O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) torna difícil manter a atenção e o foco e faz com que a pessoa seja mais inquieta, agitada, impaciente e, com frequência, impulsiva. Além disso, o transtorno pode aumentar o risco do consumo de drogas. Mas, qual o efeito do consumo de drogas nos sintomas do transtorno?
O que são drogas?
Droga é um termo genérico usado para designar qualquer substância que altere a função biológica e, possivelmente, a estrutura do organismo. Já as drogas psicotrópicas, também chamadas de drogas psicoativas, são as que têm o potencial de alterar o funcionamento do cérebro e provocar:
- Modificação do sistema nervoso central (SNC) e comprometimento das estruturas cerebrais;
- Alterações no humor;
- Alterações em estados da consciência;
- Alterações na percepção;
- Alterações no comportamento.
Existem drogas psicotrópicas que são lícitas e outras que são ilícitas. Essas últimas se dividem entre as drogas que são ilegais e as drogas ou substâncias que, embora sejam lícitas para determinado uso, tornam-se ilícitas quando utilizadas com finalidades para as quais não são permitidas.
Drogas lícitas:
- Medicamentos psicoativos usados para fins medicinais – medicamentos desse tipo têm uso controlado e, quando prescritos pelo médico para serem adquiridos para o paciente usar, é necessário receituário especial para isso;
- Drogas psicoativas legais – não são proibidas por lei, como a cafeína, ou não totalmente, como o cigarro e o álcool, que só podem ser vendidos para maiores de idade no Brasil.
Drogas ilícitas:
- Drogas psicoativas ilegais – a produção, importação e comercialização é proibida por lei, a exemplo de anfetaminas, ecstasy, cocaína e heroína;
- Medicamentos psicoativos usados para fins não medicinais – embora sejam lícitos para utilização médica, o uso é ilícito quando a finalidade é outra;
- Substâncias que não são para uso em pessoas – são lícitas quando usadas para o que foram criadas, mas podem ser psicoativas quando consumidas por alguém, sendo ilícita essa utilização, por exemplo: inalantes, como o solvente da cola de sapateiro, que evapora na temperatura ambiente e tem efeito psicoativo quando inalado.
As drogas psicotrópicas são classificadas em três tipos básicos, de acordo com a forma com que elas afetam a atividade cerebral:
Drogas depressoras – diminuem a atividade cerebral, o que reduz a atenção, concentração, tensão emocional e capacidade intelectual. Exemplos:
- Tranquilizantes (ansiolíticos);
- Álcool;
- Inalantes;
- Narcóticos, como morfina e heroína.
Drogas estimulantes – aumentam a atividade cerebral. Exemplos:
- Cafeína;
- Tabaco;
- Anfetaminas;
- Cocaína;
- Crack.
Drogas alucinógenas – alteram a percepção. Exemplos:
- LSD;
- Ecstasy;
- Substâncias derivadas de vegetais, como maconha, ayahuasca, sálvia, mescalina etc.
As alterações causadas por drogas psicotrópicas podem variar de acordo com uma série aspectos, que são:
- As características biológicas e psicológicas do usuário;
- O efeito que o usuário espera ter;
- As circunstâncias em que a droga psicoativa é consumida.
- A quantidade consumida desse tipo de droga;
Atenção! Mesmo as drogas consideradas leves, como calmantes e maconha, podem causar danos, dependendo de quem usa e do contexto em que é consumida.
O uso de drogas é mais comum em quem tem TDAH?
Existe um consumo maior de drogas entre pessoas que têm o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em relação às que não têm. Já foram feitas várias pesquisas a respeito, e alguns dados apurados sobre o uso de certas drogas em pessoas com TDAH são os seguintes:
- Pessoas com TDAH, geralmente, começam a ter problemas com drogas e álcool mais cedo;
- 25%, aproximadamente, dos adultos que estão em serviços de recuperação para abuso de álcool ou outras substâncias têm TDAH;
- Crianças com TDAH são mais propensas a iniciar o abuso de álcool na adolescência;
- Pessoas com TDAH têm quase três vezes mais probabilidade de se viciar em nicotina;
- Pessoas com TDAH têm quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver um transtorno por uso de cocaína.
Não se sabe exatamente o motivo de o consumo de drogas ser maior entre as pessoas com TDAH e existem várias teorias de cientistas a respeito, tais como: problemas comportamentais causados pelo transtorno que poderiam aumentar a vulnerabilidade às drogas; algum aspecto genético relacionado ao TDAH que pudesse tornar a pessoa mais suscetível; e, ainda, a tentativa de diminuir os sintomas do TDAH por meio do uso de drogas.
Seja como for, o que se sabe é que o tratamento precoce do TDAH pode diminuir o risco de abuso de substâncias psicoativas. Quanto mais cedo as crianças forem tratadas, menor é a probabilidade de desenvolver transtornos por uso de drogas em comparação com as que iniciam o tratamento mais tarde.
Também é importante tratar distúrbios de saúde mental que, com frequência, as pessoas têm junto com o TDAH, como ansiedade e depressão. Pois isso, o tratamento precoce do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ajuda a diminuir o risco do consumo de drogas.
As medicações para TDAH podem viciar?
Embora medicamentos que podem fazer parte do tratamento de quem tem transtorno do déficit de atenção com hiperatividade sejam substâncias psicoativas, a pessoa com TDAH que toma a medicação corretamente, ou seja, na dosagem e na frequência prescrita pelo médico, não desenvolve dependência dela.
Além disso, tomar um medicamento psicoativo como parte do tratamento de TDAH na infância não leva a desenvolver transtornos de dependência mais tarde. Não há evidência alguma, até hoje, de que isso possa acontecer. Muito pelo contrário: o que existe são evidências de que os medicamentos para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade protegem de desenvolver transtornos viciantes depois, na adolescência e quando adulto.
O uso de drogas pode piorar os sinais e sintomas do TDAH?
Pessoas com TDAH têm, ao longo da vida, uma prevalência alta de transtorno por uso de drogas, e isso está associado a níveis maiores de sintomas de hiperatividade-impulsividade e desregulação emocional. Entre as drogas utilizadas, as mais bem representadas são canabioides, estimulantes e álcool.
Maconha – pessoas com TDAH podem buscar os efeitos relaxantes e prazerosos que a cannabis provoca. Entretanto, elas são mais vulneráveis aos efeitos da maconha e, em longo prazo, o uso leva a um agravamento dos sintomas, como impulsividade e instabilidade de humor.
Cocaína – é uma droga estimulante que atua nos sistemas que parecem estar danificados em pacientes com TDAH. Como esses sistemas são o alvo principal do tratamento farmacêutico do transtorno, o uso da cocaína pode ser reforçado na pessoa por mecanismos associados ao desejo de alívio de disfunções típicas do TDAH. Por outro lado, a cocaína pode mascarar vários sintomas do TDAH, podendo dificultar o reconhecimento do transtorno e, consequentemente, da definição de uma estratégia para o tratamento dele.
Álcool – embora o álcool seja um depressor, pode ter o efeito oposto em quem tem TDAH. O consumo afeta o lobo frontal, que é responsável pelo pensamento claro e pela tomada de decisões. O álcool pode potencializar comportamentos compulsivos da pessoa com TDAH e levar a consequências prejudiciais. Além disso, pode intensificar os sintomas de desatenção e inquietação e, com o uso prolongado, é possível que a pessoa apresente sintomas de ansiedade intensificados e ter dificuldade em controlar as emoções dela.
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Referências
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