Infecções respiratórias: probióticos no tratamento e prevenção

As infecções respiratórias são quadros extremamente comuns, tanto na população pediátrica quanto em adultos. A pandemia da covid-19 trouxe novos reconhecimentos desses quadros como causadores de grande morbidade e mortalidade para a população. Os quadros infecciosos respiratórios trazem inúmeros prejuízos econômicos e financeiros, visto as altas taxas de hospitalizações, absenteísmo e custos para seu tratamento.

A grande variedade de agentes etiológicos e a limitada disponibilidade de vacinas para esses agentes gera um grande desafio preventivo na prática. Assim, formas adicionais de prevenção têm sido buscadas na literatura, com interesse da população geral acerca de evidências a esse respeito.

Infecções respiratórias: o que são?

As infecções respiratórias consistem em síndromes clínicas caracterizadas pela invasão do trato respiratório, em qualquer parte, com produção de sinais e sintomas. Podem ocorrer tanto nas vias aéreas superiores, quando produzem os quadros de resfriado comum, rinites, sinusites, adenoidites, faringoamigdalites, epiglotites e laringites, quanto nas vias aéreas inferiores, onde causam as traqueítes, bronquiolites, tuberculose pulmonar e pneumonias. Em algumas situações, podem ser acometidas mais de uma parte das vias aéreas.

As infecções respiratórias são particularmente graves em alguns grupos, como crianças, idosos, portadores de doenças crônicas, grupos desfavorecidos socialmente e minorias étnicas. A maior parte dos quadros são causados por vírus, apesar de bactérias, fungos e parasitas também estarem envolvidos.                           

As infecções respiratórias de etiologia viral revestem-se de importância pelo seu alto contágio, com surgimento de surtos e epidemias associados, inclusive nos ambientes de creches e escolas. Geralmente, apresentam um caráter sazonal, com aumento dos casos nos períodos do outono e inverno. Porém, podem ocorrer em qualquer época do ano, como observado no último surto de influenza H3N2 observado em várias cidades brasileiras nos meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022.

Como a microbiota intestinal interfere nas infecções respiratórias?

A microbiota intestinal é composta por aproximadamente 104 bactérias de cerca de 1000 espécies diferentes. Os filos Firmicutes e Bacteroidetes formam cerca de 90% dessa microbiota. Chunxi et al (2020) ressaltam as semelhanças que as mucosas intestinal e respiratória apresentam: estrutura embrionária comum, funções estruturais e anatômicas semelhantes e colonização microbiana no início da vida ocorrendo de forma parecida. Assim, essas duas estruturas apresentam relações íntimas, reconhecidas como o eixo intestino-pulmonar (“Gut-lung axis”), com interações recíprocas que podem contribuir para suas funções.

Mudanças na microbiota intestinal não alteram apenas a função desse órgão, mas também podem causar desvios na função de vários outros órgãos. Diversos estudos têm sugerido que mudanças na microbiota intestinal estão associadas a doenças como alergias, doenças autoimunes, diabetes, obesidade e neoplasias, apesar dos mecanismos pelos quais essa relação ocorre ainda não estarem completamente compreendidos.

A microbiota intestinal tem sido reconhecida como tendo um papel relevante com relação à imunomodulação do hospedeiro, incluindo no que diz respeito ao trato respiratório. O papel exato da microbiota intestinal no trato respiratório ainda não é conhecido, mas mecanismos possíveis descritos na literatura sugerem que a regulação da população de células T, a produção de metabólitos da microbiota (como os ácidos graxos de cadeia curta), o desenvolvimento da tolerância imunológica, o aumento da produção de imunidade da mucosa (através do aumento da IgA) e a regulação da produção de citocinas estão envolvidas nessa relação.

Com relação ao papel da microbiota nas infecções respiratórias, diversos autores têm ressaltado a importância dessas relações. Chaux et al (2020) descrevem que a microbiota intestinal beneficia a mucosa respiratória através do estímulo à sua imunidade de mucosa e ao aumento da proteção contra infecções respiratórias, à distância, através da modulação da resposta imune do hospedeiro. Estudos têm observado a diferença da microbiota intestinal em pacientes com determinadas infecções respiratórias (vírus sincicial respiratório, influenza e tuberculose) quando comparados a pacientes sadios.

A desregulação da microbiota intestinal pode gerar um desbalanceamento da resposta imune contra vírus e bactérias, conforme apontam Shahbazi et al (2020). Os mesmos autores esclarecem que a microbiota intestinal está associada à sinalização pela via dos interferons, que são cruciais para a resposta contra infecções virais. Essa modulação pode também ocorrer no trato respiratório, através da migração de células imunológicas da mucosa gastrointestinal para o trato respiratório. Além disso, a microbiota intestinal esteve associada tanto à regulação da imunidade inata quanto da imunidade adquirida.                

Avaliação do uso de probióticos na prevenção e tratamento das infecções respiratórias

Segundo Suez et al (2019), os probióticos podem ser definidos como “microrganismos vivos que conferem benefícios na saúde quando consumidos em quantidades adequadas”. Geralmente, são compostos por cepas das espécies Lactobacillus, Bifidobacterium ou Saccharomyces. Os probióticos têm sido implicados no tratamento da disbiose, que é um desbalanço na população microbiana comensal que pode comprometer a função da mucosa intestinal. O uso dos probióticos apresenta o potencial de manter a barreira de mucosa intestinal e exercer atividade imunomodulatória, através da prevenção ou tratamento da disbiose. 

O uso de probióticos como forma de prevenção e tratamento das infecções respiratórias tem sido levantado na literatura, baseado nos achados de que a microbiota intestinal apresenta um papel fundamental na imunomodulação do sistema respiratório, afetando sua capacidade de defesa contra agentes invasores. A ideia do uso dos probióticos para a melhora dos quadros de infecções respiratórias é que, ao se melhorar a microbiota intestinal, é possível realizar um melhor ajuste dos mecanismos de proteção da via respiratória. Por exemplo, o uso de probióticos em ratos foi associado ao aumento da produção de diversas citocinas (incluindo o TNF-alfa e o IFN-gama) a nível de mucosa respiratória em um estudo experimental. 

Suez et al (2019) relatam que diversas metanálises e revisões sistemáticas sugerem que os probióticos podem ser eficazes em reduzir a gravidade, duração e incidência de infecções respiratórias em crianças e adultos, apesar da baixa evidência desses estudos.    

Uma revisão de 2018 (Robinson et al, 2018) encontrou estudos randomizados nos quais o uso de probióticos, especialmente de cepas do Lactobacillus rhamnosus, esteve associado, com relevância estatisticamente significativa, à redução de pneumonia associada à ventilação mecânica. Já a metanálise realizada por Long et al (2017) encontrou redução nas taxas de infecção respiratórias superiores, redução de absenteísmo escolar e redução do uso de antibióticos associado a infecções respiratórias com o uso de probióticos, apesar das qualidades das evidências também ser baixa. 

Uma revisão sistemática brasileira (Araujo et al, 2015) encontrou resultados que sugerem que o uso de probióticos está relacionado com a redução de novos episódios de infecções respiratórias, principalmente em pacientes com história clínica de infecções respiratórias de repetição. 

Apesar disso, geralmente os estudos indicativos do benefício do uso dos probióticos em infecções respiratórias são baseados em estudos in vitro ou com metodologias inadequadas. Os que são baseados em metodologias apropriadas, como estudos duplo-cego, controlados por placebo, frequentemente apresentam resultados contraditórios. Os mecanismos de benefício dos probióticos na prevenção de doenças respiratórias ainda não são completamente compreendidos, e ainda não está claro se os custos relacionados com o uso de probióticos justificam o uso deles para fins de prevenção e tratamento de infecções respiratórias.  

Por ora, apesar de poucas orientações clínicas disponíveis, há uma crescente tendência de estudar e aplicar na prática o uso dos probióticos na prevenção e no tratamento adjuvante das doenças infecciosas respiratórias. Diversos estudos já destacam a importância da modulação da microbiota através do uso dos probióticos como um mecanismo promissor no controle dos processos inflamatórios. Apesar disso,  há a necessidade de mais testes clínicos randomizados, além do estabelecimento de protocolos padronizados para uso clínico, para que a aplicabilidade clínica seja feita de forma segura e eficaz.

Autora:

Dolores Henriques

Médica formada pela UNIRIO ⦁ Residência médica em pediatria pelo HUPE/UERJ ⦁ Médica concursada do Ministério da Educação (Colégio Pedro II e CEFET-RJ) ⦁ Tem experiência nas áreas de Terapia Intensiva Pediátrica, Pediatria Geral e Medicina de Urgência.

Referências:

  1. Araujo GV et al. Probiotics for the treatment of upper and lower respiratory-tract infections in children: systematic review based on randomized clinical trials. Jornal de pediatria, v. 91, p. 413-427, 2015.
  2. Chunxi L, Haiyue L, Yanxia L, Jianbing P, Jin S. The Gut Microbiota and Respiratory Diseases: New Evidence. J Immunol Res. 2020 Jul 31;2020:2340670. doi: 10.1155/2020/2340670. PMID: 32802893; PMCID: PMC7415116.
  3. Dhar D, Mohanty A. Gut microbiota and Covid-19- possible link and implications. Virus Res. 2020 Aug;285:198018. doi: 10.1016/j.virusres.2020.198018. Epub 2020 May 13. PMID: 32430279; PMCID: PMC7217790.
  4. Dumas A, Bernard L, Poquet Y, Lugo-Villarino G, Neyrolles O. The role of the lung microbiota and the gut-lung axis in respiratory infectious diseases. Cell Microbiol. 2018 Dec;20(12):e12966. doi: 10.1111/cmi.12966. Epub 2018 Oct 30. PMID: 30329198.
  5. Fiocruz. Observatório do clima e saúde. Infecção respiratória aguda (IRA). <https://climaesaude.icict.fiocruz.br/infeccao-respiratoria-aguda-ira>. Acesso em 11/02/2022. 
  6. Harper A, Vijayakumar V, Ouwehand AC, Ter Haar J, Obis D, Espadaler J, Binda S, Desiraju S, Day R. Viral Infections, the Microbiome, and Probiotics. Front Cell Infect Microbiol. 2021 Feb 12;10:596166. doi: 10.3389/fcimb.2020.596166. PMID: 33643929; PMCID: PMC7907522.
  7. Instituto Butantan. Surto de influenza H3N2 foi impulsionado por cepa mais transmissível, baixa vacinação e redução das medidas contra covid. <https://butantan.gov.br/noticias/surto-de-influenza-h3n2-foi-impulsionado-por-cepa-mais-transmissivel-baixa-vacinacao-e-reducao-de-medidas-contra-covid>. Acesso em 12/02/2022. 
  8. Long JD, Morris A. Probiotics in Preventing Acute Upper Respiratory Tract Infections. Am J Nurs. 2017 Dec;117(12):69. doi: 10.1097/01.NAJ.0000527494.16987.1e. PMID: 29189253.
  9. Robinson JL. Probiotics for Modification of the Incidence or Severity of Respiratory Tract Infections. Pediatr Infect Dis J. 2018 Jul;37(7):722-724. doi: 10.1097/INF.0000000000002000. PMID: 29570585.
  10. Shahbazi R, Yasavoli-Sharahi H, Alsadi N, Ismail N, Matar C. Probiotics in Treatment of Viral Respiratory Infections and Neuroinflammatory Disorders. Molecules. 2020 Oct 22;25(21):4891. doi: 10.3390/molecules25214891. PMID: 33105830; PMCID: PMC7660077.
  11. Silva Filho EBS et al. Infecções Respiratórias de Importância Clínica: uma Revisão Sistemática. Rev FIMCA 2017; 4 (1): 716.
  12. Strauss M, Mičetić-Turk D, Pogačar MŠ, Fijan S. Probiotics for the Prevention of Acute Respiratory-Tract Infections in Older People: Systematic Review. Healthcare (Basel). 2021 Jun 7;9(6):690. doi: 10.3390/healthcare9060690. PMID: 34200435; PMCID: PMC8228160.
  13. Suez J, Zmora N, Segal E, Elinav E. The pros, cons, and many unknowns of probiotics. Nat Med. 2019 May;25(5):716-729. doi: 10.1038/s41591-019-0439-x. Epub 2019 May 6. PMID: 31061539.
  14. Wypych TP, Wickramasinghe LC, Marsland BJ. The influence of the microbiome on respiratory health. Nat Immunol. 2019 Oct;20(10):1279-1290. doi: 10.1038/s41590-019-0451-9. Epub 2019 Sep 9. PMID: 31501577.
  15. Yoda K et al. Orally administered heat-killed Lactobacillus gasseri TMC0356 alters respiratory immune responses and intestinal microbiota of diet-induced obese mice. Journal of Applied Microbiology, vol. 113, no. 1, pp. 155–162, 2012.

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Probióticos: LGG® no incremento da resposta às vacinas

Há décadas, muitos pesquisadores têm demonstrado interesse sobre os benefícios do uso de pré e probióticos no tratamento e prevenção de doenças. Os probióticos consistem em microrganismos vivos da microbiota comensal humana, com baixa ou nenhuma patogenicidade, que, quando administrados na quantidade adequada, determinam benefícios à saúde humana (Alvarez-Olmos & Oberhelman, 2001; Capurso, 2019). Dentre os microrganismos mais utilizados destacam-se aqueles pertencentes à espécie Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®, ATCC 53013, DSM 33156).

Microrganismos dessa espécie são capazes de sobreviver no suco gástrico e na bile, e aderem a enterócitos com formação de biofilme (Capurso, 2019). Diversos estudos, incluindo ensaios clínicos, têm evidenciado o potencial terapêutico e protetor da terapia probiótica, especialmente a cepa LGG®, no manejo da diarreia do viajante, da diarreia associada ao uso de antibióticos, nas doenças inflamatórias intestinais, e em pacientes pediátricos, como no tratamento das rotaviroses e na prevenção de alergias alimentares (Alvarez-Olmos & Oberhelman, 2001;  Salminen & Arvilommi, 2001; Lebeer et al. 2007; Ahmadi, Alizadeh-Navaei & Rezai, 2015; Capurso, 2019).

O intestino constitui uma enorme interface ambiental, sensível a estímulos externos, o qual abriga mais da metade das células imunologicamente ativas do organismo. Por outro lado, estima-se que o ser humano possua cerca de 1,27 vezes mais células microbianas que humanas (Sender, 2016). Dessa forma, as bactérias comensais do trato gastrointestinal, as quais incluem lactobacilos, exercem permanente interação com o sistema imune, contribuindo para a homeostase e adequada defesa do organismo. A exposição contínua a antígenos no lúmen intestinal induz a tolerância imunológica, com possível deleção clonal, anergia ou supressão da resposta via citocinas IL-10 ou TGF-β. Por outro lado, o constante estímulo gastrointestinal leva à produção de imunoglobulinas, linfócitos T de memória (CD45RO) e células T-helper tipo 1 (Th-1) e tipo 2 (Th-2) (Segers & Lebeer, 2014), as quais são importantes no equilíbrio da resposta imune.

Probióticos aumentam a resposta imune

Dado o efeito imunomodulador da microbiota, uma das estratégias para aumentar a resposta imunológica a vacinas contra vírus e bactérias mais estudada atualmente é o uso de probióticos. Kaila et al. (1992) descreveram significativo incremento na resposta sorológica a rotavírus, através da produção de IgM e IgA, durante os estágios de diarreia dentre os pacientes que foram tratados com LGG®.

Voluntários saudáveis vacinados com vacina oral contra Salmonella typhi, associada à febre tifoide, que receberam probióticos contendo L. acidophilus e Bifidobacterium spp. por 3 semanas, apresentaram maiores níveis de IgA sérica à S. typhi Ty21a em comparação com o grupo controle (Lin-Amster et al., 1994). Adicionalmente, os probióticos parecem favorecer também a imunidade inata por estímulo ao sistema complemento, à atividade fagocítica de macrófagos contra diversas bactérias intracelulares e a produção de citocinas como IFN-γ, IL-12 e IL-18, favorecendo a translocação de células imunes em mucosas. Estudos de meta-análises também indicam a redução de risco de infecções respiratórias em vias aéreas superiores de crianças > 1 ano nos grupos em uso diário de probióticos (Liu et al. 2013, Capurso, 2019). Outros efeitos imunológicos associados ao LGG® incluem:

  • Aumento da expressão de receptores toll-like (TLRs) em todos os tipos celulares; 
  • Aumento da expressão dos receptores associados à apresentação de antígenos HLA-DR em macrófagos e monócitos;
  • Modulação da função de células dendríticas e outros.

            Considerando a segurança para o paciente já comprovada na literatura científica, o uso de probióticos como adjuvante à imunização por vacinas convencionais já tem sido sugerido por alguns autores (Capurso, 2019). De fato, Davidson e colaboradores demonstraram benefício da administração de Lactobacillus GG nas taxas de soro conversão contra o sorotipo H3N2 da vacina de vírus vivo atenuado trivalente contra Influenza (Davidson et al, 2011). Mais recentemente, discute-se também o uso dos probióticos como vetores vivos para a imunização oral de forma a estimular a imunidade em mucosas, incluindo contra a Covid-19 (Taghinezhad-S et al, 2021).  Essas e outras evidências sobre os efeitos benéficos diretos ou indiretos do LGG® sobre a promoção da resposta imune vacinal tem se acumulado nos últimos anos.

Referências bibliográficas:

1. Ahmadi E, Alizadeh-Navaei R, Rezai MS. Efficacy of probiotic use in acute rotavirus diarrhea in children: A systematic review and meta-analysis. Caspian J Intern Med. 2015;6(4):187-95.

2. Alvarez-Olmos MI, Oberhelman RA. Probiotic agents and infectious diseases: a modern perspective on a traditional therapy. Clin Infect Dis. 2001;32(11):1567-76.

3. Capurso L. Thirty Years of Lactobacillus rhamnosus GG: A Review. J Clin Gastroenterol. 2019;53 Suppl 1:S1-S41.

4. Davidson LE, Fiorino AM, Snydman DR, Hibberd PL. Lactobacillus GG as an immune adjuvant for live-attenuated influenza vaccine in healthy adults: a randomized double-blind placebo-controlled trial. Eur J Clin Nutr. 2011;65(4):501-507.

5. Kaila M, Isolauri E, Soppi E, Virtanen E, Laine S, Arvilommi H. Enhancement of the circulating antibody secreting cell response in human diarrhea by a human lactobacillus strain. Pediatr Res 1992; 32:141–4.

6. Lebeer S, Verhoeven TL, Perea Vélez M, Vanderleyden J, De Keersmaecker SC. Impact of environmental and genetic factors on biofilm formation by the probiotic strain Lactobacillus rhamnosus GG. Appl Environ Microbiol. 2007; 73(21):6768-75.

7. Lin-Amster H, Rochat F, Saudan KY, et al. Modulation of a specific humoral immune response and changes in intestinal flora mediated through fermented milk intake. FEMS Immunol Med Microbiol 1994; 10:55–64.

8. Liu S, Hu P, Du X, Zhou T, Pei X. Lactobacillus rhamnosus GG supplementation for preventing respiratory infections in children: a meta-analysis of randomized, placebo-controlled trials. Indian Pediatr. 2013;50(4):377-81.

9. Segers ME, Lebeer S. Towards a better understanding of Lactobacillus rhamnosus GG-host interactions. Microb Cell Fact. 2014 Aug 29;13 Suppl 1(Suppl 1):S7. doi: 10.1186/1475-2859-13-S1-S7.

10. Sender R, Fuchs S, Milo R. Revised Estimates for the Number of Human and Bacteria Cells in the Body. PLoS Biol. 2016 Aug 19;14(8):e1002533. doi: 10.1371/journal.pbio.1002533.

11.Taghinezhad-S S, Mohseni AH, Bermúdez-Humarán LG, et al. Probiotic-based vaccines may provide effective protection against COVID-19 acute respiratory disease. Vaccines. 2021;9(5):466.

Observação: A empresa Chr. Hansen é a produtora da cepa Lactobacillus rhamnosus GG, que segundo a nomenclatura atual agora passa a se chamar Lacticaseibacillus rhamnosus GG ([ATCC 53103] ATCC – American Type Culture Collection). Em 2019, a Chr. Hansen depositou a cepa na DSMZ – Deutsche Sammlung von Mikroorganismen und Zellkulturen (Coleção Alemã de Microrganismos e Culturas Celulares)  sob o número DSM 33156

https://www.dsmz.de/dsmz

http://lactobacillus.ualberta.ca/

https://era.library.ualberta.ca/items/b4736051-ee09-49ec-8146-8f05975db42c

https://www.chr-hansen.com/en/human-health-and-probiotics/our-probiotic-strains/lactobacillus-rhamnosus-gg-trademark-lgg

Mudança de embalagem de Pamelor®

O medicamento Pamelor® (cloridrato de nortriptilina) é de propriedade e registro da Cellera Farma desde sua aquisição em 25 de junho de 2018.

De início, mantivemos as embalagens de Pamelor® semelhantes às do antigo detentor do registro. Porém, após este período de adaptação, decidimos alterá-las de acordo com a identidade visual das embalagens dos demais medicamentos da Cellera Farma, conforme a imagem abaixo.

Esta substituição das embalagens acontecerá de maneira gradual ao longo dos próximos meses, conforme o esgotamento das embalagens antigas.

Neste período de transição, os pacientes poderão encontrar nas farmácias o medicamento Pamelor® ainda nas embalagens antigas ou nas novas, sem prejuízo de qualidade ou eficácia, uma vez que sua fórmula permanece inalterada.

Colocamo-nos à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas por meio do nosso SAC (0800 58 000 32) ou dos nossos canais digitais.  

7 Lições Para Uma Gestão Hospitalar Eficiente

O setor mais impactado pela pandemia do novo coronavírus foi o de saúde, tanto no Brasil quanto no mundo. Isso porque, além do pouco conhecimento sobre a doença, a grande demanda por leitos impactou consideravelmente a gestão hospitalar.

Neste sentido, apenas com o planejamento estratégico e uma rápida adaptação é possível superar esse obstáculo e melhorar a condição de saúde dos pacientes. Neste artigo, conheça algumas lições para tornar a gestão hospitalar mais eficiente.

1) A humanização como ferramenta de gestão hospitalar

A gestão hospitalar deve prever e proporcionar um conjunto de valores éticos e humanos, qualidade de vida e humanização. Isso porque, o principal papel dessas instituições de saúde é cuidar de vidas.

No entanto, diante do cenário de pandemia que se instalou no ano de 2020, foi preciso abandonar todo o planejamento e instaurar o gerenciamento de crise. Mesmo nessas circunstâncias, é preciso primar pela humanização.

Em primeiro lugar, pensar em atendimento humanizado é pensar em resgatar o respeito à vida. Uma das principais responsabilidades da administração hospitalar é abordar a forma como um paciente deve ser atendido, considerando que ele está em um momento difícil.

Além de beneficiar a imagem da instituição e dos profissionais que nela estão, essa atitude proporciona um alívio necessário para os pacientes e seus familiares, restaurando, mesmo que em parte, a qualidade de vida.

Isso porque, a finalidade da humanização é lidar com a fragilidade humana, oferecendo consolo, afeto e esperança nos momentos de maior vulnerabilidade de todos os envolvidos, seja o usuário ou o familiar.

Assim, se você deseja melhorar este aspecto no seu gerenciamento hospitalar, lembre-se que será necessário integrar o relacionamento pessoal, interpessoal e institucional. Nesse sentido, ele pode ser aplicado nas seguintes situações:

  • relação com o paciente: o foco do atendimento deve ser o paciente, identificando suas queixas e necessidades de forma humanitária;
  • ambiente acolhedor: o hospital precisa ter um ambiente agradável e confortável tanto para os pacientes quanto para os profissionais;
  • comunicação: a comunicação deve ser ágil, segura e eficiente.

2) Melhor aproveitamento dos recursos

Uma das principais dificuldades enfrentadas pelas organizações de saúde pública no Brasil é a escassez de recursos básicos. Com a pandemia da Covid-19, essa situação foi agravada, gerando uma série de problemas também na saúde complementar.

Por isso, uma gestão eficiente deve priorizar o melhor aproveitamento dos recursos. O primeiro passo para isso é educar os colaboradores sobre o uso eficiente dos insumos, principalmente aqueles que podem ser reutilizados.

Além disso, deve-se evitar o desperdício, pois todos os materiais têm um custo e são obtidos através de investimentos das operadoras de saúde ou do Governo. Porém, se a utilização do insumo não for devidamente comprovada, não haverá reembolso.

Ademais, para que o controle de estoque seja eficiente, todo recurso usado deve ser reposto. Para isso, é necessário registrar toda entrada e saída de suprimentos. Assim, sempre que for possível, a compra será realizada.

3) Use a tecnologia a seu favor

As tecnologias de informação (TI) surgem como um importante recurso para tornar mais eficiente a gestão hospitalar. Ao disponibilizar ferramentas integradas, é possível aprimorar e organizar os processos hospitalares.

Com isso, será possível gerar dados confiáveis que contribuirão para uma tomada de decisões mais assertiva. Dessa forma, a tecnologia dá o suporte necessário para você conseguir manter o planejamento, mesmo em tempos de crise.

Mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, um sistema de gestão era considerado crucial para a tomada de decisões. Agora, com o cenário caótico dos hospitais, se tornou ainda mais essencial, pois as ações precisam ser executadas em um menor espaço de tempo.

Outrossim, a tecnologia também ajuda a organizar os dados, reduzir a ocorrência de erros, melhorar o desempenho e o faturamento hospitalar. Com isso, é possível profissionalizar a administração, de modo que o planejamento da gestão de crise seja mais efetivo.

4) Tenha processos flexíveis

Tradicionalmente, a gestão de instituições de saúde é marcada por uma grande burocracia, tanto na relação com fornecedores quanto com os pacientes. Esse problema é ainda maior na saúde pública.

No entanto, um bom gestor precisa ter flexibilidade para lidar com todas as partes envolvidas, principalmente porque a atuação na área de saúde envolve aspectos emocionais, o que exige não só a capacidade analítica, mas também inteligência emocional.

Assim, ao ter uma gestão hospitalar flexível, você estará preparado para contornar momentos delicados, sem muita rigidez. Além disso, essa flexibilidade é essencial para as instituições que desejam humanizar o seu atendimento.

5) Atenção à experiência do paciente

Atentar-se à experiência do paciente é uma ação necessária no dia-a-dia de uma organização de saúde. Porém, neste período de crise sanitária, esse cuidado precisa ser redobrado, pois os pacientes estão ainda mais fragilizados.

Contudo, não confunda experiência com satisfação. Enquanto esta refere-se à expectativa do paciente, a experiência diz respeito aos fatos. Ou seja, tudo o que o indivíduo vivenciar durante o atendimento médico irá influenciar a sua experiência.

O primeiro passo para fazer com que ela seja positiva é oferecer atendimento humanizado. Ao procurar um hospital, as pessoas estão passando por alguma dificuldade. Por isso, elas precisam ser tratadas com empatia e respeito.

6) Padronização de processos

Independente da área de atuação, a padronização de processos é uma prática que deve ser seguida por todas as empresas. Porém, para que esse padrão seja alcançado, os processos precisam ser bem definidos.

Na gestão hospitalar, essa padronização é obtida a partir da definição e distribuição das tarefas entre colaboradores e gestores. Ao estabelecer as funções de cada pessoa, os processos serão conduzidos com mais agilidade.

Em consequência disso, o hospital passa a funcionar como uma engrenagem perfeita, entregando bons resultados aos usuários. Além disso, caso haja a substituição de um profissional, a padronização fará com que nenhum processo seja afetado.

7) Feedbacks e mensuração de resultados

Uma parte muito importante da gestão hospitalar é a avaliação dos pacientes. A melhor forma de conhecer a eficiência e a qualidade dos serviços oferecidos é perguntando a quem, de fato, os utiliza.

Neste sentido, você pode implementar as pesquisas de satisfação. Assim, sempre ao fim de um atendimento, o usuário poderá informar o quão satisfeito está com o trabalho dos profissionais, a estrutura disponibilizada, entre outros.

Outrossim, você também precisa criar e mensurar indicadores de desempenho. Com eles, será possível avaliar a performance do hospital e também obter insights valiosos sobre redução de custos e qualidade dos serviços.

Enfim, ter uma gestão hospitalar eficiente é fundamental para oferecer o melhor atendimento possível ao público. Porém, em tempos de pandemia, alcançar esse objetivo é um grande desafio.

Por isso, considere nossas dicas e implemente-as na instituição. A gestão hospitalar é uma tarefa complexa e delicada. Portanto, invista no planejamento e em tecnologias, organize os recursos disponíveis e promova a humanização do atendimento.

Miastenia: Doença Rara de difícil diagnóstico e sem cura.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma doença é considerada rara quando atinge até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos.

A Miastenia é uma doença neuromuscular caracterizada pela súbita interrupção da comunicação natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular e dificultando – ou até impedindo – que a pessoa execute movimentos de forma voluntária. 

Pouco conhecida, de difícil diagnóstico e sem cura, a Miastenia se manifesta de formas diferentes, sendo que a mais conhecida é a Miastenia Gravis. Trata-se de uma doença autoimune que se manifesta porque o sistema imunológico ataca erroneamente a mesma junção do nervo com o músculo, que nasceu saudável. Por isso, a maior parte dos casos desse tipo de miastenia acomete pessoas entre 30 e 60 anos, embora também se apresente em pessoas mais jovens, com maior prevalência em mulheres. 

De acordo com o Dr. Eduardo Estephan, médico neurologista e diretor científico da Abrami (Associação Brasileira de Miastenia), a Miastenia Gravis tem como principais sintomas a fraqueza nos músculos dos braços e das pernas, fadiga extrema, pálpebras caídas, visão dupla, dificuldade para falar, mastigar e engolir. “Os sintomas são facilmente confundidos com outras patologias, como esclerose múltipla e ELA (esclerose lateral amiotrófica) e até mesmo os pacientes costumam ter dificuldades em descrever os episódios que experimentam em alguns momentos do dia”, explica o especialista.

Síndrome Miastênica Congênita (SMC) ou Misatenia Congênita

Muito semelhante à Miastenia Gravis é a Síndrome Miastênica Congênita (SMC) ou Miastenia Congênita, distúrbio hereditário em que um ou mais genes são alterados desde a concepção do bebê, afetando a junção entre o nervo e o músculo. Por ser uma doença hereditária, é ainda mais rara que a Miastenia Gravis, embora ambos os tipos causem fadiga extrema e fraqueza muscular. 

Diferente da Miastenia Gravis, os sintomas da Miastenia Congênita começam na infância e também incluem fadiga extrema e fraqueza muscular. Entretanto, há casos em que eles aparecem somente na adolescência ou na fase adulta. Quanto mais cedo sua manifestação, provavelmente mais graves serão os sintomas, que variam muito de paciente para paciente, assim como costumam ser flutuantes no decorrer do dia e conforme o esforço no grupo muscular. 

Os defeitos genéticos que levam à Síndrome Miastênica Congênita podem ocorrer em diferentes locais da junção neuromuscular, por isso a doença é classificada em diferentes tipos. A maioria dos casos é do tipo chamado pós-sináptico, em que o defeito é na parte muscular da junção. Há vários subtipos encontrados em casos pós-sinápticos, e sua identificação correta é o que definirá o tratamento adequado para o paciente.

Além do pós-sináptico, há mais dois tipos: o sináptico, que se manifesta quando há um problema entre o músculo e o nervo; e o pré-sináptico, mais raro, quando o defeito ocorre nas terminações nervosas, ou seja, nos nervos da junção. 

Se tanto o pai quanto a mãe têm uma cópia defeituosa do gene, esse casal tem 25% de chances de gerar um filho com a síndrome. Isso é considerado bem raro, com chance menor que 1% em cada um, portanto a criança terá a doença somente se herdar a cópia do gene do pai e da mãe. Esse tipo de herança é chamado autossômica recessiva. A Síndrome Miastênica Congênita também pode passar para um feto através de herança autossômica dominante, mas é ainda menos comum. Nesse caso, se um dos pais tiver o gene defeituoso com característica dominante e mesmo que o outro não porte qualquer defeito genético, o casal tem 50% de probabilidade de dar à luz a uma criança com a síndrome.

“Alguns estudos identificaram sintomas mais comuns desse tipo de Miastenia, como a redução de movimentos do feto, ainda no útero, ou do bebê após o nascimento, além de choro fraco, dificuldade para sugar e engolir durante a amamentação, além de dificuldades respiratórias”, explica o especialista Eduardo Estephan.


Durante o desenvolvimento da criança, um miastênico congênito pode demorar a engatinhar e sentar e, assim como na fase adulta, costuma caminhar com lentidão, apresentando dificuldades em exercer atividades do dia a dia, principalmente as que exigem algum esforço físico. Outros sintomas possíveis são infecções respiratórias frequentes, pálpebra caída, visão dupla, dificuldade de mastigação, pouca expressão facial, apneia (interrupção temporária na respiração) e escoliose (curvatura da coluna vertebral).

Síndrome de Lambert-Eaton

Outro tipo de Miastenia, ainda mais raro e associado a alguns tipos de câncer – principalmente de pulmão, em homens – é a Síndrome de Lambert-Eaton, também autoimune e causada por anticorpos que interferem na liberação do neurotransmissor acetilcolina (em vez de atacar os seus receptores, assim como na  Miastenia Gravis).

Nesse caso, a fraqueza muscular tende a começar no quadril e nos músculos da coxa e depois se espalha para os músculos do ombro, descendo para os braços e as pernas até chegar às mãos e aos pés. Os nervos que conectam a cabeça, a face, os olhos, o nariz, os músculos e os ouvidos ao cérebro são os últimos a serem afetados.

Entre os principais sintomas estão a dificuldade de levantar-se de uma cadeira, subir escadas e andar. A força muscular pode melhorar temporariamente após os músculos serem usados repetidamente, mas depois eles enfraquecem novamente e se contraem em cãibra. Fadiga extrema, boca seca, pálpebra caída e dor nos braços e coxas completam o quadro. 

Os tratamentos indicados pelo especialista

O ideal é que o diagnóstico seja feito por um neurologista, preferencialmente com experiência em miastenia, a partir de exames clínicos e alguns testes, que podem incluir DNA e biópsia muscular. “Cerca de 10% dos miastênicos podem ser tratados somente com medicamentos que combatem apenas os sintomas da doença, como fraqueza muscular, fadiga extrema, entre outros. No Brasil, só existe um medicamento eficaz com evidência científica, a piridostigmina. Esse medicamento de efeito imediato aumenta a quantidade de acetilcolina na junção entre o nervo e o músculo”, pontua o médico.

Nenhum tipo de miastenia tem cura. Entretanto, a Miastenia Gravis é tratada com corticoides e imunossupressores, sendo que a retirada do timo (timectomia) costuma ser bem sucedida nesse caso.  Já a Miastenia Congênita não responde ao tratamento com esses medicamentos. Há diversas pesquisas, testes com medicamentos e tratamentos em desenvolvimento com base em terapia genética para corrigir ou substituir os genes defeituosos. Enquanto isso, os portadores devem seguir as recomendações médicas e ter a fisioterapia como suporte para combater a fraqueza muscular e melhorar o sistema respiratório.

Informações para a imprensa 

VV4 PR – Comunicação e EstratégiaValéria Vargas – RP – valeria@vv4pr.com.br – Tel: +5511 99286-0839

Tratamento de Manutenção e Recomendação na Miastenia Gravis

Tratamento de manutenção e recomendação na Miastenia Gravis
Dr. Eduardo P. Estephan

Tratamento Sintomático e Emergencial na Miastenia Gravis

Tratamento Sintomático e Emergencial na Miastenia Gravis
Dra. Rosana H. Scola

Miastenia Gravis: Diagnóstico Diferencial

Miastenia Gravis: Diagnóstico diferencial
Dr. Acary Souza Bulle Oliveira

Miastenia Gravis: Conceitos

Elza Dias-Tosta, MD, PhD
Academia Brasileira de Neurologia