Criança com TDAH toca bateria em sessão de musicoterapia - Cellera Farma.

A musicoterapia pode ser usada como tratamento alternativo para TDAH na primeira infância?

Entre 3% e 5% das crianças da população mundial tem diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Um dos tratamentos alternativos que podem ajudar a tornar os sintomas mais brandos é a musicoterapia, que pode melhorar as habilidades sociais, agressividade e impulsividade, inclusive na primeira infância. Continue a leitura para saber:

O que é a primeira infância e quais são os sinais e sintomas de TDAH nessa fase da vida?

O período que de vida que tem início no nascimento e vai até os seis anos de idade é chamado de primeira infância. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura do cérebro começa a se formar e são desenvolvidas as áreas relacionadas com aprendizagem, caráter e personalidade. O que se vive na primeira infância, inclusive na barriga da mãe, vai afetar o tipo de adulto que a pessoa vai ser no futuro, sendo uma chance de ela explorar todo o seu potencial.

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio que afeta justamente o neurodesenvolvimento. Geralmente, começa na infância e pode persistir na idade adulta, sendo caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade – o que prejudica o aprendizado, a qualidade de vida, e as relações interpessoais. O transtorno pode três divisões, que são: tipo desatento, tipo hiperativo-impulsivo e o tipo combinado, que mescla as manifestações dos dois anteriores. Os sinais e sintomas mais característicos de cada são os seguintes:

Tipo desatento

  • Não dá atenção aos detalhes ou comete erros por descuido;
  • Tem dificuldade em manter a atenção;
  • Parece que não ouve;
  • Tem dificuldade em seguir instruções;
  • Tem dificuldade com organização;
  • Não gosta ou evita tarefas que exigem muito raciocínio;
  • Perde coisas;
  • É esquecido;
  • Distrai-se com facilidade.

Tipo hiperativo impulsivo

  • Não consegue ficar parado, mexendo mãos ou pés deforma frequente ou se contorcendo na cadeira;
  • Tem dificuldade em permanecer sentado;
  • Corre ou sobe em coisas excessivamente;
  • Fala excessivamente;
  • Interrompe ou se intromete nas conversas;
  • Responde antes que as perguntas sejam concluídas;
  • Tem dificuldade em ficar em silêncio durante atividades;
  • Tem dificuldade em esperar ou revezar com outros em atividades.

Tipo combinado

  • Tem os sinais e sintomas listados no tipo desatento e no tipo hiperativo-impulsivo;
  • As manifestações podem mudar com o tempo, à medida que as crianças envelhecem.

Como os sintomas do TDAH podem afetar as pessoas na primeira infância?

O TDAH pode ter um impacto significativo em várias áreas da vida da criança, inclusive no aprendizado por conta da dificuldade em se manter concentrado, pela inquietação e pela impulsividade. O que também aumenta as chances de ter problemas de relacionamento com colegas e maior risco de lesões dificuldades quando for para a creche e, mais tarde, para a escola. Algumas das maneiras que os sintomas de TDAH afetam a criança na primeira infância e nas fases subsequentes são as seguintes:

Desatenção – crianças com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco e a atenção, dificultando a concentração. Por acharem difícil seguir regras, concluir afazeres e manter a organização, podem perder informações importantes ou cometer erros por descuido.

Hiperatividade torna difícil para as crianças permanecerem quietas e atentas por conta da necessidade de ficar em constante de movimento. Isso pode dificultar a concentração em tarefas que exijam esforço mental por muito tempo e, mais tarde, prejudicar o desempenho escolar.

Impulsividade – essa característica pode levar crianças a agirem sem pensar, resultando em decisões impulsivas, como dar respostas sem aguardar sua vez, interromper os outros ou se apressar para terminar tarefas sem prestar atenção aos detalhes.

Dificuldade com organização e gerenciamento do tempo o transtorno pode tornar difícil para crianças conseguir manter a organização e priorizar tarefas importantes, assim como respeitar prazos e gerenciar o tempo para realizar tarefas.

Problemas em reter informações – o transtorno pode afetar a capacidade de lembrar informações, seguir instruções e fazer conexões entre diferentes conceitos.

O que é musicoterapia?

A musicoterapia é uma abordagem terapêutica que usa a música como forma de tratar problemas relacionados às necessidades físicas, emocionais, cognitivas e sociais. Esse tipo de terapia é ministrado por musicoterapeutas treinados, com muito conhecimento das técnicas de música e terapia.

A música é utilizada como uma ferramenta para apoiar e facilitar o processo terapêutico, envolvendo ouvir canções, compor, cantar, tocar instrumentos e se envolver em atividades musicais. Entre os benefícios que a musicoterapia pode proporcionar em diferentes fases da vida, inclusive na primeira infância, estão:

  • Facilidade em expressar emoções;
  • Estimulação cognitiva;
  • Reabilitação física;
  • Redução do estresse;
  • Melhoria na interação social e na comunicação.

Como funciona a musicoterapia?

A musicoterapia utiliza intervenções musicais para atingir objetivos terapêuticos e promover o bem-estar geral. A prática é estruturada da seguinte forma:

Avaliação – o musicoterapeuta começa avaliando a criança para entender as necessidades, pontos fortes e desafios do indivíduo. Esse processo costuma envolver conversas, observações e avaliações estruturadas para coletar informações relevantes.

Estabelecimento de metas – com base na avaliação, o musicoterapeuta estabelece metas terapêuticas que podem incluir expressão emocional, estimulação cognitiva, reabilitação física, interação social ou outros objetivos específicos.

Plano de intervenção – as intervenções propostas pelo musicoterapeuta são adaptadas aos objetivos, preferências e necessidades terapêuticas de cada criança. As atividades a serem usadas nas sessões podem incluir apenas uma ação, como tocar instrumentos musicais, ou uma combinação de vários elementos.

Relação de confiança – o musicoterapeuta estabelece uma relação terapêutica com a criança, proporcionando um espaço seguro, de apoio e sem julgamento para exploração das habilidades e crescimento. O profissional facilita discussões, reflexões e percepções relacionadas com as experiências musicais, ajudando o paciente a processar emoções, desenvolver autoconsciência e estratégias de enfrentamento para as dificuldades trazidas pelo TDAH.

Monitoramento do progresso – ao longo das sessões, o musicoterapeuta avalia e monitora o progresso da criança para que sejam feitos ajustes no plano de tratamento com base na evolução das necessidades e objetivos.

Quais são os efeitos da musicoterapia como tratamento alternativo para o TDAH?

A musicoterapia pode ter vários efeitos positivos como tratamento alternativo para o TDAH, embora não seja uma solução autônoma e deve ser combinada com outras formas de amenizar os sinais e sintomas provocados pelo transtorno. Alguns dos efeitos são:

Foco e atenção aprimorados – atividades como tocar um instrumento ou participar de exercícios rítmicos ajudam crianças com TDAH a se concentrar e reduzir as distrações.

Emoções reguladas – a musicoterapia fornece uma saída criativa e expressiva para crianças com TDAH canalizarem e regularem suas emoções, evocar respostas emocionais específicas e ajudar a entender e administrar sentimentos.

Melhora da função cognitiva – atividades que envolvem ritmo, tempo e coordenação ajudam nessa função do sistema nervoso.

Desenvolvimento de habilidades sociais – envolvimento em atividades em grupo permitem executar a escuta ativa, comunicação, cooperação e trabalho em equipe.

Redução do estresse – exercícios de relaxamento, imaginação guiada com música e escuta de canções calmas.

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Membro da família com problemas familiares segurando a mão de uma criança com TDAH

Problemas familiares podem agravar o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos mais comuns na infância. Ele provoca níveis de desatenção, atividade e impulsividade além do normal, o que pode tornar o relacionamento dos pais com os filhos que têm TDAH um desafio. Mas será que a forma como os pais ou responsáveis lidam com crianças nessa situação pode influenciar na gravidade dos sinais e sintomas do transtorno? Continue a leitura para saber:

Quais são os sinais e sintomas de TDAH em crianças e em adolescentes?

Os sinais e sintomas de TDAH podem ser divididos em duas categorias comportamentais, que são a desatenção – ou seja, a dificuldade de concentração e foco – e a hiperatividade com impulsividade. O transtorno pode se manifestar com as características das duas categorias ou de uma só, sendo mais comum que as meninas tenham só sinais e sintomas de desatenção.

Principais sinais e sintomas de desatenção em crianças e adolescentes:

  • Ter dificuldade em organizar tarefas;
  • Conseguir manter a atenção só por um período curto e distrair-se facilmente;
  • Não conseguir se dedicar a tarefas tediosas ou demoradas;
  • Cometer erros por descuido;
  • Parecer esquecido ou perder coisas;
  • Parecer que não consegue ouvir ou executar instruções;
  • Mudar constantemente de atividades ou tarefas.

Principais sinais e sintomas de hiperatividade e impulsividade em crianças e adolescentes:

  • Estar constantemente inquieto;
  • Ser incapaz de ficar parado, movimentando-se excessivamente;
  • Conversar excessivamente;
  • Interromper conversas;
  • Ser incapaz de esperar a sua vez;
  • Ser incapaz de se concentrar em tarefas;
  • Agir sem pensar;
  • Ter pouca ou nenhuma noção de perigo.

Comportamento dos pais pode agravar sinais e sintomas de TDAH?

Embora ainda não se saiba exatamente quais são as causas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, existem alguns fatores que aumentam o risco de os sinais e sintomas de TDAH se agravarem, como alguns estilos parentais, ou seja, determinadas formas como os pais ou responsáveis se relacionam e cuidam de crianças e adolescentes. Esses estilos parentais, são os seguintes:

Estilo parental autoritário – pais autoritários têm uma tendência a adotar uma atitude firme para forçar os filhos a obedecer. Eles agem de forma rígida, impõem regras, não encorajam o diálogo, limitam a capacidade de autorregulação dos filhos e têm uma propensão a não atender às necessidades emocionais deles. É um estilo parental controlador, frustrante e punitivo, que pode causar nos filhos níveis altos de medo, raiva e retraimento social. O estilo parental autoritário aumenta o risco de as crianças e adolescentes desenvolverem:

  • Agravamento de manifestações do TDAH, como dificuldade de concentração, foco e autorregulação, incapacidade de ficar parado e impulsividade;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Uso abusivo de substâncias.

Estilo parental permissivo – pais permissivos tendem a não reconhecer ou corrigir maus comportamentos, pois têm dificuldade de impor limites e fazer exigências e não são claros em relação às expectativas que têm. O estilo parental permissivo, também chamado de indulgente, se caracteriza pela falta de engajamento na vida dos filhos e de interesse em oferecer assistência emocional, além de evitação de conflitos. A negligência compromete o desenvolvimento psicológico, prejudica a competência social e aumenta o risco de as crianças e adolescentes apresentarem:

  • Agravamento de manifestações do TDAH, como dificuldade de concentração, foco e autorregulação, incapacidade de ficar parado e impulsividade;
  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Somatizações;
  • Comportamento agressivo;
  • Uso de drogas ilícitas.

Quadro de TDAH do filho pode ser agravado se a mãe ou pai também tiver o transtorno?

Os problemas de TDAH dos pais aumentam o risco dos filhos que também têm o transtorno apresentarem um quadro mais grave, influenciando no curso ou na persistência do TDAH neles. Além disso, o nível de conflitos familiares pode ser maior e os pais nessa condição podem ter um papel mais desafiador em garantir a saúde e a segurança dos filhos e em prepará-los para a vida. Ou seja, a parentalidade pode ser afetada em diversos aspectos.

Um estudo da European Child & Adolescent Psychiatry publicado em 2013 associou o TDAH materno a um aumento na gravidade dos sintomas de conduta nos filhos que também tinham o transtorno e a uma propensão maior de eles terem diagnóstico de transtorno de conduta, que é quando a criança tem comportamento antissocial, desrespeitando normas e regras sociais básicas frequentemente.

O estudo mostrou níveis mais altos de conflito e de falta de coesão em famílias do grupo de TDAH materno. Já nas famílias do grupo de TDAH paterno, não foram detectadas evidências de níveis altos de conflito e foram encontradas associações de uma melhor coesão. Vale ressaltar que não foi descrito no estudo o estilo comportamental da família no que diz respeito à divisão de tarefas, personalidades dos integrantes e afins.

A forma como os pais lidam com os filhos que têm TDAH influi na gravidade do transtorno?

Além de ser um fator de risco para o surgimento do TDAH nas crianças, o estilo parental pode ter impacto também no curso do transtorno, agravando sinais e sintomas. Mas, independentemente do estilo parental, determinadas atitudes dos pais ou responsáveis – como discriminação, disciplina inconsistente ou severa e superproteção – podem provocar um aumento nos problemas comportamentais e emocionais das crianças com TDAH.

Além disso, devido aos comportamentos que o TDAH provoca nas crianças, os pais delas podem ser menos envolventes e calorosos, ser mais agressivos verbalmente e adotar medidas disciplinares para ações que julguem ser problemáticas. O que faz com que os filhos respondam negativamente e, assim, seja criado um processo bidirecional que pode afetar negativamente os resultados amplos da criança e do adolescente com TDAH.

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Médica do SUS acompanha menino com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH

Qual o papel do SUS no tratamento do TDAH?

No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Em adultos com idade entre 18 e 44 anos, esse número cai para 5,2%, entretanto, em pessoas com mais de 44 anos, a prevalência é de 6,1%. Em julho 2022, o Ministério da Saúde aprovou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do TDAH, documento que padroniza e orienta os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses pacientes na rede pública. Mas você sabe o que o SUS oferece? Continue a leitura para saber:

Quais as diretrizes do Protocolo Clínico para TDAH do Ministério da Saúde?

São critérios que guiam os profissionais de saúde no diagnóstico de TDAH, para orientar no diagnóstico e no tratamento, acompanhando a evolução do quadro do paciente. As diretrizes são formuladas com base em evidências científicas e rigorosos parâmetros de qualidade divididos em três momentos da jornada do paciente.

  1. Diretrizes para diagnóstico do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

Por seus sintomas se confundirem com os de outras condições e também com algumas características normais de desenvolvimento de uma criança, o diagnóstico do TDAH é complexo. Além disso, a falta de confirmação do transtorno ou um diagnóstico que esteja equivocado podem trazer consequências à pessoa. Por isso, o Ministério da Saúde estabelece as seguintes diretrizes:

  • A confirmação do diagnóstico pode ser baseada em 18 sintomas que indicam desatenção excessiva, hiperatividade e impulsividade;
  • Os comportamentos que evidenciam esses sintomas devem ser observados em várias situações durante, pelo menos, seis meses;
  • Os danos provocados por esses comportamentos à sociabilidade e/ou ao desempenho escolar devem ser evidentes;
  • Caso uma criança ou adulto apresente estes sintomas e exista a suspeita de TDAH, os profissionais de saúde devem realizar uma avaliação clínica e psicossocial completa;
  • Em ambas as avaliações, é necessário que uma equipe multidisciplinar esteja envolvida;
  • As informações e relatos de familiares, responsáveis, educadores e cuidadores são essenciais para a definição do diagnóstico, por isso, devem ser consideradas;
  • Além disso, os pontos de vista da pessoa com TDAH também devem ser considerados;
  • O diagnóstico deve ser realizado por um psiquiatra, um pediatra, um neurologista ou um neuropediatra.
  • Diretrizes para tratamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Ministério da Saúde indica a intervenção multimodal, ou seja, tratamentos combinados, enfatizando aquele que não envolve medicamentos. Dessa forma, incluiu nas diretrizes:

  • Orientar a pessoa com TDAH sobre os estigmas do transtorno e auxiliá-la na compreensão dos sintomas e explicar os desafios;
  • A terapia cognitiva comportamental, por meio do acompanhamento de um psicólogo que utilize essa abordagem.
  • O apoio educacional de profissionais para melhorar o desempenho escolar, com metas específicas e atingíveis, como maior seguimento de regras e melhora das notas do colégio;
  • O apoio familiar, considerando também as necessidades dos pais, mães e/ou responsáveis pelos cuidados da pessoa com TDAH;
  • Hábitos alimentares saudáveis, que promovam a ingestão de ferro, zinco e ácidos graxos (nutrientes com efeitos protetores) e evitam o consumo de corantes alimentares, açúcar e conservantes (substâncias que podem causar efeitos adversos nas pessoas com TDAH);
  • A obrigatoriedade de deixar quem tem TDAH e os familiares cientes dos potenciais riscos e efeitos colaterais relacionados ao uso de medicamentos.
  • Diretrizes para acompanhamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Ministério da Saúde considera que o monitoramento continuo garante que o tratamento do paciente seja adequado aos sintomas atuais e às suas circunstâncias familiares, sociais e culturais. Por isso, estabelece as seguintes diretrizes:

  • A frequência do tratamento não medicamentoso (como o atendimento psicológico, a orientação aos pais e o apoio escolar) deve ser semanal, ao menos de início;
  • As consultas com os médicos responsáveis devem acontecer em intervalos de, no máximo, 30 dias, período que pode ser prolongado se o caso tiver boa evolução;
  • Para avaliar a resposta ao tratamento, podem ser usados alguns questionários;
  • O acompanhamento deve ser feito não apenas nos serviços de saúde, mas também com o apoio educacional e familiar. Dessa forma, envolve uma equipe multidisciplinar, que pode ter psiquiatra, médico de família e comunidade, psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo e assistente social.

Essas diretrizes são importantes porque:

  • Identificar a doença no estágio inicial e iniciar o acompanhamento de maneira ágil é essencial para um tratamento eficiente;
  • Grande parte dos estigmas do TDAH vem da incerteza das pessoas quanto à validade de um diagnóstico;
  • Há cada vez mais demanda de pessoas com TDAH por serviços de saúde mental.

O que é oferecido pelo SUS para diagnóstico de pessoas com TDAH?

O SUS busca articular o atendimento e acompanhamento de pessoas com TDAH nos níveis federal, estadual e municipal. Por isso, instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que prevê̂ a criação, a ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, especialmente em nível estadual. A RAPS conta com a Equipe Multiprofissional de Atenção Especializada em Saúde Mental.

A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada para o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Ela diz respeito às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e à Equipe de Saúde da Família (ESF e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), lugares onde as pessoas são acolhidas por profissionais da saúde para atendimento e encaminhamento para especialistas.

Como o SUS deve seguir as diretrizes implementadas pelo Ministério da Saúde, deve também fornecer profissionais especializados em atendimento e diagnóstico de TDAH. Além disso, o Sistema Único de Saúde deve trabalhar em conjunto com as equipes de assistência social locais e, se for o caso, com as escolas públicas.

O que é oferecido pelo SUS para tratamento de pessoas com TDAH?

Além do acompanhamento na Atenção Primária, em conjunto com as escolas e assistência social, o SUS oferece os Centros de Atenção Psicossocial, locais onde adultos, crianças e adolescentes com TDAH recebem cuidados de saúde mental. Eles contam com uma equipe multidisciplinar e podem oferecer:

  • Sessões de psicoterapia;
  • Oficinas terapêuticas em grupo;
  • Oficinas de expressão;
  • Oficinas culturais;
  • Atividades esportivas;
  • Atividades de suporte social;
  • Grupos de leitura e debate;
  • Atendimento para a família, tanto para o grupo familiar quanto o atendimento individualizado para familiares.

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arteterapia para quem tem tdah

A arteterapia pode ajudar no tratamento do TDAH?

A arteterapia é uma terapia alternativa que pode ajudar crianças e adultos com TDAH a aprimorar suas habilidades, foco e comunicação e, assim, melhorar o dia a dia de quem convive com o transtorno, que, no Brasil, afeta cerca de 7,6% das crianças e adolescentes. Então, continue a leitura para saber:

O que é arteterapia no TDAH?

A arteterapia é uma prática que combina a terapia convencional de fala com artes visuais para ajudar pessoas com TDAH ou outros transtornos do sistema nervoso a melhorar a saúde psicológica, habilidades cognitivas e motoras. O exercício combina a expressão verbal e não-verbalpara a obtenção de melhores resultados.

Durante a arteterapia, os pacientes criam as próprias obras de arte. Essa forma de tratamento se baseia na premissa que a arte ajuda a expressar emoções que às vezes são difíceis de expressar em palavras. A arteterapia pode envolver:

  • Pintura;
  • Colagem;
  • Esculturas;
  • Fotografia;
  • Artes digitais;
  • Trabalhos têxteis.

Como funciona a arteterapia?

A arteterapia estimula diferentes áreas do cérebro. As experiências sensoriais que os pacientes sentem durante a prática, que envolvem toque, movimento, imagens e sons, acessam partes primitivas da nossa cabeça.

Algumas das práticas mais usadas durante a arteterapia são:

  • Argila – trabalhar com argila molhada usa habilidades motoras grossas e acessa o cerebelo, liberando a tensão e despertando os sentidos;
  • Pintura – ajuda a regular as emoções e as habilidades motoras grossas. A tinta é um material fluido que pode ser mais difícil de controlar, assim como os sentimentos, e traz a sensação de satisfação ao ser manipulada com um pincel ou com as próprias mãos;
  • Desenho – estimula o processo criativo e a habilidade de planejamento do cérebro.

Quais são os benefícios da arteterapia?

A arteterapia traz uma série de benefícios para as pessoas que a praticam, como:

  • Capacidade de com problemas emocionais;
  • Desenvolvimento das habilidades interpessoais;
  • Controle melhor o comportamento;
  • Redução o nível de estresse no corpo;
  • Aumento da autoestima;
  • Melhor habilidade de lidar com os sintomas do TDAH;
  • Redução da depressão;
  • Alívio de emoções, crises ou traumas avassaladores;
  • Aumento da sensação de bem-estar.

Como a arteterapia pode ajudar pessoas com TDAH?

A prática pode ajudar pessoas com TDAH a melhorar vários pontos de sua rotina que, muitas vezes, são prejudicados pelos sintomas do transtorno, por exemplo:

Autoexpressão – para pessoas com dificuldades de aprendizagem e outros problemas trazidos pelo TDAH, a arteterapia oferece uma oportunidade de se expressar de outra forma além da verbal.

Aumento da autoconfiança – a arteterapia oferece uma maneira criativa e agradável de se comunicar sem restrições, sem preocupações de ser julgado, pois não existe erros no processo de criar arte. A prática pode ajudar a dar uma sensação de realização e aumenta a autoconfiança em quem lida com os sintomas do TDAH.

Resolução de problemas – os processos criativos exigem que os pacientes lidem com os problemas durante a criação da arte, uma habilidade importante que pode ser melhorado, pois, muitas vezes, pessoas com TDAH sofrem de sintomas de distúrbio da função executiva.

Melhora na aprendizagem e relações interpessoais – crianças com TDAH apresentam dificuldades para aprender, o que afeta o desempenho escolar e prejudica a habilidade social de se enturmar com os colegas. A arteterapia é uma ferramenta que fornece uma nova abordagem para a comunicação e expressão de emoções, além de estimular novas partes do cérebro.

Aumento da dopamina no cérebro – o cérebro estimulado pela criação de arte produz níveis mais altos de dopamina, que ajuda a melhorar a concentração. Expressar a criatividade por meio da arte também eleva a serotonina e reduz os níveis de estresse.

Como pessoas com TDAH podem praticar a arteterapia?

O processo de fazer arteterapia, seja para crianças ou adultos, deve ser prazeroso e um momento de relaxamento. Veja seis dicas podem ajudar a tornar a prática ainda mais efetiva como parte do tratamento para o TDAH:

  1. Foque no processo – concentre-se em fazer arte, não no produto final. O objetivo não é fazer uma obra perfeita, mas sim aproveitar o processo. Se concentre em como se sente ao pintar, construir, desenhar ou esculpir. Diminua a pressão para produzir algo semelhante ao que outras colegas podem produzir.
  • Fale sobre os sentimentos – se estiver desapontado com a sua arte, tente pensar no que poderia ter sido diferente. Isso ajuda a desenvolver habilidades de resolver problemas e tentar novamente.
  • Torne a arteterapia parte da rotina – o processo de criar arte inspira entusiasmo e aumenta o foco, mas manter uma rotina também é fundamental para controlar o comportamento impulsivo causado pelo TDAH. Organize sua agenda para que a arteterapia seja uma das tarefas do dia a dia para que se torne efetivamente parte do tratamento contra o transtorno.
  • Comece de forma simples – inicie a arteterapia com projetos que tenham poucas etapas antes de avançar em projetos mais difíceis. Isso aumentará o foco e as chances de concluir a tarefa.
  • Utilize cores – colorir é uma atividade relaxante para crianças e adultos. Lembre-se de como foi uma atividade prazerosa para você na infância.
  • Faça pausas e se movimente – se levante e faça movimentos para queimar o excesso de energia causado pela hiperatividade. Isso ajuda a se livrar do tédio caso você passe muitas horas em apenas um projeto.

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Direitos de quem tem TDAH

Quais são os direitos de quem tem TDAH?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, comumente conhecido como TDAH, afeta cerca de 3% a 8% das crianças e adolescentes da população mundial. Estima-se que 2,5% a 3% continuam a manifestar o transtorno na vida adulta. No Brasil, o TDAH atinge cerca de dois milhões de adultos. Nos últimos anos, as pessoas com TDAH conquistaram direitos que permitiram acesso à saúde, à educação, ao mercado de trabalho e inclusão social. Continue a leitura e saiba o que a Lei estipula sobre os seguintes aspectos:

Direitos de quem tem TDAH no acesso à saúde

Diagnóstico precoce – -é garantido pela Lei n.º 4.324 a avaliação do desenvolvimento infantil por equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando identificar sinais possíveis do TDAH. Os critérios de avaliação, diagnóstico e acompanhamento são estipulados pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade , aprovado em julho de 2022.

Acompanhamento com equipe multidisciplinar – ainda sob a Lei nº 4.324,se confirmado o diagnóstico de TDAH depois da avaliação pelos profissionais de saúde, a criança tem direito a começar o tratamento imediato na rede pública de saúde mais próxima à residência. Além disso, deve ser disponibilizado à família um atendimento psicológico, com orientações sobre o TDAH, para o acompanhamento conjunto. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do TDAH prevê que o tratamento inclui equipe multidisciplinar, que pode envolver:

  • Médico Psiquiatra;
  • Médico da família e comunidade;
  • Psicólogo;
  • Fonoaudiólogo;
  • Psicopedagogo;
  • Assistente social.

Acesso a medicamentos – a Lei nº 2.630, de novembro de 2021, instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O documento engloba e faz substitutivos a algumas outras leis que garantem direitos às pessoas com TDAH. Um exemplo, é o substitutivo à Lei nº 4.324, ao incorporar o acesso gratuito a medicamentos para o tratamento do TDAH. No entanto, apesar de aprovada, a Política Nacional ainda está em fase de tramitação e ainda precisa passar por algumas comissões para entrar em vigor.

Direitos de quem tem TDAH na educação

Identificação precoce do TDAH e acompanhamento integral – a Lei nº14.254, de novembro de 2021, estipula a identificação precoce de possíveis sinais de TDAH em alunos por parte dos educadores. Caso necessário, a escola deve ser responsável por encaminhar o aluno para diagnóstico e oferecer todo o apoio para o tratamento, seja dentro da escola – com psicólogo, psicopedagogo, entre outros – ou na rede de saúde.

Capacitação de profissionais da educação – para que o cuidado e atenção ao aluno com TDAH seja eficaz, a Lei nº14.254 estipula que as instituições de ensino ofereçam formações continuadas aos educadores sobre os sinais de TDAH e outros transtornos de aprendizagem. Também é necessário capacitar e apoiar os profissionais para os ajustes de abordagem com esses alunos no dia-a-dia.

Professor auxiliar – aLei nº 14.254 também assegura ao aluno com TDAH e/ou outros transtornos de aprendizagem o direito de contar com um professor específico, que deverá ajudá-lo com as necessidades específicas. A responsabilidade em fornecer o profissional é da escola, que pode contar com o apoio da área da saúde, da assistência social ou de outra política pública que exista na região.

Garantia de matrícula em instituições de ensino públicas e privadas – a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH estipula queo responsável pela instituição de ensino que recusar a matrícula ou renovação de aluno com TDAH está sujeita a multa de três a 20 salários mínimos. No caso de escola pública, se a recusa se repetir, o servidor público perderá o cargo após comprovada a situação na justiça.

Tempo adicional na resolução de provas – alunos com TDAH e outros transtornos de aprendizado têm o direito a resolver qualquer atividade de avaliação com tempo extra, que deve ser estabelecido de acordo com cada caso. A Lei nº 4.308, de 2021, antes previa o tempo adicional de 40 minutos, para qualquer teste, porém a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH apresentou um substitutivo que retira a especificação de tempo.

Direitos de quem tem TDAH no trabalho

A Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH prevê medidas que assegurem a inclusão e desenvolvimento do profissional com o transtorno. São elas:

Inclusão no mercado de trabalho – empresas com mais de 10 mil funcionários, públicas ou privadas, devem ter profissionais de recursos humanos capacitados para lidar com pessoas com TDAH.

Incentivo ao desenvolvimento profissional – gestores e profissionais de RH devem se engajar no processo de adaptação da pessoa com TDAH à equipe, ao ambiente de trabalho e às tarefas desempenhadas. Ajustes de atividades, ambientes, rotina e treinamentos específicos devem ser aplicados, de acordo com as necessidade e dificuldades do funcionário, antes de se fazer advertências sobre o desempenho profissional.

Direitos e conquistas sociais de quem tem TDAH

Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH – todo dia 1º de agosto é comemorada a Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH, com o objetivo de promover a importância do diagnóstico e tratamento precoce do transtorno. A data entrou em vigor em 2022, com a sanção da Lei nº 14.420.

Plano de saúde – segundo a Política Nacional de Proteção aos Direitos da Pessoa com TDAH, indivíduos com o transtorno não podem ser impedidos de participar de planos privados de saúde em razão da sua condição.

Participação nas políticas públicas – a Política Nacional também tem como diretriz a participação de pessoas com TDAH na formulação, execução e avaliação de políticas públicas.

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Referências

https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2022/20220804_Relatorio_733_PCDT_TDAH.pdf – acessado em 23/02/2023

Criança com TDAH recebendo atendimento de profissional especializado – Cellera Farma

Quais são os desafios dos adolescentes com TDAH?

Os sinais e sintomas do TDAH podem variar conforme o subtipo do transtorno, mas se agravam na adolescência se não houver tratamento, podendo afetar as relações, sentimentos, aprendizado, comportamentos e prejudicar a execução de tarefas de risco.

Continue a leitura para saber:

Quais são os sinais e sintomas do TDAH na adolescência?

Os subtipos do TDAH que podem levar a variação de sinais e sintomas são, desatenção, hiperatividade/impulsividade ou uma combinação deles.

Desatenção:

  • Falta de atenção aos detalhes e erros por descuido;
  • Dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
  • Parecer não ouvir quando se fala com ele;
  • Não segue instruções e não termina trabalhos com frequência;
  • Tem problemas para organizar tarefas e atividades;
  • Constantemente evita, não gosta ou reluta em fazer tarefas que precisem de esforço mental por muito tempo;
  • Frequentemente perde objetos pessoas ou coisas necessárias para executar tarefas;
  • Distrai-se facilmente;
  • Esquece as atividades diárias constantemente.

Hiperatividade/impulsividade:

  • Mexe ou bate mãos ou pés frequentemente;
  • Está sempre se movimentando;
  • Levanta-se constantemente quando se espera que fique sentado;
  • Incapacidade frequente de brincar ou participar tranquilamente de atividades de lazer;
  • Fala em excesso constantemente;
  • Responde muitas vezes antes de a pergunta ser concluída;
  • É comum não esperar a vez;
  • Interrompe ou se intromete constantemente.

É fácil confundir muitos desses sinais e sintomas com comportamentos normais da idade e apresentar um ou mais deles não quer dizer que o adolescente tem TDAH. Porém, quando eles são mais intensos e recorrentes do que o esperado, em mais de um ambiente, podem ser sinais de alerta e é muito importante que pais, outros responsáveis e educadores estejam atentos.

Quais impactos o TDAH pode causar na adolescência?

A puberdade agrava os sintomas do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e a vontade de ser independente pode funcionar como um gatilho para a impulsividade, justamente no momento que o adolescente tem que lidar com questões como drogas, sexo e novos relacionamentos.

Além disso, a maior pressão nos estudos na adolescência sobrecarrega as funções executivas, que se referem à capacidade de desenvolver um comportamento orientado para objetivos por meio de ações voluntárias e organizadas. Geralmente, essas habilidades só se desenvolvem totalmente depois dos 20 anos de idade. Mas, em quem tem TDAH, isso só acontece de três a cinco anos mais tarde.

Os adolescentes com TDAH também apresentam uma tendência maior de alcançar a maturidade emocional mais tarde. Provavelmente, quem tem o transtorno só vai atingir aos 30 anos a maturidade emocional de um jovem de 21 anos sem TDAH. O que se deve a atrasos no desenvolvimento dos lobos frontais do cérebro.

Veja possíveis impactos do transtorno do déficit de atenção com imperatividade em vários aspectos da vida do adolescente:

Emoções – de uma forma geral, os adolescentes com TDAH têm mais dificuldade de controlar emoções, de se acalmar e de lidar com a frustração. O que pode ser difícil tanto para os adolescentes com o transtorno quanto para as pessoas que lidam com eles.

Relacionamentos – os adolescentes com TDAH podem falar ou tomar atitudes sem pensar, o que aumenta as chances de dificuldades de relacionamento em todas as áreas da vida. Inclusive, são mais propensos a serem ignorados ou rejeitados e não é incomum sofrerem bullying ou intimidar as pessoas. Na escola, por exemplo, eles têm uma taxa maior de suspensões por conta de problemas comportamentais.

Aprendizado – na escola, os adolescentes com TDAH têm dificuldade de se concentrar em testes e nos deveres de casa, e isso só piora conforme o nível de dificuldade das tarefas e a pressão aumenta. Então, a tendência é que o desempenho seja mais baixo e com índices de reprovação mais altos.

Comportamentos – existe uma tendência maior de os adolescentes com TDAH usarem drogas lícitas, como cigarro e álcool, e ilícitas, como maconha, mais cedo do que as pessoas que não têm o transtorno. Também há uma tendência maior de que iniciem a vida sexual mais cedo e não façam sexo seguro. Por conta disso, as taxas de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) costumam ser mais altas entre eles.

Tarefas de risco – o TDAH pode, por exemplo, tornar mais difícil aprender a dirigir e, depois, conduzir veículos motorizados por causa da desatenção ou da impulsividade. Inclusive, as quantidades de multas, acidentes de trânsito e gravidade desses acidentes são maiores entre as pessoas com TDAH em relação as que não têm o transtorno.

Como é o tratamento do adolescente com TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ainda não tem cura, mas tem tratamento que pode controlar os sinais e sintomas e aumentar a qualidade de vida. O tratamento de adolescentes com TDAH deve ser multimodal, o que significa que pode combinar ensinamento de técnicas para quem tem o transtorno, medicamentos dependendo do caso e orientações para os pais e professores.

Tratamento não medicamentoso – as diferentes técnicas da terapia cognitivo comportamental (TCC) possibilitam que a pessoa com o transtorno seja capaz de suprimir ou amenizar comportamentos mal adaptativos e modificar suas crenças, pensamentos, sensações e emoções. O objetivo é desenvolver habilidades comportamentais que podem durar a vida toda.

Tratamento medicamentoso – pode ajudar a pessoa que tem TDAH controlar os sinais e sintomas que afetam no dia a dia como, a condição de se concentrar melhor, ser menos impulsivo, sentir-se mais calmo e aprender a praticar novas habilidades. Existem diferentes tipos de medicamentos na qual serão receitados conforme o caso e a resposta do paciente a eles.

Apoio educacional – é comum que crianças e adolescentes com TDAH tenham resultados educacionais inferiores, abandonem a escola mais cedo, faltem mais e sejam excluídas pelos colegas da escola. Então, diferentes tipos de intervenções podem ser usados, incluindo estratégias comportamentais, acadêmicas e de autorregulação.

Orientações para os responsáveis – os pais ou outros responsáveis precisam ser informados sobre como o TDAH pode afetar a criança e ao adolescente. E que todos os aspectos da vida da pessoa com o transtorno devem ser tratados por meio de uma abordagem multimodal que considere as questões sociais, emocionais, comportamentais e acadêmicas.

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Referências

Pessoa com TDAH e ansiedade–cellera farma

Qual a relação entre TDAH e ansiedade?

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é a comorbidade mais comum do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, ela atinge cerca de um quarto das pessoas que convivem com TDAH.

O que é TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio do desenvolvimento neurológico que aparece na infância e acompanha os indivíduos até a vida adulta.

Ainda não se sabe exatamente o que causa o TDAH, mas o transtorno pode ter influências genéticas e ambientais, além de ser muito comum, pois é diagnosticado entre 3% e 5% das crianças de todo o mundo. Os sinais e sintomas são classificados em dois grupos, conforme o tipo do transtorno: desatenção e hiperatividade com impulsividade.

Desatenção:

  • Distraem-se constantemente;
  • Esquecem de tarefas importantes;
  • Demonstram desatenção mesmo quando são abordados diretamente;
  • Têm dificuldade de se concentrar e organizar tarefas;
  • Repetem erros descuidados;
  • Rejeitam atividades que demandam esforço mental por muito tempo.

Hiperatividade-impulsividade:

  • Estão sempre se movimentando mesmo em momentos e lugares inapropriados;
  • Falam bastante;
  • Mexem as mãos e os pés com frequência;
  • São impacientes e interrompem frequentemente outras pessoas;

Quais condições acontecem junto ao TDAH com mais frequência?

Pessoas que convivem com o TDAH ficam mais suscetíveis a desenvolver outros transtornos e condições, entre eles a ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e até abuso de substâncias. O mais comum entre eles é o transtorno opositivo desafiador (TOD), identificado em até 41% dos casos de TDAH.

Em crianças, as principais condições que acompanham o TDAH são:

  • Transtorno de ansiedade;
  • Transtorno de conduta;
  • Transtorno opositivo desafiador (TOD);
  • Depressão;
  • Transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

Em adultos com TDAH, as condições mais comuns que podem ocorrer simultaneamente incluem:

  • Alterações de humor;
  • Abuso de substâncias;
  • Transtorno explosivo intermitente;
  • Obesidade.

Quais as semelhanças e diferenças entre ansiedade e TDAH?

Embora o TAG e o TDAH possam ocorrer juntos, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade não é um transtorno de ansiedade. Os sintomas do TDAH são diferentes e envolvem, principalmente, problemas com foco e concentração. Já os sintomas de TAG são caracterizados pelos sentimentos de nervosismo e medo constante, mesmo quando não há perigo aparente.

Apesar de cada condição ter sintomas únicos, os dois transtornos se espelham. Isso pode tornar difícil dizer se uma pessoa tem TDAH, ansiedade ou ambos. Entre os sintomas de TDAH e de TAG que se assemelham, estão:

  • Dificuldade de concentração e de atenção;
  • Incapacidade de relaxar;
  • Sensação de inquietação;
  • Insônia;
  • Dificuldade em socializar;

Mas o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) tem sintomas bastante específicos, que são:

  • Sintomas de pânico, como batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida ou sudorese;
  • Sentimentos crônicos de preocupação ou nervosismo;
  • Medo sem uma causa aparente;
  • Irritabilidade;
  • Dores de cabeça e problemas de estômago.

Como a ansiedade afeta a pessoa com TDAH?

É possível que a ansiedade faça com que os sinais e sintomas de TDAH apareçam de forma ainda mais forte. Mesmo indivíduos que convivem com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e que não foram diagnosticados com ansiedade podem experimentar ansiedade ocasional em suas rotinas.

Por outro lado, o TDAH também pode desencadear sintomas de TAG. Isso porque os sintomas decorrentes do TDAH – como falta de concentração, procrastinação e hiperatividade – afetam a vida social, amorosa e profissional dos indivíduos, o que pode levar a um quadro de ansiedade.

Como tratar TDAH e ansiedade juntos?

Ambos, TDAH e TAG, podem ser tratados por meio de medicamentos e terapia. É comum que o paciente faça apenas um tratamento, seja para TDAH ou para o transtorno de ansiedade generalizada, que acabe resultando na melhora das duas condições. Entretanto, os médicos sempre tentam tratar primeiro a que for mais grave.

Medicação – o tratamento para TDAH pode envolver o uso de medicamentos estimulantes. No entanto, se eles estiverem causando sintomas de ansiedade, o médico pode optar por trocar a medicação prescrita ou optar por medicamentos para TAG.

  • Caso o paciente não queira ou não possa tomar medicações específicas para os dois transtornos ao mesmo tempo, o médico pode prescrever medicamentos para um dos distúrbios e tratar o outro com intervenções terapêuticas.

Terapia – a ansiedade relacionada ao TDAH pode ser tratada com terapia cognitiva comportamental e técnicas de relaxamento.

  • A terapia cognitiva comportamental ajuda pessoas a mudar seus padrões de pensamento para influenciar positivamente seu comportamento e melhorar a qualidade de vida e a forma como se relaciona com outras pessoas.
  • Já as técnicas práticas, como meditação, relaxamento muscular progressivo e exercícios de respiração profunda, podem ajudar a tratar o estresse e a ansiedade, diminuindo a frequência cardíaca, reduzindo a tensão muscular, aumentando a concentração e o humor.

Mudanças no estilo de vida – além dos medicamentos e práticas terapêuticas, mudanças no dia a dia podem ajudar a reduzir a ansiedade, tais como:

  • Sono – o cansaço pode piorar os sentimentos de ansiedade. É recomendado dormir ao menos oito horas por noite, além de dormir e acordar no mesmo horário;
  • Exercício – praticar exercícios regularmente pode reduzir a ansiedade de várias maneiras, inclusive porque estimula a liberação de substâncias químicas cerebrais que melhoram o humor;
  • Organização de tarefas – manter uma lista de atividades que precisam ser concluídas e definir prazos realistas para cada uma pode garantir que as metas sejam lembradas e alcançadas;
  • Alimentação saudável – fazer refeições equilibradas e manter-se hidratado pode ajudar a controlar a ansiedade. Reduzir a ingestão de cafeína e álcool também pode ser útil, pois ambos interferem nos padrões de sono.

Referências

Drogas que podem agravar o TDAH

O uso de drogas pode agravar o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) torna difícil manter a atenção e o foco e faz com que a pessoa seja mais inquieta, agitada, impaciente e, com frequência, impulsiva. Além disso, o transtorno pode aumentar o risco do consumo de drogas. Mas, qual o efeito do consumo de drogas nos sintomas do transtorno?

O que são drogas?

Droga é um termo genérico usado para designar qualquer substância que altere a função biológica e, possivelmente, a estrutura do organismo. Já as drogas psicotrópicas, também chamadas de drogas psicoativas, são as que têm o potencial de alterar o funcionamento do cérebro e provocar:

  • Modificação do sistema nervoso central (SNC) e comprometimento das estruturas cerebrais;
  • Alterações no humor;
  • Alterações em estados da consciência;
  • Alterações na percepção;
  • Alterações no comportamento.

Existem drogas psicotrópicas que são lícitas e outras que são ilícitas. Essas últimas se dividem entre as drogas que são ilegais e as drogas ou substâncias que, embora sejam lícitas para determinado uso, tornam-se ilícitas quando utilizadas com finalidades para as quais não são permitidas.

Drogas lícitas:

  • Medicamentos psicoativos usados para fins medicinais – medicamentos desse tipo têm uso controlado e, quando prescritos pelo médico para serem adquiridos para o paciente usar, é necessário receituário especial para isso;
  • Drogas psicoativas legais – não são proibidas por lei, como a cafeína, ou não totalmente, como o cigarro e o álcool, que só podem ser vendidos para maiores de idade no Brasil.

Drogas ilícitas:

  • Drogas psicoativas ilegais – a produção, importação e comercialização é proibida por lei, a exemplo de anfetaminas, ecstasy, cocaína e heroína;
  • Medicamentos psicoativos usados para fins não medicinais – embora sejam lícitos para utilização médica, o uso é ilícito quando a finalidade é outra;
  • Substâncias que não são para uso em pessoas – são lícitas quando usadas para o que foram criadas, mas podem ser psicoativas quando consumidas por alguém, sendo ilícita essa utilização, por exemplo: inalantes, como o solvente da cola de sapateiro, que evapora na temperatura ambiente e tem efeito psicoativo quando inalado.

As drogas psicotrópicas são classificadas em três tipos básicos, de acordo com a forma com que elas afetam a atividade cerebral:

Drogas depressoras – diminuem a atividade cerebral, o que reduz a atenção, concentração, tensão emocional e capacidade intelectual. Exemplos:

  • Tranquilizantes (ansiolíticos);
  • Álcool;
  • Inalantes;
  • Narcóticos, como morfina e heroína.

Drogas estimulantes – aumentam a atividade cerebral. Exemplos:

  • Cafeína;
  • Tabaco;
  • Anfetaminas;
  • Cocaína;
  • Crack.

Drogas alucinógenas – alteram a percepção. Exemplos:

  • LSD;
  • Ecstasy;
  • Substâncias derivadas de vegetais, como maconha, ayahuasca, sálvia, mescalina etc.

As alterações causadas por drogas psicotrópicas podem variar de acordo com uma série aspectos, que são:

  • As características biológicas e psicológicas do usuário;
  • O efeito que o usuário espera ter;
  • As circunstâncias em que a droga psicoativa é consumida.
  • A quantidade consumida desse tipo de droga;

Atenção! Mesmo as drogas consideradas leves, como calmantes e maconha, podem causar danos, dependendo de quem usa e do contexto em que é consumida.

O uso de drogas é mais comum em quem tem TDAH?

Existe um consumo maior de drogas entre pessoas que têm o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em relação às que não têm. Já foram feitas várias pesquisas a respeito, e alguns dados apurados sobre o uso de certas drogas em pessoas com TDAH são os seguintes:

  • Pessoas com TDAH, geralmente, começam a ter problemas com drogas e álcool mais cedo;
  • 25%, aproximadamente, dos adultos que estão em serviços de recuperação para abuso de álcool ou outras substâncias têm TDAH;
  • Crianças com TDAH são mais propensas a iniciar o abuso de álcool na adolescência;
  • Pessoas com TDAH têm quase três vezes mais probabilidade de se viciar em nicotina;
  • Pessoas com TDAH têm quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver um transtorno por uso de cocaína.

Não se sabe exatamente o motivo de o consumo de drogas ser maior entre as pessoas com TDAH e existem várias teorias de cientistas a respeito, tais como: problemas comportamentais causados pelo transtorno que poderiam aumentar a vulnerabilidade às drogas; algum aspecto genético relacionado ao TDAH que pudesse tornar a pessoa mais suscetível; e, ainda, a tentativa de diminuir os sintomas do TDAH por meio do uso de drogas.

Seja como for, o que se sabe é que o tratamento precoce do TDAH pode diminuir o risco de abuso de substâncias psicoativas. Quanto mais cedo as crianças forem tratadas, menor é a probabilidade de desenvolver transtornos por uso de drogas em comparação com as que iniciam o tratamento mais tarde.

Também é importante tratar distúrbios de saúde mental que, com frequência, as pessoas têm junto com o TDAH, como ansiedade e depressão. Pois isso, o tratamento precoce do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ajuda a diminuir o risco do consumo de drogas.

As medicações para TDAH podem viciar?

Embora medicamentos que podem fazer parte do tratamento de quem tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade sejam substâncias psicoativas, a pessoa com TDAH que toma a medicação corretamente, ou seja, na dosagem e na frequência prescrita pelo médico, não desenvolve dependência dela.

Além disso, tomar um medicamento psicoativo como parte do tratamento de TDAH na infância não leva a desenvolver transtornos de dependência mais tarde. Não há evidência alguma, até hoje, de que isso possa acontecer. Muito pelo contrário: o que existe são evidências de que os medicamentos para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade protegem de desenvolver transtornos viciantes depois, na adolescência e quando adulto.

O uso de drogas pode piorar os sinais e sintomas do TDAH?

Pessoas com TDAH têm, ao longo da vida, uma prevalência alta de transtorno por uso de drogas, e isso está associado a níveis maiores de sintomas de hiperatividade-impulsividade e desregulação emocional. Entre as drogas utilizadas, as mais bem representadas são canabioides, estimulantes e álcool.

Maconha – pessoas com TDAH podem buscar os efeitos relaxantes e prazerosos que a cannabis provoca. Entretanto, elas são mais vulneráveis aos efeitos da maconha e, em longo prazo, o uso leva a um agravamento dos sintomas, como impulsividade e instabilidade de humor.

Cocaína – é uma droga estimulante que atua nos sistemas que parecem estar danificados em pacientes com TDAH. Como esses sistemas são o alvo principal do tratamento farmacêutico do transtorno, o uso da cocaína pode ser reforçado na pessoa por mecanismos associados ao desejo de alívio de disfunções típicas do TDAH. Por outro lado, a cocaína pode mascarar vários sintomas do TDAH, podendo dificultar o reconhecimento do transtorno e, consequentemente, da definição de uma estratégia para o tratamento dele.

Álcool – embora o álcool seja um depressor, pode ter o efeito oposto em quem tem TDAH. O consumo afeta o lobo frontal, que é responsável pelo pensamento claro e pela tomada de decisões. O álcool pode potencializar comportamentos compulsivos da pessoa com TDAH e levar a consequências prejudiciais. Além disso, pode intensificar os sintomas de desatenção e inquietação e, com o uso prolongado, é possível que a pessoa apresente sintomas de ansiedade intensificados e ter dificuldade em controlar as emoções dela.

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O que é o hiperfoco que o TDAH pode causar e como isso pode ser positivo?

Referências

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8038274/ – acesso em 11/04/2023;

Menino brincando e pais observando sorrindo depois de o médico explicar para ela se o TDAH é um ou não um transtorno hereditário

O TDAH é um transtorno hereditário?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) provoca dificuldade no nível de atenção e foco da pessoa, fazendo com que ela seja mais inquieta, agitada, impaciente e, frequentemente, impulsiva. O transtorno tem uma forte influência genética, o que significa que existe uma tendência para que ele seja transmitido de pais para filhos, mas há vários fatores que podem influir se ele vai se manifestar ou não e de que forma.

O que é um uma doença ou transtorno hereditário?

Uma doença hereditária ou um transtorno hereditário, é uma condição de saúde causada por alterações genéticas passadas dos pais para os filhos. Essas alterações podem ser de diferentes tipos, incluindo mutações em genes específicos, cromossomos anormais ou anormalidades no número de cromossomos.

Embora os transtornos ou doenças hereditárias possam ser transmitidos de geração para geração em uma família, nem todas as pessoas que herdam a mutação genética desenvolvem a doença ou transtorno hereditário associado a ela. Existem vários fatores que podem determinar se uma doença hereditária se manifestará ou não em uma pessoa, tais como:

Penetrância – refere-se à probabilidade de uma pessoa com uma mutação genética desenvolver a doença ou transtorno que essa mutação tem a possibilidade de causar, sendo que a probabilidade pode variar dependendo da mutação e da doença ou transtorno em questão.

  • Penetrância alta – alguns genes podem ter uma penetrância alta, o que significa que a maioria das pessoas com a mutação desenvolverá a doença;
  • Penetrância baixa – outros genes podem ter uma penetrância baixa, o que significa que apenas algumas pessoas com a mutação desenvolverão a doença;
  • Fatores que podem afetar a penetrância – além disso, a penetrância também pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais adicionais.

Expressividade – diz respeito à gravidade dos sintomas da doença em pessoas com a mutação. Algumas pessoas podem ter sintomas graves, enquanto outras podem ter sintomas leves ou nenhum sintoma.

Fatores ambientais – alguns fatores ambientais, como dieta, estilo de vida, exposição a substâncias tóxicas ou a presença de outras doenças, podem influenciar se uma pessoa desenvolverá ou não a doença ou o transtorno hereditário.

Herança genética – a forma como a doença é herdada também pode influenciar se ela se manifestará ou não.

  • Gene dominante – algumas doenças ou transtornos são herdados de forma dominante, o que significa que uma única cópia do gene mutado é suficiente para causar a doença;
  • Gene recessivo – outros são herdados de forma recessiva, o que significa que ambos os pais devem transmitir uma cópia do gene mutado para que a doença se manifeste.

Ou seja, a manifestação de um transtorno ou doença hereditária é determinada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A presença de uma mutação genética em si não é necessariamente suficiente para garantir o desenvolvimento da doença.

Qual a diferença entre doença hereditária e doença genética?

Embora as doenças ou transtornos hereditários e as doenças genéticas estejam relacionadas à genética, elas têm diferenças importantes:

Doença hereditária – é uma doença que é passada de pais para filhos através dos genes. A doença pode ser causada por mutações genéticas, mas também pode ser causada por outros fatores, como traumas ou exposição a substâncias nocivas. As doenças hereditárias podem ser dominantes ou recessivas, dependendo de como são transmitidas pelos genes.

Doença genética – é uma doença causada por uma ou mais mutações genéticas. As mutações genéticas podem ocorrer espontaneamente ou serem herdadas dos pais. As doenças genéticas são causadas por alterações no DNA que afetam a produção ou a função de proteínas no corpo. Algumas doenças genéticas são hereditárias, mas outras podem ser causadas por mutações que ocorrem aleatoriamente.

Então, todas as doenças hereditárias são genéticas, mas nem todas as doenças genéticas são hereditárias. Isso porque as doenças hereditárias só podem ser transmitidas de pais para filhos por meio de genes, enquanto as doenças genéticas podem ser herdadas ou acontecer espontaneamente.

O TDAH é ou não um transtorno hereditário afinal?

O que se sabe atualmente é que o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade tem uma forte influência genética, o que significa que há uma tendência para que ele seja transmitido de pais para filhos. Mas o TDAH não é um transtorno hereditário no sentido de que é causada por um único gene. As pesquisas mostram que há vários genes envolvidos e que o risco genético depende da interação com fatores ambientais para levar a um quadro de TDAH, por exemplo:

  • Consumo de substância na gestação – alguns estudos indicam que fumar cigarro durante a gravidez aumenta o risco para o transtorno no bebê;
  • Prematuridade e baixo peso – bebês que nascem antes do tempo e/ou com baixo peso ao nascer, ou seja, menos do que 2,5 kg, têm mais risco de desenvolver o problema.

Em resumo, embora haja uma forte influência genética no TDAH, ele não é uma doença hereditária causada por um único gene, sendo influenciado por uma variedade de fatores genéticos e ambientais.

Quais são os sinais e sintomas de TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um quadro neurobiológico que provoca dificuldade no nível de atenção e foco da pessoa, fazendo com que ela seja mais inquieta, agitada, impaciente e, frequentemente, impulsiva. A estimativa é que até 8% da população mundial tenha TDAH, cujos sintomas podem ser divididos em duas categorias de questões comportamentais:

  • Desatenção (dificuldade de concentração e foco);
  • Hiperatividade e impulsividade.

É possível que o transtorno se manifeste sem os sintomas de uma das duas categorias comportamentais. O TDAH é mais comum em meninos, sendo que nas meninas é mais frequente que o transtorno cause apenas sintomas de desatenção, o que faz com que seja mais difícil de ser percebido e diagnosticado.

Principais sintomas de desatenção em crianças e adolescentes

  • Ter dificuldade em organizar tarefas
  • Conseguir manter a atenção só por um período curto e distrair-se facilmente;
  • Não conseguir se dedicar a tarefas tediosas ou demoradas;
  • Cometer erros por descuido;
  • Parecer esquecido ou perder coisas;
  • Parecer que não consegue ouvir ou executar instruções;
  • Mudar constantemente de atividades ou tarefas.

Principais sintomas de hiperatividade e impulsividade em crianças e adolescentes

  • Estar constantemente inquieto;
  • Ser incapaz de ficar parado, movimentando-se excessivamente;
  • Conversar excessivamente;
  • Interromper conversas;
  • Ser incapaz de esperar a sua vez;
  • Ser incapaz de se concentrar em tarefas;
  • Agir sem pensar;
  • Ter pouca ou nenhuma noção de perigo.

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Como escolher atividades de lazer para quem tem TDAH?

O que é o hiperfoco que o TDAH pode causar e como isso pode ser positivo?

Referências

https://www.nhs.uk/conditions/attention-deficit-hyperactivity-disorder-adhd/symptoms/ – acesso em 13/02/2022.


Como o TDAH é diagnosticado em crianças e por que isso deve ser feito o mais cedo possível?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, ou simplesmente TDAH, é um quadro neurobiológico que provoca dificuldade no nível de atenção e foco do indivíduo, fazendo com que ele seja mais inquieto, agitado, impaciente e, frequentemente, impulsivo. O TDAH é bastante comum, estima-se que entre 4 e 12% das crianças e adolescentes (entre 6 e 12 anos) tenham a condição. A estimativa é que até 8% da população mundial conviva com o quadro. Para que o diagnóstico seja feito, são levados em conta alguns critérios específicos. Continue a leitura para saber:

Qual a importância de diagnosticar o TDAH o mais cedo possível?

O TDAH pode afetar pessoas de qualquer idade, mas ele é diagnosticado com mais frequência nas duas primeiras fases da vida. Os impactos dele são significativos, veja alguns exemplos do que o déficit de atenção com hiperatividade pode ocasionar em crianças e adolescentes:

  • Dificuldade de aprendizado causado pela baixa capacidade de foco e concentração;
  • Dificuldade de socialização na escola provocada pela impulsividade;
  • Dificuldade em se relacionar com professores por não conseguir executar ou planejar tarefas em sala de aula);
  • Baixa autoestima.

O diagnóstico precoce do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade é fundamental para reduzir o sofrimento psicológico dos portadores do quadro e ainda auxiliar na construção de adaptações que ajudem a pessoa a conviver com o problema.

O diagnóstico precoce de TDAH pode causar problemas?

Embora o diagnóstico precoce do TDAH seja muito importante, quando ele é feito de forma precipitada, sem levar em consideração as evidências disponíveis e até mesmo investigar outras possíveis condições de saúde com sintomas semelhantes (como o transtorno de ansiedade), pode provocar um quadro de medicação desnecessária e até atrasar a ajuda adequada da qual a criança realmente precisa.

Para evitar um diagnóstico apressado do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade em crianças, sem a devida investigação e o envolvimento dos profissionais de saúde necessários para que ele seja feito com segurança, pais e responsáveis devem:

  • Não confiar em evidências inconclusivas, pois o diagnóstico do TDAH não é simples e rápido;
  • Questionar o médico sobre a possibilidade de ser outra condição que pode provocar sintomas semelhantes ou até mais de uma;

Quais são os critérios para que o diagnóstico de TDAH seja feito?

Tanto em adultos como em crianças, o diagnóstico de TDAH é feito de forma clínica, ou seja, com base na avaliação especializada dos sinais e sintomas. Atualmente, não existem exames de imagem ou laboratoriais que possam indicar o transtorno. Por isso, o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade pode e deve ser feito de forma interdisciplinar, com a participação de diversos especialistas, tais como:

  • Psiquiatra;
  • Pediatra;
  • Neurologista.

Mas também os professores e os pais ou responsáveis podem colaborar para o diagnóstico ao observarem o comportamento das crianças e adolescentes com base em um questionário, chamado SNAP-IV, que divide os sintomas em dois grupos: desatenção e hiperatividade e impulsividade. Para cada sintoma, é importante graduar em “nem um pouco”, ‘só um pouco”, “bastante” e “demais”. São eles:

Déficit de atenção

  • Desatenção a detalhes; comete erros por descuido na escola e nas tarefas;
  • Dificuldade de sustentar atenção na escola ou atividades de lazer;
  • Parece não estar ouvindo quando estão falando;
  • Dificuldade com instruções, regras e prazos;
  • Dificuldade de planejamento e organização;
  • Evita/reluta em fazer tarefas que necessitem de esforço mental;
  • Perde/esquece objetos;
  • Se distrai facilmente com estímulos externos;
  • Não consegue automatizar tarefas do cotidiano.

Hiperatividade e impulsividade

  • Movimento excessivo do corpo enquanto sentado na cadeira;
  • Dificuldade em permanecer sentado;
  • Dificuldade em se expor a situações de lazer de forma calma;
  • Exposição a atividades perigosas;
  • Acelerado, realiza todas as atividades “a mil”;
  • Fala demais, se intromete nas conversas e responde perguntas de forma precipitada;
  • Dificuldade em esperar;
  • Interrompe os outros durante as conversas.

Se existem seis itens marcados como “bastante” ou “demais” para cada grupo, satisfaz-se os critérios para o diagnóstico de sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade. Mas não é só isso. Os sintomas também precisam:

  • Manifestarem-se durante seis meses ou mais;
  • Serem mais pronunciados do que o esperado pela idade;
  • Ocorrerem na escola e em casa;
  • Interferir de forma importante na funcionalidade, prejudicando o desempenho do indivíduo.

Quais são as possíveis causas de TDAH?

O TDAH é um problema de origem neurobiológica que causa alterações principalmente na região frontal do cérebro, a área responsável pelo controle de impulsos e pela capacidade de concentração, de atenção, planejamento e memória, entre outros.

Os cientistas sabem que esse problema está ligado aos baixos níveis de dois neurotransmissores responsáveis por “ativar” essas atividades: a noradrenalina e a dopamina. No entanto, ainda não está claro o que causa essa alteração no sistema nervoso. Algumas hipóteses que já foram levantadas por estudos científicos são:

  • Fatores genéticos – ter familiares com TDAH;
  • Consumo de substância na gestação – alguns estudos indicam que fumar cigarro durante a gravidez aumenta o risco para o transtorno no bebê;
  • Prematuridade e baixo peso – bebês que nascem nessas condições têm maior risco de desenvolver o problema;
  • Presença de TPS (transtorno do processamento sensorial) – estudos indicam que crianças com TDAH podem ser dificuldades de integração social; sendo assim, crianças com diagnóstico de TPS podem também receber o diagnóstico de TDAH posteriormente;
  • Outros transtornos e lesões no cérebro – pacientes com epilepsia ou alguma lesão cerebral, por exemplo, podem ser mais risco de receber o diagnóstico.

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Referências

https://www.additudemag.com/3-truly-terrible-and-common-way-to-diagnose-adhd/ – acessado em 311/01/2023.