Medidas preventivas para o trabalho presencial do profissionais da saúde e o tratamento de pacientes com o uso de imunossupressores.
Medidas preventivas básicas para o trabalho presencial de profissionais de saúde e o tratamento de pacientes com o uso de imunossupressores.
O retorno ao trabalho presencial demanda especial diligência quanto às ações diferenciadas para o distanciamento social e para o uso de dispositivos de prevenção a infecções. O Ministério da Saúde, desde o início da pandemia do SARS-CoV-2, indicou que tais medidas fossem estabelecidas por estados e municípios, a partir de seus distintos cenários. Além do distanciamento, a OMS (Organização Mundial da Saúde) também preconiza como ação de caráter preventivo o uso adequado de máscaras em distintas atividades diárias, entre elas, procedimentos médicos como consultas e exames clínicos.1,2,3
Gastroenterologistas, endoscopistas e profissionais relacionados às atividades dos mesmos devem permanecer vigilantes e revisar periodicamente os equipamentos de proteção pessoal, especialmente durante procedimentos endoscópicos. Nesse sentido, o uso de máscaras e protetores faciais é elementar nos cuidados ao paciente no contexto da pandemia pelo SARS-CoV-2, assim como a atenção na remoção apropriada de tais dispositivos.3
Antecedendo consultas e procedimentos de exames clínicos, é recomendado que, preventivamente, seja seguido um protocolo de perguntas sobre viagens, contatos com infectados e sintomas respiratórios recentes que indiquem infecção pelo vírus. Casos suspeitos, evidentemente, devem ser encaminhados para as clínicas de saúde voltadas ao tratamento do SARS-CoV-2. 3
A máscara, especificamente, é um item pessoal, que não pode ser compartilhado por parceiros. Trata-se de um objeto de proteção fundamental e de caráter preventivo contra a disseminação do vírus, e que precisa de cuidados específicos no seu manuseio e na sua higienização.3
O uso de imunossupressores e implicações da dieta na microbiota intestinal
A flexibilização da quarentena traz um novo quadro de risco para pacientes que fazem uso de imunossupressores, uma vez que as taxas de isolamento social são menores. Dessa forma, a rigidez na conduta do tratamento médico, na adoção de hábitos alimentares saudáveis e a disciplina no seguimento de medidas sanitárias de prevenção atuam como fatores preponderantes no sucesso de uma resposta imunológica positiva.1,2,3
O uso de imunoterápicos, como inibidores de ponto de controle imunológico (ICIs), revolucionaram o cenário terapêutico no que se refere ao tratamento de várias doenças graves. A saúde da microbiota intestinal está fortemente ligada às respostas terapêuticas a esses medicamentos.4
No cenário da pandemia pelo SARS-Cov-2, pacientes com hepatite autoimune, transplante hepático ou outras condições que requerem a utilização de imunossupressores não devem interromper seu tratamento, uma vez que o risco de progressão da doença ou complicações superam os riscos de contrair o vírus.3
Ensaios clínicos avaliam o impacto de diversos fatores em pacientes em tratamento com imunoterápicos. Transferência da microbiota fecal, probióticos, prebióticos, consórcios de bactérias e uma gama de intervenções dietéticas são alguns destes fatores.4
A utilização de antibióticos deve ser rigidamente gerenciada conforme o avanço do tratamento com imunoterápicos. Inibidores da bomba de prótons, por exemplo, devem ser descontinuados quando não forem claramente indicados e, também, pacientes devem ser aconselhados a minimizar o consumo de carne animal e aumentar a ingestão de vegetais, com foco na variedade. Uma alta ingestão de fibras (> 30 g/dia) mostrou ser benéfica para aumentar a chance de resposta aos imunoterápicos.4
Alimentos fermentados podem ter um efeito benéfico sobre a microbiota intestinal e devem ser introduzidos sempre que possível. O ideal é que todos os pacientes que façam uso de imunoterápicos sejam encaminhados, antes do início do tratamento, a um profissional da saúde com conhecimento sobre microbiota intestinal.4
A microbiota intestinal tem papel essencial na resposta imunológica do corpo a infecções e em manter a saúde de maneira geral. Sendo assim, uma dieta balanceada que seja rica em fibras, em vegetais e em outros alimentos probióticos é essencial para a promoção da saúde e para a composição do tratamento de doenças graves.4
Referências
1 – Ministério da Saúde. Diretrizes para Distanciamento Social. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/ministerio-da-saude-apresenta-diretrizes-para-auxiliar-na-decisao-sobre-distanciamento-social. Acesso em: 25 out. 2020.
2 – Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Últimas Notícias. Coronavírus. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/coronavirus-entenda-a-importancia-de-evitar-aglomeracoes/. Acesso em: 25 out. 2020.
3 – Federação Brasileira de Gastroenterologia. Gastroenterologistas e Covid-19. Disponível em: http://fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/1347/. Acesso em: 25 out. 2020.
4 – Karla A. Lee, Heather M. Shaw, Veronique Bataille, Paul Nathan, Tim D. Spector. Role of the gut microbiome for cancer patients receiving immunotherapy: Dietary and treatment implications. European Journal of Cancer. Oct 2020. 149-155.