O que diz o recém-aprovado protocolo nacional para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)

O Ministério da Saúde aprovou protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). De caráter nacional, o documento estabelece os parâmetros para o diagnóstico, bem como o tratamento e o acompanhamento preconizados na rede pública para os indivíduos com esta doença. Confira, a seguir, as principais orientações.

Critérios para diagnóstico do TDAH

O protocolo recém-aprovado ressalta que o diagnóstico incorreto, bem como o atraso e a ausência de diagnóstico, tem sérias consequências para o indivíduo com TDAH. Por outro lado, a identificação da doença no estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado do paciente garantem melhor resultado terapêutico. A publicação fornece as seguintes orientações para o diagnóstico do quadro:

Profissionais aptos para o diagnóstico – o diagnóstico do TDAH deve ser realizado por um médico psiquiatra, pediatra, neurologista, neuropediatra ou outro profissional de saúde devidamente qualificado, com treinamento e experiência no transtorno.

  • É fundamental o envolvimento de equipe multidisciplinar para avaliação e gerenciamento adequados da doença.

Características e comportamentos indicativos – o TDAH começa a se manifestar na infância e costuma persistir ao longo de toda a vida. O transtorno é caracterizado por sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade em um nível exacerbado e disfuncional para a idade, tais como:

  • Falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo;
  • Tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma;
  • Movimentos excessivos do corpo de forma descoordenada.

Para se enquadrar no diagnóstico de TDAH, as características apresentadas devem atender aos seguintes critérios:

  • Início precoce e persistentes;
  • Prejuízos em dois ou mais contextos (casa, escola e ambiente clínico);
  • Comprometimento significativo do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Método de avaliação: em casos de suspeita de TDAH, deve ser realizada uma avaliação clínica e psicossocial completa. O especialista deve considerar os critérios dos sintomas ajustados à fase de desenvolvimento e, sempre que possível, os pontos de vista da pessoa com TDAH. Também devem ser consideradas as informações advindas dos responsáveis e da escola, no caso de pacientes em idade escola devem estar presentes pelo menos durante 6 meses.

  • O profissional poderá fazer uso de diferentes escalas de avaliação (como o questionário SNAP-IV) para obter maior rigor na classificação do quadro.

Identificação de fatores de risco – durante a avaliação, o profissional de saúde deve estar ciente de que os seguintes grupos estão mais propensos ao TDAH:

  • Indivíduos nascidos prematuros;
  • Crianças e jovens com diagnóstico de transtorno desafiador de oposição ou transtorno de conduta;
  • Crianças e jovens com transtornos de humor (como ansiedade e depressão);
  • Pessoas com um familiar próximo com diagnóstico de TDAH;
  • Pessoas com epilepsia;
  • Pessoas com transtornos de neurodesenvolvimento (por exemplo, transtorno do espectro do autismo);
  • Pessoas com histórico de uso indevido de substâncias psicoativas.

Diagnóstico diferencial – os principais sintomas do TDAH podem se confundir com outras condições clínicas. Em casos específicos, exames laboratoriais são indicados para excluir outra doença. Além disso, algumas investigações adicionais podem ser relevantes, incluindo polissonografia ou eletroencefalograma.

O protocolo elenca as principais condições que podem se assemelhar ao TDAH e alguns de seus sinais e sintomas que não são característicos do transtorno. Essas condições incluem:

  • Desordens psiquiátricas – transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno bipolar, transtorno opositivo-desafiador e síndrome de Tourette.
  • Relacionadas a medicamentos – medicamento com evento adverso de entorpecimento cognitivo (como estabilizadores de humor) e medicamento com ativação psicomotora (como descongestionantes, beta-agonista).
  • Condições médicas gerais – disfunção tireoidiana, hipoglicemia e distúrbios do sono.

Diagnóstico de eventuais comorbidades – é fundamental que o médico consiga fazer o diagnóstico das comorbidades presentes em adultos e crianças com TDAH, dada a alta prevalência de condições de saúde associadas nesses pacientes, uma vez que, o tratamento para cada uma delas é distinto. Os transtornos comórbidos mais comuns no TDAH variam de acordo com o estágio de desenvolvimento, podendo incluir:

  • Transtornos do humor;
  • Transtornos de ansiedade;
  • Transtornos do desenvolvimento neurológico;
  • Transtornos de personalidade, sobretudo transtorno de personalidade borderline e antissocial;
  • Transtornos por uso de substâncias psicoativas;
  • Distúrbios do sono, sobretudo síndrome das pernas inquietas e hipersonolência.

Tratamento do TDAH

O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o TDAH preconiza a intervenção multimodal para o gerenciamento da condição. O documento dispõe sobre o tratamento não medicamentoso, incluindo atendimento psicológico, orientação aos familiares e apoio escolar.

Terapia cognitivo-comportamental – dentre as intervenções psicossociais para o TDAH, destaca-se a terapia cognitivo-comportamental (TCC). A abordagem envolve o ensino de técnicas de gerenciamento de humor, autorregulação emocional, habilidades organizacionais e outras habilidades específicas para lidar com o transtorno.

  • Na infância, a intervenção é focada no treinamento dos pais;
  • Na fase infanto-juvenil e na vida adulta, estudos mostram que, em comparação ao uso exclusivo de medicamentos, a TCC associada à medicação é mais eficaz para o controle de sintomas de TDAH e dos níveis de ansiedade e depressão autorreferidos.

Intervenções escolares – diferentes intervenções podem ser usadas para amenizar os sintomas e prejuízos em alunos do ensino fundamental com TDAH, incluindo estratégias comportamentais, acadêmicas e de autorregulação.

  • A parceria entre a escola e a família do paciente ajuda no processo de gerenciamento do TDAH;
  • A atenção diferencial dos professores é uma medida importante para melhorar o comportamento e o desempenho escolar de alunos com o transtorno;
  • Em relação ao desempenho escolar, a equipe multidisciplinar deve ajudar a família e a criança a atingir metas específicas e viáveis durante o tratamento.

Orientação para pacientes – após o diagnóstico de TDAH, o profissional de saúde deve discutir com o paciente – na presença de seus familiares ou cuidadores, conforme apropriado – os possíveis impactos do TDAH na vida dele. É importante que a conversa englobe:

  • Os impactos positivos e negativos de receber o diagnóstico de TDAH;
  • Os sintomas associados ao transtorno e os pontos fortes daquele paciente;
  • A importância de modificações ambientais, como ajustes na escola, faculdade ou trabalho; 
  • O aumento do risco de uso indevido de substâncias e automedicação;
  • Formas de gerenciar o TDAH.

Orientações para familiares – os pais ou cuidadores precisam ser informados sobre como o TDAH poderá afetar a criança ou adolescente e sobre a necessidade de uma abordagem de tratamento multidisciplinar. Alguns tópicos que o profissional de saúde pode debater com a família são:

  • Perguntar como isso os afeta diretamente e discutir quaisquer preocupações que eles tenham;
  • Incentivar a atenção com suas necessidades pessoais, sociais e de saúde mental;
  • Discutir as necessidades de um pai ou uma mãe com TDAH que tem um filho com o mesmo transtorno.

Hábitos alimentares – o protocolo do Ministério da Saúde não fornece diretrizes específicas relacionadas à alimentação para pessoas com TDAH, mas aponta que alguns estudos sobre o tema mostraram que:

  • Crianças com TDAH têm hábitos alimentares irregulares e são mais propensas à compulsão alimentar;
  • Existem efeitos protetores com a maior ingestão de ferro, zinco e ácidos graxos poli-insaturados;
  • Existem eventos adversos com a maior ingestão de corantes alimentares, conservantes e açúcar em pacientes com TDAH, embora não seja consenso que o consumo de açúcar agrave os sintomas do transtorno.

Monitoramento de pacientes com TDAH

O protocolo do governo brasileiro para o TDAH também destaca a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes, o monitoramento da eficácia das medidas terapêuticas instituídas e o acompanhamento das condições de saúde associadas.

  • Para avaliar a resposta ao tratamento e monitorar o progresso do paciente, é aconselhado o uso de questionários baseados em evidências.

Cuidado multidisciplinar – é aconselhável que a equipe envolvida no tratamento e acompanhamento de pessoas com TDAH seja composta, entre outros especialistas, por:

  • Médico;
  • Psicólogo,
  • Fonoaudiólogo;
  • Psicopedagogo;
  • Assistente social.

Periodicidade de avaliação – o ideal é que as primeiras consultas ocorram em intervalos inferiores a 30 dias. Posteriormente, o intervalo pode ser ampliado para a cada três ou quatro meses.

Transição para a vida adulta – pacientes com TDAH que recebem assistência em serviços pediátricos devem ser reavaliados na idade de deixar a escola quanto à necessidade de continuar o tratamento. Se este for o caso, devem ser feitos arranjos para uma transição suave para os serviços de adultos.

Exames complementares – não são preconizados como prática cotidiana. Eles devem ser solicitados pelo profissional de saúde quando houver necessidade.

Referências


Tratamento da irritabilidade em pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo

Prof. Dra. Liubiana Arantes de Araújo
CRM/MG 36.278 | RQE 30.524
Título em Neurologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB). Fellow nas áreas de neurociências e neuromodulação terapêutica pela Harvard Medical School. Doutora em neuropediatria e reabilitação pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Presidente do Departamento de Neurodesenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria desde 2016.

Leia aqui no PDF:

Déficit de Atenção e Dislexia. Como se relacionam e qual o tratamento utilizado?

As descrições que remontam para o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade) não são recentes, os critérios operacionais foram definidos com o
advento do DSM-III, em 1980. A avaliação do transtorno é eminentemente clínica,
envolvendo idade de início da doença, grau de comprometimento dos sintomas e
evolução ao longo do tempo. A 5ª versão do DSM, de 2013, estabeleceu os critérios
mais recentes, preconizando dezoito sintomas – nove de desatenção e nove de
hiperatividade e/ou impulsividade –, e considerando seis ou mais em um tempo
mínimo de seis meses. Somado a isto, o paciente deve apresentar um destes sintomas
antes dos 12 anos de idade, com prejuízo clinicamente significativo em seu contexto
social. Exames complementares são indicados para se estabelecer diagnóstico
diferencial.1


A dislexia é outro transtorno preconizado pelo DSM-V, definido como um padrão de
dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso
ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Assim
como o TDAH, a dislexia, de acordo com o compêndio norte-americano, independe de
fatores culturais ou conflitos psicológicos para seu estabelecimento.1,2


A relação de comorbidade entre TDAH e dislexia é frequente, com estimativas de
25-40% de comorbidade bidirecional. Estudos identificaram forte sobreposição
genética e cognitiva entre os distúrbios. Pacientes podem apresentar pior resultado
neuropsicológico, acadêmico e comportamental na vigência da associação destes
transtornos.2


Para TDAH, o tratamento envolve uma abordagem ampla e múltipla, com intervenções
psicossociais, psicoterapêuticas e psicofarmacológicas. Da mesma forma, o tratamento
para dislexia segue cuidado multiprofissional. Os medicamentos de primeira escolha
são os psicoestimulantes. Sob o aspecto farmacocinético e farmacodinâmico, eles
podem apresentar liberação imediata ou controlada. O Concerta® é uma formulação
de metilfenidato (MFD) que pertence à classe de medicamentos com liberação
prolongada como mecanismo de ação e está disponível no Brasil.2,3,4,5


O diagnóstico de dislexia como comorbidade ao TDAH pode ser um marcador para a
população pediátrica com déficits cognitivos mais graves. Nesse sentido, uma
meta-análise de estudos em adultos indicou sucesso terapêutico similar com doses
equivalentes àquelas em crianças e adolescentes. Além disso, o estudo indica uma
superioridade na eficácia de psicoestimulantes como o Concerta® frente a outras
classes, com tamanho de efeito estatisticamente superior.2,3,4,5


Pacientes diagnosticados com ambos os transtornos devem receber tratamento
concomitante, com intervenção farmacológica e não farmacológica. Psicoestimulantes
são comprovadamente eficazes para aliviar os sintomas de TDAH, sua segurança e
tolerabilidade apresentam resultados satisfatórios. A adoção da terapia com Concerta®
e outras medidas tem por objetivo a redução do comprometimento funcional
decorrente do TDAH e distúrbios associados, como a dislexia.5,6


Portanto, as formas de tratamento específicas para TDAH, como a administração de
psicoestimulantes como o Concerta®, e dislexia são necessárias como terapia de
escolha e devem ser adotadas em conjunto. O tratamento é individualizado e demanda
aderência e diligência para segurança da terapia clínica.5,6


Referências
1 – Polanczyk G, Silva de Lima M, Lessa Horta B, Biederman J, Rohde LA. The
Worldwide Prevalence of ADHD: A Systematic Review and Metaregression Analysis.
American Journal of Psychiatry. 2007 Jun; 164(6): 942-8.
2 – Stephen V Faraone, Jan Buitelaar. Comparing the efficacy of stimulants for ADHD in
children and adolescents using meta-analysis. Eur Child Adolesc Psychiatry. 2010 Apr;
19(4): 353-64.
3 – ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Bulário Eletrônico.
Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/q/?nomeProduto=CONCERTA
Acesso em: 15 jul 2022.
4 – Souza Rodrigues T, Cintra da Silva SM. Medicalização, Dislexia e TDAH no Ensino
Superior. 2021.
5 – Eva Germanò, Antonella Gagliano, Paolo Curatolo. Comorbidity of ADHD and
Dyslexia. Dev Neuropsychol. 2010; 35(5): 475-93.
6 – S. Weibel. Practical considerations for the evaluation and management of Attention
Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in adults. Considérations pratiques pour
l’évaluation et la prise en charge du TDAH chez l’adulte. L’Encéphale. Volume 46, Issue
1, February 2020, Pages 30-40.

Diarreia associada ao uso de antibióticos

Vera Lúcia Ângelo Andrade

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989 • Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek • Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia • Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Mestre e Doutora em Ciências com concentração em Patologia pela UFMG • Professora convidada do curso de pós graduação em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo e da Escola Brasileira de Osteopatia Belo Horizonte, Minas Gerais • Responsável pelo Setor de Motilidade da Clínica NUVEM BH http://lattes.cnpq.br/0589625731703512

O uso de antibióticos está associado a uma variedade de efeitos colaterais, sendo mais comuns aqueles relacionados ao trato gastrointestinal,  como náuseas e diarreia1.  Epidemiologicamente, um terço dos pacientes que usam antibiótico apresentarão diarreia durante o tratamento2. A diarreia associada a antibióticos geralmente surge quando esta medicação leva à disbiose intestinal induzida, alterando a diversidade e o número de bactérias no intestino1. Essas mudanças podem afetar a capacidade da microbiota residente de resistir à invasão de microrganismos patogênicos ou levar ao supercrescimento bacteriano do intestino delgado1.

A Figura a seguir ilustra como o uso de antibióticos pode levar a disbiose causando infecção pelo Clostridioides difficile2. 

Os fatores de risco para diarreia secundária a uso de antibióticos são idade (prematuros, menores de 6 e maiores de 65 anos), uso prolongado de antibiótico, tempo prolongado de utilização da medicação, hospitalização, imunodeficiência, entre outros. Destaca-se que independentemente da via de administração, oral ou venosa, os antibióticos poderão levar a diarreia2. Os antibióticos com maior risco de causarem diarreia na prática clínica são os de amplo espectro e destacam-se: amoxicilina (com e sem clavulanato), azitromicina, cefalosporinas, carbapenêmicos e clindamicina1,2. Segundo a literatura, a infecção por C. difficile responde por cerca de 10% a 20% dos casos de diarreia por uso de antibióticos2. O diagnóstico baseia-se na história clínica que incluiu uso recente de antibióticos. Na maioria dos casos não são necessários exames complementares. No entanto, na suspeita de infecção por C. difficile recomenda-se a realização da glutamato desidrogenase, seguida da pesquisa de toxinas A e B por ELISA e/ou o PCR em tempo real, também conhecido como teste de amplificação de ácidos nucléicos (nucleic acid amplification test – NAAT).

O tratamento da diarreia associada a antibióticos é um desafio, em especial em grupos de risco. Diversos estudos demonstraram a eficácia de probióticos na diarreia aguda e diarreia associada a antibióticos. Probióticos são microrganismos vivos que quando administrados em quantidades apropriadas oferecem benefícios à saúde do hospedeiro, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia e são regulados pela Food and Drug Administration desde 2007. Os probióticos mais estudados são: Lactobacillus rhamnosus GG e Saccharomyces boulardii, os quais podem encurtar a duração e sintomas da diarreia associada a antibióticos.

Na prevenção da diarreia por antibióticos os probióticos são indicados rotineiramente, tanto em crianças, quanto em adultos.3,4 Importantes diretrizes internacionais, como a diretriz do grupo de trabalho da Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediátrica – ESPGHAN e da Organização Mundial de Gastroenterologia, concluíram que o L. rhamnosus GG ou S. boulardii apresentam elevado grau de recomendação na prevenção da diarreia por antibióticos, sugerindo o uso adjuvante dos mesmos durante todo tratamento com antibióticos2,6.

Referências

  1. Agamennone, V., Krul, C.A.M., Rijkers, G. et al. A practical guide for probiotics applied to the case of antibiotic-associated diarrhea in The Netherlands. BMC Gastroenterol. 2018;18(1):103
  2. https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20580d-GPA_-_Papel_probioticos_na_diarreia_por_antibioticos.pdf
  3. Boggio Marzet C, et al. Approach to probiotics in pediatrics: the role of Lactobacillus rhamnosus GG. Arch Argent Pediatr. 2022;120(1):e1-e7.
  4. Hempel S, Newberry SJ, Maher AR, Wang Z, Miles JN, Shanman R, Johnsen B, Shekelle PG. Probiotics for the prevention and treatment of antibiotic-associated diarrhea: a systematic review and meta-analysis. JAMA. 2012;307(18):1959-69.
  5. Szajewska H, Canani RB, Guarino A, Hojsak I, Indrio F, Kolacek S, et al. Probiotics for the prevention of antibiotic-associated diarrhea in children. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2016;62(3):495-506.
  6. Guarner F, et al. WGO Practice Guideline. Probiotics and Prebiotics. World Gastroenterology Organisation, 2017; 1-35

Síndrome Pós-Covid e sintomas gastrointestinais

A Covid-19 tem se mostrado uma doença com amplo espectro de gravidade, variando de casos totalmente assintomáticos até quadros que cursam com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e/ou outras complicações significativas que acometem diversos órgãos e sistemas.

Além das manifestações respiratórias, têm sido também frequentes sintomas relacionados aos sistemas nervoso, cardiovascular e gastrointestinal.

Vários pesquisadores demonstraram que sintomas gastrointestinais se associaram à presença de lesões microvasculares no intestino delgado e disbiose, o que pode determinar pior prognostico da doença.1,2 Considera-se que manifestações digestivas são causadas por exacerbação do sistema imunológico, e não por lesão direta do vírus.2

A maioria dos pacientes com Covid-19 se recupera totalmente do quadro infeccioso agudo, mas tem se observado número crescente de indivíduos que mantem sintomas duradouros ou passam a manifestar novos sintomas.3

Este é o quadro que grande parte dos médicos estão enfrentando no dia a dia de seus consultórios!

Sintomas gastrointestinais persistentes pós-Covid-19 ocorrem quando a infecção se associa ao eixo pulmão-intestino cérebro.

O equilíbrio da microbiota é vital para a manutenção da saúde e a sua interação com o sistema imune tem importância crucial nas condições “não saudáveis” que usualmente aumentam a gravidade da infecção por COVID-19 e favorecem o surgimentos de complicações extrapulmonares.

A modulação da microbiota (dieta, prebióticos e probióticos) tem se mostrado como um caminho promissor para a reversão da disbiose em pacientes com COVID-19.

Por suas ações benéficas na imunomodulação e na promoção da saúde humana, LGG tem sido um dos probióticos mais pesquisados, tanto para o tratamento como para a prevenção da infecção por Covid-19.

Leia agora a separata completa

Autora:

Profa. Dra. Maria do Carmo Friche Passos – CRM-MG: 18.599

Professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais

Vice-presidente do Núcleo Brasileiro para Estudo do H. pylori

Ex-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia

Referências:

1. Marasco G, Lenti MV, Cremon C, et al. Implications of SARS-CoV-2 infection for neurogastroenterology. Neurogastroenterol Motil. 2021;33(3):e14104

2. Galanopoulos M, Gkeros F, Doukatas A, et al. COVID-19 pandemic: pathophysiology and manifestations from the gastrointestinal tract. World J Gastroenterol. 2020;26(31):4579-88

3. Oronsky B, Larson C, Hammond TC, et al. A review of persistent post-COVID syndrome. Clin Rev Allergy Immunol. 2021;1-9.

Disbiose e obesidade em crianças

Em cada fase da vida de uma criança existem diferentes fatores que afetam a microbiota. Estudos recentes apontam que a modulação precoce da microbiota intestinal com probióticos pode modificar o padrão de crescimento da criança por conter o ganho de peso excessivo durante os primeiros anos de vida.1

Esse e outros assuntos, a pediatra Roberta Castro aborda no vídeo de hoje, comentando a relação entre disbiose e obesidade em crianças. Assista!

Autora:

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra.

Referências bibliográficas:

1. LUOTO, R. et al. The impact of perinatal probiotic intervention on the development of overweight and obesity: follow-up study birth to 10 years. Int J Obes (Lond). v. 34,n.10, p. 1531-1537,2010

Lactobacillus rhamnosus GG – tudo que você precisa saber

O Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) é uma das cepas mais estudadas e utilizadas na prática clínica mundial, além de ser dos pioneiros dentre os probióticos, descoberto a partir do seu isolamento fecal pelos pesquisadores Gorbach and Goldin por volta de 1985 e patenteado em 19891.  Desde então, diversos trabalhos apontam para os benefícios do uso do LGG® em doenças gastrointestinais, como diarreia associada a antibiótico, dor abdominal funcional, diarreia do viajante, síndrome do intestino irritável e gastroenterites agudas. Diversos estudos apontam para possibilidades de uso do LGG em patologias extraintestinais, como doenças respiratórias, neurológicas e dermatológicas2.

  • Afinal, o que é o LGG®?

LGG® é uma bactéria anaeróbia facultativa Gram-positiva do filo Firmicutes tipicamente associado a outros Lactobacillus spp. e microorganismos compondo a microbiota intestinal. Não é patogênica e pode ser encontrada em outros sítios, em menor proporção, como no trato urinário.  Ele atua na regulação e síntese de citocinas anti-inflamatórias, na modulação de citocinas pró-inflamatórias, na recaptação de serotonina, produção de anticorpos e regulação da permeabilidade, vindo daí seu potencial como adjuvante terapêutico3.

  • LGG® na prática clínica

Diversas são as entidades clínicas nas quais o uso do LGG® pode ser aplicado como terapia adjuvante para manejo. Dentre elas, destacam-se as abaixo:

  • Disbiose: o LGG® é uma escolha acertada, dentre os probióticos, para auxílio no manejo da disbiose através da prevenção ou do tratamento, especialmente após o uso prolongado de antibióticos, que gera um desequilíbrio da composição da microbiota e uma distribuição alterada de bactérias no intestino através da produção de substâncias antimicrobianas e modulação do sistema imunológico4.
  • Diarreia aguda: LGG® foi associado a uma redução significativa na duração da diarreia em diversos ensaios clínicos randomizados. Uma vez que o principal fator de gravidade associado a diarreia aguda é a desidratação, o uso do LGG tem impacto extremamente relevante, sendo recomendado pela Organização Mundial de Gastroenterologia e pela Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, concomitantemente à terapia de reidratação oral 5.
  • Diarreia associada ao uso de antibióticos: Essa é uma condição frequente e que, para sua ocorrência, depende de fatores do hospedeiro, do antibiótico utilizado e do contexto epidemiológico. Esse padrão de diarreia pode ocorrer durante o uso do antibiótico ou até semanas após o término da utilização. Há benefícios claros do uso do LGG® para amenizar os episódios de diarreia associada ao uso de antibióticos em um subgrupo de pacientes, com precisa indicação6.
  • Dor abdominal funcional – Síndrome do intestino irritável (SII): Essa condição está relacionada a alterações na motilidade gastrointestinal, hipersensibilidade visceral, disfunção do eixo cérebro-intestino e também pode estar associada a certos fatores psicossociais. Outro fator que pode sobrepor é a presença de disbiose. Sendo assim, há benefícios do uso de LGG® em alguns pacientes com SII ou dor abdominal funcional como terapia adjuvante, melhorando a resposta ao tratamento instituído. A indicação e o uso devem ser baseados nos sintomas e na história natural da doença em cada paciente.  Pacientes com outras dores abdominais funcionais também podem se beneficiar dessa terapia adjuvante7.
  • Infecção por H. pylori: O tratamento da infecção pelo H. pylori é realizado através do uso de antibioticoterapia associada ao uso de inibidor de bomba de prótons por um período determinado. No entanto, novos estudos apontam para a utilização de probióticos, dentre eles o LGG®, como forma de potencializar o efeito dos antibióticos e reduzir os efeitos colaterais associados ao tratamento, alcançando um melhor resultado terapêutico além de manter o equilíbrio da microbiota gastrointestinal8.
  • LGG em prevenção de Infecções do Trato Respiratório:  Diversos estudos emergem sobre a utilidade do LGG® para agravos extraintestinais, com destaque para as doenças respiratórias. Há estudos que apontam para evidências significativas em relação ao uso do LGG® para a prevenção de otite média aguda e infecções do trato respiratório superior, além de reduzir o uso de antibióticos em crianças voltadas para as infecções respiratórias9. Além disso, recentemente, alguns trabalhos sugeriram benefício na infecção por covid-19.
  • Dermatite atópica: Ainda são poucas em evidências sobre o uso dos probióticos como terapia preventiva e para o tratamento da dermatite atópica. Há diversas linhas de estudos recentes que exploram a interação entre pele e intestino. Esses estudos avaliam a suplementação de probióticos e seu potencial de modulação da composição microbiana intestinal, seja através da prevenção a colonização de patógenos, modulação do metabolismo bacteriano ou restauração do equilíbrio imunológico, o que pode contribuir para a diminuição da inflamação e melhora da manifestação clínica na dermatite atópica10.

Regulação do uso do Lactobacilius rhamnosus GG pela ANVISA

Através da instrução normativa – in nº 76, de 5 de novembro de 2020, houve a regulamentação do uso do LGG® no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com a finalidade de comprovar a segurança e os benefícios do seu uso11.

Mensagem final

As perspectivas do uso do LGG® em doenças gastrointestinais e extraintestinais como terapia adjuvante é promissora. Diversos estudos direcionam para a utilização individualizada dos probióticos. As doses, escolha da cepa e duração do tratamento ainda é um ponto de discussão em diversas patologias. De qualquer forma, o uso do LGG® na prática clínica vem sendo encorajado nos últimos anos, sendo esse um dos probióticos mais estudados no mundo e altamente seguro.

Referências:

1. Doron, S., Snydman, D. R., & Gorbach, S. L. (2005). Lactobacillus GG: bacteriology and clinical applications. Gastroenterology clinics of North America, 34(3), 483–ix.

2. Tan-Lim, C., Esteban-Ipac, N., Recto, M., Castor, M., Casis-Hao, R. J., & Nano, A. (2021). Comparative effectiveness of probiotic strains on the prevention of pediatric atopic dermatitis: A systematic review and network meta-analysis. Pediatric allergy and immunology : official publication of the European Society of Pediatric Allergy and Immunology, 32(6), 1255–1270.

3. Pace, F., Pace, M., & Quartarone, G. (2015). Probiotics in digestive diseases: focus on Lactobacillus GG. Minerva gastroenterologica e dietologica, 61(4), 273–292.

4. Panpetch, W., Visitchanakun, P., Saisorn, W., Sawatpanich, A., Chatthanathon, P., Somboonna, N., Tumwasorn, S., & Leelahavanichkul, A. (2021). Lactobacillus rhamnosus attenuates Thai chili extracts induced gut inflammation and dysbiosis despite capsaicin bactericidal effect against the probiotics, a possible toxicity of high dose capsaicin. PloS one, 16(12), e0261189.

5. Li, Y. T., Xu, H., Ye, J. Z., Wu, W. R., Shi, D., Fang, D. Q., Liu, Y., & Li, L. J. (2019). Efficacy of Lactobacillus rhamnosus GG in treatment of acute pediatric diarrhea: A systematic review with meta-analysis. World journal of gastroenterology, 25(33), 4999–5016.

6. Guo, Q., Goldenberg, J. Z., Humphrey, C., El Dib, R., & Johnston, B. C. (2019). Probiotics for the prevention of pediatric antibiotic-associated diarrhea. The Cochrane database of systematic reviews, 4(4), CD004827.

7. Horvath, A., Dziechciarz, P., & Szajewska, H. (2011). Meta-analysis: Lactobacillus rhamnosus GG for abdominal pain-related functional gastrointestinal disorders in childhood. Alimentary pharmacology & therapeutics, 33(12), 1302–1310.

8. Ji, J., & Yang, H. (2020). Using Probiotics as Supplementation for Helicobacter pylori Antibiotic Therapy. International journal of molecular sciences, 21(3), 1136.

9. Liu, S., Hu, P., Du, X., Zhou, T., & Pei, X. (2013). Lactobacillus rhamnosus GG supplementation for preventing respiratory infections in children: a meta-analysis of randomized, placebo-controlled trials. Indian pediatrics, 50(4), 377–381.

10. Fang, Z., Li, L., Zhang, H., Zhao, J., Lu, W., & Chen, W. (2021). Gut Microbiota, Probiotics, and Their Interactions in Prevention and Treatment of Atopic Dermatitis: A Review. Frontiers in immunology, 12, 720393.

11.https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-in-n-76-de-5-de-novembro-de-2020-287508490 – acessado em 06 de Maio de 2022.

Uso do LGG (Lactobacillus rhamnosus GG) na redução dos dias de diarreia [Vídeo]

Os probióticos têm sido sugeridos como opção terapêutica e preventiva para uma grande variedade de doenças infantis. Revisões recentes na literatura mostram efeitos benéficos no tratamento diarreia associada a antibióticos, entercolite necrosante em recém-nascidos muito abaixo do peso, doença celíaca, entre outros.

No vídeo de hoje, a pediatra Roberto Castro comenta o uso do LGG na redução da diarreia. Quer saber mais? Aperte o play e assista!

Autor(a):

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

Probióticos na dermatologia [Vídeo]

Neste vídeo, o Dr. Luiz Gameiro fala sobre o uso de probióticos na dermatologia.

Por acaso você já ouviu dizer que “somos”, em termos quantitativos, mais bactérias do que humanos?

Temos em nossos organismos cerca de 10 trilhões de células, mas temos mais de 100 milhões de microrganismos vivendo principalmente no trato gastrointestinal, sendo a grande maioria bactérias.

E qual é a interação destes microrganismos com o corpo humano?

Todo o revestimento da pele e das mucosas apresenta inúmeras bactérias, fungos e vírus vivendo em constante harmonia, e este equilíbrio é o que traz a saúde e a manutenção de um organismo saudável.

E qual a origem desses microrganismos?

Tudo começa ainda no período intrauterino, principalmente durante o parto, dependendo da modalidade escolhida.  Em partos cesárias, o contato das bactérias que esse bebê tem logo nos primeiros segundos de vida, é com as bactérias da pele, visto que a cabeça e o corpo do bebê tem contato com as bactérias da flora bacteriana cutânea, que é totalmente diferente da flora da mucosa do trato genital urinário e do trato gastrointestinal. Logo em seguida o neném tem contato com a pele da mãe e também com a amamentação natural exclusiva, fazendo com que os primeiros 1.000 dias de vida sejam essenciais para a modulação da microbiota intestinal e cutânea.

E como é a microbiota cutânea?

A pele em si é um órgão extenso e a colonização destes microrganismos dependem do hospedeiro, do ambiente em que ele vive, exposições previas (Exemplo: tipo de vacinação, uso de antibióticos), e tudo isso molda esse microbioma de forma a ele ser mais ou menos diverso.

As alterações dermatológicas como: urticárias, eczema atópico, dermatites variadas e infecções como a acne estão diretamente relacionadas à disbiose.

E qual a relação entre a microbiota do intestino e a dermatite atópica? (Eixo intestino-pele)

A dermatite atópica é uma das condições dermatológicas mais comuns nos consultórios, que ocorre através de pele seca, prurido, manchas eritematosas, liquenificadas e este desconforto que favorece não só infecções como também outras alergias como alergias alimentares. Essa suposta interligação entre intestino e pele é atribuída ao papel de modulação da resposta imunológica pela MI, o que pode auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças de fundo alérgico e imunológico. 

O papel dos probióticos no tratamento da DA ainda não é completamente esclarecido, além do que a microbiota intestinal dos pacientes atópicos parece ser, de fato, diferente dos indivíduos não-alérgicos. Dentre os diversos probióticos avaliados no contexto da DA, o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) é uma das cepas mais bem estudadas, com uma quantidade considerável de evidências correlacionando esses assuntos. 

Diante da possibilidade de prevenir o surgimento da DA e de melhorar seu controle clínico de forma segura, o uso de probióticos – sendo o LGG® um dos mais amplamente estudados – tem se mostrado útil no manejo da doença.

Assista o vídeo completo para entender todos os tópicos sobre o uso de probióticos na dermatologia.

Dr. Pergunta x Dr. Responde – Uso do probiótico na visão do especialista

Este material aborda a visão de duas especialistas, uma Gastroenterologista pediátrica e outra gastroenterologista, trazendo perguntas e respostas sobre o uso de probióticos.

O emprego de probióticos é essencial no tratamento das doenças digestivas, sejam infamatórias, metabólicas, funcionais ou neoplásicas. As cepas probióticas têm sido muito utilizadas não apenas com finalidades terapêuticas, mas também profiláticas.

O LGG (Lactobacillus rhamnosus GG) é a cepa probiótica com maior número de estudos controlados e randomizados, mostrando-se mais tolerante do que outros probióticos às condições adversas do trato digestivo.

O LGG atua por diferentes mecanismos, sendo capaz de aumentar a barreira epitelial, aderir à mucosa intestinal, excluir microrganismos patógenos, produzir substâncias antimicrobianas e modulas o sistema imunológico. Possui ação potencial em pacientes com diarreia aguda, colite pseudomembranosa, síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias, infecções respiratórias, dermatite atópica, doenças do trato urogenital e neoplasias.

Conclui-se que a única maneira de melhorar a disbiose é intervir na microbiota para torná-la mais saudável e simbiótica. Probióticos, probióticos, simbióticos e posbióticos tem sido utilizados para manipular a composição da microbioma e formulações especificas são uma importante parte da medicina de prevenção e também do tratamento de algumas doenças.

Baixe o PDF abaixo para acessar o material completo:

Autoras:

Gastroenterologista pediátrica

Profa. Dra. Cristina Targa Ferreira – CRM-RS: 12.788

  • Doutora em Gastroenterologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
  • Especialista em Gastroenterologia Pediátrica, em Endoscopia Pediátrica e em Hepatologia pela Associação Médica Brasileira e Sociedades Médicas Brasileiras;
  • Chefe do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio – Complexo Hospitalar Santa Casa;
  • Professora adjunta de Gastroenterologia Pediátrica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre;
  • Presidente do Departamento de Gastroenterologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Gastroenterologista

Profa. Dra. Maria do Carmo Friche Passos – CRM-MG: 18.599

  • Professora associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais;
  • Pós-doutorado em Gastroenterologia pela Universidade de Harvard;
  • Coordenadora do Departamento de Eventos Científicos da Federação Brasileira de Gastroenterologia;
  • Vice-presidente do Núcleo Brasileiro para Estudo do H. pylori;

Ex-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologista