A polineuropatia (PNP) é caracterizada por uma desordem generalizada nos nervos periféricos. Tem uma prevalência estimada de 2-8% na população global. O quadro clínico, geralmente, é rico, com alterações motoras (alteração de força), sensitivas (formigamentos) e/ou autonômicas (tonturas, mal-estar). Pode ser de caráter hereditário ou adquirido, e, na maioria dos casos, tem predomínio distal (mãos e pés) com progressão ascendente.
Transtornos de nervos periféricos e eletroneuromiografia ENMG
O nervo é formado de células chamadas neurônios (Figura 1). Os nervos funcionam como se fossem fios de eletricidade: saem da medula e vão até os músculos e mandam sinais para fazê-los contrair. Esse “fio” é chamado de axônio e ele é coberto por uma “capa” chamada mielina. Essa capa faz a transmissão de informações ser mais rápida. Existem fios que transmitem informações de sensibilidade (fibras sensitivas), outros que transmitem informações de movimento (fibras motoras) e outros que transmitem informações para as vísceras (autonômicas).
Figura 1: Neurônio motor, compondo a unidade motora
O estudo pela Eletroneuromiografia (ENMG) é capaz de localizar onde é a lesão e qual tipo de fibra mais acometida.
Quais as 7 perguntas-chave para diagnóstico da polineuropatia pela enmg?
Como pedir enmg para estudo de polineuropatia?
A ENMG deve ser uma extensão do exame físico e serve para direcionar a hipótese diagnóstica.
Um exame eletrodiagnóstico completo requer estudo da neurocondução sensitiva e motora, em múltiplos nervos, idealmente, nos membros superiores e inferiores, sempre bilateral e pode ser feito até em face. Depois vem a miografia (estudo neurofisiológico dos músculos com agulha) para avaliar sinais neurogênicos (desnervação ativa ou reinervação).
Em suma, no pedido deve vir escrito “eletroneuromiografia de membros superiores e inferiores”, pode-se acrescentar “face” e “teste de fibras autonômicas” (reflexo cutâneo-simpático) se houver suspeita clínica.
Vale a pena lembrar que a ENMG avalia fibras de grosso calibre (A e B) e não consegue avaliar fibras finas – fibras de diâmetro reduzido (Aδ) e fibras não mielinizadas (C). Estas últimas são responsáveis pelo aviso de “dor”. Portanto, em frente a quadros de dor neuropática ou polineuropatia de fibras finas, a ENMG pode não ser esclarecedora.
Fonte: https://pebmed.com.br/universo-das-polineuropatias-pela-eletroneuromiografia/
Autor(a): Carmen Orrú
Médica Neurofisiologista Clínica e Fisiatra (Medicina Física e Reabilitação) pela FMUSP-SP
Membro da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação
E-mail para contato: contato@dracarmenorru.com.br
Site: dracarmenorru.com.br
Instagram: @Dra Carmen Orru @dracarmenorru
Referência bibliográfica:
⦁ Preston DC, Shapiro BE. Electromyography and Neuromuscular Disorders: Clinical- Electrophysiologic Correlations, 3rd. W.B. Saunders Company; 2012.