Doença do refluxo gastresofágico: revisão recente

A doença do refluxo gastresofágico (DRGE), apesar de possuir alguns diagnósticos diferenciais, pode ser facilmente caracterizada durante a história clínica do paciente. Durante a endoscopia, o refluxo pode ser visualizado assim como suas complicações mais frequentes como esofagite ou até mesmo estenoses.

Uma revisão recente foi publicada no JAMA, com ênfase no tratamento clínico da DRGE e resume de forma objetiva alguns pontos importantes na terapêutica. Vamos dividir em duas partes para abordar todos os pontos.

Métodos

Metanálise com estudos relacionados a DRGE. Houve uma ênfase para em ensaios clínicos, revisões sistemáticas e guidelines, publicados entre janeiro de 2015 e setembro de 2020. Ao total foram levantados 114 artigos, sendo 9 ensaios clínicos, 23 metanálises e 7 guidelines.

Resultados

A prevalência DRGE apesar de variar conforme a região e o estudo analisado, está em torno de 13,3% nos adultos chegando a 22,1% no sul da Ásia. Mesmo na população adulta há diferença entre as faixas etárias e nos estudos que fizeram esta comparação a prevalência nos menores que 50 anos era de 14% enquanto nos maiores que 50 anos chegava a 17,3%. Alguns estudos mostraram um discreto predomínio do sexo feminino, porém na análise global não houve diferença.

A obesidade é um importante fator para desencadear a DRGE, uma metanálise demostrou 22,1% de DRGE nos obesos e 14,2% dos não obesos. Diversos são os fatores relacionados a isto e o aumento da pressão intra-abdominal, além de níveis elevados de estrogênio e também maior prevalência de hérnia de hiato contribuem em conjunto para este achado.

Uma revisão também associou o uso de tabaco com o desenvolvimento de DRGE, e na análise foi demostrado que os fumantes possuem uma razão de chance de 1,26 de possuírem refluxo quando comparada aos não fumantes. O tabaco aumenta o tempo de clearance de eventuais refluxos fisiológicos, além de diminuir o tônus do esfíncter inferior.

Por estranho que pareça a infecção por H. pylori é protetora na questão de desenvolvimento de DRGE, visto que a infecção crônica gera uma atrofia da mucosa gástrica e com isto diminuição da produção de ácido pelas células parietais. Dados compilados de 4 estudos demostraram que a erradicação do H. pylori estava associada a um risco relativo de 1,46 vezes para o desenvolvimento de DRGE.

Os sintomas de DRGE, apesar de típicos, possuem alguns diagnósticos diferenciais entre eles e a própria gastrite. Sintomas que surgem durante a atividade física devem ter especial atenção quanto a doenças coronarianas.

Consequências da doença do refluxo gastresofágico

Esofagite é a complicação mais frequente e está presente entre 18 a 25 % dos pacientes com GERD. Importante ressaltar que alguns pacientes podem apresentar esofagite e serem assintomáticos. Os casos confirmados de esofagites devem ser tratados com inibidores de bomba de prótons (IBP) por longo prazo, visto que a suspensão pode reativar sintomas. A dose deve ser titulada para a menor dose que alivie sintomas. A esofagite não tratada acarreta estenoses esofágicas.

Talvez uma das temidas consequências da DRGE é a metaplasia intestinal no esófago, também chamada de esófago de Barrett, devido a sua evolução para displasia e correlação direta com adenocarcinoma esofágico. Dentre os pacientes com DRGE a prevalência é de 7,2% sendo que 13,9% apresentam displasia. O risco de evolução para adenocarcinoma é baixo em pacientes sem displasia, porém, elava consideravelmente quando a displasia está presente. Neste contexto, as endoscopias devem ser realizadas a cada 6 meses naqueles que apresentam displasia e a cada 3 a 5 anos nos casos sem displasia. Assim como na esofagite, os pacientes devem manter IBP por longo prazo.

Para levar para casa

A DRGE é bastante frequente e certamente subdiagnosticada, visto que a automedicação é frequente nesta patologia. Importante lembrar das consequências danosas que um tratamento inadequado a longo prazo pode acarretar e toda vez que nos depararmos com um caso de longa duração é fundamental uma investigação mais profunda, mesmo que os pacientes tenham sintomas controlados.

Fonte: https://pebmed.com.br/doenca-do-refluxo-gastresofagico-revisao-recente/

Autor(a): Felipe Victer

Cirurgião geral ⦁ Hospital Universitário Pedro Ernesto ⦁ Hospital Universitário Clementino fraga filho (UFRJ) ⦁ Felllow do American College of Surgeons ⦁ Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões ⦁ Membro da Sociedade Americana de Cirurgia Gastrointestinal e Endoscópica (Sages) ⦁ Ex-editor adjunto da Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (2016 a 2019)

Referências bibliográficas:

  • Maret-Ouda J, Markar SR, Lagergren J. Gastroesophageal Reflux Disease: A Review. JAMA. 2020;324(24):2536–2547. doi:1001/jama.2020.21360
  • Graham DY, Tansel A. Interchangeable Use of Proton Pump Inhibitors Based on Relative Potency. Clin Gastroenterol Hepatol. 2018;16(6):800-808.e7. doi:1016/j.cgh.2017.09.033

7 Lições Para Uma Gestão Hospitalar Eficiente

O setor mais impactado pela pandemia do novo coronavírus foi o de saúde, tanto no Brasil quanto no mundo. Isso porque, além do pouco conhecimento sobre a doença, a grande demanda por leitos impactou consideravelmente a gestão hospitalar.

Neste sentido, apenas com o planejamento estratégico e uma rápida adaptação é possível superar esse obstáculo e melhorar a condição de saúde dos pacientes. Neste artigo, conheça algumas lições para tornar a gestão hospitalar mais eficiente.

1) A humanização como ferramenta de gestão hospitalar

A gestão hospitalar deve prever e proporcionar um conjunto de valores éticos e humanos, qualidade de vida e humanização. Isso porque, o principal papel dessas instituições de saúde é cuidar de vidas.

No entanto, diante do cenário de pandemia que se instalou no ano de 2020, foi preciso abandonar todo o planejamento e instaurar o gerenciamento de crise. Mesmo nessas circunstâncias, é preciso primar pela humanização.

Em primeiro lugar, pensar em atendimento humanizado é pensar em resgatar o respeito à vida. Uma das principais responsabilidades da administração hospitalar é abordar a forma como um paciente deve ser atendido, considerando que ele está em um momento difícil.

Além de beneficiar a imagem da instituição e dos profissionais que nela estão, essa atitude proporciona um alívio necessário para os pacientes e seus familiares, restaurando, mesmo que em parte, a qualidade de vida.

Isso porque, a finalidade da humanização é lidar com a fragilidade humana, oferecendo consolo, afeto e esperança nos momentos de maior vulnerabilidade de todos os envolvidos, seja o usuário ou o familiar.

Assim, se você deseja melhorar este aspecto no seu gerenciamento hospitalar, lembre-se que será necessário integrar o relacionamento pessoal, interpessoal e institucional. Nesse sentido, ele pode ser aplicado nas seguintes situações:

  • relação com o paciente: o foco do atendimento deve ser o paciente, identificando suas queixas e necessidades de forma humanitária;
  • ambiente acolhedor: o hospital precisa ter um ambiente agradável e confortável tanto para os pacientes quanto para os profissionais;
  • comunicação: a comunicação deve ser ágil, segura e eficiente.

2) Melhor aproveitamento dos recursos

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas organizações de saúde pública no Brasil é a escassez de recursos básicos. Com a pandemia da Covid-19, essa situação foi agravada, gerando uma série de problemas também na saúde complementar.

Por isso, uma gestão eficiente deve priorizar o melhor aproveitamento dos recursos. O primeiro passo para isso é educar os colaboradores sobre o uso eficiente dos insumos, principalmente aqueles que podem ser reutilizados.

Além disso, deve-se evitar o desperdício, pois todos os materiais têm um custo e são obtidos através de investimentos das operadoras de saúde ou do Governo. Porém, se a utilização do insumo não for devidamente comprovada, não haverá reembolso.

Ademais, para que o controle de estoque seja eficiente, todo recurso usado deve ser reposto. Para isso, é necessário registrar toda entrada e saída de suprimentos. Assim, sempre que for possível, a compra será realizada.

3) Use a tecnologia a seu favor

As tecnologias de informação (TI) surgem como um importante recurso para tornar mais eficiente a gestão hospitalar. Ao disponibilizar ferramentas integradas, é possível aprimorar e organizar os processos hospitalares.

Com isso, será possível gerar dados confiáveis que contribuirão para uma tomada de decisões mais assertiva. Dessa forma, a tecnologia dá o suporte necessário para você conseguir manter o planejamento, mesmo em tempos de crise.

Mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, um sistema de gestão era considerado crucial para a tomada de decisões. Agora, com o cenário caótico dos hospitais, se tornou ainda mais essencial, pois as ações precisam ser executadas em um menor espaço de tempo.

Outrossim, a tecnologia também ajuda a organizar os dados, reduzir a ocorrência de erros, melhorar o desempenho e o faturamento hospitalar. Com isso, é possível profissionalizar a administração, de modo que o planejamento da gestão de crise seja mais efetivo.

4) Tenha processos flexíveis

Tradicionalmente, a gestão de instituições de saúde é marcada por uma grande burocracia, tanto na relação com fornecedores quanto com os pacientes. Esse problema é ainda maior na saúde pública.

No entanto, um bom gestor precisa ter flexibilidade para lidar com todas as partes envolvidas, principalmente porque a atuação na área de saúde envolve aspectos emocionais, o que exige não só a capacidade analítica, mas também inteligência emocional.

Assim, ao ter uma gestão hospitalar flexível, você estará preparado para contornar momentos delicados, sem muita rigidez. Além disso, essa flexibilidade é essencial para as instituições que desejam humanizar o seu atendimento.

5) Atenção à experiência do paciente

Atentar-se à experiência do paciente é uma ação necessária no dia-a-dia de uma organização de saúde. Porém, neste período de crise sanitária, esse cuidado precisa ser redobrado, pois os pacientes estão ainda mais fragilizados.

Contudo, não confunda experiência com satisfação. Enquanto esta refere-se à expectativa do paciente, a experiência diz respeito aos fatos. Ou seja, tudo o que o indivíduo vivenciar durante o atendimento médico irá influenciar a sua experiência.

O primeiro passo para fazer com que ela seja positiva é oferecer atendimento humanizado. Ao procurar um hospital, as pessoas estão passando por alguma dificuldade. Por isso, elas precisam ser tratadas com empatia e respeito.

6) Padronização de processos

Independente da área de atuação, a padronização de processos é uma prática que deve ser seguida por todas as empresas. Porém, para que esse padrão seja alcançado, os processos precisam ser bem definidos.

Na gestão hospitalar, essa padronização é obtida a partir da definição e distribuição das tarefas entre colaboradores e gestores. Ao estabelecer as funções de cada pessoa, os processos serão conduzidos com mais agilidade.

Em consequência disso, o hospital passa a funcionar como uma engrenagem perfeita, entregando bons resultados aos usuários. Além disso, caso haja a substituição de um profissional, a padronização fará com que nenhum processo seja afetado.

7) Feedbacks e mensuração de resultados

Uma parte muito importante da gestão hospitalar é a avaliação dos pacientes. A melhor forma de conhecer a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos é perguntando a quem, de fato, os utiliza.

Neste sentido, você pode implementar as pesquisas de satisfação. Assim, sempre ao fim de um atendimento, o usuário poderá informar o quão satisfeito está com o trabalho dos profissionais, a estrutura disponibilizada, entre outros.

Outrossim, você também precisa criar e mensurar indicadores de desempenho. Com eles, será possível avaliar a performance do hospital e também obter insights valiosos sobre redução de custos e qualidade dos serviços.

Enfim, ter uma gestão hospitalar eficiente é fundamental para oferecer o melhor atendimento possível ao público. Porém, em tempos de pandemia, alcançar esse objetivo é um grande desafio.

Por isso, considere nossas dicas e implemente-as na instituição. A gestão hospitalar é uma tarefa complexa e delicada. Portanto, invista no planejamento e em tecnologias, organize os recursos disponíveis e promova a humanização do atendimento.

Relação da alimentação, microbiota e imunidade no tratamento de crianças com sintomas de doenças respiratórias (não necessariamente SARS-CoV-2)

No Brasil, cada estado da federação tem autonomia para determinar as fases da quarentena e estratégias de isolamento devido à pandemia pelo SARS-CoV-2.  Autoridades públicas determinaram as datas de reabertura de escolas e de setores do comércio conforme o atendimento a critérios sanitários: média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para pacientes com coronavírus, número de novas internações no mesmo período e o número de óbitos.1,3

A reabertura das escolas iniciou-se com as atividades do Ensino Médio e deve respeitar limites máximos de alunos e protocolos sanitários. Diante dessa nova etapa de retorno às aulas, a saúde das crianças torna-se especificamente um ponto de atenção a todos, em especial no que se refere às crianças que apresentem problemas usuais de imunidade e sintomas de doenças respiratórias (não necessariamente SARS-CoV-2).2,3

Segundo o Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, as evidências científicas atuais disponíveis mostram que as infecções pelo SARS-CoV-2 parecem afetar as crianças com menos frequência e menos gravidade do que adultos. No entanto, como a maioria das crianças infectadas não apresenta sintomas ou os sintomas são menos graves, os testes diagnósticos não são realizados em muitos casos, fazendo com que o número real de crianças infectadas seja subestimado. A  importância das crianças na cadeia de transmissão do vírus permanece incerta.5

As recomendações médicas indicam que crianças não devem ir às escolas caso apresentem indicativos de problemas de imunidade, imunidade baixa, possuam doenças crônicas, assim como alguns dos seguintes sintomas (ainda que possam não resultar em diagnóstico por infecção pelo SARS-CoV-2), a saber:2

  • teve um ou mais dos seguintes sintomas: febre (medida ou referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos (perda do olfato), distúrbios gustativos (perda do paladar), diarreia e dor no corpo;
  • teve contato nos últimos 14 dias com alguém que testou positivo para Covid-19 (ficou a menos de 1 metro de distância por ao menos 15 minutos) e
  • teve sintomas de gripe.

Com o retorno às atividades presenciais, todas as crianças, em especial aquelas que apresentem problemas usuais de imunidade e sintomas de doenças respiratórias, devem ser supervisionadas quanto à necessidade de readequação alimentar. O cuidado com a alimentação familiar precisa ser redobrado, especialmente quando a criança frequenta creches e pré-escolas e essas unidades escolares oferecem as principais refeições do dia. A orientação alimentar pelo pediatra tem papel decisivo na construção da base nutricional, se estendendo à família como um todo.6

A atuação do sistema imunológico, contra infecções virais como a que ocorre pelo SARS-CoV-2, perpassa pelas escolhas alimentares. Cerca de 70 a 80% das células imunológicas estão localizadas no sistema gastrointestinal, ou seja, a funcionalidade do sistema imunológico tem direta relação com o estabelecimento de uma microbiota intestinal equilibrada. Em bebês e crianças, é necessário que ocorra um processo de colonização microbiana altamente sincronizada, para garantir que os microrganismos corretos estejam presentes no trato gastrointestinal. Nesse sentido, o uso de probióticos é recomendado conforme a orientação médica para cada caso.7  

Durante o quadro de quarentena flexível e relaxamento das medidas de isolamento social, o respeito às condutas para controle da disseminação do vírus se torna imprescindível como ação preventiva no cuidado com as crianças. Quando se tratar de condição grave, as regras para afastamento temporário devem ser consideradas. A liberação para retorno de estudantes afastados com sinais e/ou sintomas de doenças respiratórias é de responsabilidade médica.6

Para as situações em que o diagnóstico for confirmado, segundo o Protocolo Brasileiro para Diagnóstico e Manejo de Pacientes Pediátricos com Covid-19, a conduta terapêutica segue com a identificação, isolamento e tratamento conforme severidade do caso, a saber: casos suspeitos, casos leves, pacientes graves e pacientes graves com dispneia e/ou hipóxia.4

Referências

1 – Portal do Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Atos Normativos. Súmulas, Pareceres e Resoluções. Secretarias. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/atos-normativos–sumulas-pareceres-e-resolucoes?id=12816. Acesso em: 25 out. 2020.

2 – Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Notícias. Volta Segura da Educação. Disponível em: https://www.educacao.sp.gov.br/noticias/volta-segura-retorno-opcional-em-sp-partir-de-8-de-setembro-tire-duvidas/. Acesso em: 25 out. 2020.

3 – Plano SP. Governo do Estado de São Paulo. Retomada Consciente. 2020. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/planosp/. Acesso em: 25 out. 2020.

4 – DE CASTRO, Roberta Esteves Vieira. Protocolo Brasileiro par Diagnóstico e Manejo de Pacientes Pediátricos com Covid-19. 2020. Disponível em: https://pebmed.com.br/protocolo-brasileiro-para-diagnostico-e-manejo-de-pacientes-pediatricos-com-covid-19/. Acesso em: 25 out. 2020.

5 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Infecção em crianças pelo Coronavírus (Covid-19). Departamento Científico de Infectologia. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/infeccao-em-criancas-pelo-coronaviruscovid-19/. Acesso em: 25 out. 2020.

6 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – O Ano Letivo de 2020 e a Covid-19.

Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22514c-NA_-_O_Ano_Letivo_de_2020_e_a_COVID-19.pdf/ Acesso em: 25 out. 2020.

7 – Especialistas da SBP debatem o impacto da microbiota intestinal pós-Covid. Disponível em:  https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/especialistas-da-sbp-debatem-o-impacto-da-microbiota-intestinal-pos-covid/. Acesso em: 25 out. 2020.

EAP 2021: qual o papel dos probióticos na dermatite atópica?

Em palestra realizada no European Academy of Pediatrics Congress (EAP 2021), a Dra Zorica Zivkovic, pediatra e professora de pediatria do Children’s Hospital for Lung Diseases and Tuberculosis, Medical Center Dr. Dragisa Misovic, em Belgrado, Sérvia, falou sobre qual poderia ser o papel dos probióticos na dermatite atópica (DA) em crianças.

Dermatite atópica

A palestrante destacou que a DA é a desordem inflamatória cutânea mais comum na infância e afeta cerca de 20% dos bebês no início da vida, podendo preceder quadros de rinite e/ou asma. A maioria das crianças com DA apresenta história familiar de atopia. É de grande importância identificar aqueles bebês com alto risco de desenvolver alergias em um estágio inicial para definir estratégias de prevenção e modificação de doenças.

Evidentemente, a forma de intervenção precoce mais confortável e aplicável estaria no microbioma humano. O sistema imune inato de neonatos e lactentes representa o melhor alvo, especialmente através do sistema gastrointestinal. Portanto, segundo a Dra Zivkovic, nós devemos apoiá-lo e aprimorá-lo, desenvolvendo e/ou atualizando o conteúdo microbiano. Dessa forma, ela e sua equipe realizaram um estudo cujo objetivo foi avaliar o efeito da suplementação oral de LGG® (Lactobacillus rhamnosus GG) no desenvolvimento e na gravidade dos sintomas de DA durante um período de dois anos.

Probióticos e dermatite atópica

Foi realizado um estudo de observação controlada da vida real de 96 pacientes, sendo que 52 foram tratados com Lactobacillus rhamnosus combinado com vitamina D3 e zinco, enquanto os demais foram aconselhados a usar apenas tratamento sintomático. Todas as crianças foram encaminhadas para a clínica devido à condição atópica no início da vida e história familiar positiva de alto risco. No início do estudo, o índice Scoring Atopic Dermatitis (SCORAD) foi definido, bem como após 3 e 6 meses de tratamento, respectivamente.

O grupo ativo recebeu a cepa probiótica Lactobacillus rhamnosus 1×1010 cfu/g com 0,01 mg de vitamina D3 e 0,6 mg de zinco juntamente com o tratamento padrão para o período de 90 dias. O grupo controle recebeu apenas tratamento farmacológico padrão, que consistiu no uso de anti-histamínicos e hidratantes tópicos.

Os pacientes foram considerados elegíveis para a inclusão no grupo intervenção de acordo com os seguintes fatores: 1) manifestações clínicas de DA; 2) idade entre 6 meses e 3 anos; 3) história familiar positiva para doenças atópicas, sem uso de anti-histamínicos e de corticoides (sistêmicos e/ou locais) nos 14 dias prévios à inclusão no estudo.

Os resultados desse estudo mostraram que a formulação de Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) associada a suplementação de zinco e vitamina D3 em lactentes e na primeira infância reduziram a gravidade da DA segundo o sistema de pontuação SCORAD. Dessa forma, com base nesses achados, os pesquisadores recomendam fortemente, para a prática diária, a introdução de suplementação de probióticos, bem como vitamina D3 e zinco em bebês e crianças com DA e história familiar positiva desde o início da vida.

Para a Dra. Zivkovic, a introdução do probiótico LGG provou ser clinicamente eficaz na prevenção e tratamento da DA, podendo ser iniciado no primeiro dia de vida do bebê ou até mesmo no período pré-natal (conforme as manifestações clínicas) por um período de, pelo menos, três meses.

Fonte:  PEBMED –

https://pebmed.com.br/eap-2021-qual-o-papel-dos-probioticos-na-dermatite-atopica/

Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Suplementação de probiótico ajuda o sistema digestivo de bebês?

Segundo uma pesquisa publicada no jornal Pediatric Research, a suplementação de Bifidobacterium longum subspecies infantis (B. infantis) no primeiro mês pós-natal, em combinação com o leite materno, resultou em colonização estável que persistiu até, pelo menos, um ano após o nascimento da criança, isto é, o probiótico pode persistir no intestino de bebês por até um ano, tendo um importante papel para um sistema digestivo saudável.

O leite materno fornece um amplo espectro de moléculas biologicamente ativas que auxiliam no desenvolvimento e maturação do intestino e do sistema imunológico inato e adaptativo, além de apoiar o crescimento da microbiota intestinal protetora. O B. infantis é uma bifidobactéria intestinal que ajuda na digestão de oligossacarídeos encontrados no leite materno. A bactéria já foi comumente encontrada em bebês amamentados com leite materno, mas praticamente desapareceu nos países industrializados. Estudos recentes relataram uma microbiota intestinal disfuncional em lactentes em aleitamento materno. Acredita-se que a redução dramática se deva a fatores como o aumento do uso de antibióticos, alimentação com fórmula e parto cesáreo. O uso de probióticos tem sido aplicado na tentativa de restaurar a microbiota intestinal. No entanto, pesquisas mostraram que a colonização foi transitória, inconsistente entre os indivíduos ou não impactou positivamente o intestino do hospedeiro.

Análise atual

Pesquisadores da University of California Davis realizaram um estudo de acompanhamento de 2 anos para um ensaio randomizado controlado em que bebês de 7 dias de vida receberam 1,8 × 1010 unidades formadoras de colônias de B. infantis EVC001 diariamente durante 21 dias ou apenas leite materno não suplementado. No estudo de acompanhamento, as mães (n = 48) coletaram as fezes do bebê aos 4, 6, 8, 10 e 12 meses de vida do bebê e completaram um questionário de dieta saudável. Em um estudo anterior, denominado IMPRINT, os pesquisadores avaliaram bebês saudáveis, a termo, amamentados com o mesmo suplemento de probiótico durante o mesmo período de 21 dias consecutivos, também começando no sétimo dia pós-natal e observaram colonização persistente de B. infantis nas fezes do bebê um mês após a suplementação.

Os cientistas observaram que a presença de B. infantis nas fezes foi 2,5 a 3,5 unidades log mais altas aos 6 a 12 meses de vida no bebê no grupo que recebeu a suplementação em comparação ao grupo amamentado com leite materno sem o suplemento (P < 0,01) e esta relação se fortaleceu com a exclusão de bebês que consumiram fórmula infantil e antibióticos. Os bebês do grupo que receberam o probiótico apresentaram significativamente mais Bifidobacteriaceae e menos Bacteroidaceae e Lachnospiraceae (P < 0,05). Não houve diferenças nas condições de saúde entre os dois grupos. Bacteroidaceae é uma família de bacilos Gram-negativos, anaeróbios obrigatórios e não esporulados, comumente encontrados no cólon adulto humano saudável. Enquanto a maioria dos membros desta família são considerados comensais, algumas espécies, como Bacteroides fragilis, incluem cepas patogênicas. A família Bacteroidaceae também contêm um conjunto expandido de genes codificados em loci de utilização de polissacarídeos, permitindo o consumo de ambos alimentos dietéticos polissacarídeos, bem como glicanos derivados do hospedeiro. Especificamente, Bacteroides thetaiotaomicron e B. fragilis, comuns no intestino neonatal, lançam mão de um grande conjunto de loci de utilização de polissacarídeo de degradação de mucina para catabolizar oligossacarídeos. Além disso, evidências atuais sugerem que a espécie Ruminococcus gnavus, que pertence à família Lachnospiraceae, pode desempenhar um papel fundamental na alergia e no desenvolvimento imunológico em bebês e na inflamação no intestino de pacientes adultos com doença de Crohn.

Mensagem final

A relevância desse estudo está no fato de que a colonização em longo prazo de um probiótico após a interrupção de seu consumo não havia sido demonstrada anteriormente. Esses resultados apoiam a importância de combinar um microrganismo específico com uma fonte de carboidrato que ele consome seletivamente, fornecendo assim um nicho ecológico aberto para que a bactéria possa ocupar. Os pesquisadores observaram que bebês amamentados com uma suplementação de uma cepa específica de B. infantis (EVC001) que utiliza com eficiência todas as estruturas do oligossacarídeo no leite humano por um breve período resultou em colonização sustentada um ano após a suplementação. A microbiota intestinal na primeira infância desempenha um papel crítico no desenvolvimento do sistema imunológico e na programação metabólica que tem impactos para a saúde por toda a vida. Mudanças na composição da microbiota intestinal com bactérias menos protetoras e patógenos potenciais mais elevados associados a um estilo de vida ocidental parecem aumentar os riscos de desenvolvimento de doenças alérgicas, inflamatórias e autoimunes. Com base nesses resultados, os pesquisadores frisam a necessidade de grandes ensaios clínicos para determinar se a suplementação de B. infantis EVC001 nos primeiros anos de vida previne o desenvolvimento dessas doenças na criança até a idade adulta.

Fonte:  PEBMED

https://pebmed.com.br/suplementacao-de-probiotico-ajuda-o-sistema-digestivo-de-bebes/

Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Referências bibliográficas:

O’Brien CE, Meier AK, Cernioglo K, et al. Early probiotic supplementation with B. infantis in breastfed infants leads to persistent colonization at 1 year [published online ahead of print, 2021 Mar 24]. Pediatr Res. 2021;10.1038/s41390-020-01350-0. doi:10.1038/s41390-020-01350-0

A dança traz benefícios para a saúde física e mental para miastênicos

Uma rotina que inclui a prática de exercícios diários como caminhada, ioga ou exercício de fortalecimento muscular melhora a condição de saúde do portador de Miastenia Gravis.

Um artigo escrito pelo pesquisador Nils Erik Gilhus, professor de Neurologia da Universidade de Bergan, na Noruega, e publicado no PubMed em dezembro de 2020, mostrou que exercícios físicos são seguros para pacientes com Miastenia Gravis. Com dados em estudos, o artigo mostrou que o treinamento físico aumenta a força muscular em pacientes com a doença. A função muscular respiratória, segundo o artigo, também melhora com o treinamento de resistência em pacientes com Miastenia Gravis.

Outro artigo realizado por pesquisadores indianos na área de Neurologia Clínica, e publicado em 2019 pela Karger (editora de revistas e livros científicos), mostrou que a prática regular de exercícios físicos, de leve a moderada intensidade, durante 30 minutos, melhora a qualidade de vida dos miastênicos.

Isso porque a Mistenia Gravis é uma doença neuromuscular caracterizada pela súbita interrupção da comunicação natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular. Como ela afeta a parte do músculo que se conecta com o nervo, a doença dificulta que a pessoa execute movimentos do cotidiano de forma voluntária.

Essa fraqueza pode acometer qualquer músculo, mas existem alguns grupos musculares que são mais frequentemente acometidos pela doença. Destaque para a fadiga muscular de braços e pernas, queda das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir.

Mas quando o paciente leva uma rotina que inclui a prática de exercícios, é possível comprovar e constatar tais afirmações dos estudos e ir além. Não são apenas a caminhada, a ioga ou o exercício de fortalecimento muscular que melhoram a condição de saúde do portador de Miastenia Gravis. A dança tem o poder de transformar a vida dessas pessoas. Quem faz essa afirmação é Andrea Passarelli, especialista em Dança pela Faculdade Paulista de Artes, coordenadora do projeto Entre Nessa, de Oficinas Socioculturais da Nova Transformar (SP), e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo.

Andrea Passarelli é especialista em Práticas Artísticas e Terapêuticas, Interfaces da Arte e da Saúde pelo setor de Terapia Ocupacional da USP (Universidade de São Paulo), também é parceira da ABRAMI (Associação Brasileira da Miastenia), ela trabalha com portadores da doença há 23 anos. “A dança traz muitos benefícios para a saúde física e mental para todas as pessoas, mas aos portadores de miastenia ela tem funções ainda maiores. Melhora a postura e o fortalecimento da musculatura. A prática também leva a liberação de serotonina e endorfina, hormônios ligados a sensação de bem-estar, que para os miastênicos é essencial para que eles continuem a desenvolver o trabalho de conscientização corporal, sem sentir dor”, afirma a especialista.

“A Miastenia Gravis estando compensada, todos os pacientes recebem a recomendação de fazer alguma atividade física, e a dança é uma delas. Os pacientes com o grau da doença muito leve, no caso da miastenia ocular, têm indicações e benefícios de fazer algum exercício físico como todas as pessoas”, recomenda Eduardo Estephan, neurologista do Ambulatório de Miastenia do Hospital das Clínicas (SP) e do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Santa Marcelina (SP), e parceiro da ABRAMI. “Quem apresenta a doença de forma generalizada, com fraqueza nos músculos, também colhe os benefícios, em especial o de conseguir se movimentar com mais facilidade porque a atividade física auxilia no fortalecimento da musculatura. Sem contar que melhora a capacidade motora. Ou seja, a dança sendo realizada dentro de uma rotina melhora a resistência muscular até para que o paciente possa realizar as atividades do dia a dia com mais facilidade”, recomenda o especialista.

A dança melhora o desempenho motor

Para a professora Andrea Passarelli, existe uma didática diferenciada na maneira de conduzir a aula para os portadores de Miastenia, a começar pela supervisão individual, orientando para que o aluno preste atenção aos sinais do corpo e respeite o seu limite. “Procuro também fazer uma combinação de atividades alternadas, algumas que requerem mais o uso da força muscular, outras aeróbicas, como é o caso da dança em si, sem esquecer dos exercícios de alongamento que também são de baixo impacto”, explica.

Segundo a professora, essa alternância da dança com os demais exercícios melhoram o desempenho motor e, consequentemente, impactam positivamente nos aspectos funcionais do corpo como um todo.

A professora enfatiza a importância da dança já que na modalidade é possível trabalhar todos os músculos do corpo, além de ser uma forma de comunicação e expressão. “A dança traz motivação, alegria, prazer, além de aumentar a socialização e o relacionamento. Ela é capaz de unir pessoas de todas as faixas etárias”, relata Andrea, que recomenda a prática para portadores de Miastenia a partir de 18 anos.

É preciso avaliar caso a caso

Como não há um padrão único de sintomas da Miastenia Gravis, é preciso avaliar em cada caso o grupo de músculos acometidos pela doença e seu estágio, bem como se a doença está bem compensada para definir se o paciente pode iniciar a prática da dança.

Ou seja, de acordo com os especialistas não há restrições para o paciente miastênico praticar a modalidade. No entanto, isso vai depender da condição física e do respectivo quadro da doença. Por isso, a recomendação é conversar primeiro com o médico, para se certificar que a doença esteja compensada para que possa fazer a indicação da prática.

Para mais informações sobre miastenia, acesse o site: https://www.miastenia.com.br/abrami/

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Uso de parabióticos como adjuvante em pacientes com COVID-19

Uso de probióticos como adjuvante em pacientes com COVID-19

Pacientes com COVID -19 apresentam alta incidência de sintomas gastrointestinais como anorexia, náuseas, diarreia, vômitos e dor abdominal. A presença de RNA viral nas fezes confirma essa teoria e inúmeros estudos demonstram que esses pacientes podem apresentar um pior prognóstico. Clique e assista o vídeo para entender mais sobre o assunto.

Fisioterapia é fundamental para a qualidade de vida dos miastênicos

A Miastenia Gravis é uma doença neuromuscular rara e de difícil diagnóstico, caracterizada pela súbita interrupção da comunicação natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular. Ela pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, mas segundo dados do Ministério da Saúde, há o predomínio maior em mulheres. Os picos de ocorrência da doença variam entre 20 e 34 anos para a população feminina, e de 70 a 75 anos para homens. A doença afeta a parte do músculo que se conecta com o nervo e leva o paciente a ter dificuldade em executar movimentos simples do cotidiano de forma voluntária. 

Essa fraqueza pode acometer qualquer músculo, mas existem alguns grupos musculares que são mais frequentemente acometidos pela doença. Dentre eles, destaque para a fadiga muscular de braços e pernas, queda das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir. Em casos graves, os músculos da respiração podem ser atingidos, resultando em insuficiência respiratória.

Para prevenir o agravamento da doença, impedindo que o paciente possa até deixar de movimentar os músculos afetados pela Miastenia, a indicação de fisioterapia especializada é fundamental no tratamento. “Pequenas crises diárias vão deixando os músculos e o corpo cada vez mais debilitados, podendo aumentar a dificuldade de deglutição e respiração. Isso sem contar que em algumas crises o paciente perde o movimento total ou em alguma parte do corpo”, alerta Anne Dias, fisioterapeuta do Ambulatório de Cuidados Integrativos para pacientes com Miastenia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), especialista em Microfisioterapia, e fisioterapeuta parceira da ABRAMI (Associação Brasileira de Miastenia).

Embora não exista cura para a Miastenia Gravis, os medicamentos reduzem a produção de anticorpos contra as estruturas musculares e as sessões de fisioterapia motora ajudam a fortalecer a musculatura do corpo. Já a fisioterapia respiratória é indicada para os casos de crises miastênicas. “Primeiro você estabiliza a doença com as medicações. E com a fisioterapia, o paciente vai recuperando tanto suas funções respiratórias como motoras, por isso ela é fundamental ao tratamento de miastenia”, recomenda o médico neurologista Eduardo Estephan, especialista em Doenças Neuromusculares dos Hospital das Clínicas, do Hospital Santa Marcelina e diretor científico da Associação Brasileira de Miastenia (ABRAMI). De acordo com o neurologista, mesmo com a doença estabilizada, muitas vezes os músculos perdem a força por desuso.

A fisioterapeuta Anne Dias afirma que tão logo o diagnóstico da doença seja feito é preciso que o paciente procure um fisioterapeuta, de preferência que ele seja especializado em abordagem integrativa, pois segundo ela, os exercícios de reabilitação no local afetado podem causar mais fadiga, agravando os sintomas.

Dores flutuantes

É comum que pacientes com Miastenia gravis apresentem dificuldades e debilidades nos movimentos. “As dores são ‘flutuantes’. Ora dói em uma parte do corpo; em outro momento a dor está em outro lugar. Em alguns dias dói, em outros ela desaparece. Essa condição dificulta ainda mais os movimentos, causando mais fadiga e fraqueza muscular”, afirma a fisioterapeuta.

Mas é importante ressaltar que a dor não é um sintoma da Miastenia. Ela é consequência do esforço e do movimento incorreto que o paciente faz por causa da sua condição clínica de fraqueza e fadiga muscular. “Esse esforço excessivo causa uma despolarização sustentada da membrana das células e um encurtamento dos sarcômeros. O sarcômero é um dos componentes básicos dos músculos que permite a contração muscular. Com este encurtamento, podem aparecer no corpo os chamados pontos gatilhos”, afirma.  Pontos gatilhos são pequenos segmentos de fibras musculares contraídas, que são mais sensíveis à pressão. Esta condição, também é conhecida como síndrome dolorosa miofascial, muito confundida também com a fibromialgia.

Cuidados integrativos

A miastenia é uma doença que não tem cura, mas com o acompanhamento médico, medicação e a ajuda do fisioterapeuta, o paciente consegue conviver com a doença com mais qualidade de vida.

E a função do fisioterapeuta é avaliar e tratar o paciente nas suas dificuldades e debilidades em diversas fases da doença. Os protocolos mais indicados nos quadros de crises miastênicas é a terapia manual e técnicas com toque sutil sobre a pele. “Pesquisas já comprovaram que técnicas com toque sutil de até 5 miligramas (intensidade de um cartão postal sobre a pele), atuam no sistema nervoso central. Este tipo de toque recrutam as fibras aferentes C tátil, que atuam no córtex insular e no sistema límbico. Elas regulam o corpo como um todo, do sistema imunológico até a melhora do estresse”, avalia Anne Dias.

De acordo com a fisioterapeuta, estas fibras atuam também nos interoreceptores, causando uma melhora da percepção do próprio corpo, função fisiológica que permite perceber estados internos (como a fome e a exaustão).  “Este tratamento fisioterapêutico, entre outros da fisioterapia integrativa, oferecem inúmeros benefícios, em especial na melhora no quadro do paciente com miastenia”, afirma a especialista.

A microfisioterapia no tratamento da Miastenia Gravis

A microfisioterapia é uma técnica francesa de terapia manual de toque sutil, baseada na Embriologia. “Ela é capaz de encontrar no corpo o agente agressor que está impactando o organismo, causando o problema”, explica Anne Dias.

Hoje em dia sofremos agressões externas, desde a ambientais (poluição, toxinas, vírus, bactérias), até agressões internas (excesso de emoções, estresse, alimentação inadequada), entre outros. “O agressor quando entra no corpo deixa uma marca, uma cicatriz, chamada cicatriz patogênica. Através desta técnica é possível encontrar este agente agressor e ajudar o corpo a eliminá-lo e a se autocorrigir”, explica a fisioterapeuta.

Com isso, a microfisioterapia ajuda o paciente como um todo:  contribui para a restauração dos movimentos, no controle da fadiga e da fraqueza muscular, na melhora da respiração, da percepção da dor e na regulação do sistema imunológico. Por ser uma técnica de toque sutil, mesmo o paciente debilitado pode realizar a sessão.

Para mais informações sobre miastenia, acesse o site: https://www.miastenia.com.br/abrami/

Consultório online: muito além da teleconsulta, como criar

A migração dos consultórios médicos para o ambiente digital é um processo que já estava em curso nos últimos anos. Porém, com a pandemia da Covid-19, a transição para o consultório online foi ainda mais acelerada. 

Entretanto, ainda existem muitas dúvidas a respeito do quão abrangente essa transformação deve ser. Neste artigo, você entenderá porque a migração do seu negócio para o digital precisa ir além da teleconsulta. 

O que é um consultório online? 

O termo consultório online tem sido utilizado para descrever toda organização de saúde que está presente na internet e/ou que oferece atendimentos por telemedicina. Contudo, essa expressão foi originalmente elaborada para fazer referência a consultórios que migraram toda sua gestão e atendimento para o ambiente virtual. 

Ainda, um consultório online é aquele que se utiliza da tecnologia disponível para otimizar as tarefas rotineiras e burocráticas, agilizando a administração do negócio e impactando positivamente na experiência do paciente. 

Além disso, os consultórios digitais possuem uma forte presença virtual, disponibilizam suas informações no seu próprio site, utilizam o potencial das redes sociais e oferecem recursos que facilitam a rotina do paciente, como é o caso do agendamento online. 

Embora seja um processo que já estava em andamento, a transformação digital no setor de saúde foi acelerada pela pandemia do novo coronavírus. A necessidade de isolamento social levou as pessoas a priorizarem os profissionais que já ofereciam atendimento à distância. 

No entanto, para disponibilizar a teleconsulta, o consultório precisa ir além de implementar uma plataforma segura de telemedicina. Para que a qualidade do atendimento presencial seja transferida para o virtual, é necessário investir em outras tecnologias, tais como, prontuário eletrônico, prescrição digital e agendamento online. 

Por que você precisa migrar para o consultório online? 

O advento da internet e de outras inovações transformou a maneira como as pessoas se relacionam com as empresas, independente do seu segmento. Como passaram a ter maior acesso à informação e poder de negociação, se tornaram mais exigentes com a qualidade do serviço ou produto oferecido. 

Neste sentido, o consultório médico que deseja sobreviver neste novo mercado, precisa se reinventar e adaptar seus processos para o ambiente virtual. Caso contrário, tende a ser ultrapassado pela concorrência e até enfrentar o fechamento do negócio. 

Ademais, se tornar um consultório online é um grande diferencial competitivo, pois a implementação de novas ferramentas traz uma nova dinâmica para a rotina do médico e de seus funcionários. 

Ainda, ao dispor de um software médico e suas várias funcionalidades, construir uma forte presença digital e ampliar seus canais de comunicação, você tem todos os recursos necessários para oferecer um atendimento de excelência e ser reconhecido pela qualidade do seu trabalho. 

Como transformar o consultório em um consultório online? 

A verdadeira transformação digital é aquela na qual todos os processos do consultório migram do analógico para o online, desde a gestão administrativa e financeira até o atendimento e a comunicação pós-consulta. 

Ainda, o primeiro passo para fazer essa transição é entender mais sobre o conceito de consultório online. Agora que você já entendeu como funciona este formato, conheça algumas ações que precisam ser realizadas para concluir essa transição. 

Invista em sistemas integrados e 100% digitais 

A implementação de um software médico é a etapa inicial dessa transformação digital. Apenas com essa ferramenta você terá a possibilidade de automatizar atividades burocráticas e otimizar os processos do consultório. 

Contudo, para escolher a ferramenta ideal para o seu negócio, compare as opções disponíveis no mercado e escolha aquela que mais atende às suas necessidades. Entre as principais funcionalidades que você precisa dispor, estão: 

  • prontuário eletrônico; 
  • agendamento online; 
  • plataforma de telemedicina; 
  • prescrição digital; 
  • automação de marketing; 
  • controle financeiro. 

Além de observar esses recursos, preocupe-se com o nível de segurança oferecido pelo software de gestão. Para evitar a perda ou o vazamento de dados dos pacientes, opte por aquelas que contenham criptografia, rotina de backups e controle de acesso. 

Tenha um site otimizado para conversão 

Outro recurso importante nesse processo de migração para o digital é o desenvolvimento de um site otimizado para conversão. Isso significa que, ao visitar a sua página, o potencial paciente encontrará os recursos necessários para agendar uma consulta. 

Ademais, um bom site médico é aquele que disponibiliza todas as informações desejadas pelo paciente, tais como, endereço e telefone do consultório, currículo do profissional de saúde, diferenciais, avaliações de outros pacientes, convênios atendidos, procedimentos realizados, etc. 

Utilize e atualize suas redes sociais 

As redes sociais são canais essenciais para o fortalecimento da sua presença digital. Em função dos milhares de usuários que possuem, essas plataformas amplificam a sua comunicação, levando sua mensagem a um público cada vez maior. 

Assim, faça uma análise das plataformas mais utilizadas pelo seu perfil de paciente, passe a utilizá-las e as atualize sempre que necessário. Porém, você precisa respeitar as normas do Manual de Publicidade Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Desenvolva sua estratégia de marketing de conteúdo 

A internet passou a ser o principal canal de comunicação utilizado pelas pessoas para consumir informações relacionadas à saúde. Neste sentido, você precisa desenvolver a sua estratégia de marketing de conteúdo. 

Ainda, essa estratégia consiste na produção de conteúdos interessantes para o seu público-alvo e que tenham o objetivo de atrair, educar e fidelizar os seus pacientes. Com isso, você aumenta sua credibilidade e também a lucratividade do consultório. 

Ademais, o marketing de conteúdo é uma das estratégias mais eficazes para quem deseja ganhar visibilidade e autoridade no seu segmento, se tornando uma referência para o seu público e para o mercado em geral. 

Quais as vantagens do consultório online? 

Ao implementar todas essas dicas no seu consultório, você passará a usufruir de todos os benefícios de um consultório online. Entre as primeiras mudanças que você perceberá, podemos citar: 

  • aumento no número de pacientes oriundos dos canais digitais e redução no número de telefonemas; 
  • maior fidelização dos pacientes em função das melhorias implementadas na experiência oferecida a ele; 
  • otimização do tempo em decorrência de todas as funcionalidades disponíveis; 
  • aumento da produtividade; 
  • fortalecimento da relação com o paciente por consequência da ampliação dos canais de comunicação e das estratégias de fidelização; 
  • maior controle da agenda médica. 

Enfim, como você pode perceber, a migração para ambiente virtual não é uma tarefa simples, pois envolve investimento, esforço e conhecimento do seu público, da sua rotina e do seu próprio negócio. 

Contudo, os inúmeros benefícios trazidos por essa transformação digital compensam todo o trabalho envolvido. Então, se você deseja se adaptar a esta nova realidade e manter os atendimentos em tempos de pandemia, torne o seu negócio um consultório online. 

Como escolher a CEPA probiótica ideal para a manutenção da saúde gastrointestinal?

O termo probiótico é originado do grego e significa “para a vida” ou “em prol da vida”. Segundo a Organização Mundial da Saúde são microrganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas determinam benefícios à saúde do hospedeiro. Os microrganismos devem estar vivos desde a produção até a utilização, o gênero e cepa devem ter sido identificados laboratorialmente e devem ser comprovadamente eficazes em humanos, além de resistirem ao ácido e bile no tubo digestório, por exemplo.  

A suplementação de microrganismos benéficos pode ser uma ferramenta para manutenção e restauração do equilíbrio intestinal. Entretanto, qual cepa indicar? Algumas reflexões precisam ser realizadas para responder a estas questões.  

O que é cepa probiótica? 

A cepa do probiótico é identificada por um laboratório, catalogada pelo gênero, espécie e linhagem.  A importância de se definir uma cepa é que os estudos não são intercambiáveis, ou seja, só são válidos para a cepa e concentração pesquisada. 

Quais são os probióticos mais usados na Gastroenterologia? 

Há vários exemplos de probióticos e entre eles citam-se os Lactobacillus (L. rhamnosusL. reuteriL. casei), Bifidobacterium (B. lactisB. bifidumB.  infantis e B. animalis) e Saccharomyces.   

Kefir, Kombucha, leite fermentados e similares podem ser considerados probióticos? 

Não podemos afirmar que Kefir ou Kombucha sejam realmente probióticos, uma vez que apresentam grande diversidade de produção, e poucos estudos de efetividade e/ou rastreabilidade de cepas. Por outro lado, os leites fermentados, podem ser considerados probióticos por conterem o Lactobacillus casei variedade Shirota em quantidade mensuráveis, capaz de atravessar os sucos digestivos e chegar vivo e em grande quantidade aos intestinos. 

Qual cepa devo escolher e qual dose devo usar? 

Quando procuramos na internet, nos deparamos com diversos produtos probióticos “naturais”, manipulados ou comerciais, e aí surge um grande questionamento: qual devemos escolher? Como saber como cada formulação irá agir em nosso organismo?  

O primeiro passo para uma prescrição adequada é conhecer o motivo do uso do probiótico. Um mesmo probiótico pode ser útil para diarreia aguda, constipação, cólica do lactente, modulação do eixo cérebro-intestino e, também, tratar dermatite atópica? A resposta com certeza é não; isso não seria um probiótico, mas sim uma panaceia.  

O Consenso Asiático-Pacífico sobre uso de probióticos propõe que a escolha da cepa de probiótico deva se basear no tipo de doença do trato gastrointestinal e local de residência do paciente, conforme tabela abaixo. 

Resumidamente, na América Latina, incluindo o Brasil: o uso do Saccharomyces boulardii e Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) foram fortemente recomendados como adjuvantes à terapia de reidratação oral para gastroenterite. Lactobacillus reuteri também pode ser considerado. Os probióticos podem ainda ser prescritos para a prevenção da diarreia associada a antibióticos (L. rhamnosus GG (LGG®) ou S. boulardii); Diarreia induzida por Clostridium difficile (S.boulardii); diarreia nosocomial (L. rhamnosus GG (LGG®)) e na cólica infantil (L. reuteri).  

Segundo o IV Consenso Brasileiro da Infecção por Helicobacter pylori os probióticos não estão indicados de rotina no tratamento adjuvante desta bactéria. Entretanto, estudos com a cepa LGG® sugerem que os probióticos na terapia tríplice para o H. pylori podem ser importantes para evitar a diarreia associada aos antibióticos. Em um segundo momento, precisamos conhecer com segurança o laboratório que produz a cepa e a existência de estudos prévios avaliando sua efetividade em humanos.  

Por isso, a manipulação indiscriminada, apesar de geralmente ter um menor custo, pode não ser adequada. Além disso, é importante destacar que combinações não testadas de microrganismos podem impactar na eficácia do probiótico. Finalmente, é fundamental saber que a dose a ser prescrita deve ser aquela validada cientificamente, a qual pode variar de 1 a 110 bilhões de unidades formadoras de colônias/dose. Ressalte-se também que quantidade não está diretamente relacionada com a efetividade. Algumas cepas têm resultados em níveis mais baixos, enquanto outras exigem maiores quantidades.  

Concluímos que não há uma cepa ideal para todas as condições patológicas do trato gastrointestinal,  por tanto devem-se priorizar cepas com grande número de evidências científicas pelo mundo, como por exemplo o LGG®.  

Autor(a): Vera Lucia Angelo Andrade 

Graduação em Medicina pela UFMG em 1989 • Residência em Clínica Médica/Patologia Clínica pelo Hospital Sarah Kubistchek • Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia • Especialista em Doenças Funcionais e Manometria pelo Hospital Israelita Albert Einstein • Mestre e Doutora em Patologia pela UFMG • Responsável pelo Setor de Motilidade da Clínica SEDIG BH desde 1995 • http://lattes.cnpq.br/0589625731703512 

Referências bibliográficas:  

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  • Coelho LGV, Marinho JR, Genta R, Ribeiro LT, Passos MDCF, Zaterka S, Assumpção PP, Barbosa AJA, Barbuti R, Braga LL, Breyer H, Carvalhaes A, Chinzon D, Cury M, Domingues G, Jorge JL, Maguilnik I, Marinho FP, Moraes-Filho JP, Parente JML, Paula-E-Silva CM, Pedrazzoli-Júnior J, Ramos AFP, Seidler H, Spinelli JN, Zir JV. IVth Brazilian Consensus Conference on Helicobacter pylori infection. Arq Gastroenterol. 2018; 55(2):97-121.