Tratamento da irritabilidade em pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo

Prof. Dra. Liubiana Arantes de Araújo
CRM/MG 36.278 | RQE 30.524
Título em Neurologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB). Fellow nas áreas de neurociências e neuromodulação terapêutica pela Harvard Medical School. Doutora em neuropediatria e reabilitação pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Presidente do Departamento de Neurodesenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria desde 2016.

Leia aqui no PDF:

Déficit de Atenção e Dislexia. Como se relacionam e qual o tratamento utilizado?

As descrições que remontam para o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com
Hiperatividade) não são recentes, os critérios operacionais foram definidos com o
advento do DSM-III, em 1980. A avaliação do transtorno é eminentemente clínica,
envolvendo idade de início da doença, grau de comprometimento dos sintomas e
evolução ao longo do tempo. A 5ª versão do DSM, de 2013, estabeleceu os critérios
mais recentes, preconizando dezoito sintomas – nove de desatenção e nove de
hiperatividade e/ou impulsividade –, e considerando seis ou mais em um tempo
mínimo de seis meses. Somado a isto, o paciente deve apresentar um destes sintomas
antes dos 12 anos de idade, com prejuízo clinicamente significativo em seu contexto
social. Exames complementares são indicados para se estabelecer diagnóstico
diferencial.1


A dislexia é outro transtorno preconizado pelo DSM-V, definido como um padrão de
dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso
ou fluente de palavras, problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Assim
como o TDAH, a dislexia, de acordo com o compêndio norte-americano, independe de
fatores culturais ou conflitos psicológicos para seu estabelecimento.1,2


A relação de comorbidade entre TDAH e dislexia é frequente, com estimativas de
25-40% de comorbidade bidirecional. Estudos identificaram forte sobreposição
genética e cognitiva entre os distúrbios. Pacientes podem apresentar pior resultado
neuropsicológico, acadêmico e comportamental na vigência da associação destes
transtornos.2


Para TDAH, o tratamento envolve uma abordagem ampla e múltipla, com intervenções
psicossociais, psicoterapêuticas e psicofarmacológicas. Da mesma forma, o tratamento
para dislexia segue cuidado multiprofissional. Os medicamentos de primeira escolha
são os psicoestimulantes. Sob o aspecto farmacocinético e farmacodinâmico, eles
podem apresentar liberação imediata ou controlada. O Concerta® é uma formulação
de metilfenidato (MFD) que pertence à classe de medicamentos com liberação
prolongada como mecanismo de ação e está disponível no Brasil.2,3,4,5


O diagnóstico de dislexia como comorbidade ao TDAH pode ser um marcador para a
população pediátrica com déficits cognitivos mais graves. Nesse sentido, uma
meta-análise de estudos em adultos indicou sucesso terapêutico similar com doses
equivalentes àquelas em crianças e adolescentes. Além disso, o estudo indica uma
superioridade na eficácia de psicoestimulantes como o Concerta® frente a outras
classes, com tamanho de efeito estatisticamente superior.2,3,4,5


Pacientes diagnosticados com ambos os transtornos devem receber tratamento
concomitante, com intervenção farmacológica e não farmacológica. Psicoestimulantes
são comprovadamente eficazes para aliviar os sintomas de TDAH, sua segurança e
tolerabilidade apresentam resultados satisfatórios. A adoção da terapia com Concerta®
e outras medidas tem por objetivo a redução do comprometimento funcional
decorrente do TDAH e distúrbios associados, como a dislexia.5,6


Portanto, as formas de tratamento específicas para TDAH, como a administração de
psicoestimulantes como o Concerta®, e dislexia são necessárias como terapia de
escolha e devem ser adotadas em conjunto. O tratamento é individualizado e demanda
aderência e diligência para segurança da terapia clínica.5,6


Referências
1 – Polanczyk G, Silva de Lima M, Lessa Horta B, Biederman J, Rohde LA. The
Worldwide Prevalence of ADHD: A Systematic Review and Metaregression Analysis.
American Journal of Psychiatry. 2007 Jun; 164(6): 942-8.
2 – Stephen V Faraone, Jan Buitelaar. Comparing the efficacy of stimulants for ADHD in
children and adolescents using meta-analysis. Eur Child Adolesc Psychiatry. 2010 Apr;
19(4): 353-64.
3 – ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Bulário Eletrônico.
Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/q/?nomeProduto=CONCERTA
Acesso em: 15 jul 2022.
4 – Souza Rodrigues T, Cintra da Silva SM. Medicalização, Dislexia e TDAH no Ensino
Superior. 2021.
5 – Eva Germanò, Antonella Gagliano, Paolo Curatolo. Comorbidity of ADHD and
Dyslexia. Dev Neuropsychol. 2010; 35(5): 475-93.
6 – S. Weibel. Practical considerations for the evaluation and management of Attention
Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in adults. Considérations pratiques pour
l’évaluation et la prise en charge du TDAH chez l’adulte. L’Encéphale. Volume 46, Issue
1, February 2020, Pages 30-40.

Ansiedade, insônia, as implicações psicopatológicas no pós-pandemia e o uso de antidepressivo tricíclico como opção terapêutica

O transtorno de ansiedade generalizada, ou TAG, é de alta prevalência nos dias atuais.
Dentre as inúmeras queixas somáticas referidas pelos pacientes, o distúrbio do sono é
o principal sinal para busca por avaliação médica. Ensaios clínicos indicam que a
insônia constitui fator de risco para o aparecimento posterior de transtorno de
ansiedade. No contexto da pandemia do Covid-19, esta relação se aprofundou:
revisões sistemáticas já publicadas indicam que pacientes com Covid-19 referiram
ansiedade e/ou distúrbios do sono, sendo tais implicações psicopatológicas
reconhecidas como sintomas primários da fase pós-Covid-19 aguda.1,2,3,4,5,6


O tratamento do TAG é multifatorial e com diversas classes de medicamentos de
escolha: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores seletivos da
recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRN), inibidores da monoaminoxidase
(IMAO), tetracíclicos (ADTC) e tricíclicos (ADTs). Entre os tricíclicos, destaca-se o
cloridrato de nortriptilina.7,8


O cloridrato de nortriptilina, cuja marca de referência é o Pamelor®, age no sistema
nervoso central. Atua como inibidor da recaptação dos neurotransmissores serotonina
e norepinefrina, com efeito vasoconstritor.7,8


Um ensaio clínico randomizado avaliou a terapia por administração de cloridrato de
nortriptilina e por adoção de terapia metacognitiva (MCT) para ansiedade, depressão e
sofrimento psíquico. A randomização distribuiu pacientes em três grupos, estes
recebendo MCT, nortriptilina e controles. O ensaio conclui que a combinação de
psicoterapia metacognitiva com terapia farmacológica conservadora, por meio do uso
de cloridrato de nortriptilina, é eficaz no combate aos sintomas de ansiedade e de
sofrimento emocional, no acompanhamento de curto e de longo prazo.8

O cenário pós-pandêmico do Covid-19 indica novos índices de prevalência para
enfermidades como ansiedade e distúrbios do sono. Ensaio clínico randomizado indica
que pacientes com Covid-19 apresentam, em relação à população em geral, um
aumento substancial destes distúrbios em comparação com a prevalência
pré-pandêmica: 47% dos pacientes experimentam TAG e 34% dos pacientes
apresentam distúrbios do sono.9,10,11


Neste contexto, levando-se em consideração que o TAG geralmente é crônico e
frequentemente associado a sintomas depressivos – e possivelmente a comorbidades
relacionadas ao sono -, a farmacoterapia ideal pode ser baseada em um medicamento
que trate adequadamente essas disfunções. Antidepressivos, especialmente aqueles
com ação no sistema serotoninérgico e, possivelmente, noradrenérgicos, podem ser a
opção adequada: eles não apenas tratam a ansiedade, mas também tratam ou
previnem o desenvolvimento de depressão como uma comorbidade ao TAG.9,10,11


Referências


1 – Fochesatto Filho L, Barros E. Medicina Interna na Prática Clínica. Porto Alegre:
Artmed; 2013.
2 – Kapczinski F, dos Santos Souza JJSS, Batista Miralha da Cunha AABC, Schmitt RRS.
Antidepressants for generalised anxiety disorder (GAD). Cochrane Database of
Systematic Reviews 2003.
3 – K Rickels, R Downing, E Schweizer, H Hassman. Antidepressants for the treatment
of generalized anxiety disorder. A placebo-controlled comparison of imipramine,
trazodone, and diazepam. Arch Gen Psychiatry. 1993 Nov; 50(11): 884-95.
4 – Jaime M Monti. Insônia primária: diagnóstico diferencial e tratamento. Rev Bras
Psiquiatria. 2000; 22(1): 31-4.

5 – Mario Gennaro Mazza, Mariagrazia Palladini, Sara Poletti. Post-COVID-19 Depressive
Symptoms: Epidemiology, Pathophysiology, and Pharmacological Treatment. CNS
Drugs. 2022 Jun 21;1-22. doi: 10.1007/s40263-022-00931-3.
6 – Jiawen Deng, Fangwen Zhou, Wenteng Hou, Zachary Silver, Chi Yi Wong, Oswin
Chang, Emma Huang, Qi Kang Zuo. The prevalence of depression, anxiety, and sleep
disturbances in Covid-19 patients: a meta-analysis.
Epub 2020 Oct 2.
7 – ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Bulário Eletrônico.
Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/q/?nomeProduto=PAMELOR
Acesso em: 30 jun 2022.
8 – Batebi, S., Masjedi Arani, A., Jafari, M., Sadeghi, A., Saberi Isfeedvajani, M., &
Davazdah Emami, M.H. (2020). A randomized clinical trial of metacognitive therapy and
nortriptyline for anxiety, depression, and difficulties in emotion regulation of patients
with functional dyspepsia. Research in Psychotherapy: Psychopathology, Process and
Outcome, 23(2), 157-166. doi: 10.4081/ripppo.2020.448.
9 – R B Hidalgo, J R Davidson. Generalized anxiety disorder. An important clinical
concern. Med Clin North Am. 2001 May; 85(3): 691-710.
10 – Salari, N., A. Hosseinian-Far, R. Jalali, et al. 2020. Prevalence of stress, anxiety,
depression among the general population during the COVID-19 pandemic: a systematic
review and meta-analysis. Global Health 16: 57. 112.
11 – Lin, L.-Y., J. Wang, X.-Y. Ou-Yang, et al. 2020. The immediate impact of the 2019
novel coronavirus (COVID-19) outbreak on subjective sleep status. Sleep Med.

O uso dos tricíclicos na síndrome do intestino irritável [Vídeo]

A síndrome do intestino irritável é uma doença funcional, recorrente da interação do cérebro-intestino ocorrendo, pelo menos, 1x/semana por um período de 3 meses ou mais e sendo capaz de interferir na qualidade de vida das pessoas.

Existem diversos tratamentos da SII, entre eles os antidepressivos tricíclicos que apresentam eficácia no controle geral dos sintomas da SII, inibindo a recaptação da noradrenalina e serotonina, neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia da dor e com uma melhora perceptível entre 4 e 12 semanas. Entre os tricíclicos utilizados para essa finalidade, o que apresenta melhor tolerabilidade sem afetar a eficácia é a nortriptilina.

Acesse a vídeo aula feita pelo Dr. Gerson Domingues, Prof. Adjunto da Disciplina de Gastroenterologia da Faculdade de Ciências Médicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e entenda mais sobre o assunto:

Cefaleia Pós-Covid 19 [Vídeo]

A cefaleia pode durar dias, impactando nas atividades diárias das pessoas e sendo a segunda doença que mais gera incapacidade no mundo. Com a pandemia, ocasionada pela Covid-19, grande parte das pessoas infectadas e pós infecção apresentaram a dor de cabeça como um dos sintomas.

Existem diversos medicamentos que são utilizados para o tratamento dessas dores, incluindo o uso de antidepressivos tricíclicos (TCA) como a nortriptilina, sendo um dos mais usados na profilaxia da migrânea.

 Acesse o vídeo abaixo e entenda mais sobre o assunto:

Tecnologia OROS® no tratamento do TDAH [Vídeo]

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno caracterizado pela frequência e intensidade de diversos comportamentos, sendo necessário um tratamento multidisciplinar.

Entre os diversos tratamentos terapêuticos, os guidelines trazem os medicamentos à base de metilfenidato como primeira escolha de tratamento do TDAH. Porém com o Concerta® existem benéficos devido sua Tecnologia OROS®, que através do processo de osmose, apresenta uma liberação prolongada do medicamento, gerando uma eficácia de 10 a 12 horas e evitando a taquifilaxia.

Veja o vídeo que apresenta o mecanismo de ação de Concerta® com sua Tecnologia OROS®.

O uso de antipsicóticos em crianças reduziu nos Estados Unidos

De acordo com o estudo Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children, publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o uso de antipsicóticos diminuiu nos Estados Unidos, de 2009 a 2017, em crianças pequenas com planos de saúde. No entanto, a maioria das prescrições permanece off-label, sem dados de eficácia e segurança.

Método

A população do estudo incluiu crianças pequenas de um banco de dados de reivindicações comerciais, em todos os Estados Unidos, no período de 2007 a 2017. Os pesquisadores estimaram o uso anual por idade e sexo, definido como o número de crianças que dispensaram um antipsicótico por ano, dividido pelo número inscrito. Além disso, foram descritos os diagnósticos clínicos e a utilização de serviços de saúde mental entre os participantes com uso prescrito em 2009 e 2017.

Diminuição no uso de antipsicóticos em crianças pequenas

Os resultados desse estudo mostraram que o uso anual de antipsicóticos em crianças pequenas foi de 0,27% em 2007, atingiu um pico de 0,29% em 2009 e diminuiu de forma estatisticamente significativa para 0,17% em 2017. O uso foi maior em meninos do que em meninas.

Uma proporção maior de usuários recebeu um diagnóstico de transtorno mental em 2017 (89%) do que em 2009 (86%, p <0,01). Os diagnósticos clínicos mais comuns, sob uma classificação hierárquica, foram transtorno invasivo do desenvolvimento (2009 = 27%, 2017 = 38%, p <0,01), transtorno do comportamento disruptivo ou de conduta (2009 = 15%, 2017 = 21% , p <0,01) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (2009 = 24%, 2017 = 18%, p <0,01).

Entre os usuários de antipsicóticos de 2017, 32% tiveram quatro ou mais solicitações de psicoterapia, 43% fizeram uma consulta com um psiquiatra e a maioria usou outro medicamento psicotrópico, mais comumente um estimulante (meninos = 57%, meninas = 50%).

Limitações

O estudo possui inúmeras limitações:

  • Este estudo avaliou tendências em crianças com plano de saúde com cobertura dos medicamentos prescritos, não sendo generalizáveis para crianças sem plano ou matriculadas no sistema americano Medicaid;
  • A fonte de dados pode não generalizar todos os indivíduos com plano de saúde;
  • A prescrição de antipsicóticos provavelmente varia entre as regiões dos Estados Unidos;
  • Os diagnósticos foram baseados em códigos registrados em qualquer momento em determinado ano; estes não são validados com base em entrevistas psiquiátricas estruturadas e não se pode determinar a indicação pretendida de tratamento antipsicótico, nem a adequação clínica ou eficácia;
  • A variação nos diagnósticos, entre 2009 e 2017, pode estar relacionada à mudança do Código Internacional de Doenças da nona para a décima edição (CID-9 para CID-10);
  • Não foi feita distinção entre o uso de um antipsicótico novo e contínuo;
  • Não foram levadas em consideração a ordem temporal de prescrições e diagnósticos, o uso dos medicamentos ou de serviços de saúde mental;
  • As doenças mentais na população podem ter sido subestimadas. Os serviços de saúde mental não cobertos pelo plano não são registrados no banco de dados;
  • Não foi determinada a indicação de uso de outros medicamentos prescritos;
  • Não foi possível distinguir com segurança psiquiatras infantis e de adolescentes de outros psiquiatras;
  • Os pesquisadores não tiveram acesso a prescrições dispensadas em ambientes hospitalares, embora o foco do estudo tenha sido o tratamento comunitário;
  • Não havia dados disponíveis sobre raça e etnia.

Conclusões

Apesar das diversas limitações, no geral, a prescrição de medicamentos antipsicóticos diminuiu na última década entre meninos e meninas muito jovens que têm planos de saúde nos Estados Unidos, o que pode refletir uma tendência de prescrição mais cautelosa. Os resultados sugerem grandes mudanças para condições com menos evidências clínicas que suportam o uso em crianças pequenas, juntamente com ligeiros aumentos no uso de psicoterapia entre crianças pequenas com tratamento antipsicótico prescrito.

Apesar dessas tendências encorajadoras, no entanto, os pesquisadores destacaram que muito do uso de antipsicóticos em crianças pequenas continua a ocorrer em crianças diagnosticadas apenas com condições em que ainda não têm eficácia comprovada e nem há dados de segurança.

Esses achados, somados ao número substancial restante de crianças tratadas que não recebem intervenções psicossociais de saúde mental, sugerem que ainda há espaço para melhorias no tratamento comunitário de crianças pequenas com estes tipos de medicamentos.

Em jovens, os antipsicóticos têm sido associados a risco de ganho de peso, sedação, diabetes, hiperlipidemia, efeitos cardiovasculares, reações extrapiramidais e morte inesperada. Estas preocupações são especialmente salientes em crianças muito pequenas, nas quais os efeitos adversos dessa classe de medicamentos no desenvolvimento e em longo prazo são desconhecidos.

Fonte: https://pebmed.com.br/o-uso-de-psicoticos-em-criancas-reduziu-nos-estados-unidos/

Autor(a): Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Referência Bibliográfica:

  • Bushnell GA, Crystal S, Olfson M. Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020 Oct 19:S0890-8567(20)31987-0. doi: 10.1016/j.jaac.2020.09.023. Epub ahead of print. PMID: 33091567

Antipsicóticos Típicos vs Atípicos, quando usar cada um?

Introduzido em 1958, o haloperidol é utilizado para tratamento farmacológico das psicoses _ especialmente a esquizofrenia. O haloperidol mostrou menos riscos de hipotensão postural e mais ação sobre os sintomas da patologia em relação à clorpromazina, que foi o primeiro neuroléptico sintetizado e marcou o início da era dos antipsicóticos. Os antipsicóticos lançados posteriormente, chamados de atípicos, caracterizam-se por produzir menos sintomas extrapiramidais, em doses clinicamente eficazes.

Os atípicos podem trazer benefícios e ter ação mais efetiva sobre os sintomas negativos, como apatia-abulia e embotamento afetivo. Já os típicos são vistos com uma melhor eficácia em sintomas positivos, como alucinações e delírios.

Antipsicóticos típicos induzem mais taxa de efeitos extrapiramidais. Já os atípicos associam-se a mais risco de indução à síndrome metabólica e condições associadas, como diabetes mellitus.

O Haloperidol foi considerado um antipsicótico prototípico desde sua introdução até o advento dos antipsicóticos atípicos. Estudos mostram que apesar de risco de eventos adversos, em baixas doses, pode ser usado em pacientes com boa tolerabilidade, com menor desenvolvimento de efeitos extrapiramidais e a elevação da prolactina.