O surgimento dos dispositivos móveis, como celulares e tablets, causou não só mudanças tecnológicas e sociais, mas também afetou a nossa saúde. Um exemplo disso é síndrome do pescoço de texto, também chamada de text neck, que pode ser ocasionada por uma sobrecarga na região do pescoço ao olharmos para a tela ou digitarmos mensagens no celular frequentemente todos os dias. Em um país como o Brasil, onde cerca de 80% da população tem acesso ao celular e passa, em média, mais de cinco horas por dia diante das telas, a conta para a saúde pode chegar bem rapidamente. Então, continue a leitura e conheça mais sobre a síndrome do pescoço de texto ou text neck, quais são os sintomas e como evitar esse tipo de problema.
O que é a síndrome do pescoço de texto ou text neck?
O text neck ou síndrome do pescoço de texto é uma lesão por esforço repetitivo no pescoço, como quando se fica muito tempo com a cabeça inclinada para baixo. Esse hábito pode causar lesões sérias na coluna e pescoço, tais como:
- Deformidade óssea;
- Inflamação no ligamento;
- Estiramento muscular;
- Compressão da hérnia de disco e outros problemas.
Qual a relação entre o uso de celular e a síndrome do pescoço de texto?
O uso prolongado de dispositivos móveis é a causa da síndrome do pescoço de texto. Basta observar que, na maioria das vezes em que as pessoas estão mexendo nos dispositivos móveis como celulares e tablets, elas estão de pescoço baixo digitando, lendo ou jogando.
Em uma posição neutra, nossa cabeça pesa de 4 a 5 kg. Com a cabeça inclinada para baixo, esse peso aumenta em até cinco vezes, causando uma pressão excessiva nos músculos, tendões e ligamentos do pescoço que precisam suportar muito mais peso. É essa pressão que pode causar problemas na região e levar ao desenvolvimento da síndrome do pescoço de texto.
Durante a pandemia do coronavírus, muitas pessoas passaram a trabalhar em casa em função das medidas de distanciamento social para diminuir o contágio. Muitas vezes, o home office foi instituído sem que os ambientes domésticos estivessem preparados no que diz respeito às questões de ergonomia do local de trabalho.
Se você passou a trabalhar em casa durante a pandemia e faz uso de dispositivos móveis durante todo o dia, é preciso levar em consideração algumas medidas para evitar a síndrome do pescoço de texto:
- Altura da tela do computador – deve estar disposta a altura dos olhos, para evitar o curvamento da coluna por longas horas;
- Regulagem de mesa e cadeira – os móveis precisam estar em conformidade com a altura de quem as utiliza para oferecer conforto;
- Tipo de cadeira – opte sempre por cadeiras com encosto para evitar curvar a coluna.
No seu home office, esteja atento para garantir que cada item esteja disposto de forma a facilitar a utilização, sem prejudicar a saúde física.
Quais são os sintomas da síndrome do pescoço de texto?
Um dos sintomas mais comum da síndrome do pescoço de texto é a dor no pescoço. Porém, há outros sintomas que você pode sentir que indicam um problema na região. Fique atento se você sentir alguns desses outros sintomas – juntos ou isolados:
- Dificuldade de movimentar o pescoço;
- Dor de cabeça constante;
- Dor nos ombros;
- Dor nas costas
- Região do trapézio tensa e resistente;
- Formigamento ou sensação de dormência em mãos e dedos.
Atenção: conhecer os sintomas e procurar ajuda de um profissional da saúde o quanto antes é essencial para prevenir danos que podem se tornar permanentes com o passar do tempo.
Como evitar a síndrome do pescoço de texto?
É fundamental ficar atento à postura corporal é fundamental para evitar a piora das dores. Para isso, siga as seguintes orientações:
- Mantenha o pescoço ereto;
- Leve o celular até a altura dos olhos e não o contrário;
- Para maior equilíbrio do corpo, segure o aparelho com as duas mãos e digite com os dedos polegares;
- Se for utilizar o celular deitado, mantenha as costas apoiadas no colchão e leve o celular até a linha dos olhos.
- Ao longo do dia, faça alongamentos que trabalhem a região do pescoço, peito e parte superior das costas.
Essas dicas são importantes para que a sua coluna se mantenha alinhada. Considere também reduzir o tempo que você passa frente às telas. Segundo relatório do AppAnnie, o brasileiro está, ao lado do indonésio, em 1º lugar no volume de uso de celulares entre os 17 países analisados. Apesar de sermos um povo muito conectado, não podemos abrir mão da nossa qualidade de vida e bem-estar.
Como é o tratamento para a síndrome do pescoço de texto?
Quando os problemas causados pelo uso excessivo dos dispositivos móveis causam esse tipo de desconforto, buscar ajuda de um médico ortopedista ou fisiatra é fundamental para que sejam realizados os exames necessários avaliar a gravidade do quadro. O tratamento indicado deverá auxiliar na recuperação da mobilidade e alívio das dores. Os principais tipos de tratamento são:
Medicamentos – o médico pode prescrever analgésicos, anti-inflamatórios ou relaxantes musculares para alívio da dor.
Fisioterapia – o fisioterapeuta irá orientar nos exercícios de postura, alinhamento e exercícios para fortalecer a região do pescoço. Terapias que usam o calor e o frio e a estimulação elétrica também ajudam no alívio da dor e na descompressão da área.
Imobilização de curta duração – nos casos mais extremos, pode ser necessário usar um colar que apoia o pescoço para ajudar a aliviar a dor, tirando a pressão das estruturas do pescoço. O uso deve ocorrer conforme indicação médica.
Tempo de tela – o médico também poderá orientar o paciente a gerenciar melhor a quantidade de horas usando dispositivos para diminuir o tempo de tela e evitar a flexão excessiva do pescoço.
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Referências
- https://www.data.ai/en/go/state-of-mobile-2022 – acessado em 10/03/2022;
- https://secad.artmed.com.br/blog/fisioterapia/sindrome-do-pescoco-de-texto/
https://pebmed.com.br/voce-ja-ouviu-sobre-a-text-neck-syndrome-ou-a-sindrome-do-pescoco-de-texto/ – acessado em 10/03/2022; - https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7914771/ – acessado em 10/03/2022;
- https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/neck-pain/diagnosis-treatment/drc-20375587 – acessado em 10/03/2022.