Mãe de criança com TDAH conversa com o filho

Orientações para a família após o diagnóstico de TDAH

No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes convivem com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. O TDAH pode trazer dificuldades no dia a dia, principalmente se os pais ou responsáveis não sabem lidar com a situação de forma apropriada. Após o diagnóstico, é essencial compreender e adotar orientações específicas para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar da pessoa afetada. Continue a leitura para saber:

  • O que é o TDAH?
  • Quais são os sinais e sintomas de TDAH?
  • Qual o impacto do TDAH no dia a dia da família?
  • Como é feito o diagnóstico do TDAH?
  • Como é o tratamento do TDAH?
  • Quais estratégias podem ajudar os pais de quem tem TDAH?

O que é o TDAH?

O TDAH é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns em crianças e adolescentes. Geralmente, é diagnosticado pela primeira vez na infância e, muitas vezes, dura até a idade adulta. É considerado um transtorno crônico e debilitante, que afeta diversos aspectos da vida da pessoa, como as relações interpessoais, estudos e o trabalho.

Não se sabe exatamente o que causa o transtorno, mas há cada vez mais evidências de que a genética contribui para o TDAH. Mas, seja qual for a causa ou as causas, crianças com TDAH podem ter dificuldade para prestar atenção, manter o foco, seguir orientações, controlar comportamentos impulsivos ou hiperativos. O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade pode se manifestar de três formas diferentes, dependendo de quais tipos de sinais e sintomas são mais fortes.

  • Predominantemente desatento – caracterizado pela falta de atenção, dificuldade em manter o foco, organização e seguir instruções;
  • Predominantemente hiperativo-impulsivo – marcado por hiperatividade, impulsividade, inquietude e dificuldade em controlar impulsos;
  • Combinado – apresenta uma combinação de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Quais são os sinais e sintomas de TDAH?

O transtorno envolve uma variedade de manifestações, que podem se apresentar de formas diferentes, dependendo da idade. As mais comuns são as seguintes:

  • Cometer erros descuidados ou assumir riscos desnecessários;
  • Dificuldade em se dar bem com outras pessoas;
  • Esquecimento de atividades cotidianas;
  • Dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades;
  • Evitar ou resistir a tarefas que exijam esforço mental prolongado;
  • Inquietude constante ou dificuldade em ficar sentado;
  • Correr ou subir em lugares inadequados;
  • Falar em excesso;
  • Interromper os outros frequentemente;
  • Agir impulsivamente.

Qual o impacto do TDAH no dia a dia da família?

O TDAH pode impactar na rotina e relacionamentos de uma forma que afeta toda a família, não apenas a pessoa que tem o transtorno. Alguns dos desafios mais comuns incluem:

Estresse e sobrecarga – muitas vezes, pais e familiares enfrentam estresse emocional e físico devido à necessidade de lidar com as manifestações do TDAH dos filhos, incluindo hiperatividade, impulsividade e desatenção.

Dificuldades educacionais – crianças com TDAH podem ter dificuldade em se concentrar na escola, seguir instruções e concluir tarefas acadêmicas, resultando em um baixo desempenho escolar.

Relações familiares tensas – os comportamentos impulsivos e a inquietude podem criar tensões nas relações familiares. Os pais podem se sentir frustrados ou impotentes ao lidar com os desafios comportamentais.

Demanda de tempo – cuidar de uma criança com TDAH exige mais tempo e energia dos pais, que podem precisar supervisionar de perto as atividades dos filhos e ajudar com a organização.

Impacto financeiro – o tratamento do TDAH, incluindo terapia e, possivelmente, medicamentos, pode representar um custo financeiro maior para a família.

Como é feito o diagnóstico do TDAH?

Descobrir se uma criança tem TDAH é um processo que envolve várias etapas, já que não existe um teste único para diagnosticar o transtorno. É necessário consultar um médico experiente nesse tipo de diagnóstico, como um psiquiatra ou neurologista, pois os sinais e sintomas variam e podem vir acompanhados de manifestações de outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, que as pessoas com TDAH tem mais risco de desenvolver. O diagnóstico pode ser feito da seguinte forma:

Avaliação clínica – inclui entrevista com o paciente e seus pais ou responsáveis. O objetivo é obter informações sobre os sintomas e seus impactos no cotidiano.

Histórico médico e comportamental – o médico coleta informações sobre o histórico de saúde e comportamental desde a infância. Perguntas sobre sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade são comuns.

Questionários – podem ser preenchidos pelo próprio paciente ou pais, para avaliar a presença e a gravidade dos sintomas.

Acompanhamento – em alguns casos, o diagnóstico pode envolver um período de acompanhamento para observar como os sintomas se manifestam ao longo do tempo.

Como é o tratamento do TDAH?

O tratamento do TDAH envolve uma combinação de abordagens terapêuticas e, em alguns casos, medicamentos. O médico especialista deve orientar sobre as melhores alternativas para cada paciente, de acordo com as necessidades.

Terapia comportamental – ensina habilidades específicas para gerenciar o comportamento e transformar padrões de pensamento negativos em positivos. Pode ajudar a lidar com os desafios da vida, como problemas nos relacionamentos, nos estudos e no trabalho.

Apoio psicossocial – oferece suporte emocional e orientação para a família aprender tanto a lidar com o estresse de viver com alguém que tem TDAH quanto auxiliar essa pessoa a administrar os desafios provocados pelo transtorno.

Apoio educacional – pessoas com TDAH que estejam estudando também podem ser beneficiadas com um apoio educacional específico, que contemple planos de educação individualizados ou acomodações na sala de aula para ajudar a atender às necessidades acadêmicas delas.

Medicação – o uso de medicamentos, como psicoestimulantes, pode ser indicado, principalmente, quando outras doenças neurológicas estão associadas. Embora, no Brasil, as diretrizes terapêuticas adotadas na rede pública de saúde foquem somente em terapia cognitivo comportamental, apoio escolar, orientação tanto para o paciente quanto para a família dele e hábitos alimentares.

Quais estratégias podem ajudar os pais de quem tem TDAH?

A criação de estratégias para ajudar os pais de crianças com TDAH é essencial para proporcionar um ambiente de apoio e desenvolvimento saudável para seus filhos, como por exemplo:

Eduque-se sobre o TDAH – aprenda sobre o transtorno para compreendê-lo melhor, suas características e como ele afeta os filhos.

Comunicação eficaz – mantenha uma relação de diálogo com os filhos. Ouça suas preocupações e sentimentos e incentive a expressão de emoções.

Rotina e estrutura – crie uma rotina consistente em casa, pois isso ajuda as crianças com TDAH a se sentirem mais seguras e previsíveis. Use horários e listas de tarefas para ajudar na organização.

Reforço positivo – elogie e recompense o bom comportamento, pois crianças com TDAH muitas vezes respondem bem ao reforço positivo.

Tempo de qualidade – reserve tempo de qualidade com seu filho. Isso pode fortalecer o relacionamento e ajudar a reduzir o estresse.

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Referências


Médica do SUS acompanha menino com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, o TDAH

Transtorno do processamento sensorial e TDAH



O transtorno do processamento sensorial (TPS) provoca reações extremas a estímulos de toda ordem, como não conseguir sentir a etiqueta da roupa em contato com a pele ou ficar enormemente incomodado com o barulho de uma tesoura. Em cerca de 30% a 80% dos casos, o TPS está associado ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Para compreender o transtorno do processamento sensorial e a conexão dele com o TDAH, confira:

O que é o transtorno do processamento sensorial?

O transtorno do processamento sensorial altera a forma como o sistema nervoso central recebe, organiza e reage a diversos tipos de estímulos: visual, auditivo, tátil, gustativo, olfativo e dos sistemas proprioceptivo e vestibular, que nos permitem reconhecer a posição de cada parte do nosso corpo e manter o equilíbrio. O que resulta em reações físicas, comportamentais e afetivas diferentes do comum.

Quem possui o distúrbio pode ser extremamente sensível, por exemplo, ao som provocado pela colher quando alguém a está usando para mexer o café ou, então, precisar de muito estímulo para experienciar sensações. Cada caso de TPS costuma ser único, o que faz com que uma pessoa posa ter vários ou apenas um sentido prejudicado.

Por enquanto, o TPS não consta nas principais classificações internacionais de doenças e transtornos, como a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V).

Entretanto, o transtorno do processamento sensorial é abordado direta ou indiretamente no Manual de Diagnóstico para a Infância e Primeira Infância, do Conselho Interdisciplinar em Transtornos do Desenvolvimento e da Aprendizagem (ICDL), e na Classificação Diagnóstica de Saúde Mental e Transtornos do Desenvolvimento da Infância e Primeira Infância.

Quais as causas do transtorno do processamento sensorial e qual a relação dele com TDAH?

Ainda não são conhecidas as causas do transtorno do processamento sensorial, sendo necessário fazer mais investigações. É possível que exista um componente genético, mas o que se sabe é que fatores externos que podem aumentar o risco de desenvolver o transtorno, tais como:

  • Experiências negativas na primeira infância;
  • Falta de interação com adultos e outras crianças;
  • Pouco estímulo à sucção do leite pela mamadeira;
  • Parto prematuro;
  • Desnutrição no pré-natal;
  • Infecções no ouvido.

Para parte dos pesquisadores e médicos, o TPS é um problema isolado. Outros acreditam na relação direta com distúrbios como o transtorno do espectro autista (TEA) e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Os índices corroboram, principalmente, a probabilidade de conexão com o TDAH, pois:

  • Em 30% a 80% dos casos de TDAH, o TPS também está presente.

Nesses casos, os sintomas do transtorno do processamento sensorial e do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade podem coexistir. No entanto, o tratamento de cada transtorno será diferente. Isso porque, quando os estímulos sensoriais são eliminados, quem tem TPS muda o comportamento. O que não acontece em quem tem TDAH.

Existem vários tipos de transtorno do processamento sensorial?

O TPS se divide em três subtipos: transtorno de modulação sensorial, transtorno de discriminação sensorial e transtorno motor de base sensorial. No entanto, uma mesma pessoa pode apresentar características de mais de um deles. Confira cada um:

Transtorno de modulação – nesse caso, a intensidade das reações pode ser de hipersensibilidade, que leva a respostas mais rápidas ou duradouras do que o normal, ou de hiporresponsividade, com respostas lentas e sem a intensidade esperada; ou, então, existir um forte e insaciável desejo por estímulos sensoriais (busca sensorial).

Transtorno de discriminação – pessoas que se encaixam nesse subtipo não conseguem saber de onde vêm as sensações e ficam confusas. Também apresentam dificuldade em distinguir as semelhanças e diferenças dos estímulos, por exemplo, fontes de sons e letras.

Transtorno motor – a pessoa tem dificuldade de estabilizar o corpo (transtorno postural) ou preparar e sequenciar movimentos coordenados (dispraxia) a partir de informações sensoriais dos sistemas proprioceptivo e vestibular.

Quais são os sinais e sintomas de transtorno do processamento sensorial e quais são iguais aos de TDAH?

Os sinais e sintomas de TPS podem envolver a reação exagerada ou insuficiente a estímulos, busca por emoções mais intensas e dificuldade na resposta motora. Entre os mais comuns estão:

  • Coceira e incômodo com tecido das roupas;
  • Ofuscamento com luzes;
  • Sensibilidade maior a sons;
  • Receio de brincar em balanços;
  • Dificuldade com equilíbrio;
  • Incômodo com toques, mesmo se forem suaves;
  • Reação fora do comum a movimentos repentinos;
  • Dificuldade para segurar objetos;
  • Problemas de comportamento;
  • Dificuldade para subir escadas;
  • Atrasos na linguagem;
  • Não conseguir ficar parado;
  • Adorar pular, subir em algo alto e girar;
  • Girar sem ficar tonto;
  • Problemas para dormir;
  • Não reconhecer que o rosto está sujo;
  • Não ter noção do próprio espaço;
  • Não dar atenção a normas sociais;
  • Mastigar objetos ou parte do próprio corpo.

Pessoas com o transtorno do processamento sensorial também podem ter manifestações características do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e vice-versa, o que dificulta a diferenciação entre os dois. Por exemplo: pessoas com TPS podem ter dificuldades de atenção, mau controle de impulsos e hiperatividade, que são típicos de TDAH; por outro lado, pessoas com TDAH podem ter problemas com hipersensibilidade sensorial, o que é típico de TPS.

Além disso, alguns aspectos comportamentais de TDAH e de TPS podem ser muito parecidos:

  • Controle deficiente de impulsos;
  • Movimentos e toques inadequados;
  • Distração e dificuldade de concentração;
  • Não ter consciência quando alguém fala com consigo ou é solicitado a seguir instruções.

Também é possível ocorrer problemas emocionais em quem tem TPS, como baixa autoestima, falta de confiança e isolamento social.

Como é feito o diagnóstico do transtorno do processamento sensorial?

O diagnóstico do TPS pode ser feito a partir da avaliação de vários fatores:

  • Exame físico;
  • Atrasos no desenvolvimento, como na fala e linguagem;
  • Questionário psicológico;
  • Pesquisas com os pais.

Como é o tratamento do transtorno do processamento sensorial?

O tratamento para o TPS pode envolver atividades específicas para o dia a dia e diferentes tipos de terapia. Entre as recomendações estão:

Dieta sensorial – envolve a prática de atividades para ajudar no foco e na organização. Devem ser introduzidas sutilmente na rotina e de forma personalizada, correspondendo a necessidades do paciente. Caminhadas e ouvir diversas frequências e padrões sonoros, em diferentes horários do dia, são algumas recomendações.

Terapia de integração sensorial – o paciente é submetido a atividades desafiadoras, mas sem sobrecarga física ou emocional. Funciona como um treino para desenvolver habilidades capazes de controlar os sintomas em qualquer ambiente e situação.

Terapia ocupacional – além de utilizar métodos da integração sensorial, as atividades são focadas nas habilidades motoras finas, como recortar um papel, e motoras grossas, como lançar uma bola.

Terapias alternativas, incluindo a acupuntura e certos tipos de massagem, podem aliviar os sintomas, mas os benefícios não são comprovados cientificamente. Outra medida paliativa pode ser eliminar ou reduzir os estímulos que provocam reações exacerbadas, como tirar as etiquetas das roupas ou usar óculos escuros e fone de ouvido, de acordo com a hipersensibilidade de cada caso.

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Referências

https://www.icdl.com/dir/bookstore/icdl-publications/diagnostic-manual-for-infancy-and-early-childhood – acesso em 09/09/2023.


Criança com TDAH sentindo dificuldade de concentração em uma tarefa na sala de aula – Cellera Farma.

TDAH é transtorno ou sintoma?

Cerca de 7,6% das crianças e adolescentes brasileiros têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Mas, apesar do crescente conhecimento público e conscientização, ainda existe muita informação incorreta a respeito, como a afirmação de que o TDAH não é um transtorno, mas sim um conjunto de sintomas causados por fatores externos essencialmente, o que pode prejudicar a saúde e estigmatizar quem convive com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Então, continue a leitura para saber:

  • Por que o TDAH é considerado um transtorno mental?
  • Quais as possíveis causas do TDAH?
  • Quais são os tipos de TDAH e quais sinais e sintomas cada um pode provocar?
  • Por que o TDAH carrega um estigma?
  • Quais danos a estigmatização do TDAH pode causar?
  • Quais problemas o TDAH sem tratamento pode causar para crianças, jovens e adultos?
  • Como é o tratamento do TDAH?

Por que o TDAH é considerado um transtorno mental?

O TDAH é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns que afetam as crianças. No mundo, o número de casos nessa faixa etária varia entre 5% e 8%. Já no Brasil, é estimado que 7,6% das crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos têm o transtorno, que também está presente em 5,2% das pessoas entre 18 e 44 anos e em 6,1% de quem tem mais de 44 anos.

Alterações cerebrais – apesar de existir uma crença contrária, o TDAH é classificado como um transtorno mental porque envolve disfunções no funcionamento do cérebro que afetam as funções executivas dele, responsáveis pela regulação de comportamentos sociais e habilidades cognitivas, o que pode ter várias consequências, por exemplo:

  • Dificuldade em planejar e organizar atividades;
  • Dificuldade em concluir uma tarefa e cumprir prazos;
  • Dificuldade em manter o foco;
  • Dificuldade para alternar a atenção entre tarefas;
  • Problemas para regular as emoções;
  • Problemas com motivação;
  • Impulsividade e tomada de decisões erradas;
  • Ser mentalmente rígido e/ou inflexível;
  • Atrasar-se para compromissos, eventos, reuniões ou atividades sociais;
  • Perder itens importantes e esquecer detalhes.

Evidências científicas – são tão conclusivas, que o TDAH é reconhecido como um transtorno mental específico pelas duas principais classificações internacionais de doenças e transtornos, que são adotadas no mundo todo:

  • A 10ª revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10), da Organização Mundial da Saúde;
  • A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), da Associação Americana de Psiquiatria.

Quais as possíveis causas do TDAH?

Não se sabe ainda o que, exatamente, causa o TDAH. Ele pode ser resultado de uma série de fatores, tais como:

  • Genética, pois a hereditariedade estimada do TDAH se aproxima de 80%, o que sugere um componente genético significativo no contexto da origem do transtorno;
  • Alterações na estrutura e funcionamento do cérebro, como o córtex pré-frontal e o sistema dopaminérgico;
  • Exposição a determinados fatores ambientais durante o desenvolvimento fetal ou na infância, como prematuridade ou consumo de tabaco e álcool pela mãe durante a gravidez;
  • Distúrbios no desenvolvimento do sistema nervoso central.

Quais são os tipos de TDAH e quais sinais e sintomas cada um pode provocar?

O TDAH pode se manifestar de três formas diferentes, dependendo de quais sintomas são mais fortes.

Tipo desatento – dificuldade em organizar ou terminar uma tarefa, prestar atenção aos detalhes ou seguir instruções. A pessoa se distrai facilmente ou esquece detalhes da rotina diária.

Tipo hiperativo-impulsivo – incapacidade de ficar parado em situações nas quais é esperado. As crianças menores podem correr, saltar ou escalar lugares inadequados. Também falam excessivamente, têm dificuldade em esperar a sua vez e ficam excessivamente agitadas e inquietas.

Tipo combinado – este é o tipo mais comum de TDAH e envolve uma combinação de sintomas de desatenção com hiperatividade e impulsividade.

Por que o TDAH carrega um estigma?

Apesar das evidências científicas, muitas pessoas não acreditam que o TDAH seja uma condição médica e até o enxergam como uma desculpa para desleixo ou preguiça. Frequentemente, as manifestações de TDAH são confundidas com traços de caráter, apesar de serem causadas por algo com que a pessoa nasceu e não consegue controlar.

Outro fator que contribui para a estigmatização é o sentimento negativo generalizado em relação a ter um distúrbio mental, assim como ao uso de medicamentos psiquiátricos, quando eles são prescritos. Também há o fato de que a sociedade tem a tendência de valorizar um alto rendimento nos estudos e no trabalho e o TDAH poder prejudicar tanto o desempenho acadêmico quanto profissional.

Quais danos a estigmatização do TDAH pode causar?

A estigmatização do TDAH se materializa em comportamento discriminatório em relação a quem tem as manifestações do transtorno e/ou a quem é sabidamente portador dele, o que pode provocar danos significativos na vida dessas pessoas, por exemplo:

  • Desenvolvimento de baixa autoestima e sentimentos de inadequação;
  • Isolamento social, já que as pessoas com TDAH podem ser julgadas, mal interpretadas ou excluídas de grupos sociais;
  • Atrasos no diagnóstico e no início do tratamento correto;
  • Dificuldade em buscar ajuda devido ao medo do julgamento ou da estigmatização;
  • Prejuízos nas relações interpessoais;
  • Prejuízos para a saúde mental devido ao desencorajamento de cuidar dela.

Quais problemas o TDAH sem tratamento pode causar em crianças, jovens e adultos?

Se não for tratado corretamente, o TDAH pode provocar uma série de problemas significativos e afetar várias áreas da vida da pessoa, seja qual for a idade dela, tais como:

  • Estudos – desempenho acadêmico fraco;
  • Comportamento – problemas como agitação, impulsividade e desobediência;
  • Relacionamentos – dificuldades em manter relacionamentos interpessoais na vida pessoal, acadêmica e profissional;
  • Trabalho – dificuldade em planejar, cumprir ordens, metas e prazos;
  • Problemas de saúde paralelos – aumento do risco de desenvolver comorbidades, como depressão e ansiedade.

Como é o tratamento do TDAH?

O tratamento do TDAH é abordado de forma multidisciplinar e individualizada, com base nas necessidades e características de cada pessoa. Pode envolver uma combinação de abordagens terapêuticas, tais como:

Terapia comportamental – abordagens terapêuticas, como a terapia comportamental cognitiva (TCC) e a terapia comportamental parenteral (TCP), podem ajudar a desenvolver habilidades de gerenciamento de sintomas, estratégias de organização e planejamento, e melhorar o autocontrole e a autorregulação.

Apoio educacional – pessoas com TDAH que estejam estudando podem se beneficiar de apoio educacional adicional, como planos de educação individualizados ou acomodações na sala de aula para ajudar a atender às suas necessidades acadêmicas.

Apoio psicossocial – o apoio da família e de amigos é crucial no tratamento do TDAH. O entendimento, o apoio emocional e a comunicação aberta são importantes para auxiliar a pessoa com TDAH a lidar com os desafios associados ao transtorno.

Medicação – o uso de medicamentos, como psicoestimulantes, pode ser indicado, principalmente, quando outras doenças neurológicas estão associadas. Embora, no Brasil, as diretrizes terapêuticas adotadas na rede pública de saúde foquem somente em terapia cognitivo comportamental, apoio escolar, orientação tanto para o paciente quanto para a família dele e hábitos alimentares.

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Referências


Como ter TDAH influencia a experiência universitária?

Ingressar em um curso universitário é desafiador para qualquer jovem ou adulto. Mas, no caso de 2% a 8% dos estudantes, os obstáculos costumam ser ainda maiores. É que essa é a taxa de universitários que tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), caracterizado por sintomas de desatenção, agitação e impulsividade. Esses comportamentos dificultam a frequência nas aulas, desempenho em trabalhos e provas e o convívio com professores e colegas de classe. Para saber mais sobre os impactos do distúrbio nessa etapa da vida acadêmica, continue a leitura e confira:

O que é o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico que provoca agitação, impulsividade e desatenção. As causas do problema ainda são desconhecidas, mas componentes genéticos podem ser uma das explicações.

A disfunção afeta de 5% a 8% da população mundial e, no Brasil, cerca de 5,8% das pessoas. Normalmente, o diagnóstico acontece na infância, quando a criança começa a frequentar a escola. Nesse contexto é mais fácil identificar os sinais e sintomas, já que afetam a aprendizagem e o convívio social.

Ainda assim, há muitos casos de pessoa com TDAH que só são identificados depois de as pessoas conviverem com os sintomas durante anos. Cerca de 7, 6% das pessoas só recebem o diagnóstico entre 14 e 17 anos de idade, e 5,2%, dos 18 aos 44 anos.

O TDAH não é impeditivo para completar o ensino regular, entrar na universidade ou conseguir um emprego. Mas, há grandes chances de afetar negativamente a saúde emocional e os desempenhos acadêmico e profissional de quem tem o transtorno.

Quais são os tipos de TDAH e quais são mais comuns em adolescentes e adultos?

As pessoas com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade nem sempre apresentam os mesmos sinais e sintomas, alguns podem ser mais prevalentes que outros. Existem três tipos de TDAH:

  • Tipo desatento – a falta de atenção é o sintoma predominante. A pessoa com TDAH tem dificuldade para focar na leitura, em apresentações e conversas, especialmente quando o conteúdo não o interessa;
  • Tipo hiperativo/impulsivo – nesse caso, a inquietude se destaca e a pessoa procura se manter em movimento, realiza várias atividades ao mesmo tempo, fala demais e age sem pensar;
  • Tipo combinado – as características da desatenção e da hiperatividade se manifestam na mesma proporção.

No caso dos adolescentes e jovens adultos, o mais comum é o TDAH do tipo desatento. Mas, isso não significa que sintomas de hiperatividade sejam improváveis. Acontece que, convivendo anos com o distúrbio, a pessoa consegue criar estratégias para lidar com alguns comportamentos.

No caso da hiperatividade, por exemplo, há casos em que a pessoa com TDAH consegue internalizar os sinais. Externamente, eles passam desapercebidos. Mas, internamente, provocam sensação de ansiedade, de celeridade.

Como o TDAH pode impactar quem está na universidade?

Diferentemente da criança, jovens e adultos já aprenderam a lidar melhor com os sintomas, mesmo sem ter o diagnóstico de TDAH. Por isso, a passagem pela universidade costuma ser menos traumática do que no ensino regular. Vários estudantes com o transtorno se saem melhor na faculdade.

Ainda assim, para a grande maioria dos estudantes com TDAH – que representam cerca de 2% a 8% do total dos universitários – será um período complicado, uma vez que estão mais propensos a:

  • Esquecer o prazo para entrega de trabalhos;
  • Não estudar para prova;
  • Deixar de ler livros e outros conteúdos importantes;
  • Se desconcentrar na aula;
  • Faltar aulas;
  • Oscilar de comportamento com colegas e professores;
  • Mudar várias vezes de curso e de instituição de ensino.

Esses comportamentos podem iniciar um ciclo de problemas ainda maiores, como:

  • Acúmulo de tarefas;
  • Falta de compreensão por parte dos professores;
  • Reposição constante de aulas perdidas;
  • Isolamento pelos colegas de classe nos trabalhos em grupo;
  • Repetir matérias ou um semestre inteiro;
  • Baixa autoestima.

Como é feito o diagnóstico do TDAH em jovens e adultos?

O diagnóstico deve ser feito por médico psiquiatra ou outro profissional de saúde capacitado para o diagnóstico do transtorno, como um neurologista. Os principais sistemas de classificação de diagnóstico são:

  • Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, décima edição (CID-10), conforme publicação da Organização Mundial de Saúde;
  • Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quinta edição (DSM5), da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Embora esses sistemas de classificação de diagnóstico sejam muito parecidos, os critérios da APA são mais atualizados do que os do CID-10, da OMS. No Brasil, o setor de saúde pública adota os critérios diagnóstico de TDAH recomendados no CID-10. Para jovens e adultos, que possuem melhor compreensão das sensações e comportamentos do que uma criança, também pode ser aplicado um questionário chamado ASRS-18, que foi desenvolvido por pesquisadores e a OMS.

Vale ressaltar que qualquer pessoa está suscetível a episódios de desatenção, impulsividade e agitação. Mas, para o diagnóstico positivo de TDAH, esses sintomas precisam:

  • Ter se manifestado antes dos 12 anos de idade;
  • Ocorrer em diferentes ambientes;
  • Ser constantes nos últimos seis meses ou mais;
  • Interferir no desempenho de atividades acadêmicas ou tarefas do dia a dia.

O TDAH pode ter relação com outros problemas de saúde mental, como a depressão e a ansiedade. Por isso, pessoas com algum desses diagnósticos devem prestar atenção se os quesitos de diagnóstico se encaixam em seu histórico de vida.

Como é o tratamento do TDAH em jovens e adultos?

A terapia cognitivo comportamental (TCC) é uma das principais recomendações para jovens e adultos com TDAH. As técnicas utilizadas podem ajudar o desenvolvimento de habilidades para lidar com os sintomas. Os pacientes são submetidos a atividades para:

  • Melhorar o autocontrole,
  • Solucionar problemas
  • Treinar a comunicação
  • Aprender a planejar
  • Identificar gatilhos

Em conjunto com a terapia, outros profissionais podem ser acionados para melhorar a nutrição e a condição física. Uma dieta equilibrada e a prática rotineira de exercícios físicos ajudam a diminuir a incidência e intensidade de vários sinais e sintomas do TDAH, como oscilações de humor e problemas para dormir.

Em alguns casos, o uso de medicamentos, como ansiolíticos e calmantes, auxilia o tratamento. Principalmente quando outras doenças neurológicas estão associadas. Embora, no Brasil, as diretrizes terapêuticas adotadas da rede pública de saúde não prevejam o uso de medicamentos para tratar o transtorno.

Que tipos de apoio podem ser dados aos universitários com TDAH?

Como os sintomas de TDAH afetam todas as áreas da vida, a recomendação é que os universitários contem com orientações educacional, pessoal e profissional:

Educacional – aulas de reforço presencial ou virtual e a oferta de materiais de apoio facilitam os estudos dos estudantes com TDAH. Avaliações e trabalhos com dinâmicas diferentes também contribuem para o melhor desempenho desses estudantes.

Pessoal – é importante fortalecer o estado emocional de quem tem o TDAH, pois muitos costumam ter dificuldades para se relacionar. Nesse sentido, sessões com um orientador/psicólogo costumam ser valiosas para compreender o contexto de vida do universitário e buscar a melhor forma de lidar com os desafios.

Profissional – um orientador pode ajudar esses estudantes a compreender os desafios e opções de mercado dentro da área para que eles possam fazer as escolhas mais acertadas, considerando os sintomas de TDAH.

Os estudantes com TDAH podem verificar esses serviços na própria universidade ou em paralelo com profissionais especializados em educação e psicologia.

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Referências

Criança com TDAH pratica esporte - Cellera Farma.

Como o esporte ajuda na integração social de quem tem TDAH?

Cerca de 5,2% da população adulta brasileira com idade entre 18 e 44 anos tem diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Manifestações comoimpaciência, hiperatividade einquietação podem tornar difícil manter relações interpessoais, fazendo com que a pessoa se isole. O esporte é uma das alternativas para promover a integração social e melhorar a qualidade de vida de quem tem TDAH. Continue lendo para saber:

O que é TDAH e quais seus sintomas?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um dos distúrbios do neurodesenvolvimento mais comuns em crianças, geralmente diagnosticado pela primeira vez na infância e muitas vezes dura até a idade adulta. Pessoas com TDAH podem ter problemas para prestar atenção, controlar comportamentos impulsivos ou ser excessivamente ativas. Os sinais e sintomas do TDAH incluem:

  • Dificuldade em manter a atenção;
  • Esquecer ou perder as coisas frequentemente;
  • Inquietação;
  • Falar em excesso;
  • Cometer erros descuidados;
  • Assumir riscos desnecessários;
  • Ter dificuldade em manter-se organizado
  • Falta de concentração;
  • Dificuldade em se relacionar com os outros.

Por que o esporte é importante para a integração social de quem tem TDAH?

O esporte pode desempenhar um papel significativo na integração social de pessoas com TDAH por vários motivos:

Trabalho em equipe – esportes coletivos exigem que as pessoas trabalhem juntas, promovendo a cooperação, a comunicação e a interação social. É uma oportunidade de desenvolver habilidades sociais importantes, como compartilhar, revezar, ouvir os outros e seguir regras.

Melhora da autoestima e confiança – o sucesso nos esportes pode aumentar a autoconfiança em pessoas com TDAH à medida que desenvolvem suas habilidades e progridem ao longo do tempo. Essa autopercepção pode se estender além do ambiente esportivo e impactar positivamente as interações sociais e bem-estar geral.

Apoio social – o envolvimento em esportes permite que pessoas com TDAH se conectem com quem compartilha interesses e experiências semelhantes. Ao fazer parte de uma equipe esportiva, surge a oportunidade de fazer amizades, receber incentivos e vivenciar o sentimento de pertencimento, o que contribui para a integração social.

Quais são os benefícios do esporte para pessoas com TDAH?

Os esportes proporcionam inúmeros benefícios, mas o reflexo deles nos sintomas de TDAH pode variar para cada pessoa. É crucial encontrar atividades alinhadas com interesses e pontos fortes pessoais para maximizar o impacto positivo dos exercícios físicos. Os benefícios para pessoas com TDAH incluem:

Aumenta os níveis de dopamina no cérebro – o exercício também pode melhorar o humor. Pessoas com TDAH podem sofrer falta de dopamina no cérebro, e os esportes fornecem um aumento natural desse neurotransmissor alivia os sintomas do distúrbio.

Aprimora o foco – a prática de esportes é uma maneira de gastar o excesso de energia que pessoas com TDAH têm, ajudando a melhorar a capacidade de manter-se focado. O exercício físico libera endorfinas, que podem ter um impacto positivo na atenção, no humor e no controle dos impulsos.

Estrutura a rotina – entrar para um time esportivo com treinos regulares cria uma rotina tanto para o cérebro quanto para o corpo. Se o TDAH dificultar os esportes coletivos, é possível encontrar outras maneiras de criar uma rotina por meio de exercícios, como participando de uma aula esportiva coletiva ou correr na mesma hora do dia. No entanto, é mais difícil manter-se motivado quando se está sozinho.

Melhora o controle da respiração – exercícios calmantes como a ioga desaceleram o cérebro e permitem se concentrar na respiração. A atenção plena é altamente recomendada como uma forma de tratar o TDAH, trazendo uma mente acelerada de volta ao foco no momento presente.

Ajuda a regular o sono – pessoas com TDAH podem não dormir bem devido a uma série de fatores, como o excesso de energia. O esporte ajuda a queimar energia adicional de forma positiva e satisfatória, o que ajuda a melhorar o sono. No entanto, é importante notar que o exercício aumenta a atividade cerebral e deve-se evitar se exercitar perto da hora de dormir.

Quais são os esportes mais indicados para quem tem TDAH?

Os melhores esportes para pessoas com TDAH variam de acordo com preferências pessoais, pontos fortes e interesses. Certas atividades tendem a ser mais adequadas para pessoas com o distúrbio devido às suas características e benefícios. Algumas opções de esportes para pessoas com TDAH são as seguintes:

  • Artes marciais (taekwondo, karatê);
  • Natação;
  • Tênis;
  • Luta livre;
  • Ginástica;
  • Futebol;
  • Hipismo;
  • Atletismo;
  • Basquete;
  • Vôlei;
  • Hóquei.

Os esportes podem ser usados como tratamento para o TDAH?

Embora existam muitos benefícios para pessoas com TDAH em praticar esportes, as atividades físicas não tratam o transtorno. Entretanto, a prática de esportes pode ser uma terapia adjuvante positiva para os tratamentos tradicionais.

Apesar de conseguir notar melhorias depois de começar a praticar um esporte, isso não significa que seja um tratamento independente para o TDAH. Em muitos casos, medicamentos e terapia ainda são necessários.

Os principais tratamentos para TDAH são:

Medicamentos estimulantes – aumentam e equilibram os níveis de substâncias químicas cerebrais chamadas neurotransmissores.

Terapia cognitiva comportamental – ajuda a gerenciar o comportamento, transformar padrões de pensamento negativos em positivos e também a lidar com os desafios da vida, como problemas de escola, trabalho ou relacionamento.

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Como a sociedade vê o TDAH e como evitar os estigmas em relação ao transtorno?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) atinge entre 5% e 8% da população mundial. Mas, mesmo sendo uma condição que acontece com frequência, existem vários mal-entendidos, preconceitos e estigmas relacionados ao TDAH ainda bastante arraigados, que podem prejudicar o diagnóstico e o tratamento, assim como os relacionamentos, estudos e a vida profissional de quem tem o transtorno. Continue lendo para saber:

Quais estigmas no TDAH ainda existem na sociedade?

O TDAH é uma condição que ainda é muito estigmatizada. Ou seja, existe um conceito bastante arraigado na sociedade de forma geral, sem fundamento sério ou imparcial, que leva a uma percepção negativa do transtorno e pode afetar negativamente a saúde mental, os relacionamentos, os estudos e vida profissional do portador. Algumas ideias equivocadas sobre o TDAH que persistem na sociedade e levam ao estigma são:

  • Não é um distúrbio real;
  • Afeta apenas crianças, não adultos;
  • Afeta apenas meninos ou não é tão grave em meninas e mulheres;
  • É diagnosticado com muita frequência;
  • A má educação leva ao TDAH;
  • Pessoas com TDAH são supermedicadas;
  • Sintomas do TDAH são fruto de falhas pessoais;
  • Minimização dos desafios enfrentados por indivíduos com TDAH;

Quais prejuízos os estigmas no TDAH podem causar?

O estigma no TDAH pode ter efeitos negativos significativos nas pessoas que têm o transtorno, tais como:

Autoestima baixa – internalização de crenças e percepções negativas sobre si mesmos, com sentimentos de vergonha ou inadequação. Afeta negativamente a autoestima, valor próprio e senso geral de identidade.

Saúde mental e bem-estar emocional – aumento dos níveis de estresse, ansiedade e depressão. Atitudes sociais negativas podem fazer com que as pessoas com TDAH se sintam isoladas, incompreendidas e julgadas.

Relações sociais e aceitação social – discriminação, rejeição ou exclusão por parte de colegas de trabalho e estudo ou mesmo familiares que não compreendem ou têm ideias estigmatizantes sobre o transtorno. Isso pode levar ao isolamento social e sentimentos de solidão.

Acesso a suporte e recursos o estigma pode criar barreiras para buscar ajuda e receber o tratamento necessário. Indivíduos com TDAH podem temer revelar seu diagnóstico devido a preocupação de serem discriminados.

Desafios educacionais e profissionais – pessoas com TDAH que sofrem com o estigma podem enfrentar equívocos sobre suas habilidades, ter que lidar com atitudes preconceituosas de professores ou empregadores e serem submetidos a julgamentos e expectativas injustos, prejudicando o sucesso acadêmico e profissional.

O que fazer para neutralizar estereótipos e estigmas no TDAH?

A educação é uma ferramenta poderosa que auxilia a reduzir o estigma. Aqui estão seis maneiras de ajudar a lidar com essas ideias equivocadas sobre a doença:

  1. Compartilhe sua própria história – se você vive com TDAH ou cuida de uma criança com o transtorno, aumente a conscientização ao compartilhar sua história nas redes sociais, círculos de amizades e ambientes acadêmicos e profissionais.
  • Seja positivo – destaque os pontos fortes e atributos positivos de indivíduos com TDAH, compartilhando histórias de sucesso, conquistas e contribuições de pessoas com o distúrbio em vários campos. Enfatize suas habilidades únicas, criatividade e resiliência para enfrentar estereótipos negativos e mostrar seus diversos talentos.
  • Eduque sobre saúde mental – promova o conhecimento sobre o distúrbio entre o público em geral, incluindo educadores, empregadores, profissionais de saúde e a mídia. Isso pode ser feito através de palestras e compartilhamento de conteúdo sobre o tema.
  • Preste apoio – ajude organizações e iniciativas que trabalham para aumentar a conscientização, promover a compreensão e defender os direitos e necessidades de indivíduos com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
  • Reduza o auto estigma – aborde o tema promovendo a autoaceitação e a autocompaixão entre indivíduos com TDAH. Incentive-os a buscar a ajuda adequada, participar de grupos de apoio e compartilhar experiências para reduzir sentimentos de vergonha, isolamento e culpa.
  • Promova linguagem e comunicação adequadas – incentive o uso de uma linguagem respeitosa ao discutir o TDAH, evitando termos depreciativos ou rótulos negativos que reforcem estereótipos.

Mas, afinal, o que é TDAH e quais as causas do distúrbio?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um distúrbio do neurodesenvolvimento que aparece na infância e, frequentemente, acompanha a pessoa por toda a sua vida. Caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade, pode trazer impactos em muitos aspectos da vida, incluindo o desempenho acadêmico, profissional e relacionamentos interpessoais.

Não se sabe ao certo qual a causa exata do TDAH, mas há alguns fatores genéticos, neurológicos e ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio, como:

  • Genética;
  • Diferenças na estrutura e funcionamento do cérebro, como alterações nos neurotransmissores envolvidos na atenção, controle de impulsos e funcionamento executivo;
  • Exposição à fumaça do tabaco e uso de álcool ou drogas durante a gravidez;
  • Complicações pré-natais como parto prematuro e peso baixo;
  • Lesão cerebral precoce e interrupções no desenvolvimento inicial do cérebro;

Quais os principais sinais e sintomas do TDAH?

Existem três subtipos de TDAH que apresentam sinais e sintomas característicos:

Subtipo desatento – pessoas com este subtipo lutam principalmente contra a desatenção e apresentam dificuldade em manter o foco, organizar tarefas e seguir instruções. Podem parecer esquecidos e têm dificuldade em prestar atenção aos detalhes.

Subtipo hiperativo/impulsivo – é caracterizado pela dificuldade em permanecer sentado, inquietação constante ou ficar se contorcendo. Pessoas com esse subtipo costumam interromper os outros e agem impulsivamente, sem pensar nas consequências.

Subtipo combinado – este é o subtipo mais comum, no qual os portadores apresentam sintomas de desatenção e hiperatividade com impulsividade.

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Por que é importante discutir sobre o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico caracterizado pelas manifestações de impulsividade, desatenção e hiperatividade. Controlar esses comportamentos é fundamental para a pessoa com o transtorno evitar prejuízos nas relações com as outras pessoas, nos estudos e na vida profissional. Discutir sobre o TDAH ajuda a combater preconceitos, esclarecer informações equivocadas, identificar possíveis sinais e sintomas que possam levar ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. Confira a seguir.

O que é o TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um distúrbio neurobiológico caracterizado, especialmente, pela desatenção, impulsividade e agitação. O TDAH afeta de 5% a 8% da população mundial e não se sabe exatamente qual a causa dele, mas há alguns fatores genéticos, neurológicos e ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. A condição se divide em três subtipos, de acordo com as características mais proeminentes:

  • Subtipo desatento – a pessoa tem dificuldade em focar nas conversas, instruções e qualquer tipo de detalhe;
  • Subtipo hiperativo-impulsivo – a pessoa tem dificuldade em permanecer quieta por muito tempo. Além disso, é comum interromper os outros e agir sem pensar muito;
  • Subtipo combinado – a desatenção e a hiperatividade estão presentes na mesma proporção.

Por que é importante falar sobre TDAH?

O TDAH é cada vez mais conhecido. Entretanto, ainda existem pessoas com o transtorno que nunca foram diagnosticadas, além de haver muito estigma e preconceito a respeito, o que pode levar os portadores a enfrentar diversos problemas no convívio social, acadêmico e profissional, seja por falta de diagnóstico ou preconceito, e a ser vistos como:

  • Imaturos;
  • Indelicados;
  • Pouco confiáveis;
  • Emocionalmente desequilibrados;
  • Com caráter duvidoso.

Abordar o TDAH é uma forma de eliminar preconceitos e estigmas em relação ao transtorno, até mesmo dos próprios pacientes e/ou de seus responsáveis. Pois, muitas vezes, os pais têm receio de que os filhos não sejam aceitos entre os colegas, enquanto que os adultos temem ser depreciados e marginalizados. Há ainda os avessos ao tratamento medicamentoso, mesmo quando necessário, por achar que isso seria um indicativo de que a pessoa não é “normal”.

Outros prejuízos que o estigma e preconceito em relação ao TDAH podem causar nos portadores são os seguintes:

  • Abuso do álcool e outras substâncias;
  • Ansiedade;
  • Depressão;
  • Baixa autoestima;
  • Dificuldades de relacionamento;
  • Instabilidade no trabalho;
  • Aumento da taxa de mortalidade.

Falar sobre o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ajuda a identificar o distúrbio. Ainda mais em adultos, pois como o TDAH é bastante atrelado a problemas de aprendizagem, a pessoa que já passou por essa fase acaba não atribuindo as dificuldades que teve ao transtorno e pode nunca ser diagnosticada e tratada adequadamente.

Quais são os sintomas do TDAH?

Além da desatenção, impulsividade e inquietude, há outros sintomas bastante comuns que caracterizam o TDAH como:

  • Esquecer ou perder as coisas frequentemente;
  • Dificuldade em se organizar;
  • Falta de concentração;
  • Distração;
  • Dificuldade em se relacionar com os outros;
  • Hiperfoco em certas ocasiões;
  • Irritabilidade;
  • Agressividade.

O distúrbio se manifesta de maneira diferente em cada pessoa. Portanto, nem todos os sinais e sintomas listados podem estar presentes. Além dessa variação de manifestações, a intensidade delas pode oscilar, sendo mais leve para uns e bastante excessiva para outros. Nesse sentido, duas pessoas com o diagnóstico podem ter níveis distintos, por exemplo, de falta de concentração.

  • Comorbidades – o TDAH pode ainda ser acompanhado de comorbidades, como depressão, ansiedade e transtorno do espectro do autismo.

Como é o diagnóstico de TDAH?

O TDAH costuma ser identificado nos primeiros anos de vida escolar da criança, quando é possível observar problemas de aprendizagem e convívio social. Apesar do diagnóstico ser mais comum entre os quatro e cinco anos de idade, também pode ocorrer em outras faixas etárias.

Como os sintomas do TDAH variam e podem estar atrelados a comorbidades, é preciso coletar diversas informações para o diagnóstico, por exemplo: histórico de saúde dos pais, testes de visão e audição e exames para descartar outras condições de saúde. Na fase adulta, a constatação do transtorno pode ser mais demorada, pois os sinais e sintomas costumam ser associados a traços da personalidade.

Em relação às crianças, os pais e professores devem estar atentos ao comportamento delas para, em caso de suspeita, procurar um especialista. Pois, quanto antes o diagnóstico for feito, mais fácil será o gerenciamento do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

Quais são os mitos sobre TDAH?

Ainda há muita desinformação sobre o TDAH e não é raro que os portadores do transtorno sofram preconceito e sejam estigmatizados. Talvez a crença falsa mais preocupante em relação ao transtorno do déficit de atenção com hiperatividade seja a de que ele não existe. Pois, negar a existência dele significa dizer que as manifestações que o TDAH provoca são de responsabilidade da pessoa e que ela pode mudá-las na hora que quiser.

Porém, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é reconhecido pela CID-10, que é a classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados com a saúde. Desenvolvida pela OMS, é uma das principais ferramentas epidemiológicas da medicina. O distúrbio é neurobiológico, ou seja, o cérebro funciona de maneira diferente. Confira dois outros mitos sobre TDAH bem comuns:

  • Meninas não costumam ter TDAH

Existe a falsa ideia de que o transtorno com déficit de atenção com hiperatividade acomete mais os meninos. No passado, os protocolos para o diagnóstico eram mais direcionados para o gênero masculino. Mas, com o tempo, os médicos perceberam que, na verdade, as meninas não costumam apresentar a hiperatividade, que é uma das principais manifestações do TDAH.

  • Sempre que as manifestações clássicas aparecerem a pessoa tem TDAH

Impulsividade, desatenção e hiperatividade são sintomas clássicos do transtorno com déficit de atenção com hiperatividade, entretanto, podem confundir o diagnóstico. Isso porque nem todas as pessoas que apresentam esses comportamentos possuem o transtorno. Não há uma lista fechada de sinais e sintomas ou apenas um teste para o diagnóstico. Por isso, é muito importante procurar um especialista, evitando autodiagnóstico e automedicação.

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Síndrome de Tourette associada ao TDAH

A síndrome de Tourette e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade podem ocorrer simultaneamente, o que acontece com frequência. Mais da metade das crianças com a síndrome também têm TDAH e, no inverso, aproximadamente uma em cada cinco crianças com TDAH também têm a Síndrome de Tourette. Continue a leitura para saber:

O que é síndrome de Tourette?

A síndrome de Tourette é um distúrbio do sistema nervoso caracterizado por múltiplos tiques motores e vocais que se desenvolvem antes da idade adulta. Os tiques são movimentos ou sons súbitos, rápidos, repetitivos e que não seguem um ritmo, por exemplo:

  • Piscar de olhos;
  • Abrir a boca;
  • Fazer caretas;
  • Movimentar a cabeça;
  • Encolher os ombros;
  • Limpar a garganta;
  • Tossir;
  • Fungar;
  • Bufar;
  • Repetir partes de palavras ou frases
  • Mais raramente, deixar escapar termos inapropriados, como palavrões.

São ações involuntárias, então, mesmo que a pessoa possa suprimi-las por um curto período de tempo, no final das contas, não tem controle sobre elas. Esses movimentos ou vocalizações involuntárias podem ser classificadas em:

Simples – os tiques simples podem ser breves, acontecer rapidamente e envolver um único grupo muscular.

Complexos – os tiques complexos duram mais, envolvem mais músculos e, geralmente, incluem uma série de tiques simples que ocorrem juntos em uma sequência.

Para uma pessoa ser diagnosticada com síndrome de Tourette, ela deve apresentar as seguintes características:

  • Movimentos e ruídos involuntários que não podem ser explicados por outras condições médicas;
  • Ambos os tiques, motores e vocais, devem estar presentes em algum momento da vida, embora não necessariamente ao mesmo tempo;
  • Os tiques ocorrem muitas vezes ao dia em quase todos os dias, ou intermitentemente durante um período de mais de um ano;
  • A região do corpo, a frequência, o tipo e a gravidade dos tiques mudam ao longo do tempo;
  • Os tiques começam antes dos 21 anos.

Esses movimentos involuntários devem ser testemunhados por um profissional da saúde diretamente ou devem ser gravados em vídeo para que o médico confirme o diagnóstico.

Quais as causas da síndrome de Tourette?

A causa da Síndrome de Tourette ainda não foi identificada, mas acredita-se que pode ter uma origem genética, já que os tiques tendem a ocorrer em famílias. Pesquisas indicam que é provável que seja uma disfunção dos circuitos cerebrais envolvidos no controle do movimento, cognição e comportamento.

A síndrome costuma aparecer durante a infância, entre os três e oito anos, e após o indivíduo atingir a idade adulta ela tende a ficar mais amena, com menor frequência e intensidade de tiques. Os meninos têm três vezes mais chances de apresentar os sintomas da Síndrome de Tourette do que as meninas. Hoje, sua prevalência é de seis casos a cada mil crianças.

Quais os sinais e sintomas da Síndrome de Tourette?

Tiques vocais simples

  • Pigarro;
  • Tosse;
  • Cuspe;
  • Latido;
  • Sibilo;
  • Sucção;
  • Estalo;
  • Fungada;
  • Grunhido

Tiques motores simples

  • Piscada de olhos;
  • Encolhida de ombros;
  • Palmas;
  • Esticada do pescoço;
  • Movimentos da boca;
  • Movimentos da cabeça;
  • Movimentos dos braços ou pernas;
  • Caretas.

Tiques vocais complexos

  • Repetição de palavras ou frases ditas por outros;
  • Repetição rápida das próprias palavras ou frases;
  • Expressão compulsiva de palavras ou frases obscenas.

Tiques motores complexos

  • Gestos faciais;
  • Posturas diferentes com duração longa;
  • Arremesso;
  • Toque em objetos ou pessoas;
  • Imitação estereotipada dos movimentos;
  • Gestos obscenos.

O que é o TDAH e quais os sinais sintomas mais frequentes?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é um distúrbio do neurodesenvolvimento. É muito comum em crianças e geralmente é diagnosticado pela primeira vez na infância e dura até a idade adulta. Os sinais e sintomas mais característicos do TDAH são os seguintes:

  • Dificuldade em manter a atenção;
  • Esquecer ou perder as coisas frequentemente;
  • Inquietação;
  • Falar em excesso;
  • Cometer erros descuidados;
  • Ter comportamentos impulsivos, com riscos desnecessários;
  • Ter dificuldade em manter-se organizado
  • Falta de concentração;
  • Dificuldade em se relacionar com os outros.

Quais os prejuízos da associação entre TDAH e Síndrome de Tourette?

Assim como a Síndrome de Tourette, o início dos sinais do TDAH ocorre entre quatro e cinco anos de idade, de modo que uma pessoa que possui as duas condições associadas encontra neste período da vida a manifestação de todos os sintomas, o que pode prejudicar o desempenho escolar e social da criança, dentro de casa, no colégio e entre amigos.

Os tiques, no entanto, tendem a aparecer um pouco depois dos sinais do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Por este motivo, acreditou-se, por um tempo, que o tratamento com estimulantes, usado em crianças com TDAH, poderia desencadear os movimentos e vocalizações involuntários. Hoje, sabe-se que os tiques da síndrome de Tourette que aparecem durante o tratamento do TDAH com estimulantes podem ser devidos a um transtorno de tiques de desenvolvimento natural – ou seja, os remédios não os causam, apenas os tornam perceptíveis.

Dessa forma, a associação do TDAH com a síndrome de Tourette faz com que o tratamento seja feito caso a caso, a depender da resposta da pessoa e do equilíbrio dos sinais e sintomas de ambas as condições.

Como é o tratamento para Síndrome de Tourette em combinação com o de TDAH?

Se forem confirmados ambos os diagnósticos, é necessário que o médico responsável faça uma avaliação cuidadosa para encontrar um tratamento multimodal que amenize os sintomas de ambas as condições, sem prejuízos para uma ou para a outra.

Quando uma criança tem TDAH e síndrome de Tourette, o profissional de saúde avalia quais sintomas estão causando mais dificuldades para a criança e a condição que está causando mais sofrimento ou prejuízo é tratada primeiro. Por isso, em geral, o TDAH é a prioridade de tratamento.

A síndrome, então, passa a ser tratada depois que a primeira condição começa a melhorar. Às vezes, o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade pode aliviar o estresse e melhorar a atenção, o que consequentemente pode fortalecer a capacidade da criança de controlar seus tiques.

Em geral, os tratamentos podem ser feitos em três frentes:

Medicação – a escolha do medicamento apropriado depende da gravidade das deficiências causadas por ambas as condições. Recomenda-se começar o tratamento do TDAH com um agente não estimulante, pois ele é eficaz no alívio dos sintomas dos tiques e do transtorno de atenção.

  • Se a síndrome de Tourette não for grave, mas o TDAH for incapacitante, deve-se considerar a opção de tratar o transtorno com um estimulante;
  • Embora não haja evidências científicas de que os estimulantes aumentem os tiques em crianças com síndrome de Tourette, algumas podem experimentar um aumento temporário quando os estimulantes são iniciados ou as doses são aumentadas.

Terapia comportamental – além de acolher a criança, a terapia também pode ensinar a gerenciar o estresse e a ansiedade e são muito úteis para quem tem TDAH. Já em relação à síndrome de Tourette, ajuda a pessoa a compreender os gatilhos dos tiques e saber como evitá-los, aprender a organizar a rotina para evitar estes reforços a tiques, entender maneiras para relaxar e para manter a atenção plena.

Envolvimento e preparação de familiares e responsáveis – a capacitação dos pais e responsáveis em gerenciamento de comportamento foca na comunicação positiva, no estabelecimento de rotinas e no fortalecimento de estruturas de apoio. O terapeuta também pode ajudar os pais no processo para melhor apoiar as necessidades específicas de seus filhos.

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Criança com TDAH na escola.

Adaptação da criança com TDAH na escola

No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes têm diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Com sintomas como a incapacidade de prestar atenção, a dificuldade em ficar parado e a falta de controle de seus impulsos, crianças com TDAH, geralmente, têm o desempenho escolar prejudicado. Embora experienciem mais obstáculos, com o apoio familiar e escolar é possível facilitar alguns caminhos. Então, continue a leitura para saber:

Qual o impacto dos sintomas do TDAH durante o período escolar?

As crianças e adolescentes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade apresentam características muito marcantes que acabam por influenciar sua rotina, seja em casa ou em outro ambiente que conviva. Na escola, os comportamentos que mais afetam o desempenho de quem tem TDAH são:

  • Dificuldade de manter atenção do início ao fim da aula;
  • Distrai-se com facilidade e frequência do que o professor está falando;
  • Mesmo parado durante as aulas, a criança fica com a mente vagando muitas vezes;
  • A agitação e necessidade de se mover;
  • Pouca vontade e paciência para estudar e fazer deveres.

Geralmente, os sintomas da hiperatividade acometem mais os meninos, enquanto as meninas tendem a apresentar mais sinais de desatenção – mesmo quietas durante as aulas, são pouco participativas. Em ambos os casos, o aproveitamento escolar é prejudicado e as informações são pouco assimiladas, o que prejudica também o desenvolvimento da criança.

Devido a essas características, crianças e jovens com TDAH geralmente são taxados como bagunceiros, preguiçosos e maus alunos. Além do estigma, há também a frustração de não acompanhar os progressos de sua turma escolar.

No entanto, os sintomas apresentam melhora significativa após o início do tratamento para TDAH, de forma que a pessoa consegue se concentrar por mais tempo, fica mais disposta a cumprir com as atividades que considera monótonas e, assim, o rendimento escolar atinge parâmetros melhores.

Neste processo, as escolas, professores, pais e responsáveis exercem papel essencial de fazer o que é preciso para a criança e o adolescente encontrar espaço para desenvolver seu potencial.

O que a legislação brasileira determina sobre o suporte às crianças com TDAH nas escolas?

Em 2021, o governo brasileiro aprovou a Lei Nº 14.254, que estabelece como função do poder público o desenvolvimento e a manutenção de um programa de acompanhamento integral para educandos com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e outros transtornos de aprendizagem. Dessa forma, escolas da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio) em redes públicas e privadas no Brasil devem oferecer:

  • Cuidado e proteção aos alunos com TDAH;
  • Acompanhamento específico direcionado às dificuldades dos alunos com TDAH;
  • Formação e capacitação continuada sobre TDAH aos professores e educadores;
  • Acesso à informação para que professores e educadores possam identificar precocemente sinais relacionados ao TDAH.

Para isso acontecer, a Lei também estabelece que as instituições de ensino devem contar com o apoio de:

  • Redes de proteção social existentes no território, de natureza governamental ou não governamental;
  • Instituições e profissionais da área de saúde;
  • Instituições e profissionais de assistência social;
  • Outras políticas públicas existentes no território.

Dessa forma, a intervenção terapêutica deve ser realizada com metas de acompanhamento multidisciplinar, envolvendo familiares, educadores, assistentes sociais e profissionais da saúde.

O que as escolas e professores podem fazer para auxiliar crianças com TDAH?

Adaptações básicas

  1. Oferecer tempo extra em provas;
  2. Dar opções para o aluno demonstrar conhecimento da forma que lhe for melhor (por exemplo, deixe o aluno escolher entre trabalho escrito, relatório oral, ditado das respostas para alguém escrever, questionário online ou projeto prático);
  3. Certificar-se de que as tarefas não sejam longas e repetitivas. Tarefas mais curtas que fornecem um pequeno desafio sem serem muito difíceis podem funcionar bem;
  4. Oferecer instruções adaptadas à criança, com muitos exemplos práticos;
  5. Usar a tecnologia para auxiliar nas tarefas;
  6. Permitir pausas durante as aulas com tempo para se movimentar;
  7. Oferecer ajuda extra para o aluno se manter organizado – guias, gravações das aulas, pasta de tarefas, etc;
  8. Dar oportunidade da criança trabalhar em grupos pequenos;
  9. Envolver o conselheiro escolar ou psicólogo.

Ajustes no ambiente

  1. Deixar o aluno com TDAH sentar à frente, próximo ao professor;
  2. Minimizar as distrações na sala de aula;
  3. Auxiliar a organização em pastas e cadernos com divisões e cores diferentes;
  4. Limitar a quantidade de materiais sobre a mesa da criança.

Ajustes na comunicação

  1. Manter contato visual com a criança, com proximidade física;
  2. Deixar as tarefas claras – verifique com o aluno se ele entendeu o que precisa fazer;
  3. Deixar a criança confortável para participar verbalmente da aula;
  4. Observar e conversar com o aluno sobre o que o ajuda ou o distrai;
  5. Deixar claro para a criança quais as expectativas e as consequências de comportamentos na escola;
  6. Dar feedback frequente e demonstre que está prestando atenção ao comportamento positivo da criança;
  7. Ser sensível à influência do TDAH nas emoções, como problemas de autoestima ou dificuldade em regular os sentimentos;
  8. Fornecer avisos extras antes de transições e mudanças nas rotinas;
  9. Deixar bilhetes com as datas em que devem ser entregues trabalhos;
  10. Estabelecer comunicação diária ou semanalmente com os pais para reportar o comportamento da criança e se os trabalhos estão sendo feitos;
  11. Conversar com outros professores para reforçar pontos positivos e o que é preocupante em relação à criança;
  12. Deixar claro para a criança que a escola está ali para ajudá-la.

Qual o papel da família na aprendizagem de crianças com TDAH?

  • Entender o diagnóstico da criança e como isso afeta sua educação e socialização;
  • Saber os direitos garantidos às crianças com TDAH;
  • Manter contato próximo com profissionais da saúde e professores da criança;
  • Manter um bom relacionamento com a escola enquanto é um forte defensor da criança;
  • Manter registros cuidadosos, incluindo documentação escrita, comunicação entre casa e escola, relatórios de progresso e avaliações;
  • Incentivar a criança todos os dias;
  • Oferecer feedback positivo quando a criança apresentar melhoria de comportamento;
  • Trabalhar junto à criança para criar um sistema de ajuda com a lição de casa e outros projetos escolares;
  • Auxiliar na manutenção da rotina da criança;
  • Comunicar toda vez que houver mudança na rotina;
  • Deixar a criança confortável para ser quem é, sem receios de comportamentos.

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A musicoterapia pode ser usada como tratamento alternativo para TDAH na primeira infância?

Entre 3% e 5% das crianças da população mundial tem diagnóstico de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Um dos tratamentos alternativos que podem ajudar a tornar os sintomas mais brandos é a musicoterapia, que pode melhorar as habilidades sociais, agressividade e impulsividade, inclusive na primeira infância. Continue a leitura para saber:

O que é a primeira infância e quais são os sinais e sintomas de TDAH nessa fase da vida?

O período que de vida que tem início no nascimento e vai até os seis anos de idade é chamado de primeira infância. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura do cérebro começa a se formar e são desenvolvidas as áreas relacionadas com aprendizagem, caráter e personalidade. O que se vive na primeira infância, inclusive na barriga da mãe, vai afetar o tipo de adulto que a pessoa vai ser no futuro, sendo uma chance de ela explorar todo o seu potencial.

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio que afeta justamente o neurodesenvolvimento. Geralmente, começa na infância e pode persistir na idade adulta, sendo caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade – o que prejudica o aprendizado, a qualidade de vida, e as relações interpessoais. O transtorno pode três divisões, que são: tipo desatento, tipo hiperativo-impulsivo e o tipo combinado, que mescla as manifestações dos dois anteriores. Os sinais e sintomas mais característicos de cada são os seguintes:

Tipo desatento

  • Não dá atenção aos detalhes ou comete erros por descuido;
  • Tem dificuldade em manter a atenção;
  • Parece que não ouve;
  • Tem dificuldade em seguir instruções;
  • Tem dificuldade com organização;
  • Não gosta ou evita tarefas que exigem muito raciocínio;
  • Perde coisas;
  • É esquecido;
  • Distrai-se com facilidade.

Tipo hiperativo impulsivo

  • Não consegue ficar parado, mexendo mãos ou pés deforma frequente ou se contorcendo na cadeira;
  • Tem dificuldade em permanecer sentado;
  • Corre ou sobe em coisas excessivamente;
  • Fala excessivamente;
  • Interrompe ou se intromete nas conversas;
  • Responde antes que as perguntas sejam concluídas;
  • Tem dificuldade em ficar em silêncio durante atividades;
  • Tem dificuldade em esperar ou revezar com outros em atividades.

Tipo combinado

  • Tem os sinais e sintomas listados no tipo desatento e no tipo hiperativo-impulsivo;
  • As manifestações podem mudar com o tempo, à medida que as crianças envelhecem.

Como os sintomas do TDAH podem afetar as pessoas na primeira infância?

O TDAH pode ter um impacto significativo em várias áreas da vida da criança, inclusive no aprendizado por conta da dificuldade em se manter concentrado, pela inquietação e pela impulsividade. O que também aumenta as chances de ter problemas de relacionamento com colegas e maior risco de lesões dificuldades quando for para a creche e, mais tarde, para a escola. Algumas das maneiras que os sintomas de TDAH afetam a criança na primeira infância e nas fases subsequentes são as seguintes:

Desatenção – crianças com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco e a atenção, dificultando a concentração. Por acharem difícil seguir regras, concluir afazeres e manter a organização, podem perder informações importantes ou cometer erros por descuido.

Hiperatividade torna difícil para as crianças permanecerem quietas e atentas por conta da necessidade de ficar em constante de movimento. Isso pode dificultar a concentração em tarefas que exijam esforço mental por muito tempo e, mais tarde, prejudicar o desempenho escolar.

Impulsividade – essa característica pode levar crianças a agirem sem pensar, resultando em decisões impulsivas, como dar respostas sem aguardar sua vez, interromper os outros ou se apressar para terminar tarefas sem prestar atenção aos detalhes.

Dificuldade com organização e gerenciamento do tempo o transtorno pode tornar difícil para crianças conseguir manter a organização e priorizar tarefas importantes, assim como respeitar prazos e gerenciar o tempo para realizar tarefas.

Problemas em reter informações – o transtorno pode afetar a capacidade de lembrar informações, seguir instruções e fazer conexões entre diferentes conceitos.

O que é musicoterapia?

A musicoterapia é uma abordagem terapêutica que usa a música como forma de tratar problemas relacionados às necessidades físicas, emocionais, cognitivas e sociais. Esse tipo de terapia é ministrado por musicoterapeutas treinados, com muito conhecimento das técnicas de música e terapia.

A música é utilizada como uma ferramenta para apoiar e facilitar o processo terapêutico, envolvendo ouvir canções, compor, cantar, tocar instrumentos e se envolver em atividades musicais. Entre os benefícios que a musicoterapia pode proporcionar em diferentes fases da vida, inclusive na primeira infância, estão:

  • Facilidade em expressar emoções;
  • Estimulação cognitiva;
  • Reabilitação física;
  • Redução do estresse;
  • Melhoria na interação social e na comunicação.

Como funciona a musicoterapia?

A musicoterapia utiliza intervenções musicais para atingir objetivos terapêuticos e promover o bem-estar geral. A prática é estruturada da seguinte forma:

Avaliação – o musicoterapeuta começa avaliando a criança para entender as necessidades, pontos fortes e desafios do indivíduo. Esse processo costuma envolver conversas, observações e avaliações estruturadas para coletar informações relevantes.

Estabelecimento de metas – com base na avaliação, o musicoterapeuta estabelece metas terapêuticas que podem incluir expressão emocional, estimulação cognitiva, reabilitação física, interação social ou outros objetivos específicos.

Plano de intervenção – as intervenções propostas pelo musicoterapeuta são adaptadas aos objetivos, preferências e necessidades terapêuticas de cada criança. As atividades a serem usadas nas sessões podem incluir apenas uma ação, como tocar instrumentos musicais, ou uma combinação de vários elementos.

Relação de confiança – o musicoterapeuta estabelece uma relação terapêutica com a criança, proporcionando um espaço seguro, de apoio e sem julgamento para exploração das habilidades e crescimento. O profissional facilita discussões, reflexões e percepções relacionadas com as experiências musicais, ajudando o paciente a processar emoções, desenvolver autoconsciência e estratégias de enfrentamento para as dificuldades trazidas pelo TDAH.

Monitoramento do progresso – ao longo das sessões, o musicoterapeuta avalia e monitora o progresso da criança para que sejam feitos ajustes no plano de tratamento com base na evolução das necessidades e objetivos.

Quais são os efeitos da musicoterapia como tratamento alternativo para o TDAH?

A musicoterapia pode ter vários efeitos positivos como tratamento alternativo para o TDAH, embora não seja uma solução autônoma e deve ser combinada com outras formas de amenizar os sinais e sintomas provocados pelo transtorno. Alguns dos efeitos são:

Foco e atenção aprimorados – atividades como tocar um instrumento ou participar de exercícios rítmicos ajudam crianças com TDAH a se concentrar e reduzir as distrações.

Emoções reguladas – a musicoterapia fornece uma saída criativa e expressiva para crianças com TDAH canalizarem e regularem suas emoções, evocar respostas emocionais específicas e ajudar a entender e administrar sentimentos.

Melhora da função cognitiva – atividades que envolvem ritmo, tempo e coordenação ajudam nessa função do sistema nervoso.

Desenvolvimento de habilidades sociais – envolvimento em atividades em grupo permitem executar a escuta ativa, comunicação, cooperação e trabalho em equipe.

Redução do estresse – exercícios de relaxamento, imaginação guiada com música e escuta de canções calmas.

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Referências