Nortriptilina em foco: indicações terapêuticas

Dra. Kátia Regina Oddone Del Porto – CRM-SP: 75.450
Psiquiatra com Mestrado em Psiquiatria pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp).

Na primeira metade do século XX, os recursos farmacológicos para o tratamento das depressões eram limitados a agentes sintomáticos inespecíficos, tais como o hidrato de cloral, os barbitúricos, as anfetaminas e os opioides. Na década iniciada em 1950, foram introduzidos os primeiros antidepressivos propriamente ditos: iproniazida, um inibidor da monoaminoxidase, e imipramina, o primeiro tricíclico a ser utilizado no tratamento das depressões.

Os antidepressivos tricíclicos (ADTs) bloqueiam a recaptação de monoaminas (noradrenalina, serotonina e dopamina) na membrana pré-sináptica, aumentando sua disponibilidade na fenda sináptica.

A imipramina e a amitriptilina possuem cadeia lateral composta por uma amina terciária, sendo mais potentes na inibição da recaptação de serotonina, em comparação aos ADTs com cadeia lateral composta por amina secundária, a exemplo da nortriptilina, os quais promovem maior inibição da recaptação da norepinefrina. A nortriptilina conta com estudos que estabeleceram uma “janela terapêutica” para o seu uso, constatando sua eficácia entre os níveis plasmáticos de 50 a 150 ng/mL.

A monitoração dos seus níveis plasmáticos pode auxiliar, quando não houver resposta ou, ainda, quando houver efeitos colaterais excessivos, na condução terapêutica dentro dos limites de segurança, o que é eventualmente útil para os idosos, assim como para os chamados metabolizadores lentos, prevenindo-se o uso de doses excessivas que podem levar a maiores efeitos colaterais, sem aumentar a eficácia terapêutica. Ressalta-se ainda que a nortriptilina é o tricíclico que menos induz à hipotensão ortostática e seus efeitos anticolinérgicos são menores em comparação a outros tricíclicos, como a amitriptilina.

Comparação dos efeitos do escitalopram e da nortriptilina nos sintomas físicos dolorosos de pacientes com transtorno depressivo maior

Prática clínica na enxaqueca

Prof. Dr. Abouch Valenty Krymchantowski – CRM-RJ 5239620/8
Mestre e doutor em Neurologia (teses em cefaleia). Fellow da American Headache Society (FAHS). Diretor e fundador do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça do Rio de Janeiro (Headache Center of Rio). Criador e responsável técnico pelo site www.dordecabeca.com.br

Editor associado do The Journal of Head and Face Pain.

A migrânea ou enxaqueca é uma doença neurológica crônica, altamente prevalente, que se caracteriza por crises intermitentes de cefaleia com sintomas associados e características peculiares. Seu impacto não se restringe apenas às crises de dor de cabeça. Os sofredores de enxaqueca têm pior qualidade de vida e ela é a sexta doença mais incapacitante na medicina.

Com incidência estimada em 1,37/100 mil pessoas por ano para o sexo masculino e 2,94 para o feminino, é mais prevalente em mulheres com pico entre a terceira e a quarta década de vida. Em adultos, a prevalência da enxaqueca é de 16%, com 18% das mulheres e 6% dos homens acometidos.

Seus custos econômicos são substanciais e podem ser divididos em diretos e indiretos. Os custos diretos incluem os gastos com diagnóstico e tratamento da doença e são estimados, apenas nos Estados Unidos, em 1 bilhão de dólares. Os custos indiretos, decorrentes da perda laborativa, são estimados em 13 bilhões de dólares por ano, também nos Estados Unidos, com o absenteísmo e a perda da produtividade.