Como adultos devem explicar às crianças as mudanças de comportamento no contexto pandêmico
Incentivando as crianças a se protegerem
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomenda que adultos devem fornecer às crianças informações corretas sobre os acontecimentos recentes, como a pandemia pelo SARS-CoV-2, ao passo que têm a responsabilidade de mantê-las protegidas dos problemas mais graves, dada sua evidente inexperiência e vulnerabilidade. Nesse contexto, é indicado o apoio qualificado de um profissional da saúde, como o pediatra, no que diz respeito às recomendações de novos hábitos para as crianças em contexto de isolamento. A valorização dos profissionais da saúde e especialistas, por parte dos adultos, garante à criança a noção de que há indivíduos dedicados em manter a comunidade segura frente às consequências da doença provocada pelo SARS-CoV-2. Nesse cenário, o incentivo às boas práticas de higiene e a manutenção de normas alimentares saudáveis – e que estimulem o envolvimento da criança – previnem contra possíveis indisposições, ansiedades e demais fatores que direta e indiretamente contribuem para o quadro de imunidade baixa.1
Oferecendo um ambiente de segurança emocional e imunológico
A manutenção de comportamentos que sigam à risca os protocolos sanitários, com agendas regulares, ou mesmo a criação de novas rotinas em um novo ambiente atuam como fatores de prevenção à saúde infantil no contexto pandêmico. Cabe ao pediatra acompanhar esse período e orientar as famílias em suas muitas demandas e preocupações. As crianças providas de informação e de cuidado emocional são capazes de entender que o pronto cumprimento das regras ajudará a manter a todos em segurança.1,2
Os comportamentos sugeridos serão seguidos pelas crianças conforme o exemplo dado pelos próprios adultos. Assim, cabe aos pais e/ou responsáveis ser diligentes na conduta de protocolos sanitários, hábitos de higiene e normas alimentares.1
Especialistas médicos indicam que é importante avaliar e ter cuidado também com a saúde mental nesse contexto pandêmico. Nesse sentido, médicos pediatras atuam incentivando os esforços da escola e dos alunos, estimulando os pais ou responsáveis ou até mesmo irmãos mais velhos a se dedicarem mais a auxiliar as crianças na adaptação ao ensino remoto, em benefício da aprendizagem delas, em momentos de excepcionalidade. Buscando criar, dentro das possibilidades de cada família, uma rotina que assemelhe aos horários habituais da escola, para que a volta não envolva novas mudanças, e criando uma atmosfera positiva e incentivadora das aprendizagens.2
É importante alertar para a importância de todos manterem equilíbrio emocional para lidar com as novas situações e a quebra na rotina decorrentes do isolamento social. O pediatra, portanto, deverá reforçar a importância da criação de momentos de conversa e brincadeiras, atividade física, participação nos trabalhos domésticos, visando a dar segurança emocional às famílias que vivenciam esse momento.2
Nesse cenário, a supervisão de pais ou responsáveis nas atividades do cotidiano, como a adoção de hábitos alimentares saudáveis, colabora para o fortalecimento da saúde imunológica infantil. Ainda que a maioria das crianças não faça parte de grupos de risco, é preciso ter e manter todos os cuidados com seus estágios de crescimento.1,2,3
De maneira geral, as crianças não estão propensas a manifestar sintomas graves com a infecção pelo SARS-CoV-2, com a rara exceção feita àquelas abaixo de cinco anos de idade com síndrome gripal (no caso as crianças menores de dois anos, nas quais há maior taxa de
hospitalização com o potencial risco de infecção pelo vírus influenza). Este grupo foi reclassificado como grupo de risco pelo Ministério da Saúde.2,3
Na vigência de eventual infecção, a atenção deve ser redobrada para a ingestão de grupos alimentares saudáveis. Ela é suficiente para manter a saúde, não sendo necessárias suplementações na maioria dos casos. O acompanhamento com o pediatra é fundamental na contribuição destas orientações, ele tem papel decisivo na construção dessa base nutricional, se estendendo à família como um todo. Portanto, deve-se dar atenção especial àqueles alimentos que atuam na manutenção e/ou fortalecimento da imunidade.2,4
A deficiência de ingestão, absorção ou aproveitamento destes nutrientes contribui para a deficiência do sistema imunológico com consequente aumento do risco de adoecer e de agravar doenças existentes.4
Referências
1 – UNICEF Brasil. Como falar com crianças sobre coronavirus. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/como-falar-com-criancas-sobre-coronavirus/. Acesso em: 01 nov. 2020.
2 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – O Ano Letivo de 2020 e a Covid-19.
Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22514c-NA_-_O_Ano_Letivo_de_2020_e_a_COVID-19.pdf/ Acesso em: 01 nov. 2020.
3 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – Covid-19 e a volta às aulas.
Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22516b-NA_-_COVID-19_e_a_Volta_as_Aulas.pdf/. Acesso em: 01 nov. 2020.
4 – SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria – Nutrição em tempos de Covid-19. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22425c-Nota_de_Alerta_-_Nutricao_em_tempos_de_COVID-19.pdf/. Acesso em: 01 nov. 2020.