Como é feito o diagnóstico do TDAH, e por quem é feito
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é bastante comum, a estimativa é que cerca de 4 a 12% das crianças e adolescentes entre os seis e doze anos no mundo têm a condição. Continue a leitura para saber quais são as possíveis causas, do TDAH como é feito o diagnóstico e como o transtorno afeta a vida dos pacientes.
O que é TDAH?
O TDAH é uma desordem neurobiológica que pode ser causada por fatores genéticos, entre outros. O transtorno faz com que a pessoa tenha dificuldade em sustentar o nível de atenção e o foco, além de ser muito mais inquieta e impulsiva. Então, a pessoa fica mais agitado, impaciente e tem dificuldade com atividades longas ou repetitivas.
Na maior parte das vezes, o TDAH é identificado durante a infância ou adolescência. Entretanto, mesmo com algumas intervenções e, consequentemente, melhoria nos sintomas, 40 a 80% das pessoas que recebem o diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ainda mantêm características na adolescência. E até 66% delas preenchem critérios do diagnóstico na vida adulta.
Quais as possíveis causas de TDAH?
Os pacientes com TDAH têm alterações na região frontal do cérebro, que é responsável pela inibição do comportamento, capacidade de atenção, autocontrole, planejamento e memória.
Apesar de o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ser uma desordem neurobiológica, não se sabe exatamente por que isso acontece. Existem estudos indicando que as principais causas dessas alterações ocorrem no sistema de neurotransmissores, cuja função é passar informações entre os neurônios. Existem alguns fatores que aumentam o risco de isso acontecer, tais como:
- Hereditariedade – ter na família alguém que tenha TDAH ;
- Consumo de determinadas substâncias durante a gravidez – pesquisas apontam que consumir tabaco, álcool e cocaína durante a gravidez pode causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, inclusive na região frontal;
- Outros problemas que afetam o cérebro – pessoas que têm epilepsia ou alguma lesão cerebral possuem maior chance de receber o diagnóstico de TDAH;
- Prematuridade – o bebê que nasce antes do tempo tem um risco maior de apresentar o transtorno;
- Baixo peso ao nascer – os bebês que nascem com peso menor que 1,5 kg também possuem um risco maior.
Quais os impactos do TDAH?
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade afeta crianças, jovens e adultos de formas diferentes no que diz respeito à vida social e relações interpessoais. Geralmente, o TDAH é investigado e diagnosticado em pessoas mais jovens devido ao comportamento na escola ou em ambientes coletivos.
Crianças e adolescentes com TDAH – apresentam maior dificuldade de aprendizado por serem mais distraídos e possuírem curtos períodos de foco e atenção, o que pode limitar o desenvolvimento educacional. Eles também sentem o impacto social por não conseguir ouvir e executar instruções, o que afeta o relacionamento com professores, pais e outras pessoas da mesma idade.
Adultos – os maiores problemas enfrentados são ligados à inquietação, impulsividade e, muitas vezes, memória fraca. Adultos com TDAH sentem os impactos, principalmente, nas relações pessoais e no trabalho. O descuido, falta de atenção e a incapacidade de priorizar tarefas podem afetar projetos e responsabilidades, trazendo uma mudança rápida de humor e impaciência no ambiente de trabalho.
Independentemente da idade, em muitos casos, o portador de TDAH tem dificuldade em avaliar o próprio comportamento e o quanto ele afeta as pessoas ao seu redor. Assim, colegas, parceiros e familiares podem acabar se irritando caso não conheçam o transtorno do déficit de atenção e os sinais dele. Como o transtorno afeta o comportamento, ser diagnosticado com essa desordem pode contribuir para uma autoestima mais baixa e relacionamentos problemáticos.
Quando suspeitar de TDAH?
A suspeita do TDAH pode ser levantada caso os sinais sejam desproporcionais à idade da pessoa. Ou seja: quando a hiperatividade, falta de atenção, impulsividade, falas excessivas etc. atrapalham o desenvolvimento, as relações interpessoais e o trabalho, sendo recomendável procurar um especialista.
Entretanto, é importante considerar que diagnosticar o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade em crianças com menos de cinco anos é uma tarefa complicada. Isto ocorre porque muitas delas possuem reações parecidas com os sintomas pela pouca idade.
E em alguns casos, o comportamento que parece ser causado pelo transtorno do déficit de atenção pode ser provocado por outras situações, por exemplo: mudança brusca e na vida por causa de divórcio ou morte de alguém próximo, outras desordens médicas, depressão, transtorno bipolar ou ansiedade. Por isso, é muito importante que a possibilidade de TDAH seja investigada por especialistas.
Então, mesmo que alguém apresente sinais de hiperatividade, tenha dificuldade em manter a atenção e o foco nas atividades do dia a dia e fale muito, isso não significa que tenha TDAH.
Como é feito o diagnóstico de TDAH?
O diagnóstico de TDAH, seja em crianças ou adultos, é inteiramente clínico, com base nos sinais e sintomas. Não existem exames laboratoriais ou de imagem para isso. Então, para chegar em um diagnóstico efetivo, são realizadas avaliações levando em conta as interações do paciente com o médico, a rotina da pessoa, os comportamentos e as atitudes dela. O processo do diagnóstico pode envolver profissionais de diferentes especialidades, como:
Psiquiatra – é o especialista que diagnostica, trata e acompanha condições que afetam as funções psíquicas. O médico avalia o paciente por meio de um histórico clínico detalhado, onde observa aspectos do comportamento, fala, humor, atenção, entre outros. O psiquiatra também pode complementar o diagnóstico com testes, questionários e conversas com o paciente e/ou familiares.
Neurologista/Neuropediatra – é o especialista que diagnostica, trata e acompanha distúrbios que afetam o sistema nervoso. No caso de suspeita de TDAH em crianças na fase pré-escolar até o ensino fundamental, o neuropediatra é o profissional adequado para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento.
Pediatra – é o especialista por diagnosticar, tratar e acompanhar doenças e transtornos em crianças e adolescentes.No caso de suspeita de TDAH, o pediatra pode ajudar no diagnóstico e/ou encaminhar o paciente a um especialista.
Uma importante ferramenta para os especialistas chegarem ao diagnóstico de TDAH é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), que está na quinta edição e foi elaborado pela American Psychiatric Association, que é a associação de psiquiatria dos Estados Unidos.
O DMS-5 também é adotado no Brasil e estabelece critérios de diagnóstico divididos em dois grupos: desatenção; e hiperatividade e impulsividade. Cada um deles tem uma relação de nove sinais e sintomas, sendo que a pessoa precisa apresentar seis ou mais em cada um dos dois grupos para ser diagnosticada com TDAH.
Mas não é só isso! Esses sinais e sintomas precisam ter determinadas características, que são as seguintes: manifestarem-se muitas vezes durante seis meses ou mais, serem mais pronunciados do que o esperado para a idade, ocorrerem em dois ambientes diferentes ao menos (como casa e escola), alguns deles precisam ter se manifestado antes dos 12 anos e, por último, devem interferir na funcionalidade da pessoa em casa, na escola ou no trabalho.
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Referências
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