O que diz o recém-aprovado protocolo nacional para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)

O Ministério da Saúde aprovou protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). De caráter nacional, o documento estabelece os parâmetros para o diagnóstico, bem como o tratamento e o acompanhamento preconizados na rede pública para os indivíduos com esta doença. Confira, a seguir, as principais orientações.

Critérios para diagnóstico do TDAH

O protocolo recém-aprovado ressalta que o diagnóstico incorreto, bem como o atraso e a ausência de diagnóstico, tem sérias consequências para o indivíduo com TDAH. Por outro lado, a identificação da doença no estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado do paciente garantem melhor resultado terapêutico. A publicação fornece as seguintes orientações para o diagnóstico do quadro:

Profissionais aptos para o diagnóstico – o diagnóstico do TDAH deve ser realizado por um médico psiquiatra, pediatra, neurologista, neuropediatra ou outro profissional de saúde devidamente qualificado, com treinamento e experiência no transtorno.

  • É fundamental o envolvimento de equipe multidisciplinar para avaliação e gerenciamento adequados da doença.

Características e comportamentos indicativos – o TDAH começa a se manifestar na infância e costuma persistir ao longo de toda a vida. O transtorno é caracterizado por sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade em um nível exacerbado e disfuncional para a idade, tais como:

  • Falta de persistência em atividades que requeiram envolvimento cognitivo;
  • Tendência a mudar de uma atividade para outra sem completar nenhuma;
  • Movimentos excessivos do corpo de forma descoordenada.

Para se enquadrar no diagnóstico de TDAH, as características apresentadas devem atender aos seguintes critérios:

  • Início precoce e persistentes;
  • Prejuízos em dois ou mais contextos (casa, escola e ambiente clínico);
  • Comprometimento significativo do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Método de avaliação: em casos de suspeita de TDAH, deve ser realizada uma avaliação clínica e psicossocial completa. O especialista deve considerar os critérios dos sintomas ajustados à fase de desenvolvimento e, sempre que possível, os pontos de vista da pessoa com TDAH. Também devem ser consideradas as informações advindas dos responsáveis e da escola, no caso de pacientes em idade escola devem estar presentes pelo menos durante 6 meses.

  • O profissional poderá fazer uso de diferentes escalas de avaliação (como o questionário SNAP-IV) para obter maior rigor na classificação do quadro.

Identificação de fatores de risco – durante a avaliação, o profissional de saúde deve estar ciente de que os seguintes grupos estão mais propensos ao TDAH:

  • Indivíduos nascidos prematuros;
  • Crianças e jovens com diagnóstico de transtorno desafiador de oposição ou transtorno de conduta;
  • Crianças e jovens com transtornos de humor (como ansiedade e depressão);
  • Pessoas com um familiar próximo com diagnóstico de TDAH;
  • Pessoas com epilepsia;
  • Pessoas com transtornos de neurodesenvolvimento (por exemplo, transtorno do espectro do autismo);
  • Pessoas com histórico de uso indevido de substâncias psicoativas.

Diagnóstico diferencial – os principais sintomas do TDAH podem se confundir com outras condições clínicas. Em casos específicos, exames laboratoriais são indicados para excluir outra doença. Além disso, algumas investigações adicionais podem ser relevantes, incluindo polissonografia ou eletroencefalograma.

O protocolo elenca as principais condições que podem se assemelhar ao TDAH e alguns de seus sinais e sintomas que não são característicos do transtorno. Essas condições incluem:

  • Desordens psiquiátricas – transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno bipolar, transtorno opositivo-desafiador e síndrome de Tourette.
  • Relacionadas a medicamentos – medicamento com evento adverso de entorpecimento cognitivo (como estabilizadores de humor) e medicamento com ativação psicomotora (como descongestionantes, beta-agonista).
  • Condições médicas gerais – disfunção tireoidiana, hipoglicemia e distúrbios do sono.

Diagnóstico de eventuais comorbidades – é fundamental que o médico consiga fazer o diagnóstico das comorbidades presentes em adultos e crianças com TDAH, dada a alta prevalência de condições de saúde associadas nesses pacientes, uma vez que, o tratamento para cada uma delas é distinto. Os transtornos comórbidos mais comuns no TDAH variam de acordo com o estágio de desenvolvimento, podendo incluir:

  • Transtornos do humor;
  • Transtornos de ansiedade;
  • Transtornos do desenvolvimento neurológico;
  • Transtornos de personalidade, sobretudo transtorno de personalidade borderline e antissocial;
  • Transtornos por uso de substâncias psicoativas;
  • Distúrbios do sono, sobretudo síndrome das pernas inquietas e hipersonolência.

Tratamento do TDAH

O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o TDAH preconiza a intervenção multimodal para o gerenciamento da condição. O documento dispõe sobre o tratamento não medicamentoso, incluindo atendimento psicológico, orientação aos familiares e apoio escolar.

Terapia cognitivo-comportamental – dentre as intervenções psicossociais para o TDAH, destaca-se a terapia cognitivo-comportamental (TCC). A abordagem envolve o ensino de técnicas de gerenciamento de humor, autorregulação emocional, habilidades organizacionais e outras habilidades específicas para lidar com o transtorno.

  • Na infância, a intervenção é focada no treinamento dos pais;
  • Na fase infanto-juvenil e na vida adulta, estudos mostram que, em comparação ao uso exclusivo de medicamentos, a TCC associada à medicação é mais eficaz para o controle de sintomas de TDAH e dos níveis de ansiedade e depressão autorreferidos.

Intervenções escolares – diferentes intervenções podem ser usadas para amenizar os sintomas e prejuízos em alunos do ensino fundamental com TDAH, incluindo estratégias comportamentais, acadêmicas e de autorregulação.

  • A parceria entre a escola e a família do paciente ajuda no processo de gerenciamento do TDAH;
  • A atenção diferencial dos professores é uma medida importante para melhorar o comportamento e o desempenho escolar de alunos com o transtorno;
  • Em relação ao desempenho escolar, a equipe multidisciplinar deve ajudar a família e a criança a atingir metas específicas e viáveis durante o tratamento.

Orientação para pacientes – após o diagnóstico de TDAH, o profissional de saúde deve discutir com o paciente – na presença de seus familiares ou cuidadores, conforme apropriado – os possíveis impactos do TDAH na vida dele. É importante que a conversa englobe:

  • Os impactos positivos e negativos de receber o diagnóstico de TDAH;
  • Os sintomas associados ao transtorno e os pontos fortes daquele paciente;
  • A importância de modificações ambientais, como ajustes na escola, faculdade ou trabalho; 
  • O aumento do risco de uso indevido de substâncias e automedicação;
  • Formas de gerenciar o TDAH.

Orientações para familiares – os pais ou cuidadores precisam ser informados sobre como o TDAH poderá afetar a criança ou adolescente e sobre a necessidade de uma abordagem de tratamento multidisciplinar. Alguns tópicos que o profissional de saúde pode debater com a família são:

  • Perguntar como isso os afeta diretamente e discutir quaisquer preocupações que eles tenham;
  • Incentivar a atenção com suas necessidades pessoais, sociais e de saúde mental;
  • Discutir as necessidades de um pai ou uma mãe com TDAH que tem um filho com o mesmo transtorno.

Hábitos alimentares – o protocolo do Ministério da Saúde não fornece diretrizes específicas relacionadas à alimentação para pessoas com TDAH, mas aponta que alguns estudos sobre o tema mostraram que:

  • Crianças com TDAH têm hábitos alimentares irregulares e são mais propensas à compulsão alimentar;
  • Existem efeitos protetores com a maior ingestão de ferro, zinco e ácidos graxos poli-insaturados;
  • Existem eventos adversos com a maior ingestão de corantes alimentares, conservantes e açúcar em pacientes com TDAH, embora não seja consenso que o consumo de açúcar agrave os sintomas do transtorno.

Monitoramento de pacientes com TDAH

O protocolo do governo brasileiro para o TDAH também destaca a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes, o monitoramento da eficácia das medidas terapêuticas instituídas e o acompanhamento das condições de saúde associadas.

  • Para avaliar a resposta ao tratamento e monitorar o progresso do paciente, é aconselhado o uso de questionários baseados em evidências.

Cuidado multidisciplinar – é aconselhável que a equipe envolvida no tratamento e acompanhamento de pessoas com TDAH seja composta, entre outros especialistas, por:

  • Médico;
  • Psicólogo,
  • Fonoaudiólogo;
  • Psicopedagogo;
  • Assistente social.

Periodicidade de avaliação – o ideal é que as primeiras consultas ocorram em intervalos inferiores a 30 dias. Posteriormente, o intervalo pode ser ampliado para a cada três ou quatro meses.

Transição para a vida adulta – pacientes com TDAH que recebem assistência em serviços pediátricos devem ser reavaliados na idade de deixar a escola quanto à necessidade de continuar o tratamento. Se este for o caso, devem ser feitos arranjos para uma transição suave para os serviços de adultos.

Exames complementares – não são preconizados como prática cotidiana. Eles devem ser solicitados pelo profissional de saúde quando houver necessidade.

Referências


Tratamento da irritabilidade em pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo

Prof. Dra. Liubiana Arantes de Araújo
CRM/MG 36.278 | RQE 30.524
Título em Neurologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Médica Brasileira (AMB). Fellow nas áreas de neurociências e neuromodulação terapêutica pela Harvard Medical School. Doutora em neuropediatria e reabilitação pelo Programa de Pós-graduação em Medicina e Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Presidente do Departamento de Neurodesenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria desde 2016.

Leia aqui no PDF:

Tricíclicos e probióticos no tratamento da síndrome do intestino irritável 

A síndrome do intestino irritável é uma doença funcional, recorrente da interação do cérebro-intestino que pode causar dores abdominais recorrentes. Existem diversos tratamentos da SII, entre eles os antidepressivos tricíclicos e os probióticos.

Os Tricíclicos apresentam eficácia no controle geral dos sintomas, inibindo a recaptação da noradrenalina e serotonina, neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia da dor e com uma melhora perceptível entre 4 e 12 semanas. Entre os tricíclicos utilizados para essa finalidade, o que apresenta melhor tolerabilidade sem afetar a eficácia é a nortriptilina.

Além disso, a SII é uma doença multifatorial, dentre eles, a alteração da microbiota e a disbiose. Sendo os probióticos recomendados para uma melhor modulação dessa microbiota e melhorando o processamento da conexão central e sistema nervoso entérico.

Acesse a vídeo aula feita pelo Dr. Gerson Domingues, Prof. Adjunto da Disciplina de Gastroenterologia da Faculdade de Ciências Médicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e pela Dra. Maria do Carmo, Vice-presidente do Núcleo Br. para Estudo do H. pylori e ex-presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia e entenda mais sobre o assunto:

Ansiedade, insônia, as implicações psicopatológicas no pós-pandemia e o uso de antidepressivo tricíclico como opção terapêutica

O transtorno de ansiedade generalizada, ou TAG, é de alta prevalência nos dias atuais.
Dentre as inúmeras queixas somáticas referidas pelos pacientes, o distúrbio do sono é
o principal sinal para busca por avaliação médica. Ensaios clínicos indicam que a
insônia constitui fator de risco para o aparecimento posterior de transtorno de
ansiedade. No contexto da pandemia do Covid-19, esta relação se aprofundou:
revisões sistemáticas já publicadas indicam que pacientes com Covid-19 referiram
ansiedade e/ou distúrbios do sono, sendo tais implicações psicopatológicas
reconhecidas como sintomas primários da fase pós-Covid-19 aguda.1,2,3,4,5,6


O tratamento do TAG é multifatorial e com diversas classes de medicamentos de
escolha: inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores seletivos da
recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRN), inibidores da monoaminoxidase
(IMAO), tetracíclicos (ADTC) e tricíclicos (ADTs). Entre os tricíclicos, destaca-se o
cloridrato de nortriptilina.7,8


O cloridrato de nortriptilina, cuja marca de referência é o Pamelor®, age no sistema
nervoso central. Atua como inibidor da recaptação dos neurotransmissores serotonina
e norepinefrina, com efeito vasoconstritor.7,8


Um ensaio clínico randomizado avaliou a terapia por administração de cloridrato de
nortriptilina e por adoção de terapia metacognitiva (MCT) para ansiedade, depressão e
sofrimento psíquico. A randomização distribuiu pacientes em três grupos, estes
recebendo MCT, nortriptilina e controles. O ensaio conclui que a combinação de
psicoterapia metacognitiva com terapia farmacológica conservadora, por meio do uso
de cloridrato de nortriptilina, é eficaz no combate aos sintomas de ansiedade e de
sofrimento emocional, no acompanhamento de curto e de longo prazo.8

O cenário pós-pandêmico do Covid-19 indica novos índices de prevalência para
enfermidades como ansiedade e distúrbios do sono. Ensaio clínico randomizado indica
que pacientes com Covid-19 apresentam, em relação à população em geral, um
aumento substancial destes distúrbios em comparação com a prevalência
pré-pandêmica: 47% dos pacientes experimentam TAG e 34% dos pacientes
apresentam distúrbios do sono.9,10,11


Neste contexto, levando-se em consideração que o TAG geralmente é crônico e
frequentemente associado a sintomas depressivos – e possivelmente a comorbidades
relacionadas ao sono -, a farmacoterapia ideal pode ser baseada em um medicamento
que trate adequadamente essas disfunções. Antidepressivos, especialmente aqueles
com ação no sistema serotoninérgico e, possivelmente, noradrenérgicos, podem ser a
opção adequada: eles não apenas tratam a ansiedade, mas também tratam ou
previnem o desenvolvimento de depressão como uma comorbidade ao TAG.9,10,11


Referências


1 – Fochesatto Filho L, Barros E. Medicina Interna na Prática Clínica. Porto Alegre:
Artmed; 2013.
2 – Kapczinski F, dos Santos Souza JJSS, Batista Miralha da Cunha AABC, Schmitt RRS.
Antidepressants for generalised anxiety disorder (GAD). Cochrane Database of
Systematic Reviews 2003.
3 – K Rickels, R Downing, E Schweizer, H Hassman. Antidepressants for the treatment
of generalized anxiety disorder. A placebo-controlled comparison of imipramine,
trazodone, and diazepam. Arch Gen Psychiatry. 1993 Nov; 50(11): 884-95.
4 – Jaime M Monti. Insônia primária: diagnóstico diferencial e tratamento. Rev Bras
Psiquiatria. 2000; 22(1): 31-4.

5 – Mario Gennaro Mazza, Mariagrazia Palladini, Sara Poletti. Post-COVID-19 Depressive
Symptoms: Epidemiology, Pathophysiology, and Pharmacological Treatment. CNS
Drugs. 2022 Jun 21;1-22. doi: 10.1007/s40263-022-00931-3.
6 – Jiawen Deng, Fangwen Zhou, Wenteng Hou, Zachary Silver, Chi Yi Wong, Oswin
Chang, Emma Huang, Qi Kang Zuo. The prevalence of depression, anxiety, and sleep
disturbances in Covid-19 patients: a meta-analysis.
Epub 2020 Oct 2.
7 – ANVISA. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Consultas. Bulário Eletrônico.
Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/q/?nomeProduto=PAMELOR
Acesso em: 30 jun 2022.
8 – Batebi, S., Masjedi Arani, A., Jafari, M., Sadeghi, A., Saberi Isfeedvajani, M., &
Davazdah Emami, M.H. (2020). A randomized clinical trial of metacognitive therapy and
nortriptyline for anxiety, depression, and difficulties in emotion regulation of patients
with functional dyspepsia. Research in Psychotherapy: Psychopathology, Process and
Outcome, 23(2), 157-166. doi: 10.4081/ripppo.2020.448.
9 – R B Hidalgo, J R Davidson. Generalized anxiety disorder. An important clinical
concern. Med Clin North Am. 2001 May; 85(3): 691-710.
10 – Salari, N., A. Hosseinian-Far, R. Jalali, et al. 2020. Prevalence of stress, anxiety,
depression among the general population during the COVID-19 pandemic: a systematic
review and meta-analysis. Global Health 16: 57. 112.
11 – Lin, L.-Y., J. Wang, X.-Y. Ou-Yang, et al. 2020. The immediate impact of the 2019
novel coronavirus (COVID-19) outbreak on subjective sleep status. Sleep Med.

Probióticos na dermatologia [Vídeo]

Neste vídeo, o Dr. Luiz Gameiro fala sobre o uso de probióticos na dermatologia.

Por acaso você já ouviu dizer que “somos”, em termos quantitativos, mais bactérias do que humanos?

Temos em nossos organismos cerca de 10 trilhões de células, mas temos mais de 100 milhões de microrganismos vivendo principalmente no trato gastrointestinal, sendo a grande maioria bactérias.

E qual é a interação destes microrganismos com o corpo humano?

Todo o revestimento da pele e das mucosas apresenta inúmeras bactérias, fungos e vírus vivendo em constante harmonia, e este equilíbrio é o que traz a saúde e a manutenção de um organismo saudável.

E qual a origem desses microrganismos?

Tudo começa ainda no período intrauterino, principalmente durante o parto, dependendo da modalidade escolhida.  Em partos cesárias, o contato das bactérias que esse bebê tem logo nos primeiros segundos de vida, é com as bactérias da pele, visto que a cabeça e o corpo do bebê tem contato com as bactérias da flora bacteriana cutânea, que é totalmente diferente da flora da mucosa do trato genital urinário e do trato gastrointestinal. Logo em seguida o neném tem contato com a pele da mãe e também com a amamentação natural exclusiva, fazendo com que os primeiros 1.000 dias de vida sejam essenciais para a modulação da microbiota intestinal e cutânea.

E como é a microbiota cutânea?

A pele em si é um órgão extenso e a colonização destes microrganismos dependem do hospedeiro, do ambiente em que ele vive, exposições previas (Exemplo: tipo de vacinação, uso de antibióticos), e tudo isso molda esse microbioma de forma a ele ser mais ou menos diverso.

As alterações dermatológicas como: urticárias, eczema atópico, dermatites variadas e infecções como a acne estão diretamente relacionadas à disbiose.

E qual a relação entre a microbiota do intestino e a dermatite atópica? (Eixo intestino-pele)

A dermatite atópica é uma das condições dermatológicas mais comuns nos consultórios, que ocorre através de pele seca, prurido, manchas eritematosas, liquenificadas e este desconforto que favorece não só infecções como também outras alergias como alergias alimentares. Essa suposta interligação entre intestino e pele é atribuída ao papel de modulação da resposta imunológica pela MI, o que pode auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças de fundo alérgico e imunológico. 

O papel dos probióticos no tratamento da DA ainda não é completamente esclarecido, além do que a microbiota intestinal dos pacientes atópicos parece ser, de fato, diferente dos indivíduos não-alérgicos. Dentre os diversos probióticos avaliados no contexto da DA, o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®) é uma das cepas mais bem estudadas, com uma quantidade considerável de evidências correlacionando esses assuntos. 

Diante da possibilidade de prevenir o surgimento da DA e de melhorar seu controle clínico de forma segura, o uso de probióticos – sendo o LGG® um dos mais amplamente estudados – tem se mostrado útil no manejo da doença.

Assista o vídeo completo para entender todos os tópicos sobre o uso de probióticos na dermatologia.

O uso dos tricíclicos na síndrome do intestino irritável [Vídeo]

A síndrome do intestino irritável é uma doença funcional, recorrente da interação do cérebro-intestino ocorrendo, pelo menos, 1x/semana por um período de 3 meses ou mais e sendo capaz de interferir na qualidade de vida das pessoas.

Existem diversos tratamentos da SII, entre eles os antidepressivos tricíclicos que apresentam eficácia no controle geral dos sintomas da SII, inibindo a recaptação da noradrenalina e serotonina, neurotransmissores envolvidos na fisiopatologia da dor e com uma melhora perceptível entre 4 e 12 semanas. Entre os tricíclicos utilizados para essa finalidade, o que apresenta melhor tolerabilidade sem afetar a eficácia é a nortriptilina.

Acesse a vídeo aula feita pelo Dr. Gerson Domingues, Prof. Adjunto da Disciplina de Gastroenterologia da Faculdade de Ciências Médicas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e entenda mais sobre o assunto:

Cefaleia Pós-Covid 19 [Vídeo]

A cefaleia pode durar dias, impactando nas atividades diárias das pessoas e sendo a segunda doença que mais gera incapacidade no mundo. Com a pandemia, ocasionada pela Covid-19, grande parte das pessoas infectadas e pós infecção apresentaram a dor de cabeça como um dos sintomas.

Existem diversos medicamentos que são utilizados para o tratamento dessas dores, incluindo o uso de antidepressivos tricíclicos (TCA) como a nortriptilina, sendo um dos mais usados na profilaxia da migrânea.

 Acesse o vídeo abaixo e entenda mais sobre o assunto:

Tecnologia OROS® no tratamento do TDAH [Vídeo]

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno caracterizado pela frequência e intensidade de diversos comportamentos, sendo necessário um tratamento multidisciplinar.

Entre os diversos tratamentos terapêuticos, os guidelines trazem os medicamentos à base de metilfenidato como primeira escolha de tratamento do TDAH. Porém com o Concerta® existem benéficos devido sua Tecnologia OROS®, que através do processo de osmose, apresenta uma liberação prolongada do medicamento, gerando uma eficácia de 10 a 12 horas e evitando a taquifilaxia.

Veja o vídeo que apresenta o mecanismo de ação de Concerta® com sua Tecnologia OROS®.

1 ano de Culturelle no Brasil!

Culturelle completa um ano no Brasil.

O probiótico mais vendido no mundo agora cultiva a saúde de milhares de brasileiros. Por isso, hoje queremos agradecer a todos pelo nosso primeiro ano juntos! E que essa data se repita por muitos e muitos anos com muita saúde é claro.

Cultive seu melhor com Culturelle.

O uso de antipsicóticos em crianças reduziu nos Estados Unidos

De acordo com o estudo Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children, publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o uso de antipsicóticos diminuiu nos Estados Unidos, de 2009 a 2017, em crianças pequenas com planos de saúde. No entanto, a maioria das prescrições permanece off-label, sem dados de eficácia e segurança.

Método

A população do estudo incluiu crianças pequenas de um banco de dados de reivindicações comerciais, em todos os Estados Unidos, no período de 2007 a 2017. Os pesquisadores estimaram o uso anual por idade e sexo, definido como o número de crianças que dispensaram um antipsicótico por ano, dividido pelo número inscrito. Além disso, foram descritos os diagnósticos clínicos e a utilização de serviços de saúde mental entre os participantes com uso prescrito em 2009 e 2017.

Diminuição no uso de antipsicóticos em crianças pequenas

Os resultados desse estudo mostraram que o uso anual de antipsicóticos em crianças pequenas foi de 0,27% em 2007, atingiu um pico de 0,29% em 2009 e diminuiu de forma estatisticamente significativa para 0,17% em 2017. O uso foi maior em meninos do que em meninas.

Uma proporção maior de usuários recebeu um diagnóstico de transtorno mental em 2017 (89%) do que em 2009 (86%, p <0,01). Os diagnósticos clínicos mais comuns, sob uma classificação hierárquica, foram transtorno invasivo do desenvolvimento (2009 = 27%, 2017 = 38%, p <0,01), transtorno do comportamento disruptivo ou de conduta (2009 = 15%, 2017 = 21% , p <0,01) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (2009 = 24%, 2017 = 18%, p <0,01).

Entre os usuários de antipsicóticos de 2017, 32% tiveram quatro ou mais solicitações de psicoterapia, 43% fizeram uma consulta com um psiquiatra e a maioria usou outro medicamento psicotrópico, mais comumente um estimulante (meninos = 57%, meninas = 50%).

Limitações

O estudo possui inúmeras limitações:

  • Este estudo avaliou tendências em crianças com plano de saúde com cobertura dos medicamentos prescritos, não sendo generalizáveis para crianças sem plano ou matriculadas no sistema americano Medicaid;
  • A fonte de dados pode não generalizar todos os indivíduos com plano de saúde;
  • A prescrição de antipsicóticos provavelmente varia entre as regiões dos Estados Unidos;
  • Os diagnósticos foram baseados em códigos registrados em qualquer momento em determinado ano; estes não são validados com base em entrevistas psiquiátricas estruturadas e não se pode determinar a indicação pretendida de tratamento antipsicótico, nem a adequação clínica ou eficácia;
  • A variação nos diagnósticos, entre 2009 e 2017, pode estar relacionada à mudança do Código Internacional de Doenças da nona para a décima edição (CID-9 para CID-10);
  • Não foi feita distinção entre o uso de um antipsicótico novo e contínuo;
  • Não foram levadas em consideração a ordem temporal de prescrições e diagnósticos, o uso dos medicamentos ou de serviços de saúde mental;
  • As doenças mentais na população podem ter sido subestimadas. Os serviços de saúde mental não cobertos pelo plano não são registrados no banco de dados;
  • Não foi determinada a indicação de uso de outros medicamentos prescritos;
  • Não foi possível distinguir com segurança psiquiatras infantis e de adolescentes de outros psiquiatras;
  • Os pesquisadores não tiveram acesso a prescrições dispensadas em ambientes hospitalares, embora o foco do estudo tenha sido o tratamento comunitário;
  • Não havia dados disponíveis sobre raça e etnia.

Conclusões

Apesar das diversas limitações, no geral, a prescrição de medicamentos antipsicóticos diminuiu na última década entre meninos e meninas muito jovens que têm planos de saúde nos Estados Unidos, o que pode refletir uma tendência de prescrição mais cautelosa. Os resultados sugerem grandes mudanças para condições com menos evidências clínicas que suportam o uso em crianças pequenas, juntamente com ligeiros aumentos no uso de psicoterapia entre crianças pequenas com tratamento antipsicótico prescrito.

Apesar dessas tendências encorajadoras, no entanto, os pesquisadores destacaram que muito do uso de antipsicóticos em crianças pequenas continua a ocorrer em crianças diagnosticadas apenas com condições em que ainda não têm eficácia comprovada e nem há dados de segurança.

Esses achados, somados ao número substancial restante de crianças tratadas que não recebem intervenções psicossociais de saúde mental, sugerem que ainda há espaço para melhorias no tratamento comunitário de crianças pequenas com estes tipos de medicamentos.

Em jovens, os antipsicóticos têm sido associados a risco de ganho de peso, sedação, diabetes, hiperlipidemia, efeitos cardiovasculares, reações extrapiramidais e morte inesperada. Estas preocupações são especialmente salientes em crianças muito pequenas, nas quais os efeitos adversos dessa classe de medicamentos no desenvolvimento e em longo prazo são desconhecidos.

Fonte: https://pebmed.com.br/o-uso-de-psicoticos-em-criancas-reduziu-nos-estados-unidos/

Autor(a): Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Referência Bibliográfica:

  • Bushnell GA, Crystal S, Olfson M. Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020 Oct 19:S0890-8567(20)31987-0. doi: 10.1016/j.jaac.2020.09.023. Epub ahead of print. PMID: 33091567