Como o enfermeiro deve agir com pacientes com esquizofrenia?

A esquizofrenia e os denominados transtornos esquizofrênicos são um grupo de doenças que possuem distorções de pensamento variadas. Os sinais e sintomas são muito característicos da doença e se dividem em positivos e negativos. Não há diminuição de inteligência, mas pode haver prejuízos cognitivos durante o curso da doença. As alterações afetivas são as mais abruptas, assim como a presença de alucinações e delírios.

A fisiopatologia da esquizofrenia ainda é muito interpretativa. Várias teorias são consideradas para sua etiologia que modifica a interpretação de sua fisiopatologia. Algumas teorias, como: genética, distúrbio do neurodesenvolvimento, alterações estruturais e psicológicas, entre outras. A teoria mais aceita é a dopaminérgica, que acaba por constituir fisiopatologia da doença. Nesta, o aumento da doença é idiocrático em vias dopaminérgicas que geram alterações no comportamento e emoções, alteram o comportamento motor, alimentar e hormonal.

Esquizofrenia

Os sinais e sintomas da doença se apresentam, na maioria das vezes, antes da vida adulta ou em sua primeira fase. Os sinais e sintomas podem ser positivos e negativos e podem acontecer juntamente. Sua apresentação pode definir o tipo de esquizofrenia.

Sinais e sintomas positivos:

  • Alucinação;
  • Delírio;
  • Agitação psicomotora;
  • Insônia;
  • Transtorno de pensamento e logorreia;
  • Perturbações das emoções e do afeto;
  • Agressividade.

Sinais e sintomas negativos:

  • Perda de energia;
  • Diminuição dos interesses;
  • Dificuldade de se relacionar;
  • Humor depressivo,
  • Isolamento;
  • Negligência com a aparência pessoal e higiene;
  • Embotamento.

Esses diversos sinais e sintomas associados geram características presentes nos tipos de esquizofrenia, serão descritos abaixo para melhor compreensão.

Tipos de esquizofrenia

Algumas características serão citadas para compreensão das principais diferenças.

Tipos de esquizofrenia e características:

  • F20.0 Esquizofrenia paranoide: tipo mais comum de esquizofrenia, possui o delírio perquiritório e de grandeza. Muito comum as alucinações auditivas, mas todas as outras estão presentes;
  • F20.1 Esquizofrenia hebefrênica: manifestação mais abrupta, o comportamento é pueril e bizarro: paciente se agita corporalmente, movimento do corpo e fala. Perda da realidade e delírios não estruturados;
  • F20.2 Esquizofrenia catatônica: tipo menos frequente de esquizofrenia, traz uma disfunção motora para a pessoa, dificultando-a de se movimentar e também gera diminuição da fala;
  • F20.3 Esquizofrenia indiferenciada: quando há vários sinais ou sintomas relacionados ao transtorno esquizofrênico mas não se enquadra em um diagnóstico;
  • F20.4 Depressão pós-esquizofrênica: comum a pessoa após a fase aguda e ou de crise passar por curto ou longo período de depressão o que caracteriza sua definição;
  • F20.5 Esquizofrenia residual: é uma esquizofrenia crônica que existe há anos. Apresenta comportamento excêntrico, pensamentos não lógicos e inapropriados, e acompanha muito tempo a pessoa;
  • F20.6 Esquizofrenia simples: empobrecimento aparente do pensamento e dos afetos, isolamento social e familiar.

Entrevista psiquiátrica

A entrevista pessoa com esquizofrenia pode ser aberta, semiestruturada ou estruturada, no entanto, a entrevista aberta é a mais comum devido geralmente à necessidade da pessoa.

A entrevista psiquiátrica e o exame psíquico devem acontecer de forma natural, já que a pessoa com esquizofrenia em fase aguda ou crônica pode não facilitar o desvelar dos dados.

Informações sobre o tratamento

O tratamento da esquizofrenia não é apenas medicamentoso. Diversas atividades podem ser introduzidas a pessoa que ajudem, principalmente na recuperação da fase aguda ou remissão de abruptos sintomas da fase crônica. Entre os diversos tratamentos temos:

Tratamento farmacológico com antipsicóticos:

  • Neurolépticos ou antipsicóticos típicos: os antipsicóticos típicos possuem alta possibilidade de gerar efeitos indesejados, já que sua toxidade é relevante e seus sintomas extrapiramidais são abruptos. Os mais conhecidos são o haloperidol e a cloridrato de clorpromazina;
  • Neurolépticos atípicos: possuem menos efeitos extrapiramidais e são muito eficazes em relação aos sintomas negativos. Os mais conhecidos são clozapina, hemifumarato quetiapina, olanzapina e risperidona.

Arteterapia

Atividades terapêuticas que envolvam a arte são benéficas e possuem fundamentação teórica, já que o inconsciente comportamento da pessoa com esquizofrenia por muitas vezes se materializa no corpo e a arte é uma forma de expressão do sofrimento com grandes fins terapêuticos.

Atividades físicas

Atividades físicas já foram relacionadas como possuindo ação terapêuticas muito proximais ao uso de medicações na remissão de sinais e sintomas. Sabe-se que essa realizada em grupo pode estimular a ressocialização da pessoa com esquizofrenia e permitir o aumento da qualidade de vida.

Orientações ao paciente e à família

A relação da família e pessoa em tratamento de esquizofrenia deve estar no plano terapêutico singular e algumas condições devem ser observadas, avaliadas para que intervenções sejam realizadas.

É importante o enfermeiro agir, avaliando e intervindo:

  • Comunicação comprometida;
  • Educação familiar sobre a esquizofrenia;
  • Estratégias de adaptação da pessoa e da família;
  • Compreensão sobre os recursos terapêuticos;
  • Sobre os papeis existentes na família;
  • Promovendo o envolvimento familiar;
  • Avaliando a comunicação, relação, interação entre outras observações.

Orientação profissional

As intervenções de enfermagem podem facilitar os a transição que a pessoa vivencia numa situação de saúde/doença, quer seja pela via da redução dos sinais e sintomas ou contribuindo para sua ressocialização.

A pessoa em sofrimento psíquico que possui transtorno esquizofrênico, possui uma desorganização de pensamento, que pode alterar muito a sua rotina de vida, por tanto, é comum este ser tratado com austeridade pela sociedade.

Sabendo disso o enfermeiro deve:

  • Dar atenção ao discurso do usuário sem julgamento;
  • Manter expressão corporal adequada diante das queixas e discurso da pessoa;
  • Avaliar as necessidade de realizar falas de negação para a pessoa, verificando sempre a questão do vínculo e empatia relacionado;
  • Caso haja necessidade de contenção física, espacial ou medicamentosa, explicar a pessoa a função terapêutica, nessa condição o usuário deve ser avaliado de 1 em 1 hora;
  • Toda medicação administrada deve ser explícita e informada a pessoa com sofrimento psíquico;
  • Avaliar as questões familiares da pessoa;
  • Constituir projeto terapêutico singular ou imediato junto com a pessoa em sofrimento e se possível com a participação dos envolvidos;
  • Avaliar a condição motora da pessoa, já que os antipsicóticos geram efeitos extrapiramidais, como: discinesia tardia, tremor, acatisia etc;
  • Avaliar problemas relacionados à fala e a comunicação do usuário;
  • Avaliar e intervir no processo de ressocialização do usuário;
  • Estimular o usuário a fazer atividades terapêuticas;
  • Exames complementares

O exame psiquiátrico deve ser realizado constantemente, por modificação de comportamento ou discurso e diariamente pelos membros da equipe. Sempre deve ser realizada a discussão do caso de forma interdisciplinar.

Exames clínicos, encefalograma, tomografia entre outros, devem ser solicitados e avaliados para que psicoses de origem orgânicas não sejam confundidas com tais transtornos.

Dica do autor

A síndrome neuroléptica maligna, é a uma reação a toxidade a antipsicóticos, podendo ser relacionada ao bloqueio dos receptores dopaminérgicos, sendo também conhecida com síndrome da deficiência de dopamina.

Deve-se avaliar:

  • Hiperpirexia;
  • Alteração do nível de consciência;
  • Distonia;
  • Insuficiência respiratória;
  • Possibilidade de rabdomiólise;
  • Leucocitose.

A observação dos sinais e sintomas são importantes para rápida intervenção.

Fonte:

https://pebmed.com.br/como-o-enfermeiro-deve-agir-com-pacientes-com-esquizofrenia/

Autor(a):

Rafael Polakiewicz

Doutorando em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF), Mestre em Ciências do Cuidado em Saúde (UFF) e Especialista em Atenção Psicossocial.

Referência Bibliográfica:

O uso de antipsicóticos em crianças reduziu nos Estados Unidos

De acordo com o estudo Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children, publicado no Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, o uso de antipsicóticos diminuiu nos Estados Unidos, de 2009 a 2017, em crianças pequenas com planos de saúde. No entanto, a maioria das prescrições permanece off-label, sem dados de eficácia e segurança.

Método

A população do estudo incluiu crianças pequenas de um banco de dados de reivindicações comerciais, em todos os Estados Unidos, no período de 2007 a 2017. Os pesquisadores estimaram o uso anual por idade e sexo, definido como o número de crianças que dispensaram um antipsicótico por ano, dividido pelo número inscrito. Além disso, foram descritos os diagnósticos clínicos e a utilização de serviços de saúde mental entre os participantes com uso prescrito em 2009 e 2017.

Diminuição no uso de antipsicóticos em crianças pequenas

Os resultados desse estudo mostraram que o uso anual de antipsicóticos em crianças pequenas foi de 0,27% em 2007, atingiu um pico de 0,29% em 2009 e diminuiu de forma estatisticamente significativa para 0,17% em 2017. O uso foi maior em meninos do que em meninas.

Uma proporção maior de usuários recebeu um diagnóstico de transtorno mental em 2017 (89%) do que em 2009 (86%, p <0,01). Os diagnósticos clínicos mais comuns, sob uma classificação hierárquica, foram transtorno invasivo do desenvolvimento (2009 = 27%, 2017 = 38%, p <0,01), transtorno do comportamento disruptivo ou de conduta (2009 = 15%, 2017 = 21% , p <0,01) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (2009 = 24%, 2017 = 18%, p <0,01).

Entre os usuários de antipsicóticos de 2017, 32% tiveram quatro ou mais solicitações de psicoterapia, 43% fizeram uma consulta com um psiquiatra e a maioria usou outro medicamento psicotrópico, mais comumente um estimulante (meninos = 57%, meninas = 50%).

Limitações

O estudo possui inúmeras limitações:

  • Este estudo avaliou tendências em crianças com plano de saúde com cobertura dos medicamentos prescritos, não sendo generalizáveis para crianças sem plano ou matriculadas no sistema americano Medicaid;
  • A fonte de dados pode não generalizar todos os indivíduos com plano de saúde;
  • A prescrição de antipsicóticos provavelmente varia entre as regiões dos Estados Unidos;
  • Os diagnósticos foram baseados em códigos registrados em qualquer momento em determinado ano; estes não são validados com base em entrevistas psiquiátricas estruturadas e não se pode determinar a indicação pretendida de tratamento antipsicótico, nem a adequação clínica ou eficácia;
  • A variação nos diagnósticos, entre 2009 e 2017, pode estar relacionada à mudança do Código Internacional de Doenças da nona para a décima edição (CID-9 para CID-10);
  • Não foi feita distinção entre o uso de um antipsicótico novo e contínuo;
  • Não foram levadas em consideração a ordem temporal de prescrições e diagnósticos, o uso dos medicamentos ou de serviços de saúde mental;
  • As doenças mentais na população podem ter sido subestimadas. Os serviços de saúde mental não cobertos pelo plano não são registrados no banco de dados;
  • Não foi determinada a indicação de uso de outros medicamentos prescritos;
  • Não foi possível distinguir com segurança psiquiatras infantis e de adolescentes de outros psiquiatras;
  • Os pesquisadores não tiveram acesso a prescrições dispensadas em ambientes hospitalares, embora o foco do estudo tenha sido o tratamento comunitário;
  • Não havia dados disponíveis sobre raça e etnia.

Conclusões

Apesar das diversas limitações, no geral, a prescrição de medicamentos antipsicóticos diminuiu na última década entre meninos e meninas muito jovens que têm planos de saúde nos Estados Unidos, o que pode refletir uma tendência de prescrição mais cautelosa. Os resultados sugerem grandes mudanças para condições com menos evidências clínicas que suportam o uso em crianças pequenas, juntamente com ligeiros aumentos no uso de psicoterapia entre crianças pequenas com tratamento antipsicótico prescrito.

Apesar dessas tendências encorajadoras, no entanto, os pesquisadores destacaram que muito do uso de antipsicóticos em crianças pequenas continua a ocorrer em crianças diagnosticadas apenas com condições em que ainda não têm eficácia comprovada e nem há dados de segurança.

Esses achados, somados ao número substancial restante de crianças tratadas que não recebem intervenções psicossociais de saúde mental, sugerem que ainda há espaço para melhorias no tratamento comunitário de crianças pequenas com estes tipos de medicamentos.

Em jovens, os antipsicóticos têm sido associados a risco de ganho de peso, sedação, diabetes, hiperlipidemia, efeitos cardiovasculares, reações extrapiramidais e morte inesperada. Estas preocupações são especialmente salientes em crianças muito pequenas, nas quais os efeitos adversos dessa classe de medicamentos no desenvolvimento e em longo prazo são desconhecidos.

Fonte: https://pebmed.com.br/o-uso-de-psicoticos-em-criancas-reduziu-nos-estados-unidos/

Autor(a): Roberta Esteves Vieira de Castro. Doutora em Medicina pela UERJ, mestre em Saúde Materno-Infantil pela UFF e pós-graduanda em neurointensivismo pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino

Referência Bibliográfica:

  • Bushnell GA, Crystal S, Olfson M. Trends in Antipsychotic Medication Use in Young Privately Insured Children. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2020 Oct 19:S0890-8567(20)31987-0. doi: 10.1016/j.jaac.2020.09.023. Epub ahead of print. PMID: 33091567

Antipsicóticos Típicos vs Atípicos, quando usar cada um?

Introduzido em 1958, o haloperidol é utilizado para tratamento farmacológico das psicoses _ especialmente a esquizofrenia. O haloperidol mostrou menos riscos de hipotensão postural e mais ação sobre os sintomas da patologia em relação à clorpromazina, que foi o primeiro neuroléptico sintetizado e marcou o início da era dos antipsicóticos. Os antipsicóticos lançados posteriormente, chamados de atípicos, caracterizam-se por produzir menos sintomas extrapiramidais, em doses clinicamente eficazes.

Os atípicos podem trazer benefícios e ter ação mais efetiva sobre os sintomas negativos, como apatia-abulia e embotamento afetivo. Já os típicos são vistos com uma melhor eficácia em sintomas positivos, como alucinações e delírios.

Antipsicóticos típicos induzem mais taxa de efeitos extrapiramidais. Já os atípicos associam-se a mais risco de indução à síndrome metabólica e condições associadas, como diabetes mellitus.

O Haloperidol foi considerado um antipsicótico prototípico desde sua introdução até o advento dos antipsicóticos atípicos. Estudos mostram que apesar de risco de eventos adversos, em baixas doses, pode ser usado em pacientes com boa tolerabilidade, com menor desenvolvimento de efeitos extrapiramidais e a elevação da prolactina.

Esquizofrenia: você sabe como fechar esse diagnóstico?

Em nossa publicação de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos a apresentação clínica e os critérios diagnósticos da esquizofrenia paranoide.

Apresentação clínica da esquizofrenia

Anamnese

Classicamente o paciente começa a manifestar os sintomas no final da adolescência e no início da vida adulta. É muito raro iniciar após os 50 anos. Homens tendem a manifestar os sintomas mais precocemente (18-25 anos). As mulheres apresentam sintomas por volta dos 20-25 anos, porém apresentam um pequeno pico de aumento de incidência aos 40 anos.

A esquizofrenia paranoide tende a se manifestar mais tardiamente que a esquizofrenia hebefrênica, não sendo uma regra geral. É comum, antes do início dos sintomas mais característicos, paciente apresentar leves sintomas cognitivos, sem grande expressividade.

O quadro pode se iniciar ou não com o trema, apresentação de um quadro ansioso intenso, com perplexidade e sensação de um grande mal iminente. É também chamado de humor delirante. Esses sintomas vão culminar na criação do delírio, juízo patologicamente falso, cujas características principais são a convicção plena, a impossibilidade de remoção, mesmo com provas concretas, a quebra com o lógico e o cultural da pessoa.

Os delírios são junto às alucinações, os principais sintomas positivos na esquizofrenia paranoide. São falsas crenças fixas (isto é, resistentes à mudanças por mais que haja evidências do contrário). Este sintoma pode se desenvolver como forma de explicar uma alucinação. Os principais conteúdos desses delírios são persecutórios, místicos, de infestação, de influência, além dos fantásticos. Tendem a ser menos sistematizados que os apresentados em geral pelos esquizofrênicos paranoides.

As alucinações são produções sensitivas na ausência de estímulo externo. O tipo de alucinação mais comum é a auditiva (vozes que conversam entre si, comentado atitudes do paciente e dando comandos), podendo também apresentar ilusões e alucinações visuais (vultos, sombras), táteis (animais caminhando ou sensação de calor ou choques) e gustatórias e olfativas, além de movimento (cinestésicas) e corporais (cenestésicas).

Outro sintoma que se mostra junto com os delírios e as alucinações no paciente com esquizofrenia paranoide é a autorreferência, quando crê que pessoas conversam e riem dele, além de crer que livros e jornais comentam sobre sua vida.

Outra característica marcante é a desorganização do pensamento ou do comportamento. Além disso, o pensamento sofre a cisão do encadeamento natural de ideias e juízos, ao que se dá o nome de forma do pensamento. Vai desde um afrouxamento dos nexos associativos, passando pela desagregação do pensamento, podendo a chegar a um discurso de conceitos soltos, chamado de jargonofasia ou salada de palavras. Na esquizofrenia paranoide, tendem a se manter apenas os afrouxamentos de nexos, podendo em momento de crises a apresentar sintomas mais graves.

Outro complexo psíquico que se altera é a consciência do eu. Pode apresentar uma perda do seu limite com o mundo, de sua unidade, de sua autonomia. O paciente pode apresentar também transmissão e roubo de pensamento (acha que outras pessoas sabem o que está pensando), as estereotipias motoras e neologismos (palavras inexistentes ou existentes, porém ganhando todo um novo significado para o paciente).

Os sintomas negativos tendem a ser menos pronunciados nos esquizofrênicos paranoides. Porém são presentes na quase totalidade destes, e de muito difícil controle medicamentoso. Estão presentes o retraimento social, o embotamento afetivo, a hipobulia e a alogia.

O comprometimento cognitivo se refere a áreas da cognição que são afetadas: linguagem, atenção, memória de trabalho, memória visual e de aprendizado, função executiva, compreensão verbal e socialização.

Outros: alterações neurológicas (como agrafoestesia ou estereognosia ou secundários ao tratamento farmacológico); catatonia; alterações metabólicas (primárias ou secundárias à medicação).

O curso é crônico, com padrão clássico de surto-remissão, com piora dos sintomas residuais a cada nova piora (padrão análogo ao da esclerose múltipla). A maioria dos pacientes apresenta piora do funcionamento gradualmente, no entanto outros conseguem se manter em uma linha de base de funcionamento perto do normal.

Marcadores de gravidade: São fatores para pior prognóstico na esquizofrenia:

  • Início na juventude;
  • Ausência de “gatilho”;
  • Início insidioso;
  • História social, sexual e profissional pré-mórbida pobre;
  • Comportamento retraído;
  • Solteiro/divorciado/viúvo;
  • História familiar positiva;
  • Sistema de apoio fraco;
  • Sintomas negativos;
  • Sintomas neurológicos;
  • História de trauma perinatal;
  • 3 anos sem remissão de sintomas;
  • Muitas recaídas;
  • História de agressividade
  • Risco de suicídio.

Fatores de risco:

  • História familiar positiva;
  • Nascimento entre o inverno e o início da primavera;
  • Imigração;
  • Pais mais velhos à idade da concepção;
  • Complicações obstétricas;
  • Habitante de áreas urbanas;
  • Moradores de rua.

Comorbidades frequentes:

  • Transtorno depressivo;
  • Transtornos ansiosos;
  • Transtorno por uso de álcool ou outras substâncias.

Abordagem Diagnóstica

Anamnese e exame físico – colher informações de familiares e cuidadores ajudam a entender o que se passa com o paciente fora do ambiente médico.Exame psíquico – não há sinais ou sintomas patognomônicos.

Afastar principais diagnósticos diferenciais – trata-se de um diagnóstico de exclusão.

Avaliar se secundário ao uso de substâncias.

Exames de rotina:

1ª Consulta:

  • Hemograma (avaliar anemia ferropriva ou macrocítica);
  • PCR: avaliar inflamação;
  • Colesterol total e frações;
  • Glicemia de jejum;
  • Eletrólitos;
  • Função renal;
  • Hepatograma;
  • Função tireoidiana;
  • Prolactina;
  • Sorologia para HIV, hepatite C e sífilis;
  • Imagem: apenas em caso de suspeita de síndrome neurológica associada;
  • ECG: avaliar prolongamento de espaço QTc.

Fonte: PEBMED – https://pebmed.com.br/esquizofrenia-voce-sabe-como-fechar-esse-diagnostico/

Este é um conteúdo que faz parte do Whitebook Clinical Decision, aplicativo de tomada de decisão médica.