Miastenia
13/02/2025
Proteína desenvolvida em laboratório poderá ajudar no diagnóstico e tratamento da miastenia gravis

Uma proteína sintética pode ajudar no diagnóstico e tratamento da miastenia gravis, oferecendo novas possibilidades para o controle da doença

Após décadas de estudos, pesquisadores encontraram uma forma promissora de detectar e tratar a miastenia gravis com mais eficiência. Eles produziram uma proteína capaz de impedir a ação dos anticorpos responsáveis por causar a falha de comunicação na transmissão entre nervos e músculos, que caracteriza a doença.

Em exames, essa proteína pode ajudar na identificação e quantidade dos patógenos, permitindo melhor análise da condição de saúde do paciente. Continue a leitura para saber:

  • O que é miastenia gravis?
  • Como é o diagnóstico e o tratamento disponível da miastenia gravis?
  • Como a proteína desenvolvida em laboratório pode ajudar no diagnóstico e tratamento da miastenia gravis?
  • Quais são sinais e sintomas da miastenia gravis e que complicações pode causar?

O que é miastenia gravis?

A miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune que afeta o sistema neuromuscular. Em 85% dos casos, autoanticorpos atacam os receptores de acetilcolina, responsáveis pela transmissão de sinais entre os nervos e os músculos. Essa interferência na comunicação compromete funções essenciais como abrir e fechar os olhos, engolir, andar e respirar. Como acontece com outras doenças autoimunes, o próprio sistema imunológico passa a atacar componentes do corpo que deveria proteger.

Os sinais e sintomas da miastenia gravis, em especial a fadiga nos membros, costumam piorar com a prática de exercícios cotidianos e melhorar quando o corpo está em repouso. Esse é um quadro bastante típico da doença. As primeiras manifestações da MG costumam surgir na fase adulta.

A incidência da miastenia gravis é de 20 em cada 100 mil pessoas no mundo ou de 3 a 5 por milhão ao ano. A MG é uma doença crônica e rara que acomete homens e mulheres. No caso delas, os sintomas aparecem mais cedo, entre 20 e 34 anos, enquanto para eles, a incidência ocorre por volta dos 70 a 75 anos de idade. Embora menos comum, crianças e adolescentes também podem ser diagnosticados com a condição.

Como é o diagnóstico e o tratamento disponível da miastenia gravis?

O diagnóstico da miastenia gravis envolve o relato dos sinais e sintomas característicos da doença, assim como testes e exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Entre os principais exames utilizados estão:

  • Exame de sangue para detectar o aumento de anticorpos que atacam os receptores de acetilcolina;
  • Eletromiograma (EMG) para medir a atividade elétrica entre nervos e músculos;
  • Ressonância magnética e tomografia computadorizada para detectar problemas no timo (glândula presente no tórax capaz de estimular a produção de anticorpos);
  • Teste de função pulmonar, em que o médico faz a medição da força respiratória.

Nem todos os pacientes apresentam os mesmos indicadores da doença. Em alguns casos, exames podem não detectar os autoanticorpos típicos da condição, caracterizando um quadro de miastenia gravis soronegativa, que exige uma avaliação ainda mais criteriosa.

Após a confirmação do diagnóstico, o paciente tem algumas opções de tratamento, como:

  • Medicamentos para melhorar a transmissão neuromuscular;
  • Imunossupressores, que reduzem a produção de autoanticorpos;
  • Plasmaférese, um procedimento que remove anticorpos do plasma sanguíneo;
  • Timectomia, cirurgia para retirar o timo.

A prescrição dos tratamentos varia de acordo com cada caso e tem o objetivo de controlar os sintomas, proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente. A MG não tem cura e formas de prevenção também são desconhecidas.

Como a proteína desenvolvida em laboratório pode ajudar no diagnóstico e tratamento?

tratamento da miastenia gravis

A proteína desenvolvida em laboratório por Robert Fairclough, químico biofísico e professor da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em Davis (EUA), é resultado de uma importante descoberta sobre os receptores de acetilcolina, um dos principais alvos dos autoanticorpos na miastenia gravis.

Analisando subunidades do neurotransmissor, a equipe de pesquisadores identificou a região imunogênica principal, o local mais atacado pelos anticorpos. Com essa constatação, foi possível criar uma proteína sintética capaz de “enganar” o sistema imunológico.

Os autoanticorpos se conectam à proteína, em vez de atacar os receptores de acetilcolina, permitindo que a transmissão dos sinais entre os nervos e músculos ocorra normalmente. Durante os estudos, os cientistas também perceberam que, ao associar a proteína a um anticorpo sintético, seu efeito se potencializa, pois bloqueia tanto a ação dos anticorpos patógenos quanto a resposta imune exagerada provocada por eles.

No diagnóstico, essa proteína pode ser usada como biomarcador para exames sorológicos, ajudando na identificação e quantificação dos anticorpos que desencadeiam a doença. Isso permite uma avaliação mais precisa do estado da miastenia gravis e pode contribuir para o desenvolvimento de novos métodos terapêuticos.

Quais são sinais e sintomas da miastenia gravis e que complicações pode causar?

Os sinais e sintomas da miastenia gravis podem variar de pessoa para pessoa, mas os mais comuns incluem:

  • Pálpebras caídas (ptose);
  • Fadiga muscular;
  • Visão dupla (horizontal ou vertical);
  • Problemas na fala;
  • Dificuldade na deglutição e mastigação;
  • Postura e locomoção comprometidas.

A ptose palpebral está presente em metade dos casos, enquanto as dificuldades para engolir, mastigar e articular palavras ocorrem em cerca de 15% dos pacientes. Menos de 5% das pessoas com miastenia gravis apresentam fadiga muscular restrita a apenas um membro.

A falta de tratamento adequado ou situações de estresse extremo podem desencadear complicações graves, como fadiga extrema e comprometimento dos músculos respiratórios. Além disso, a miastenia pode afetar a função cardiovascular, e pesquisas apontam que a condição pode impactar o funcionamento do coração, exigindo acompanhamento médico contínuo para evitar complicações associadas à miastenia gravis e o coração.

Embora a miastenia gravis seja uma condição crônica, com acompanhamento médico adequado e a adesão ao tratamento correto, os pacientes podem levar uma vida relativamente normal.

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