicos sejam encaminhados, antes do início do tratamento, a um profissional da saúde com conhecimento sobre microbiota intestinal.4  

A microbiota intestinal tem papel essencial na resposta imunológica do corpo a infecções e em manter a saúde de maneira geral. Sendo assim, uma dieta balanceada que seja rica em fibras, em vegetais e em outros alimentos probióticos é essencial para a promoção da saúde e para a composição do tratamento de doenças graves.4

Referências

1 – Ministério da Saúde. Diretrizes para Distanciamento Social. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-apresenta-diretrizes-para-auxiliar-na-decisao-sobre-distanciamento-social. Acesso em: 25 out. 2020.

2 – Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Últimas Notícias. Coronavírus. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/coronavirus-entenda-a-importancia-de-evitar-aglomeracoes/. Acesso em: 25 out. 2020.

3 – Federação Brasileira de Gastroenterologia. Gastroenterologistas e Covid-19. Disponível em: http://fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/1347/. Acesso em: 25 out. 2020.

4 – Karla A. Lee, Heather M. Shaw, Veronique Bataille, Paul Nathan, Tim D. Spector. Role of the gut microbiome for cancer patients receiving immunotherapy: Dietary and treatment implications. European Journal of Cancer. Oct 2020. 149-155.

Fatores que influenciam a formação da microbiota nos primeiros 1000 dias do bebê

A colonização do organismo por bactérias não patogênicas, conhecida como a formação da microbiota, é comprovadamente iniciada ainda no período pré-natal, na fase intraútero. A consolidação ocorre, sobretudo, durante o nascimento e nos meses iniciais de vida da criança. Essa colonização funciona como estímulo antigênico para o adequado desenvolvimento anatômico e funcional do sistema imunológico das mucosas, assim como às respostas adaptativas sistêmicas.1,2

Antes mesmo de realizar sua primeira respiração, o processo de colonização da microbiota intestinal já teve seu início logo após o nascimento do bebê. O processo de estabelecimento da microbiota, ao longo da infância, passa por dois grandes momentos de transição. O primeiro justamente após o nascimento, determinado pelo aleitamento materno exclusivo e o segundo a partir do início do desmame, com a introdução da alimentação sólida e quando a microbiota passa a assumir padrão semelhante ao da vida adulta.1,2

A ação do meio ambiente sobre o processo saúde/doença tem sido progressivamente explorada em estudos recentes e o papel da epigenética vai ao encontro a esta ação. Mecanismos epigenéticos são definidos como os processos que provocam alterações na expressão gênica, que são capazes de ser transmitidos por gerações, mas que não ocasionaram modificações na sequência do DNA. Nesse quadro, a produção de metabólitos oriundos da atividade microbiana, conforme o estabelecimento da microbiota no início do desenvolvimento de um organismo, pode culminar em modificações epigenéticas.3

Dentro do cenário dos primeiros 1000 dias de formação da microbiota (período que vai da concepção até o segundo ano de vida de uma criança), uma série de fatores pré e pós-natais, como nutrição materna e neonatal, exposição a poluentes, além da própria composição da microbiota contribuem para o estabelecimento de mudanças epigenéticas que podem não apenas modular a adaptação do indivíduo ao meio ambiente, mas também influenciar a saúde ao longo da vida. A colonização intestinal pós-natal, por sua vez determinada pela microbiota materna, tipo de parto, contato pele a pele precoce e dieta neonatal, levam a assinaturas epigenéticas específicas que podem afetar as propriedades de barreira da mucosa intestinal e seu papel protetor contra problemas posteriores, portanto, potencialmente predispondo ao desenvolvimento de doenças inflamatórias de início tardio.3

O período de maior atividade de imprinting epigenético sobre o DNA é justamente os primeiros 1000 dias. A microbiota intestinal vai sendo moldada, em número e na diversidade de microrganismos e, pode sofrer influência de diversos fatores, como o uso de antibióticos (pré ou pós-natal), condições socioculturais e geográficas e, sobretudo, fatores nutricionais (dieta, aleitamento infantil, uso de fórmulas infantis, vitaminas, prebióticos e probióticos).3

Algumas evidências sobre a programação epigenética pela microbiota intestinal podem ser interpretadas como base para uma hipótese, segundo a qual, modificações epigenéticas prejudiciais (e consequentemente o desenvolvimento de doenças) podem ser prevenidos pela modulação do contato microbiano no início da vida. A microbiota intestinal pode ser positivamente alterada por meio da administração prebiótica, probiótica e simbiótica, o que pode representar uma abordagem promissora para reequilibrar a homeostase dos sistemas imunológicos sistêmico e mucoso. A colonização intestinal microbiana, iniciada intra-útero, tem direta relação com a programação epigenética microbiana durante a vida fetal. Por meio de seu estudo, é possível conceber intervenções maternas para modificar o risco de doenças na prole, com implicações clínicas potencialmente úteis.3

Referências

1 – Tanaka M, Nakayama J. Development of the gut microbiota in infancy and its impact on health in later life. Allergol Int. 2017; 66 (4): 515-22.

2 – Rautava S, Ruuskanen O, Ouwehand A, Salminen S, Isolauri E. The hygiene hypothesis of atopic disease – an extended version. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2004; 38 (4): 378-88.

3 – Flavia Indrio, Silvia Martini, Ruggiero Francavilla, Luigi Corvaglia, Fernanda Cristofori, Salvatore Andrea Mastrolia, Josef Neu, Samuli Rautava, Giovanna Russo Spena, Francesco Raimondi, Giuseppe Loverro. Epigenetic Matters: The Link between Early Nutrition, Microbiome, and Long-term Health Development. Frontiers in Pediatrics. 2017 Aug 22; 5: 178.