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Depressão na infância e adolescência é frequente e pode levar a problemas sérios se não for tratada

A depressão na adolescência afeta 10,7% de todos os adolescentes, sendo que os casos aumentaram em 36% no Brasil durante a pandemia de Covid-19, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A depressão precisa do apoio de especialistas para ser devidamente diagnosticada e tratada, até porque pode se agravar.

Quais são as causas e fatores de risco da depressão na adolescência?

Não se sabe qual é, exatamente, a causa da depressão. Mas existem vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de depressão na adolescência, por exemplo: alterações hormonais, histórico familiar de depressão, mudanças no corpo, desequilíbrios químicos e genética. Também há situações que podem funcionar como um gatilho para a depressão, tais como:

  • Brigas com a família ou amigos;
  • Baixa autoestima;
  • Mudar de escola ou iniciar o ensino médio;
  • Ser intimidado (bullying);
  • Experimentar um rompimento de relacionamento, morte recente, abuso ou negligência;
  • Estresse ambiental;
  • Consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou drogas;
  • Doença crônica.

Quais são os sinais e sintomas da depressão na adolescência?

Os sinais e sintomas da depressão na adolescência nem sempre são óbvios e podem ser confundidos com mudanças que acontecem frequentemente nessa fase da vida.

Os sinais mais comuns são a tristeza sem motivo aparente e uma mudança radical na atitude e no comportamento do adolescente, que pode causar sofrimento e problemas significativos. Conheça possíveis sinais e sintomas emocionais, físicos e sociais da depressão na adolescência:

  • Emocionais – ansiedade irritabilidade, tristeza, mudanças bruscas de humor; explosões de raiva;
  • Físicas – dores, cansaço ou indisposição para atividades cotidianas, insônia ou dormir demais;
  • Sociais – falta de atenção mau desempenho nos estudos, dificuldade na interação com outras pessoas, uso de álcool ou drogas.

Os sinais e sintomas de depressão na adolescência variam de intensidade conforme o temperamento do jovem, mas as mudanças nas emoções e no comportamento dele podem incluir também:

  • Choro sem motivo aparente;
  • Frustração ou sentimentos de raiva, mesmo por questões pequenas;
  • Sentimento de vazio;
  • Perda de interesse ou prazer em atividades habituais;
  • Perda de interesse ou conflito com familiares e amigos;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa;
  • Fixação em falhas passadas ou auto-culpa exagerada ou autocrítica;
  • Extrema sensibilidade à rejeição ou fracasso, e a necessidade de segurança excessiva;
  • Problemas para pensar, concentrar-se, tomar decisões e lembrar de coisas;
  • Mudanças no apetite – diminuição do apetite e perda de peso, ou aumento do desejo por comida e ganho de peso;
  • Agitação ou inquietação – por exemplo, andar de um lado para o outro, torcer as mãos ou incapacidade de ficar parado;
  • Pensamento lento, fala ou movimentos corporais;
  • Isolamento social;
  • Menos atenção à higiene pessoal ou aparência;
  • Automutilação, como se cortar ou queimar

A depressão na adolescência pode aumentar o risco de suicídio?

A maioria das crianças e adolescentes que tentam suicídio tem um transtorno de saúde mental significativo, geralmente a depressão. Mas, além da depressão, existem outros fatores de risco para o suicídio em crianças e adolescentes, por exemplo:

  • Histórico familiar de tentativas de suicídio;
  • Exposição à violência;
  • Impulsividade;
  • Comportamento agressivo ou perturbador;
  • Acesso a armas de fogo;
  • Assédio moral;
  • Abusos;
  • Sentimentos de desesperança ou desamparo;
  • perda ou rejeição aguda.

Dados do Boletim Epidemiológico sobre mortalidade por suicídio e notificação de lesões autoprovocadas no Brasil – publicado em setembro de 2021 pelo Ministério da Saúde – mostram que houve um aumento de 81% em suicídios de adolescentes entre 15 a 19 anos no período de 2010 até 2019. Portanto, é importante ficar alerta a alguns sinais que podem significar que a criança ou o adolescente esteja pensando em suicídio, tais como:

  • Comentários com conotação suicida, por exemplo, “eu gostaria de estar morto”, “não serei um problema para você por muito mais tempo”, “eu não deveria ter nascido, “eu não faço falta neste mundo”, “queria sumir para sempre”;
  • Parar de planejar ou falar sobre o futuro;
  • Começar a doar bens importantes;
  • Tristeza frequente ou generalizada;
  • Afastamento de amigos, familiares e de atividades que fazia regularmente;
  • Preocupação com a morte e com morrer.

Como a depressão em adolescentes é diagnosticada e tratada?

O ideal é que a depressão na adolescência seja identificada quando surgem os primeiros sinais. Entretanto, pode ser difícil identificar o início de uma depressão na adolescência, pois esse período da vida é marcado por uma série de mudanças, inclusive de comportamento e na personalidade. É importante procurar um especialista em transtornos mentais para que ele faça o diagnóstico correto e indique o tratamento mais adequado para o caso. Pois, se não for devidamente tratada, a depressão na adolescência pode resultar em problemas em todas as áreas, por exemplo:

  • Abuso de álcool e drogas;
  • Problemas nos estudos;
  • Conflitos familiares e dificuldades de relacionamento;
  • Tentativa de suicídio.

O tratamento da depressão na adolescência é feito com medicamentos antidepressivos prescritos pelo médico, devendo ser usados diariamente para ajudar a melhorar os sintomas. Também é importante a realização de psicoterapia para que o tratamento seja completo, pois ela ajuda os adolescentes a explorarem sentimentos ou acontecimentos que são dolorosos para eles.

O adolescente precisa ter consciência de sua situação e compreender que é necessário se esforçar para superá-la. O apoio da família é fundamental e os familiares devem ter paciência e tentar sempre dialogar com o jovem para esclarecer que a depressão não é motivo de vergonha e que precisa ser tratada corretamente para que tenha uma vida melhor.

Lidar com uma pessoa depressiva não é uma tarefa muito fácil, em especial quando não se tem experiência e nem conhecimentos sobre como lidar com a doença. Portanto, é importante que os familiares procurem suporte psicológico.

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Qual a relação entre TDAH e depressão?

Cerca de 30% das pessoas diagnosticadas com TDAH também têm depressão. A doença pode acontecer em decorrência do TDAH e/ou em função dos problemas que o transtorno de atenção traz para a vida de quem tem o transtorno. Também existe a possibilidade das duas condições se desenvolverem de forma independente uma da outra. Continue a leitura para entender mais sobre TDAH e depressão:

O que é TDAH?

O TDAH é um transtorno neurobiológico que causa dificuldade em manter a atenção e o foco, além de causar inquietação e impulsividade. A agitação, a impaciência e a impulsividade tornam a execução de tarefas longas e repetitivas, ou lembrar de atividades cotidianas e datas especiais, muito mais difícil. O transtorno pode ser causado por:

  • Predisposição genética;
  • Alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) responsáveis por estabelecer as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro.

Os primeiros sintomas do TDAH costumam ser identificados na infância e adolescência. Na vida adulta, com o uso de medicamentos adequados, as manifestações tendem a ficar mais brandas.

Qual a relação entre TDAH e depressão?

É possível que uma pessoa tenha TDAH e depressão de forma independente uma da outra, ou que o transtorno de atenção contribua para o rebaixamento do humor.

O transtorno de déficit de atenção pode causar dificuldades na vida de crianças, principalmente durante os estudos e na interação social, e em adultos, que podem ter problemas de concentração no trabalho. As adversidades podem levar ao desânimo, tristeza profunda e a um quadro de depressão.

Os sintomas do TDAH podem contribuir para problemas de autoestima, de imagem e de socialização, e pacientes com o transtorno têm a maior probabilidade de se sentirem sobrecarregados e infelizes com a vida que levam.

Quais as diferenças entre os sintomas de TDAH e depressão?

Alguns sintomas de TDAH e depressão são parecidos, incluindo dificuldade de memória, desmotivação, problemas de humor, irritabilidade e desinteresse. A presença desses sintomas pode levar a um diagnóstico tanto de uma doença quanto da outra.

A depressão pode mascarar a presença do TDAH em um indivíduo, principalmente em crianças. É importante estar atento às diferenças entre elas para chegar a um diagnóstico e tratamento adequado.

  • Oscilação de humor – pessoas com TDAH podem ir do bom humor a um estado de irritabilidade e desânimo sem um motivo plausível para isso. Já para quem tem depressão, esses sintomas costumam acompanhar o indivíduo durante semanas ou meses seguidos.
  • Procrastinação – tarefas repetitivas e que demandam concentração por muito tempo são um verdadeiro fardo para quem tem TDAH e acabam sendo procrastinadas. Já os depressivos tendem a procrastinar quase tudo, pois não possuem ânimo ou motivação para fazer coisas simples do dia a dia.
  • Organização – para o portador de TDAH, a organização tem mais a ver com a memória. Eles, simplesmente, esquecem de manter suas coisas organizadas. Para quem tem um quadro de depressão, a organização não é prioridade.
  • Baixa autoestima – no TDAH, a baixa autoestima está ligada ao sentimento de fracasso em tarefas na escola, no trabalho ou mesmo na rotina. Já para os depressivos, a sensação é de ser inútil e sem importância.
  • Atenção – ao contrário dos depressivos, pessoas com TDAH conseguem manter a atenção em coisas variadas, desde que sejam estimulantes e não maçantes. Para quem tem depressão, é difícil se manter atento a qualquer coisa.
  • Motivação – pessoas com TDAH precisam de estímulos constantes e recompensas imediatas, enquanto para os depressivos nada os motiva ou gera o sentimento de gratidão.
  • Emoções os portadores de TDAH demonstram excitação e alegria diante de estímulos positivos, raiva e frustração diante de estímulos negativos, e também raiva. Quem tem depressão é indiferente e inexpressivo, seja a situação boa ou ruim.
  • Sono e alimentação problemas com sono e alimentação não têm padrão fixo em quem tem TDAH. Na depressão, as pessoas tendem a dormir muitas horas além do normal e ainda acordam sentindo cansaço. Em relação a alimentação, há depressivos que não sentem fome em momento algum, enquanto outros comem excessivamente.

Outros sintomas que podem aparecer para pessoas com TDAH são hiperatividade, agressão, falta de moderação, esquecimento, raiva e ansiedade.

Alguns dos sintomas comuns em pessoas que têm depressão são cansaço fácil, incapacidade de sentir alegria e prazer, apatia, sensação de ruína e fracasso, diminuição do desempenho sexual, perda ou aumento de peso e insônia.

Qual o tratamento para TDAH e depressão?

Os medicamentos utilizados para o tratamento do TDAH e depressão são substâncias controladas e que precisam de prescrição médica. Diante do surgimento dos sintomas do TDAH e/ou depressão, é necessário consultar um psiquiatra ou neurologista para receber o diagnóstico correto. O tratamento do TDAH e depressão pode envolver:

  • Psicoterapia – a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se terapia cognitivo-comportamental, com a aprendizagem de técnicas para o gerenciamento da condição. Já para a depressão, também pode ser feita a terapia interpessoal que tem como o objetivo melhorar o relacionamento com outras pessoas, expressar as emoções e resolver problemas de forma saudável.
  • Medicação – os medicamentos para o tratamento do TDAH costumam ser estimulantes. Se caso não houver melhora nos sintomas, pode-se recomendar antidepressivos, que também são utilizados no tratamento contra a depressão.

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Depressão sazonal: você conhece os sintomas?

Mau humor, desinteresse por atividades até então prazerosas, alteração do sono e uma tristeza que não passa. Esses são alguns dos sintomas de quem sofre com depressão. Mas, quando eles só aparecem em determinadas estações do ano, a nomenclatura é mais específica: depressão sazonal. Em geral, os sinais surgem no fim do outono e progridem com o avançar do inverno. O mesmo pode acontecer entre a primavera e o verão, mas, nesse período, a prevalência do transtorno é menor. A seguir, aprofundaremos o assunto e convidamos você a continuar a leitura.

O que é depressão sazonal?

A depressão sazonal – também chamada de transtorno afetivo sazonal – é um distúrbio emocional relacionado à mudança das estações do ano. Os sintomas costumam aparecer no outono, se agravam durante o inverno e desaparecem com o início da primavera. De forma menos frequente, o transtorno também pode ocorrer no verão.

A depressão sazonal é menos comum nos países de clima tropical, como o Brasil. Nessas regiões, a incidência do transtorno dificilmente passa de 1% da população. A explicação está no fato destas localidades apresentarem maior número de dias ensolarados ao longo do ano. A falta de sol é apontada como uma das causas do distúrbio.

Quais são as causas da depressão sazonal?

As causas da depressão sazonal não são completamente conhecidas. Mas acredita-se que ela está associada a mudanças na produção de duas substâncias no organismo:

Serotonina – é um neurotransmissor responsável pela comunicação entre as células nervosas e que interfere no humor. A redução da exposição à luz do sol influencia os níveis das moléculas responsáveis por controlar a serotonina.

Melatonina – é um hormônio essencial para manter o ciclo normal do sono. A melatonina tem seu pico de produção no período da noite, pois funciona como um aviso ao corpo de que é hora de dormir.

Como no inverno os dias são mais curtos e as noites mais longas, a condição é propícia para o desequilíbrio dessas substâncias e o aparecimento dos sintomas característicos de depressão sazonal.

Quem pode ter depressão sazonal?

Em tese, qualquer pessoa pode desenvolver depressão sazonal, mas a prevalência é maior em determinados grupos:

Pessoas que já possuem algum problema de saúde mental – como bipolaridade, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), além de outros tipos de depressão. No caso da bipolaridade, por exemplo, os episódios de mania podem ser acentuados em determinadas estações do ano. No inverno, as pessoas com o transtorno tendem a ficar ainda mais deprimidas e, no verão, mais agitadas.

Mulheres adultas – as mulheres estão mais suscetíveis à depressão sazonal e os primeiros sintomas costumam surgir na fase adulta.

Pessoas que moram mais ao norte do planeta – elas também têm mais chance de desenvolver a doença, pois os dias de sol são em menor número que no restante do planeta.

Pessoas com histórico familiar do transtorno – outro fator de risco para depressão sazonal é o histórico familiar, ou seja, quando há parentesco com pessoas que também sofrem do distúrbio.

Quais são os sinais e sintomas de depressão sazonal?

Os sinais e sintomas da depressão sazona incluem:

  • Alteração de humor;
  • Alteração do sono;
  • Sentir tristeza por longo período do dia e repetidas vezes na semana;
  • Desinteresse por atividades até então prazerosas;
  • Alterações no apetite e/ou peso;
  • Sensação de cansaço ou agitação;
  • Falta de energia;
  • Sensação de inutilidade;
  • Dificuldade de concentração;
  • Pensamentos ligados à morte;
  • Dificuldade em socializar.

Mesmo sendo menos comum que no inverno, o transtorno afetivo sazonal também pode ocorrer no verão e, nesse caso, os sinais e sintomas mais comuns são:

  • Alteração do sono (em geral insônia);
  • Falta de apetite e, por consequência, perda de peso;
  • Agitação;
  • Ansiedade;
  • Rompantes de violência.

É muito importante salientar que as manifestações citadas só estão relacionadas à depressão quando ocorrem de maneira persistente. Assim, episódios isolados de tristeza, cansaço, ansiedade, ou qualquer outro, não caracterizam o problema. No entanto, apenas um profissional de saúde pode fazer o diagnóstico.

Como é o diagnóstico e o tratamento da depressão sazonal?

Somente o médico é capaz de diagnosticar a depressão sazonal. Na consulta, o profissional conversa com o paciente para obter informações sobre seu histórico de saúde e sintomas, além de pedir exames clínicos e, provavelmente, laboratoriais. O diagnóstico de depressão sazonal ocorre quando a pessoa preenche alguns critérios, tais como:

  • Persistência de sintomas característicos da depressão, como alteração de humor, sono, apetite e de comportamento;
  • Presença desses sintomas somente em estações específicas (inverno ou verão) por, pelo menos, dois anos consecutivos;
  • Episódios são mais frequentes do que em outras épocas do ano durante toda a vida.

A partir do diagnóstico, o tratamento de depressão sazonal será iniciado, podendo envolver as seguintes abordagens:

Psicoterapia – a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um tipo de psicoterapia indicada para a pessoa a aprender a lidar com os sintomas de depressão. Nas sessões, o terapeuta pode ajudar na identificação de gatilhos emocionais e de atividades que possam despertar o ânimo durante o período do transtorno.

Medicamentos antidepressivos – em alguns casos, o uso de medicação é importante para controlar os sintomas. Os antidepressivos que atuam na receptação da serotonina estão entre os mais recomendados, por sua eficiência no controle do humor.

Terapia de luz – essa terapia, aplicada desde a década de 1980, visa compensar a falta de exposição a luz do sol. O paciente fica posicionado em frente a uma caixa de luz brilhante, diariamente, por cerca de 30 a 45 minutos. Vale ressaltar que essa exposição é segura, mas pode ser inviável para quem apresenta problemas oculares.

Vitamina D – a reposição de vitamina D também pode fazer parte do tratamento por sua relação com a atividade da serotonina e deve ser utilizada até que os níveis estejam estabilizados ou por tempo indicado pelo médico.

Existem formas de prevenir a depressão sazonal?

Como os estudos sugerem, o transtorno afetivo sazonal está relacionado a causas biológicas e, portanto, é difícil preveni-lo. Por outro lado, quem já tem o diagnóstico de depressão sazonal pode se antecipar ao aparecimento dos sintomas, a partir das seguintes medidas:

  • Buscar apoio psicológico nos meses que antecedem o período do transtorno;
  • Praticar atividade física, ao menos três vezes na semana, para atenuar a ansiedade e controlar o humor;
  • Iniciar a terapia de luz no começo do outono, antes dos primeiros sinais da depressão;
  • Manter uma dieta equilibrada para garantir a energia adequada;
  • Conversar com o médico sobre medicamentos de uso contínuo para atenuar os efeitos nos períodos mais críticos.

Além de todos esses cuidados, é importante manter a atenção a qualquer mudança física, psicológica e comportamental e procurar ajuda médica para ter um diagnóstico preciso e tratamento adequado.

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Depressão e os efeitos causados pelo isolamento social

Em 2017, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o relatório ‘Depression and Other Common Mental Disorders’ (Depressão e Outros Transtornos Mentais Comuns), a partir de dados coletados em 2015. Naquela época, a proporção da população global com depressão era estimada em 4,4%, ou seja, mais de 300 milhões de pessoas.

No Brasil, ainda de acordo com o relatório da OMS, a depressão atingia 5,8% (11,5 milhões de pessoas) e transtornos de ansiedade acometiam 9,6% (18,6 milhões).

Segundo a OMS, as causas da depressão são complexas e envolvem fatores sociais, psicológicos e biológicos. Entretanto, quem passa por algum evento de forte impacto na vida apresenta mais chances de ter depressão. Ou seja, desemprego, luto ou algum trauma pode desencadear o transtorno.

Além disso, é como “uma bola de neve”: a pessoa com depressão pode sentir mais estresse, impactando ainda mais a sua vida e a própria depressão de maneira negativa.

Impacto do coronavírus

Se fosse feito um levantamento hoje, não há dúvidas de que o número de pessoas sofrendo de depressão seria ainda mais significativo. O motivo, claro, é a pandemia de Covid-19.

Nestes tempos de isolamento social, não é raro que as pessoas sintam solidão, angústia e medos, seja de perder o emprego ou seja de contrair o novo coronavírus. Uma profunda depressão também pode ocorrer quando perdemos parentes ou amigos durante esta pandemia, sem sequer poderem ser velados.

Autoavaliação

Já que o ideal é não correr para o pronto-socorro, onde logicamente os profissionais da saúde estão mais envolvidos – de forma brilhante, aliás – com o tratamento de pacientes com sintomas de Covid-19, a ideia inicial é fazer uma autoavaliação.

Tem uma profunda sensação de tristeza? Não tem vontade de fazer absolutamente nada, dia após dia? Percebe que você mesmo está se desvalorizando? Tem sentimento de culpa por tudo? Faz previsão negativa do futuro? Faz avaliação negativa das outras pessoas? As barreiras que enxerga à sua frente parecem intransponíveis e sem saída? Queria colocar um fim a tudo?

Além disso, analise se tem cansaço excessivo, insônia à noite ou sonolência durante o dia todo, mal-estar. Outra avaliação é se houve alteração de seu apetite, para menos ou para mais.

Sem pânico

Mesmo que tenha um ou vários dos sintomas citados acima, não é motivo de pânico. Esforce-se para reverter… Ocupe o seu dia, faça atividades que lhe tragam prazer. Coloque uma música alegre, dance, pratique uma atividade física dentro de casa. Se vai assistir TV, prefira um programa que vá lhe deixar de alto astral, como comédias, por exemplo.

Rir é uma importante iniciativa para combater a depressão. O Dr. Eduardo Lambert, médico homeopata, escreveu um livro a respeito disso: “A Terapia do Riso”. Rir e sentir alegria chegam até a ser mecanismos naturais de autocura. Isso porque a sensação de bem-estar ativa a produção de algumas substâncias no cérebro, que reduzem o estresse e a depressão, assim como protegem contra problemas cardíacos e AVC (acidente vascular cerebral).

O relacionamento com outras pessoas, bater papo, é outro ponto fundamental contra a depressão. A quarentena não é justificativa para se isolar de amigos e familiares, que moram ou não juntos, porque podemos estar em contato por voz ou vídeo ou ainda por escrito. “O suporte e as relações sociais são favoráveis para a saúde mental, como um todo”, avisa o médico psiquiatra Dr. Henrique Gonçalves Ribeiro, do Hospital Sírio-Libanês e do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Meditação

Outra iniciativa que vai ajudar quem quer evitar ou até quem já está sofrendo de depressão é praticar meditação. Há alguns aplicativos para celular e alguns vídeos no YouTube que ensinam a prática e, inclusive, oferecem meditação guiada.

A meditação permite, além do relaxamento e promoção de bem-estar, que a pessoa faça como uma reprogramação mental. É que cada pessoa tem um modelo mental, uma forma de pensar e encarar a vida. Com depressão, nosso ponto de vista tende para o negativo, o depreciativo. A ideia, então, é aprender a substituir os pensamentos negativos por pensamentos positivos.

Por fim, mas não menos importantes, estão a atenção ao consumo de alimentos saudáveis e à ingestão de bastante água diariamente, aos cuidados com você mesmo, incluindo boas noites de sono e cuidando do rosto e do corpo. Tudo o que aumentar sua autoestima não pode ser deixado de lado.

Em momentos mais difíceis, em que sinta a necessidade de falar com um especialista, vários profissionais da saúde estão reservando um tempo de sua agenda para dar assistência e apoio virtual a quem precisa.

Ninguém estava preparado para a atual crise. Muitos estão sofrendo. Só não podemos desistir. Temos que erguer a cabeça e seguir em frente. Ainda não sabemos quando, mas a pandemia de Covid-19 será superada. E precisamos estar bem para quando isso acontecer.

www.who.int/health-topics/depression#tab=tab_1
www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/depression
saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao
www.vittude.com/blog/atitudes-que-ajudam-no-tratamento-da-depressao/

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Ideação suicida entre médicos: burnout ou depressão?

O nono mês do ano é marcado por projetos destinados à conscientização e discussão saudável sobre o suicídio e suas implicações, o “setembro amarelo”. Desta vez, vamos discutir os principais pontos de um artigo publicado no JAMA em dezembro de 2020 e que procurou avaliar a relação entre ideação suicida e erros médicos com a síndrome de burnout e a depressão.

Alguns trabalhos mostram um risco aumentado de ideação suicida entre médicos, com taxas variando entre os anos de formação e de atividade profissional. Várias condições podem estar relacionadas a esse achado, como problemas nas relações interpessoais, uso de substâncias, sentimentos de culpa, tendência a comportamentos autodestrutivos, depressão e problemas ocupacionais. Este último ponto envolve um subgrupo de fatores que merecem destaque, como assédio no local de trabalho, a ausência de figuras de referência durante a formação pós-graduada, o grande volume de trabalho, a escolha por certas especialidades, etc. Não à toa os autores ressaltam que a síndrome de burnout vem alcançando níveis epidêmicos entre os médicos.

Contudo, há ainda uma discussão entre os estudiosos se a síndrome de burnout e a depressão fariam parte de um mesmo construto ou se seriam diagnósticos independentes. Neste trabalho, os autores citam uma metanálise e estudos psicométricos que sugerem tratar-se de entidades distintas, o que também foi encontrado por eles.

Estudo sobre burnout e depressão

Dessa forma, realizaram um estudo transversal entre novembro de 2018 e fevereiro de 2019 com médicos selecionados randomicamente nos registros da American Medical Association Physician Masterfile. De todos os médicos convidados a participar do estudo, apenas 11,4% o fizeram, sendo que 1.354 participantes foram incluídos nas análises. Foi oferecido um incentivo financeiro para que esses médicos preenchessem um inquérito eletrônico composto por: consentimento para a participação na pesquisa, três subescalas para avaliar burnout, uma escala para avaliar depressão, um instrumento com quatro itens para avaliar erros médicos e sua frequência e uma pergunta sobre a presença de pensamentos suicidas nos últimos 12 meses.

A amostra selecionada era composta majoritariamente por homens, indivíduos de etnia branca, com menos de 45 anos, que não trabalhavam nos cuidados de saúde primários e estavam atuando na prática clínica.

Resultados

Dos 1.354 avaliados, 5,5% informaram ter tido pensamentos suicidas nos 12 meses anteriores. Antes de se ajustar para o transtorno depressivo maior, havia sido encontrada uma correlação entre burnout e ideação suicida. Contudo, essa associação não se manteve após o ajuste para depressão. Isso, inclusive, é consistente com a descrição da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a síndrome de burnout, na qual essa síndrome é entendida como ligada a questões ocupacionais; diferentemente dos transtornos mentais, que apresentam alterações em múltiplos domínios. Entretanto, foi encontrada uma correlação entre burnout e erros médicos relatados pelos próprios participantes. Essa associação com os erros médicos não ocorreu com a depressão.

A depressão propriamente dita correlacionou-se com a ideação suicida, mesmo após o ajuste para burnout. Isso se mostra consistente com o que é descrito pela literatura médica.

Dessa forma, é possível que associações anteriores entre burnout e ideação suicida sejam, na verdade, ou um fator de confundimento quando há depressão comórbida; ou fruto de uma associação indireta entre as duas condições; ou tenha ocorrido pela ausência de ajuste para depressão nas análises; ou os instrumentos usados nas pesquisas prévias não possuíam as características apropriadas.

É importante lembrar que a depressão é uma doença responsável por um grande impacto na vida dos pacientes, tornando necessária a avaliação médica e o tratamento correto – seja na forma de psicoterapia ou associada ao uso de psicofármacos e outras terapias biológicas. Já o burnout se relaciona às questões ocupacionais e, no caso dos médicos, pode afetar o atendimento dos pacientes ou, como sugerem os resultados deste trabalho, se relacionar a uma maior quantidade de erros médicos. A melhor forma de abordá-lo seria através de estratégias ocupacionais.

Considerações

Esses resultados devem ser interpretados à luz de limitações inerentes aos trabalhos científicos: estudos transversais não conseguem delimitar relações de causalidade; as questões referentes à seleção da amostra limitam a generalização dos resultados e a presença do viés de participação, uma vez que foram utilizadas escalas respondidas pelos mesmos.

Caso você ou alguém que você conhece tenha tido pensamentos que envolvam o conteúdo de suicídio, não deixe de procurar ajuda profissional.

Para mais informações sobre depressão e síndrome de burnout, acesse o Whitebook.

Fonte: https://pebmed.com.br/ideacao-suicida-entre-medicos-burnout-ou-depressao/

Autor(a): Paula Benevenuto Hartmann

Médica pela Universidade Federal Fluminense (UFF) ⦁ Psiquiatra pelo Hospital Universitário Antônio Pedro/UFF ⦁ Mestranda em Psiquiatria e Saúde Mental pela Universidade do Porto, Portugal.

Referências bibliográficas:

  • Menon NK, Shanafelt TD, Sinsky CA, et al. Association of Physician Burnout With Suicidal Ideation and Medical Errors. JAMA Netw Open. 2020;3(12):e2028780. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2020.28780