Timoma acomete metade dos miastênicos acima de 30 anos

Cerca de 20% a 50% dos portadores de Miastenia Gravis apresentam tumor de timo. Em 11% há incidência elevada de timoma com alta mortalidade.

O timoma é um tumor no timo, glândula localizada na região do tórax que fica entre os dois pulmões, e próxima da veia cava superior, principal vaso sanguíneo responsável por levar o sangue da parte superior do corpo para o coração. Uma das funções do timo é ajudar a manter o sistema imunológico ativo e, nos portadores de miastenia, ele produz anticorpos que bloqueiam a junção responsável pelo movimento dos músculos, acentuando ainda mais os sintomas de fraqueza muscular e fadiga – principais características da doença. É importante ressaltar que cerca de 20% a 50% dos portadores de Miastenia Gravis apresentam tumor de timo.

Além da Miastenia Gravis, outras doenças autoimunes podem se manifestar em pessoas com timoma, como a Aplasia de células vermelhas – quando o organismo tem capacidade reduzida de produzir glóbulos vermelhos, responsável por levar o oxigênio dos pulmões para os tecidos do corpo – e a hipoglamaglobulinemia, distúrbio caracterizado pela baixa produção de anticorpos que combatem infecções, deixando o indivíduo suscetível a elas. No caso dos miastênicos, outras doenças autoimunes podem se manifestar em paralelo, assim como outros tipos de câncer, além do timoma, como o hematológico, que afeta glóbulos brancos e vermelhos (leucemia, linfomas) e a Síndrome de Lambert-Eaton, geralmente associada ao câncer de pulmão. Logicamente que, quanto mais abalado está o sistema imunológico, maior as chances de outras doenças se instalarem, em especial, em pessoas com miastenia.

A cirurgia de retirada do timo (timectomia) é indicada para pacientes com timomas e hiperplasia do timo (quando há aumento da glândula), já que 40% a 90% dos casos podem ter remissão dos sintomas.  De acordo com o Dr. Eduardo Estephan, médico neurologista e diretor científico da Abrami (Associação Brasileira de Miastenia), “é fundamental que haja uma avaliação cuidadosa do paciente, levando em consideração a idade, o sexo, a presença de timomas, a evolução da doença e o grau de comprometimento dos músculos do bulbo ou da musculatura respiratória para fazer o procedimento cirúrgico de forma segura”.

Segundo o artigo denominado “Miasthenia Gravis and Tymoma Surgery: A Clinical Update for the Cardiothoracic Anesthiologist”, traduzido para o português como “Miastenia Gravis e Cirurgia do Timoma: uma revisão clínica para o anestesiologista cardiotorácico” e publicado no Journal of Cardiothoracic and Vascular Anesthesia, todos os tecidos do timo devem ser removidos para melhorar os sintomas, o que pode levar semanas ou meses para alcançar a remissão.

O estudo ressalta que os procedimentos anestésicos para pacientes miastênicos que se submetem à cirurgia de retirada do timo têm peculiaridades importantes.  Na avaliação pré-operatória, a dose total do anestésico deve ser diminuída, para anestesia local ou regional, devido a sua ação na transmissão neuromuscular. Para diminuir o risco de intubação prolongada, é prudente usar técnicas de anestesia regional, quando possível, e evitar a ventilação mecânica, pois os autores concluíram que ela está associada a maiores níveis de dor e recuperação pós-operatória mais lenta. 

A analgesia peridural tem sido usada com sucesso em pacientes com timectomia, pois essa técnica reduz o consumo de opioides intravenosos e anestésicos gerais, além de estar associada a uma melhor função pulmonar após a cirurgia, acelerando a recuperação dos pacientes. 

A conclusão é que as técnicas minimamente invasivas devem ser consideradas, pois reduzem a morbidade e aumentam as chances de recuperação. Além disso, a analgesia pós-operatória deve incluir técnicas de anestesia combinadas com analgésicos não opioides.

“O procedimento cirúrgico em miastênicos precisa ser criterioso, bem como a avaliação clínica e o exame físico, que devem ser complementados com exames laboratoriais, teste de função pulmonar e cardiocirculatória. A administração de medicamentos e a vigilância contínua nos primeiros dias do pós-operatório são fundamentais para a recuperação segura dos pacientes e para o sucesso do tratamento”, finaliza o médico.

Informações para a imprensa
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Valéria Vargas – RP – valeria@vv4pr.com.br – Tel: +5511 99286-0839


Qual é o papel dos probióticos na diarreia por antibióticos?

Um assunto recorrente entre os pediatras é a diarreia causada pelo uso de antibióticos, por este motivo em setembro de 2018 a Sociedade Brasileira de Pediatria divulgou um conteúdo sobre o tema.

Sabemos que o uso do antibiótico causa um desequilíbrio da microbiota intestinal e por consequência cerca de 30% dos pacientes em antibioticoterapia apresentarão diarreia em algum momento do tratamento ou até oito semanas após seu término. A via de administração, seja via oral ou intravenosa, não interfere neste processo, sendo ambas capazes de levar à diarreia. Os antimicrobianos mais associados a esta patologia são: amoxicilina, associada ou não a clavulanato, cefalosporinas e clindamicina.

Podemos salientar alguns fatores de risco como menores de seis anos e maiores de 65 anos, prematuridade, uso prolongado do antimicrobiano, maior tempo de hospitalização, imunodeficiência e episódios prévios de diarreia por antibiótico.

A grande importância deste tema se deve ao fato de que o Clostridium difficile é o agente causador em cerca de 10 a 20% dos casos e também o responsável pela maioria das complicações graves relacionadas.

Diante destes fatos, o uso de probióticos durante a antibioticoterapia poderia ser uma forma de evitar a ocorrência da diarreia. A Sociedade Europeia de Gastroenterologia Pediatria publicou recentemente uma revisão que recomenda o uso do Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) e o Saccharomyces boulardii para evitar a diarreia por antibióticos, e mais especificamente o uso de Saccharomyces boulardii para prevenir a diarreia por Clostridium difficiles.

No Brasil, o Lactobacillus rhamnosus ainda não é comercializado, o que dificulta seu uso rotineiro pelo pediatra.
Portanto, o uso dos probióticos mencionados acima seria benéfico para prevenir a diarreia causada pelos antibióticos, sendo recomendado seu uso a partir do início do tratamento até o fim da sua administração.

Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/qual-o-papel-dos-probioticos-na-diarreia-por-antibioticos/

Autora: Carolina Monteiro

Formada em Medicina pela UNIGRANRIO ⦁ Pediatra pelo Hospital Municipal Salgado Filho ⦁ Neonatologista pelo Hospital Federal de Bonsucesso ⦁ Telefone do consultório: (21) 38021656

8 benefícios da prescrição digital para o seu consultório

Em tempos de pandemia, o uso de novas tecnologias facilita a rotina dos profissionais de saúde e possibilita a manutenção da prestação dos serviços médicos. Um bom exemplo disso é a prescrição digital, recurso essencial neste momento de isolamento social.

Você já implementou esta ferramenta no seu consultório? Ainda não? Então, este artigo é leitura obrigatória. Nele, você irá entender como ela funciona e também conhecerá os principais benefícios de oferecê-la aos seus pacientes.

O que é a prescrição digital?

No dia-a-dia de um consultório médico, o profissional prescreve fisicamente medicamentos para o tratamento dos pacientes que, posteriormente, se dirigem até a farmácia mais próxima, apresentam este documento e adquirem o fármaco solicitado.

No entanto, com os diversos protocolos de segurança estabelecidos para evitar a disseminação do novo coronavírus, esse procedimento padrão precisa ser modificado para resguardar tanto a saúde do paciente, quanto a do médico e dos farmacêuticos.

Neste sentido, a prescrição digital tem se mostrado um recurso imprescindível, ganhando grande notoriedade. Isso porque, ao dispor dessa funcionalidade, a receita médica é preparada eletronicamente e enviada para o e-mail do paciente.

Assim, não há mais a necessidade de se deslocar até o consultório para receber a receita, permitindo que todo o atendimento seja feito por telemedicina. Com isso, o paciente fica seguro em sua casa.

No entanto, para usufruir deste recurso, você precisa dispor de um sistema que ofereça um bom nível de proteção de dados. Ademais, de acordo com a Lei n.º 13.989/2020, a prescrição online só tem validade jurídica quando assinada por meio do certificado digital ICP-Brasil.

Além disso, nos principais softwares médicos do mercado, a ferramenta de prescrição digital é integrada com um banco de dados que contém todas as informações necessárias sobre milhares de medicamentos. 

Enfim, como você pode perceber, esta inovação tecnológica traz diversas facilidades para a rotina de consultórios médicos e também para os pacientes. Porém, se você ainda não está convencido sobre a eficácia desse recurso, conheça os principais benefícios de implementá-lo.

Quais os benefícios obtidos com a prescrição digital?

Com o aumento no número de casos de pacientes com a Covid-19 e a lotação nos leitos hospitalares das grandes cidades brasileiras, as pessoas estão buscando limitar o contato presencial com terceiros.

Nesse sentido, há um considerável crescimento na quantidade de atendimentos realizados à distância. Em consequência disso, há também uma grande demanda pela ferramenta de prescrição digital.

Segundo pesquisa da revista Medicina S/A, o Portal Receita Médica da Certisign apresentou crescimento de 1.230% na utilização do recurso de prescrição online. Essa expansão é facilmente explicada pelas vantagens oferecidas pelo recurso. A seguir, listamos as mais importantes:

1) Otimização da rotina do consultório

Com a alta demanda por atendimentos, os profissionais de saúde precisam buscar novas alternativas para otimizar a rotina e, com isso, ganhar tempo para cumprir seus compromissos. Para isso, a implementação da prescrição digital pode ser uma excelente medida.

Isso porque esta ferramenta torna o preenchimento das informações mais ágil e preciso, reduzindo o tempo que antes era gasto com a prescrição física. Assim, você terá maior disponibilidade para cuidar de assuntos mais urgentes.

2) Redução de custos

Quando ouvimos a palavra “tecnologia”, automaticamente associamos a algo que irá exigir um grande investimento. Porém, no caso da prescrição digital, esse pensamento não retrata a realidade. 

Na verdade, a funcionalidade trará economia para o consultório médico. Em primeiro lugar, não haverá mais a necessidade de confeccionar grandes volumes de receituários. Segundo que, com o envio eletrônico da receita, você reduz a despesa com suprimentos para impressão.

3) Melhora a qualidade do atendimento

Em uma rotina padrão de atendimento, parte do tempo da consulta é gasto com o preenchimento do prontuário do paciente, ficha de anamnese e com a prescrição de medicamentos, procedimentos ou exames.

Ainda, com a prescrição digital, você elimina pelo menos um desses gargalos. Dessa forma, ganha mais tempo para se dedicar ao paciente, melhorando a condução da consulta e, consequentemente, a experiência dele.

4) Diminuição de erros

A prescrição de medicamentos é, tradicionalmente, alvo de muitas reclamações dos pacientes, principalmente em função da ilegibilidade da famosa “letra de médico”. Porém, além do difícil entendimento, essa situação pode ocasionar erros que afetarão a saúde do paciente.

Por outro lado, com a prescrição digital, toda a receita é preenchida eletronicamente, facilitando a leitura do paciente e também do farmacêutico. Além disso, por ser integrada a um banco de dados, o médico terá acesso a todas as informações necessárias antes de prescrever um medicamento.

5) Garantia jurídica

Com a prescrição eletrônica, você também contribui com o combate à disseminação de receituários falsos. Isso porque o documento emitido digitalmente recebe certificação de autenticidade, que pode ser verificada no ato da compra de medicamentos.

Ademais, por ser uma receita assinada digitalmente, ela atende as normas do ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras). Com isso, todas as informações são registradas e armazenadas no sistema para posterior conferência.

6) Acessibilidade

Por ser uma funcionalidade integrada a softwares médicos e/ou plataformas de telemedicina, a prescrição digital pode ser realizada de qualquer lugar, bastando apenas um dispositivo conectado à internet.

Além disso, o paciente também não precisará mais carregar consigo a receita. Como o documento é encaminhado para o seu e-mail, ele pode acessá-lo pelo celular no momento da compra do medicamento.

7) Maior satisfação do paciente

Uma das principais vantagens de oferecer a prescrição digital é o impacto positivo que você causa na experiência do paciente. Seja pela agilidade, praticidade ou pela acessibilidade da receita eletrônica, ele deixará a consulta satisfeito com o atendimento.

Isso porque se sentirá valorizado e respeitado por você. Dessa maneira, a tendência é de que se fidelize ao seu consultório e que se torne um promotor da sua marca. Com isso, você será beneficiado com o ganho de autoridade e a maior demanda de pacientes.

8) Aumento na segurança das informações

O sistema de prescrição digital é submetido a diversos protocolos de segurança que evitam o vazamento de dados dos pacientes e a alteração não autorizada da receita. A proteção dessas informações é ainda maior nos softwares em nuvem.

Por serem alocados em servidores externos, esses sistemas contam com criptografia de dados, rotina de backups diários e controle de acesso por senha. Assim, você minimiza as chances de sofrer um ataque cibernético e mantém a integridade dos dados dos pacientes.

Então, como você pode perceber, a prescrição digital é uma ferramenta essencial para o momento em que vivemos, oferecendo segurança para o médico e para o paciente. Portanto, não perca tempo e implemente essa funcionalidade no seu consultório o quanto antes.

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e direção

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e direção

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno da infância caracterizado por níveis excessivos de hiperatividade e impulsividade e/ou desatenção. Para a maioria das crianças, o TDAH persiste na adolescência, período em que muitos tiram a habilitação para dirigir. Habilidades que são críticas na condução de veículos são frequentemente prejudicadas em indivíduos com TDAH. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas de licenciamento entre adolescentes com TDAH são mais baixas do que entre os adolescentes sem o transtorno.

Direção e TDAH

Estudos epidemiológicos iniciais sugerem um aumento do risco de acidente entre motoristas adolescentes com TDAH, mas com limitações metodológicas substanciais. Recentemente, Curry e colaboradores (2017) conduziram o primeiro estudo longitudinal para avaliação do risco de acidente entre motoristas adolescentes com TDAH na comunidade. Análises iniciais desse estudo mostraram que a taxa de risco de envolvimento em um primeiro acidente foi 36% maior entre os motoristas com TDAH em comparação a outros adolescentes. Infelizmente, pesquisas sobre os mecanismos comportamentais específicos subjacentes a este elevado risco de acidente são escassas, limitando a capacidade de desenvolver esforços de prevenção de acidentes baseados em evidências para motoristas novatos com TDAH.

Diante disso, Curry e colaboradores (2019) efetuaram o estudo Traffic Crashes, Violations, and Suspensions Among Young Drivers With ADHD, com o objetivo de comparar as taxas mensais de tipos específicos de falhas, violações e suspensões nos primeiros quatro anos de licenciamento de motoristas com e sem TDAH. Os indivíduos foram identificados a partir das seis práticas de cuidados primários de New Jersey dentro da rede do Children’s Hospital of Philadelphia (CHOP), que atende diferentes populações socioeconômicas, étnicas e raciais.

O banco de dados foi elaborado a partir de consulta aos prontuários eletrônicos do CHOP para selecionar pacientes que nasceram entre 1987 e 1997. Eles eram pacientes ambulatoriais da unidade CHOP em Nova Jersey e, para estabelecer residência em New Jersey, fizeram uma visita à rede CHOP como residentes em New Jersey dentro de 4 anos após terem se tornado elegíveis para dirigir (nos Estados Unidos, a habilitação para dirigir é permitida para jovens a partir de 16 anos) e mantiveram um endereço em New Jersey em sua última visita ao CHOP.

Foram identificados 1769 adolescentes com TDAH (12%). Em análises ajustadas, esses adolescentes foram 62% mais propensos a ter um acidente no primeiro mês de habilitação em comparação a adolescentes sem TDAH; em 4 anos após a habilitação, a taxa de acidentes foi 37% maior. Embora raros, acidentes com lesões e os relacionados ao álcool foram mais comuns em motoristas com TDAH. Aos 4 anos de acompanhamento, os adolescentes com TDAH foram 47% mais propensos a violações de trânsito (inclusive por dirigir negligentemente, com excesso de velocidade e utilizando eletrônicos) e violações relacionadas a álcool/drogas. Os adolescentes que obtiveram a sua habilitação aos 17 anos tiveram resultados semelhantes aos que atrasaram o licenciamento para os 18 anos ou mais.

Recomendações para o motorista jovem com TDAH

O estudo conclui que os motoristas adolescentes com TDAH apresentam um risco de colisão particularmente elevado em seus primeiros meses de habilitação, e o envolvimento em comportamentos de direção evitáveis ​​e de risco provavelmente está por trás disso. Estudos prospectivos para medir objetivamente os comportamentos de condução arriscados entre motoristas novatos com TDAH e examinar até que ponto quais desses comportamentos medeiam os resultados de condução são vitais para informar as estratégias de prevenção. O desenvolvimento de abordagens preventivas abrangentes para reduzir o risco de acidentes é fundamentalmente necessário.

Além de destacar a necessidade de os adolescentes com TDAH tomarem seus medicamentos quando planejarem dirigir, este estudo sugere que as habilidades de direção devem ser um alvo da terapia do transtorno, particularmente no primeiro mês após a habilitação. Para ajudar a reduzir as reações automáticas impulsivas, as crianças com TDAH, geralmente, precisam ter habilidades ensinadas passo a passo e praticadas repetidas vezes –  e as habilidades de condução de veículos não são diferentes. Os autores sugerem incentivar as famílias a encontrar um centro de terapia local que tenha um especialista certificado em reabilitação de condutores com este propósito. Limites em torno do uso de tecnologia e do uso de substâncias também são importantes.

Fonte: PEBMED – 

Autora: Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.

Referências: 

Doenças relacionadas às estações mais frias podem agravar sintomas em miastênicos

A bactéria pneumococo e os vírus Influenza e H1N1 figuram entre os desencadeadores de problemas respiratórios, mais comuns no outono e no inverno, e podem potencializar os sintomas relacionados à miastenia.

A Miastenia Gravis (MG), doença rara e de difícil diagnóstico, pode acometer pessoas em qualquer faixa etária, desde o nascimento até a terceira idade. Por ser autoimune e afetar a junção neuromuscular, a fraqueza e a fadiga da musculatura esquelética estão entre os principais sintomas, mas em alguns casos, a evolução da miastenia pode provocar fraqueza respiratória. Muitas vezes, esses sintomas se confundem com outras comorbidades, em especial nos idosos, dificultando o diagnóstico em pessoas acima de 60 anos e aumentando a progressão da doença.  

“Durante o outono e o inverno, as dores articulares tendem a aumentar e podem se tornar mais intensas em pacientes miastênicos, que já apresentam fraqueza muscular. É necessário redobrar os cuidados e prevenir também as doenças respiratórias, mais comuns nessa época do ano, evitando a disfasia (alteração na fala e compreensão) e o aumento da dificuldade em eliminar secreções orais, típicas da gripe e das alergias”, explica o Dr. Eduardo Estephan, médico neurologista e diretor científico da Abrami (Associação Brasileira de Miastenia).

Segundo o artigo científico denominado “Miastenia Gravis: implicações Anestésicas”, publicado na revista Brasileira de Anestesiologia, a fraqueza respiratória isolada ou combinada com a paralisia da deglutição é a complicação mais temida, bastante comum na crise miastênica. Além da fadiga, a presença de infecção – principalmente respiratória – pode levar à insuficiência grave, mesmo nos pacientes sem queixa anterior. 

De acordo com o Dr. Eduardo Estephan, embora a doença se manifeste com mais frequência em mulheres abaixo dos 50 anos, a Miastenia Gravis pode acometer pessoas de qualquer faixa etária, apresentando características diferentes em cada uma. 

A Miastenia neonatal (transitória) ocorre em 20% a 50% dos recém-nascidos de mães miastênicas. Dificuldade para a sucção, alterações respiratórias e faciais e pálpebra caída (ptose) são sintomas que podem aparecer logo após o nascimento ou entre 12 e 48 horas depois. A Miastenia Infantil ou congênita é decorrente de uma alteração genética e é rara quando a mãe não tem a doença, sendo mais comum em homens e com evolução de baixa mortalidade. Apenas 4% dos casos de miastenia ocorrem antes dos 10 anos de idade e 24% depois dos 20 anos. A Miastenia Jovem acomete mais mulheres do que homens e acontece por uma desordem autoimune, diferente da forma infantil, que apresenta um componente genético. Nesse caso, a doença tem um curso lento, com tendência à remissão.

Em adultos, a incidência é de aproximadamente 1 a cada 20.000 adultos, e mais comum em mulheres com menos de 50 anos. Após essa idade, há uma equivalência entre homens e mulheres, porém a doença tende a ser mais agressiva em homens, com baixa remissão e alta mortalidade. Em 3/4 dos pacientes que apresentam ptose (pálpebra caída) ou diplopia (visão dupla) como sintomas iniciais, a doença pode se generalizar com fraqueza da musculatura da faringe, resultando em outras complicações. 

“Aproveitando a chegada do outono, vale ressaltar a importância da vacinação, que é recomendada, em geral, para miastênicos idosos e não idosos. Deve ser considerada a imunização contra a gripe sazonal e H1N1 e contra pneumococo, bactéria considerada uma das principais causas de pneumonia e meningite em adultos, entre outras doenças”, reforça o especialista.

Vacinas Contra Covid-19 e Gripe: qual é o tempo de espera entre uma e outra?

Tanto a gripe quanto a covid-19 afetam o sistema respiratório e podem trazer complicações, sequelas e levar à morte. Portanto, as vacinas diminuem os riscos à saúde e, no caso dos pacientes miastênicos, elas podem ter um efeito menor devido ao comprometimento do sistema imunológico. Mesmo assim, a recomendação é que todos sejam imunizados contra as duas enfermidades. 

Geralmente, a campanha de vacinação contra a gripe prioriza os idosos. Neste ano, devido à pandemia, eles foram transferidos para uma segunda etapa para que não haja conflito com o calendário de vacinação contra a Covid-19.

O grupo de pessoas acima de 60 anos deve começar a ser imunizado a partir de 11 de maio, quando a maioria já estiver protegida contra o coronavÍrus, de acordo com as expectativas. Já os indivíduos com comorbidades ou deficiências permanentes receberão a vacina entre os dias 09 de junho e 09 de julho.

“Entre as duas imunizações, é importante priorizar a vacina contra a Covid-19 e, na sequência, tomar a vacina contra a influenza, respeitando o prazo indicado entre as duas. Esse intervalo é importante para evitar efeitos colaterais inesperados ou até uma resposta imunológica menos eficiente, embora saibamos que nos pacientes imunossuprimidos o efeito das vacinas pode ser menor”, explica o Dr. Eduardo.

Vacina Coronavac / Butantan

A indicação é aguardar de 14 a 28 dias entre a primeira e a segunda dose desta mesma vacina.

É necessário esperar mais duas semanas para ser imunizado contra a gripe, que exige apenas uma dose.

Vacina AstraZeneca / Oxford

Nesse caso, a ordem da vacinação muda, pois o prazo entre a primeira e a segunda dose é de três meses. É indicado que, após a primeira dose desta vacina contra a Covid-19, a pessoa aguarde duas semanas para receber a vacina contra a gripe. A segunda dose da vacina contra a covid-19 será aplicada somente após dois meses e meio, não havendo interferência entre as duas.

Informações para a imprensa 

VV4 PR – Comunicação e EstratégiaValéria Vargas – RP – valeria@vv4pr.com.br – Tel: +5511 99286-0839

Nortriptilina em foco: Dor crônica e neuropática

Os podcasts a seguir foram desenvolvidos pelo Dr. Ricardo Kobayashi, ortopedista especializado em dor e Ex-Presidente do Comitê de Dor da SBOT. Escute os podcasts e entenda um pouco mais sobre epidemiologia, quadro clínico, diagnóstico, tipos de tratamentos e dicas práticas que podem auxiliar no dia a dia de sua conduta.

Dicas Para Manter A Qualidade Da Experiência Do Paciente, Mesmo Na Pandemia

As medidas de enfrentamento ao novo coronavírus estão sendo adotadas em todo o mundo, transformando cada vez mais a rotina da população. No que diz respeito à relação com os médicos, há muitas dúvidas sobre como melhorar ou, pelo menos, manter a experiência do paciente.

Você também está buscando novas alternativas para oferecer um atendimento de qualidade ao seu público? Então, este artigo é leitura obrigatória. Nele, você vai conhecer algumas dicas sobre como entregar um serviço satisfatório em tempos de pandemia.

O que é a experiência do paciente?

Antes de apresentar essas dicas, precisamos contextualizar o assunto. Você entende o conceito de experiência do paciente? Segundo a Patient Centricity Consulting, essa experiência é analisada pelos seguintes pilares:

  • atendimento seguro e de qualidade, que seja capaz de evitar erros técnicos que afetem o estado de saúde do paciente;
  • cuidado centrado no paciente, que consiste na humanização do atendimento;
  • excelência na jornada, compreendendo desde o momento da busca por um profissional até a comunicação pós-consulta.

Ainda, esses pilares nos ajudam a entender o perfil do paciente digital, um novo público oriundo da transformação digital e que tem mais acesso à informação, exige maior autonomia e que deseja o atendimento a todas as suas necessidades.

No entanto, o conceito de experiência do paciente vai além de oferecer um atendimento satisfatório e humanizado. Como o objetivo é promover a saúde dele, também é necessário primar pela segurança e qualidade do serviço prestado.

Como a pandemia afetou a experiência do paciente?

Com a pandemia do novo coronavírus, há um número crescente de internações hospitalares e, consequentemente, de óbitos. Neste sentido, além da necessidade de lidar com a alta demanda de pacientes, as instituições de saúde precisam buscar alternativas para amenizar o sofrimento desse público.

Além disso, os pacientes acometidos pela Covid-19 precisam passar por outras dificuldades, tais como, internação prolongada, ausência de contato físico com familiares, inexistência de tratamentos alternativos e a possibilidade de não ter acesso aos recursos necessários.

Neste sentido, o principal impacto desta pandemia na experiência do paciente é a maior fragilização das pessoas. Com isso, é preciso garantir a humanização do atendimento, a segurança e a qualidade do serviço de saúde.

Agora que você entendeu o conceito de experiência do paciente e as dificuldades impostas por este momento de crise, conheça algumas dicas que contribuirão para a oferta de um atendimento satisfatório.

Saiba o que fazer para manter a experiência do paciente em tempos de pandemia

A procura por cuidados médicos sempre envolve um sintoma, desconforto, preocupação ou angústia. Com todos os transtornos trazidos pela Covid-19, essa situação é ainda pior. Nesse sentido, é imprescindível que você busque novas possibilidades para manter a experiência do paciente. A seguir, listamos algumas alternativas que irão lhe ajudar.

1) Facilite o agendamento de consultas

A primeira atitude essencial para amenizar o sofrimento dos seus pacientes é facilitar a marcação de uma consulta. Em situações normais, a morosidade desse processo já gera insatisfação. Durante a pandemia, o estresse é ainda maior.

Dessa forma, ofereça o recurso de agendamento online. Assim, o paciente passa a ter autonomia para marcar o atendimento, podendo fazê-lo de sua casa, em qualquer horário, dia e lugar.

Outra possibilidade que complementa esse recurso é o atendimento por WhatsApp. Por ser uma ferramenta de fácil utilização e conhecida por grande parte dos brasileiros, os pacientes não enfrentarão dificuldades para agendar um horário com você.

2) Seja transparente sobre os protocolos adotados

A pandemia da Covid-19 promoveu uma grande mudança na forma como os serviços são prestados e como nos relacionamos com outras pessoas. Isso porque surgiram protocolos de segurança que precisam ser adotados para evitar a propagação do coronavírus.

Neste sentido, seja transparente sobre as medidas que estão sendo adotadas no seu consultório. Para isso, compartilhe essas informações, de maneira didática e simples,  em todos os seus canais de comunicação.

Outra possibilidade é, antes do dia da consulta, enviar orientações para os seus pacientes sobre como a consulta será realizada e explicando os protocolos que ele precisará cumprir. Assim, você demonstra cuidado e atenção com o seu público.

3) Melhore a sua comunicação

A pandemia promoveu mudanças profundas na vida das pessoas. Por isso, é essencial que você invista em melhorias na sua comunicação, tornando-a mais humanizada, clara e objetiva. Neste sentido, sempre divulgue os protocolos de segurança que está adotando no seu consultório.

Além disso, oriente os pacientes sobre como utilizar a plataforma de telemedicina, explique como funciona este tipo de atendimento, esclareça as exigências de segurança, os recursos necessários, o tempo médio do atendimento, etc.

Outrossim, durante o atendimento remoto, lembre-se que o paciente pode estar fragilizado. Assim, sua comunicação deve ser afetiva, estando atento ao seu tom e ritmo da voz, expressões faciais e linguagem corporal.

4) Capacidade de resposta

Um dos aspectos que mais influenciam na experiência do paciente é a capacidade de resposta do profissional de saúde. Geralmente, quando um paciente procura se comunicar com seu médico, ele está enfrentando alguma situação que exige uma resposta urgente.

No entanto, em virtude da pandemia e o grande número de demandas, há uma maior dificuldade em manter uma comunicação ágil. Dessa forma, é importante capacitar seus funcionários para oferecer um atendimento rápido e respeitoso aos pacientes.

5) Mantenha contato no pós-consulta

Antes da pandemia da Covid-19, o relacionamento pós-consulta já era imprescindível para a fidelização dos pacientes. Agora, se tornou ainda mais necessário, principalmente para manter o engajamento deles com os tratamentos.

No entanto, com uma rotina de atendimentos cada vez maior, nem sempre é possível dedicar tempo para manter esse relacionamento com os pacientes. Então, para não deixar de se comunicar, invista em ferramentas que automatizam esse contato, como é o caso do e-mail marketing.

6) Garanta o atendimento humanizado

O conceito de humanização do atendimento consiste em estabelecer um relacionamento respeitoso com o paciente, dedicando a atenção necessária para ouvi-lo, compreendendo a fragilidade dele e oferecendo uma comunicação afetiva.

Ainda, essa regra vale tanto para consultas presenciais quanto virtuais. Assim, se esforce para evitar situações que prejudiquem a qualidade do atendimento, mas, caso aconteçam, não se desespere e explique a situação para o paciente.

Enfim, a relação entre médico e paciente foi fortemente impactada pela pandemia. Contudo, mesmo sendo um momento novo para ambos os lados, é preciso se dedicar para, pelo menos, manter a experiência do paciente.

Anvisa se manifesta sobre uso da ondansetrona na gravidez

Esta semana, uma nota da Agência Espanhola de Medicamentos e Estudos Sanitários (AEMPS) teve grande repercussão no meio médico. A publicação relacionou o uso da ondansetrona na gravidez com um aumento do risco de malformações congênitas, em especial defeitos orofaciais, baseando-se em dois estudos sobre o assunto.

Devido à grande comoção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu investigar o uso do medicamento em mulheres grávidas e divulgou um alerta para que os médicos prescrevam o mesmo com cautela, principalmente no primeiro trimestre da gestação. Além disso, recomenda que os médicos só prescrevam o medicamento para mulheres em idade fértil quando as mesmas estiverem usando métodos contraceptivos seguros.

Em nota, a Anvisa diz que ainda não está esclarecido o mecanismo pelo qual o fármaco pode interferir, mas que a segurança do uso do medicamento nestas mulheres também não está estabelecida. A agência reguladora ressalta que, dependendo dos resultados da investigação, existe a possibilidade contraindicar o uso nestes casos.

Uso da ondansetrona na gestação

Para o ginecologista e obstetra João Marcelo Coluna, professor na Universidade do Oeste Paulista, a medida é extrema, uma vez que a ondansetrona nunca foi o medicamento de primeira escolha para mulheres grávidas. “A ondansetrona não é utilizado em rotina obstétrica, é apenas um recurso quando as opções de primeira linha não funcionam, e seu uso é avaliado caso a caso. Ou seja, seu uso já é restrito, limitado”.

Ainda segundo o obstetra, a maior parte dos medicamentos precisam mesmo ser usados com restrições no primeiro trimestre, até mesmo a dipirona ou o paracetamol, por exemplo. “Alguns são realmente contraindicados, mas até os que não são dependem da avaliação e liberação do médico, principalmente no primeiro trimestre, mas também em toda a gravidez”.

Em nota, a Biolab, empresa farmacêutica que produz o fármaco, informou que a bula já traz a informação de que o medicamento só deve ser utilizado por mulheres grávidas sob recomendação médica ou odontológica, e que os profissionais sempre devem prescrever analisando caso a caso.

Estudos sobre o medicamento

A nota da AEMPS baseou-se em dois estudos recentes: um de coorte retrospectivo que analisou mais 88 mil mulheres com uso da ondansetrona no primeiro trimestre, comparando com mais de 1.700.000 que não usaram; e outro de caso-controle com mais de 864 mil casais de mães e filhos.

No primeiro estudo, os resultados apontaram três casos com defeitos orofaciais para cada 10 mil em mulheres expostas, mas sem observar malformações cardíacas. No segundo, houve um maior risco de malformações, mas não se viu risco de defeitos orofaciais.

Para João Marcelo, o maior problema em se basear nesses dois estudos é porque se contradizem. “Os estudos são respeitosos, já que tiveram uma grande base de participantes, mas é preciso analisar os detalhes, já que um fala em malformações cardíacas e o outro não, por exemplo.”.

Além disso, outros estudos não mostram malformações congênitas no uso da fármaco. “Temos muito mais estudos mostrando que não houve problemas no uso. É claro que isso não vai nos fazer utilizá-lo de forma rotineira, já que tudo o que é controverso evita-se usar. O problema é sempre o uso indiscriminado”, conclui o médico.

Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/anvisa-se-manifesta-sobre-uso-da-ondansetrona-na-gravidez/

Autor: Redação PEBMED

Referências bibliográficas:

Migrânea com aura: lamotrigina pode ser uma alternativa eficaz na profilaxia?

A migrânea, ou enxaqueca, é um tipo de cefaleia incapacitante relativamente comum e, além de sintomas como náuseas, vômitos e foto e fonofobia, pode ser precedida ou associada à aura, como são chamados os sintomas neurológicos focais e transitórios, reversíveis. A fisiopatologia da aura da enxaqueca tem sido associada à depressão alastrante cortical (DSC), porém sua relação direta com a migrânea ainda não é compreendida.

Conforme os pesquisadores entendem melhor a fisiopatologia da enxaqueca, novas terapias são estudadas para a doença, porém no caso daquelas com aura ainda há uma limitação de estudos buscando prevenir e/ou reduzir a frequência ou duração desses sintomas focais.

Pensando nisso, um estudo publicado, na última semana, no BMJ Neurology Open, buscou avaliar a eficácia da lamotrigina em comparação com o topiramato, medicamento de primeira linha para profilaxia da migrânea, nos casos de enxaqueca com aura.

A lamotrigina, assim como o topiramato, é uma droga antiepiléptica bloqueadora dos canais de sódio, que induz a inibição indireta da liberação de glutamato neuronal, bloqueando assim a propagação do DSC em todo o córtex cerebral.

Lamotrigina para migrânea com aura

O estudo retrospectivo avaliou registros clínicos de 1.152 pacientes de uma clínica de cefaleia de janeiro de 2014 a fevereiro de 2019. Os critérios de inclusão para inscrição foram:

  • Um diagnóstico de enxaqueca com aura ou aura sem enxaqueca de acordo com os últimos critérios diagnósticos da Headache International Society;
  • Dois anos ≥ 18 anos;
  • Início da enxaqueca antes dos 50 anos;
  • Presença de ataques de enxaqueca por pelo menos um ano antes de entrar no estudo;
  • Pelo menos dois ataques de enxaqueca com aura ou aura sem enxaqueca por mês nos três meses anteriores.

Os critérios de exclusão foram:

  • Qualquer outra cefaleia que não seja de migrânea;
  • Cefaleia crônica definida como mais de 15 dias de cefaleia por mês;
  • Coexistência de cefaleia por uso excessivo de medicamentos;
  • Qualquer outra condição médica comórbida grave (por exemplo, doença cardíaca, hepática, renal e psiquiátrica);
  • Outros tratamentos preventivos para enxaqueca nos últimos três meses antes de entrar no estudo; falha anterior de mais de dois agentes profiláticos.

Um total de 53 pacientes foram recrutados para alocação em tratamento ou com topiramato (n = 25) ou com lamotrigina (n = 28). A escolha dos grupos foi baseada no julgamento clínico do neurologista, levando em consideração a clínica do paciente, contraindicações aos medicamentos, tratamentos preventivos ineficazes anteriores e também as preferências do paciente.

Os tratamentos foram iniciados gradualmente, para diminuir os efeitos colaterais, e os pacientes foram acompanhados por, pelo menos, seis meses após o início. A dosagem variou de 25 mg a 100 mg duas vezes ao dia para ambos os medicamentos, de acordo com a avaliação de cada paciente.

Resultados

  • Os grupos eram pareados por sexo, mas não por idade, uma vez que os pacientes tratados com lamotrigina eram mais jovens do que aqueles tratados com topiramato (idade média de 37 e 46 anos, respectivamente);
  • Setenta e um por cento dos pacientes tratados com lamotrigina (20/28) já haviam sido tratados anteriormente com outro agente profilático para enxaqueca, enquanto no grupo do topiramato apenas 48% (12/25) tinham feito uso de outras terapias profiláticas, embora essa diferença não fosse estatisticamente significativa;
  • Dois pacientes do grupo da lamotrigina e um paciente do topiramato interromperam o tratamento após alguns dias devido a efeitos colaterais graves e, portanto, foram excluídos da análise de resultados;
  • Tanto a lamotrigina quanto o topiramato foram altamente eficazes na redução da frequência mensal da migrânea de pelo menos 50% no final do acompanhamento, e nenhuma diferença substancial entre os dois grupos de tratamento foi relatada.;
  • Em relação a frequência e duração da aura, as respostas foram melhores no grupo da lamotrigina em comparação com o grupo do topiramato (88% vs 79% e 73% vs 54%, respectivamente), embora a diferença não tenha significância estatística;
  • Sobre as taxas de resposta ideais, que seriam o paciente relatar o desaparecimento completo das crises de enxaqueca e da aura: as taxas tenderam a ser maiores nos pacientes em uso da lamotrigina em comparação aos pacientes tratados com topiramato (27% vs 13% e 50% vs 37%, respectivamente);
  • A lamotrigina mostrou reduzir a duração da aura por episódio de 15 min, enquanto o topiramato não mostrou eficácia relevante na redução deste parâmetro (p = 0,062);
  • Os efeitos colaterais foram significativamente mais frequentes nos pacientes em uso do topiramato em comparação com aqueles do grupo da lamotrigina (p = 0,004).

Os efeitos colaterais mais frequentes do topiramato foram: parestesia transitória, perda de peso, tonturas, sonolência e sintomas cognitivos, como dificuldades de concentração/atenção, pensamento lento e alterações de humor. Já os da lamotrigina foram: fadiga, ansiedade, sonolência e náusea.

Conclusões

O estudo demonstrou que o topiramato não foi eficaz em reduzir a frequência e duração da aura no acompanhamento de seis meses, apesar de ser comprovadamente eficaz na prevenção da migrânea. Já a lamotrigina mostrou uma redução da frequência e duração da aura, além de mais de três quartos dos pacientes com resposta à aura também relatarem uma redução da frequência de crises de enxaqueca durante o período de tratamento, sugerindo uma eficácia potencial do medicamento na profilaxia.

As diretrizes atuais não indicam a lamotrigina, por não ter se mostrado eficaz em ensaios clínicos. O estudo em questão mostrou que, principalmente naqueles que possuem efeitos colaterais fortes ao topiramato, a lamotrigina poderia ser uma opção de segunda linha, porém, por não alcançar relevância estatística, novas pesquisas devem ser feitas a partir desses resultados.

Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/migranea-com-aura-lamotrigina-pode-ser-uma-alternativa-eficaz-na-profilaxia/

Autor: Redação PEBMED

Referências bibliográficas:

  • Smeralda CL, Gigli GL, Janes F, et al. May lamotrigine be an alternative to topiramate in the prevention of migraine with aura? Results of a retrospective study. BMJ Neurology Open 2020;2:e000059. August 24, 2020. doi: 10.1136/bmjno-2020-000059. Available at <https://neurologyopen.bmj.com/content/2/2/e000059>

Doenças reumáticas autoimunes são mais comuns em mulheres miastênicas

Estudo revela que pacientes com Miastenia Gravis têm 6 vezes mais chances de desenvolver doenças autoimunes reumatológicas.

Aproximadamente 5% da população mundial é afetada por uma ou mais doenças autoimunes, sendo que a prevalência é mais alta em mulheres do que nos homens. Pacientes com um distúrbio autoimune têm maior risco de desenvolver um segundo transtorno, como é o caso da Miastenia Gravis (MG).

A MG é uma doença autoimune neuromuscular que afeta a junção muscular, causando fraqueza em diversos grupos musculares do corpo e dificultando – ou até impedindo – que a pessoa execute movimentos de forma voluntária. “Ela está diretamente associada a doenças reumáticas autoimunes incidentes, com risco maior de Artrite Reumatoide (AR), Síndrome de Sjogren primária (SSp) e Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), entre outras comorbidades”, reforça o Dr. Eduardo Estephan, médico neurologista e diretor científico da Abrami (Associação Brasileira de Miastenia).

O estudo denominado Thymectomy in patients with myasthenia gravis increases the risk of autoimmune rheumatic diseases: a nationwide cohort study”, traduzido para o português como “A timectomia em pacientes com Miastenia Gravis aumenta o risco de doenças reumáticas autoimunes: um estudo de corte nacional” e publicado em janeiro de 2019 na Revista Rheumatology, da Oxford Academy, apontou que o risco de doenças reumáticas foi 6,34 vezes maior em pacientes com Miastenia Gravis se comparados a outros sem a comorbidade.

A pesquisa foi feita a partir da identificação de pessoas com Miastenia Gravis na base de dados “Registro de Doenças Catastróficas” de médicos de Taiwan, que foi comparada com todos os dados da população geral do National Health Insurance Research Database e segmentada por sexo, idade e data de índice. A amostra reuniu 6.478 pacientes com Miastenia Gravis (58,3% mulheres com idade entre 50 e 55 anos) e 25.912 sem Miastenia Gravis (58,3% mulheres com idade entre 50 e 52 anos). 

Os resultados mostraram que as mulheres miastênicas apresentaram risco significativamente maior de desenvolver Síndrome Sjogren primária (15,84%), Lúpus Eritematoso Sistêmico – LES (11,32%) e outros tipos de doenças reumáticas autoimunes (4,07%). Além disso, pacientes com Miastenia Gravis submetidos à timectomia (cirurgia para retirada do timo) apresentaram riscos ainda maior para essas doenças. 

Muito comum em miastênicos, a timectomia é uma cirurgia para a remoção do timo, glândula localizada entre os pulmões e à frente do coração. Se ele não funciona bem, aumenta o risco de infecções e de doenças autoimunes, como a MG. 

Cerca de 10% dos miastênicos têm tumor de timo (timoma) e esses pacientes produzem anticorpos para combater o tumor, que acabam também reconhecendo o receptor de acetilcolina erroneamente como um “invasor”. A cirurgia de timo, entretanto, também pode ser indicada para pacientes sem tumor. Segundo o especialista, “a cirurgia só é indicada para pacientes com diagnóstico positivo para os anticorpos, que têm a doença há poucos anos e com idade não muito avançada”.

Doenças Reumatológicas Autoimunes

Artrite Reumatoide (AR)

 Doença inflamatória crônica, autoimune, que afeta as membranas sinoviais (fina camada de tecido conjuntivo) das articulações – mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés, ombros e coluna cervical. Em pacientes geneticamente predispostos, pode afetar também os órgãos internos, como pulmões, coração e rins.  Sintomas como rigidez matinal (regredindo durante o dia) e inchaço nas juntas são comuns, sendo que progressão da doença está associada a deformidades e alterações das articulações, que podem comprometer os movimentos.

Mulheres entre 50 e 70 anos têm duas vezes mais chances de desenvolver a AR do que os homens da mesma faixa etária, embora possa se manifestar em qualquer idade e em ambos os sexos.

Síndrome de Sjogren primária (SSp)

Doença reumática autoimune caracterizada pela secura excessiva dos olhos, boca e outras membranas e mucosas. Considerada a mais frequente entre as doenças raras, a SSp afeta 2% da população mundial e tem duas formas de apresentação: a primária, que ocorre de forma isolada e sem nenhuma relação com outras inferminades do tecido conjuntivo, e a secundária, quando outras doenças reumatológicas se manifestam simultaneamente, como artrite reumatoide, lupus eritematoso sistêmico, vasculite e tireoidite de Hashimoto.

Entre os principais sintomas estão pele seca, dor nas articulações, secura vaginal, alergias, alterações no intestino, rim e pulmões, dormência ou formigamento nas mãos e pés e fadiga extrema.

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

O lúpus é uma doença inflamatória autoimune desencadeada por um desequilíbrio no sistema imunológico, que pode se manifestar sob a forma cutânea (atinge apenas a pele) ou ser generalizado.

Fatores genéticos e ambientais estão envolvidos no aparecimento das crises de lúpus. Entre as causas externas estão exposição ao sol, uso de determinados medicamentos e ação de alguns vírus e bactérias. O estrógeno (hormônio sexual feminino) também está entre os fatores, o que pode justificar a prevalência maior nas mulheres em idade fértil.

 “Ainda não há estudos conclusivos para traduzir as opções terapêuticas clínicas para as doenças reumáticas associadas à Miastenia Gravis. A recomendação é procurar um neurologista, preferencialmente especializado em Miastenia que, com base na história de cada paciente e nos resultados de exames neurológicos e laboratoriais, poderá definir o tratamento mais adequado, além de identificar fatores determinantes à evolução da doença ao longo da vida”, finaliza o médico.

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