No Brasil, cerca de 7,6% das crianças e adolescentes brasileiros convivem com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, enquanto 10% da população apresenta características do autismo. Ambos apresentam sintomas semelhantes, o que pode dificultar o diagnóstico e comprometer o comportamento, o aprendizado, o desenvolvimento emocional e as habilidades sociais de quem os possui. Então, continue a leitura para saber:
- O que é o TEA e o que é o TDAH?
- Quais são as causas e os fatores de risco do TEA e do TDAH?
- Quais são os sinais e sintomas do TEA e do TDAH?
- Quais os impactos do diagnóstico tardio de TEA e de TDAH?
- Como é feito o diagnóstico do TEA e TDAH?
O que é o TEA e o que é o TDAH?
O transtorno do espectro do autismo (TEA) e o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) são duas condições neuropsiquiátricas distintas, mas podem compartilhar algumas características que levam a confusões ou diagnósticos equivocados. A estimativa é que o TEA afete cerca de dois milhões de pessoas no Brasil e que o TDAH afete seis milhões de pessoas.
Transtorno do espectro do autismo (TEA):
- Compromete a comunicação, interação social, comportamento e habilidades de processamento sensorial;
- Causa dificuldade na compreensão e na expressão de emoções, padrões de comportamento repetitivos, hipersensibilidade ou hipoatividade sensorial e preferência por rotinas e estruturas;
- Apresenta três tipos: leve, moderado e grave.
Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH):
- É um distúrbio neurobiológico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade comumente diagnosticado na infância e que pode persistir na idade adulta;
- Causa dificuldade em manter o foco, seguir instruções, organizar tarefas e controlar impulsos, o que pode afetar negativamente as relações interpessoais, o desempenho acadêmico e o profissional;
- Apresenta três tipos: predominantemente desatento, hiperativo com impulsividade e outro que combina os dois anteriores.
Quais são as causas e os fatores de risco do TEA e do TDAH?
Há muitos fatores diferentes que podem aumentar a probabilidade de uma criança ter TEA, incluindo influências biológicas, genéticas e ambientais. Embora existam poucas informações sobre as causas específicas, alguns agentes que podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno são:
- Histórico familiar de pessoas com TEA;
- Certas condições genéticas ou cromossômicas, como síndrome do X frágil ou esclerose tuberosa;
- Complicações no nascimento;
- Anormalidades no desenvolvimento cerebral, como alterações na conectividade neuronal e no tamanho do cérebro;
- Idade dos pais, pois ser filho de pessoas mais velhas pode aumentar a chance de desenvolver TEA.
Assim como no TEA, as causas e fatores de risco de TDAH não são totalmente compreendidas. No entanto, existem vários fatores que estão associados ao desenvolvimento do TDAH:
- Genética;
- Diferenças na estrutura e funcionamento do cérebro;
- Exposição a substâncias tóxicas, como tabaco e álcool, durante a gravidez, bem como complicações durante o parto;
- Histórico familiar.
Quais são os sinais e sintomas do TEA e do TDAH?
Os primeiros sinais do autismo podem ser percebidos pelos pais ou pediatras antes que a criança complete um ano de idade. No entanto, os sintomas geralmente se tornam mais visíveis aos dois ou três anos. Em alguns casos, a deficiência funcional relacionada ao TEA pode ser leve e não aparente até a criança começar a escola. Os sintomas incluem:
- Dificuldades na comunicação e interação social e problemas para fazer amigos;
- Uso limitado de gestos e expressões faciais;
- Padrões de comportamento repetitivos, como balançar o corpo, balançar as mãos, alinhar objetos, ou repetir palavras ou frases;
- Hipersensibilidade ou hipoatividade sensorial, que pode levar a reações incomuns a estímulos sensoriais, como sons, luzes, texturas ou sabores;
- Atraso na aquisição da linguagem.
Já os sintomas do TDAH são agrupados em duas categorias principais, que são desatenção e hiperatividade-impulsividade:
- Dificuldade em prestar atenção a detalhes e em manter o foco em tarefas ou atividades;
- Problemas em organizar tarefas e atividades, seguir instruções e cumprir prazos;
- Evitar ou resistir a tarefas que envolvem esforço mental contínuo;
- Facilidade em ser distraído por estímulos externos;
- Movimentos frequentes das mãos ou dos pés;
- Dificuldade em aguardar a vez, interromper outras pessoas ou falar antes de pensar;
- Dificuldade em controlar impulsos e emoções.
Quais os impactos do diagnóstico tardio de TEA e de TDAH?
O diagnóstico tardio do TDAH e TEA pode ter uma série de impactos significativos na vida de pessoas afetadas, que podem variar dependendo da idade em que o diagnóstico é feito e da intensidade dos sintomas.
- Atraso na intervenção precoce – o diagnóstico tardio pode levar a um atraso na intervenção e no apoio adequado para crianças com TEA, fundamental para ajudar a desenvolver habilidades sociais, de comunicação e de comportamento;
- Dificuldades educacionais – crianças com TEA podem enfrentar dificuldades na escola devido à falta de apoio adequado, resultando em desafios no aprendizado, no desenvolvimento de amizades e na adaptação ao ambiente escolar;
- Possíveis problemas emocionais e comportamentais – aumento do risco de desenvolver outros distúrbios como ansiedade e depressão;
- Desempenho escolar prejudicado – dificuldades em manter a atenção, seguir instruções e organizar tarefas acadêmicas;
- Baixa autoestima – especialmente se a pessoa não compreender completamente os motivos por trás de seus desafios.
Como é feito o diagnóstico do TEA e TDAH?
O diagnóstico do TEA e do TDAH é um processo que envolve uma avaliação detalhada conduzida por profissionais de saúde, baseada em observações clínicas e na análise dos sintomas e do comportamento.
- Avaliação clínica inicial – para coletar informações sobre o desenvolvimento da criança, marcos do desenvolvimento, comportamento, habilidades de comunicação e interações sociais;
- Avaliação multidisciplinar – o diagnóstico do TEA é geralmente realizado por uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, como psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos;
- Observação direta – os profissionais frequentemente realizam observações diretas da criança em diferentes contextos para avaliar seu comportamento, habilidades de comunicação e interações sociais;
- Avaliação dos pais e cuidadores – coleta de informações valiosas sobre o comportamento e desenvolvimento da criança.