LGG® vs. Lactobacillus helveticus e Bifidobacterium longum

Introdução

Probióticos são microrganismos vivos, bactérias ou fungos, que proporcionam benefícios à saúde do organismo hospedeiro quando administrados nas quantidades adequadas.1-2

Esses agentes diferem dos germes patogênicos por seu papel colaborativo com a fisiologia normal do organismo receptor, inclusive em relação aos metabolismos de nutrientes e fármacos, bem como às diferentes condições patológicas.3-4

Embora o papel dos probióticos na saúde e na doença seja cada vez mais documentado, é de fundamental importância apontar as diferenças existentes entre as diversas cepas, uma vez que seus efeitos e ações biológicas não podem ser extrapolados de um microrganismo para outro.5-6

Dentre esses agentes, destaca-se o Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®), genotipado em sua totalidade e para o qual estão disponíveis décadas de experiência pré-clínica e estudos clínicos em diversos contextos.7

Figura 1. Aspectos importantes da administração de LGG®.

O Lactobacillus helveticus e o Bifidobacterium longum são duas cepas de probióticos comumente administrados em combinação. Essa associação de microrganismos tem sido avaliada em diferentes modelos, principalmente aqueles experimentais.8,9

Sistema nervoso central

Os probióticos podem induzir alterações no perfil de citocinas5,9 embora essas modificações, em nível molecular, não possam ser extrapoladas diretamente para os resultados clínicos. Foi demonstrado, em modelos com animais submetidos ao estresse, que a administração de Lactobacillus helveticus e Bifidobacterium longum aumenta os níveis de citocinas anti-inflamatórias, ainda que tais variações no perfil de resposta de citocinas não pareçam modificar a resposta ao estresse.9 Esses resultados coincidem com um estudo clínico do qual participaram 79 pacientes com transtornos do humor que não faziam uso de medicação psicotrópica. Para esses indivíduos, a administração de L. helveticus + B. longum não modificou os resultados de testes validados, como a Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery-Åsberg, em comparação com o relatado para o placebo.10

Em relação ao LGG®, em um estudo-piloto, randomizado e controlado por placebo, sua administração foi associada a diferenças estatisticamente significativas no perfil de citocinas, aos três meses de tratamento, em pacientes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, incluindo interleucinas 6 e 12 e fator de necrose tumoral alfa. Essas modificações nos neurotransmissores e citocinas foram observadas no contexto de uma melhoria na qualidade de vida dos participantes.11

Síndrome diarreica aguda

Com base nos resultados de pelo menos dois estudos controlados de desenho metodológico adequado, a European Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition indicou que a evidência era apropriada para indicar o LGG® (≥ 1010 unidades formadoras de colônias diariamente por cinco a sete dias) como um adjuvante à reidratação para o tratamento de diarreia infecciosa aguda em pacientes pediátricos.12 Não há estudos sobre tais características para a associação de L. helveticus + B. longum.

Prevenção da diarreia nosocomial

Com base na evidência obtida a partir de uma metanálise de estudos clínicos, a administração de LGG® (em duas doses diárias de 1010 a 1011 unidades formadoras de colônias) pode ser usada para prevenir diarreia hospitalar. Não há evidências de características semelhantes para a combinação de L. helveticus + B. longum.13

Conclusões

Existem evidências experimentais e clínicas obtidas a partir de diretrizes de prática clínica em relação à segurança e à eficácia do LGG® como um probiótico de indicação em vários contextos de saúde e doença. Com base no conhecimento atual, as propriedades e os benefícios obtidos com um probiótico não podem ser extrapolados diretamente para outros produtos, portanto, a escolha deve ser adequadamente baseada nas melhores informações científicas atualizadas.

Referências

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®2021 MP Grupo – MedPharma Publishers O texto que está nesta publicação expressa a opinião dos autores que o escreveram e não reflete necessariamente a opinião do Laboratório Cellera Farmacêutica. Material desenvolvido pelo Comitê Científico da Medpharma Publishers. MED75. Material científico destinado exclusivamente à profissionais de saúde

Distúrbios oportunistas e Tratamento

No período de verão e de recesso das atividades da rotina, no final de ano, é comum a adoção de hábitos que não vislubrem a promoção da qualidade de vida. O desbalanço alimentar é uma característica no contexto de quebra do cotidiano, acarretando consequências diretas à saúde da população. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas e de alimentos ultraprocessados pode ser um fator desencadeador de doenças oportunistas, como a intoxicação alimentar e as diarreias infecciosas.1,2,3

A variedade cada vez maior de patógenos entéricos reconhecidos aumenta a necessidade de diretrizes clínicas com base nas melhores evidências atualmente disponíveis. A reposição e manutenção adequadas de fluidos e eletrólitos são essenciais para o gerenciamento de doenças diarreicas. Os riscos mais comuns desses distúrbios são a desidratação e, nos países em desenvolvimento, a desnutrição. Assim, o tratamento inicial crítico deve incluir a reidratação, contendo solução eletrolítica na grande maioria dos casos. A terapia de reidratação oral tem se mostrado amplamente aplicável em todo o mundo. 4

A avaliação clínica e epidemiológica completa deve definir a gravidade e o tipo de doença (por exemplo, febril, hemorrágica, persistente ou inflamatória), exposições (por exemplo, viagens, ingestão de carne crua ou mal cozida, frutos do mar ou produtos lácteos, contatos com outros doentes ou uso recente de antibióticos) e se o paciente é imunocomprometido, a fim de direcionar o desempenho de culturas diagnósticas seletivas, testes de toxinas, estudos de parasitas e eventualmente a administração de terapia antimicrobiana.4

Para a aplicação de métodos diagnósticos que identifiquem infecções entéricas com necessidade de terapia específica, as recomendações de saúde devem ser claras. Elas abordam o seguinte: reidratação oral, conforme já citado, avaliação clínica e epidemiológica, realização de estudos fecais seletivos, administração de terapia antimicrobiana seletiva, antidiarreicos contraindicados e imunizações disponíveis. Essas diretrizes continuarão a evoluir à medida que uma melhor compreensão da patogênese e do desenvolvimento e o uso de testes rápidos e baratos melhorem o diagnóstico e o tratamento de diarreicas infecciosas.4

A diarreia é uma das principais causas de morte nos países tropicais. Estudos epidemiológicos indicaram seus diferentes padrões sazonais, e o período de recesso de final de ano é apontado como a época em que os índices dessa distúrbios crescem vertiginosamente.6,7

Em um cenário de quebra das atividades da rotina, a prevenção de distúrbios infecciosos também perpassa pela educação do paciente. Muitas doenças diarreicas podem ser evitadas seguindo regras simples de higiene pessoal e preparação segura dos alimentos. A diligência no seguimento de uma dieta saudável, com consumo moderado de alimentos ultraprocessados e álcool, atua na promoção e na prevenção da saúde, com foco no fortalecimento do sistema imunológico. Reitera-se que alcoólatras e pessoas com doença hepática crônica apresentam risco aumentado de infecções.4

A mudança na dieta e no ambiente, comum nos recessos e feriados, é um claro exemplo de causa dos quadros clínicos de disbiose. A diarreia do viajante afeta de 20% a 50% dos viajantes para destinos tropicais e subtropicais. Os enteropatógenos bacterianos causam aproximadamente 80% da diarreia do viajante, cuja fonte é predominantemente comida contaminada. Nesse sentido, uma das opções de tratamento, além da reidratação e da retomada dos hábitos alimentares saudáveis, é a administração de probióticos, como forma de redução da incidência deste distúrbio.5

Os probióticos, que são microrganismos vivos que quando administrados em quantidades apropriadas oferecem benefícios à saúde, têm um papel fundamental no restabelecimento da microbiota intestinal em episódios de diarreia. 8

Entre os probióticos, o mais estudado é o Lactobacillus GG (LGG®), que conta com mais de 35 anos de pesquisa e mais de 3500 estudos publicados.9,10

O uso do LGG® tem o papel de equilibrar a flora intestinal e contribuir para a manutenção da saúde digestiva.9

É fundamental que, durante a temporada de férias, se procure garantir a melhor nutrição ao organismo, com foco na promoção e prevenção da saúde.6,7

Referências

1 – Pierre de Truchis, Anne de Truchis. Acute infectious diarrhea. Presse Medicale. 2007 Apr; 36 (4 Pt 2): 695-705.

2 – Federação Brasileira de Gastroenterologia. O Que é Má Digestão? Disponível em: http://fbg.org.br/Publicacoes/noticia/detalhe/1261./ Acesso em: 03 dez. 2020.

3 – Aparna Lal, Simon Hales, Nigel French, Michael G Baker. Seasonality in human zoonotic enteric diseases: a systematic review. PLoS One. 2012; 7(4): e31883.

4 – Richard L. Guerrant, Thomas Van Gilder, Ted S. Steiner, Nathan M. Thielman, Laurence Slutsker, Robert V. Tauxe, Thomas Hennessy, Patricia M. Griffin. Practice Guidelines for the Management of Infectious Diarrhea. Clinical Infectious Diseases, Volume 32, Issue 3, 1 February 2001, Pages 331–351.

5 – Oksanen PJ, Salminen S, Saxelin M, Hämäläinen P, Ihantola-Vormisto A, Muurasniemi-Isoviita L, et al. Prevention of travellers’ diarrhoea by Lactobacillus GG. Ann Med. 1990; 22(1): 53-6.

6 – Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/. Acesso em: 03 dez. 2020.

7 – R. L. Guerrant, L. V. Kirchhoff, D. S. Shields, M. K. Nations, K. E. McClelland. Prospective Study of Diarrheal Illnesses in Northeastern Brazil: Patterns of Disease, Nutritional Impact, Etiologies, and Risk Factors. The Journal of Infectious Diseases, Volume 148, Issue 6, December 1983, Pages 986–997.

8- Organização Mundial da Saúde –OMS-  Food and Agriculture Organization and World Health Organization Expert Consultation – “Health and Nutrition Properties of Probiotics”. Disponível em http://www.fao.org/3/a-a0512e.pdf acesso em 14-Dez-2020)

9- Capurso L. Thirty Years of Lactobacillus rhamnosus GG. A Review. J Clin Gastroenterol 2019;53:S1–S4.

10- Pubmed disponível em https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=lactobacillus+rhamnosus+gg&sort=date acesso em 14-Dez-2020 (Based on the number of Lactobacillus rhamnosus GG clinical studies, as of Dec-2020)

Hábitos alimentares e distúrbios oportunistas na criança

O período de recesso de final de ano traz um novo quadro de risco à população pediátrica, em especial após um ano atípico caracterizado pela pandemia do Sars-CoV-2. Novas medidas fazem parte da rotina de todos, inclusive crianças, como o cumprimento de protocolos sanitários de distanciamento social, o uso de máscaras e o reforço de normas de higiene pessoal. Nesse contexto, as férias escolares promovem a flexibilização desses novos comportamentos, assim como interferem nos hábitos alimentares das crianças: a quebra da rotina tende a estimular o consumo exagerado de alimentos não saudáveis.1

A Sociedade Brasileira de Pediatria ressalta que o período da vida entre a gestação e os dois anos de idade da criança (primeiros 1000 dias) é crítico para a promoção do crescimento e do desenvolvimento do indivíduo devido à acentuada velocidade de multiplicação celular. É consenso que o aleitamento materno é a base da alimentação nesse período inicial, devendo ser oferecida de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e mantida pelo menos até o segundo ano ou mais, sempre que possível.1

A introdução dos alimentos complementares, para os lactentes, deve conter cereais ou tubérculos, proteína vegetal ou leguminosas, proteína animal, hortaliças e não conter adição de sal. Assim, a nutrição adequada na infância é fundamental para o desenvolvimento completo, com o melhor estabelecimento dos sistemas nervoso, digestivo e imunológico.1

Nesse sentido, cabe aos pais ou responsáveis estarem atentos ao cumprimento dos hábitos alimentares saudáveis por parte das crianças no período de descanso das aulas. A dieta desbalanceada prejudica a manutenção do sistema imunológico e fornece margem para o desenvolvimento de doenças oportunistas, como as infecções gastrointestinais, virais e bacterianas. As intoxicações alimentares são comuns em momentos de quebra da rotina como as festas de final de ano ou viagens, e a diarreia infecciosa aguda é o distúrbio gastroenterológico mais frequente na idade pediátrica.2,3,4

A diarreia infecciosa aguda em crianças possui índices de prevalência consideráveis tanto em países de alta como de baixa renda, ela é a principal causa de desidratação na infância. A taxa de mortalidade, contudo, é maior em países em desenvolvimento: a estimativa é de que a diarreia aguda provoque dois milhões de mortes ao ano em crianças menores de 5 anos.5

Estudos realizados em países tropicais indicam que, durante o verão, as infecções diarreicas aumentam. O distúrbio segue um aspecto de sazonalidade. Por exemplo, os resultados clínicos mostram que episódios diarreicos aumentam em até oito vezes em bebês durante o verão. Além disso, o estado nutricional das crianças foi significativamente associado à incidência de diarreia.6

Além da responsabilidade dos pais e responsáveis quanto à garantia de todos os cuidados preventivos durante o período de verão e de recesso escolar, reitera-se a necessidade e a importância de que toda criança seja acompanhada pelo pediatra de modo sistemático. Aquelas que manifestam dificuldades alimentares ou estejam sendo submetidas à dieta vegetariana ou de outros tipos restritivos, por preferências familiares, necessitam ser acompanhadas pelo pediatra de modo ainda mais frequente para sua segurança.1

Referências

1 – Sociedade Brasileira de Pediatria. Posição da Sociedade Brasileira de Pediatria diante do Guia de Alimentação do Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/ALIMENTACAO_COMPLEMENTAR_MS.pdf./ Acesso em: 03 dez. 2020.

2 – Fewtrell M; Bronsky J, Campoy C, Domello M, Embleton N, Hojsak et al. Complementary Feeding: A Position Paper by the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition. JPGN 2017; 64: 119–132.

3 – Agostini C, Domellöf M. Infant Formulae: from ESPGAN recommendations towards ESPGHAN-coordinated Global Standards. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2005; 41: 580-3.

4 – Kleinman RE, Greer F. Pediatric Nutrition Handbook. 7th ed., ed. Elk Grove, Village, IL: American Academy of Pediatrics; 2014.

5 – Nedeljko Radlović, Zoran Leković, Biljana Vuletić, Vladimir Radlović, Dušica Simić. Acute Diarrhea in Children. Srp Arh Celok Lek. Nov-Dec 2015; 143 (11-12): 755-62.

6 – William Checkley, Robert H Gilman, Robert E Black, Andres G Lescano, Lilia Cabrera, David N Taylor, Lawrence H Moulton. Effects of nutritional status on diarrhea in Peruvian children. J Pediatrics. 2002 Feb; 140 (2): 210-8.

Principais Problemas Decorrentes do Desequilíbrio da Microbiota Intestinal na saúde da criança

A microbiota, sua formação, variações e alterações

A microbiota humana é o conjunto de microrganismos que habitam as superfícies externas e internas do nosso corpo, tais como pele, mucosa oral e respiratória, ou o trato gastrointestinal (TGI) e geniturinário (TGU). Este conjunto de microrganismos é adquirido pelos recém-nascidos inicialmente no momento do parto. Entre os 18 e 24 meses se torna já semelhante à microbiota de um adulto. Uma das principais funções dessa microbiota é a estimulação do sistema imune, tornando-o apto a desenvolver suas funções de homeostase e defesa, através do amplo leque de células e moléculas que o compõe.1

Existem evidências de que variações na microbiota intestinal podem causar alterações no sistema imunológico, podendo constituir um ambiente que modula de forma negativa ou positiva a indução de uma resposta imune eficaz. O desequilíbrio da microbiota (disbiose) pode provocar não só dano tecidual, mas também anergia imune (a anergia é a inativação funcional das células linfocitárias do tipo T), inflamação intestinal crônica que, caso persistam, podem comprometer a resposta do hospedeiro aos antígenos.1

Microbiota materna e neonatal

A colonização inicial da microbiota humana se inicia ainda no período pré-natal, intraútero. Estudos recentes indicam a presença de microrganismos no líquido amniótico, membranas fetais, cordão umbilical, placenta e mecônio. Mas a sua consolidação se faz principalmente durante o nascimento, sobretudo através do parto normal, pela passagem do feto no canal vaginal e, também, por sua proximidade com as porções finais do sistema digestório materno.2,3,4,5.

De maneira geral, o impacto da saúde materna na microbiota neonatal ao nascimento ainda é um campo aberto para estudos. Segundo pesquisas, existe uma possível relação entre a disbiose da microbiota materna e neonatal com o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional (DMG).  Estima-se que essa associação traga riscos potenciais de mudança microbiana para os neonatos.2

A diabetes mellitus gestacional (DMG) pode alterar a microbiota de mulheres grávidas e neonatos ao nascimento, o que claramente indica sobre outra forma de herança e destaca a importância de compreender a formação da microbiota no início da vida.2

Disbiose e impactos na saúde infantil

Em crianças, a regulação e o balanço da microbiota intestinal têm impactos tanto em funções gastrintestinais como na saúde imunológica. O equilíbrio garante a execução adequada de funções digestórias e a formação das defesas naturais, prevenindo portanto, doenças comuns na infância. A disbiose, então, tem relação clara com doenças infecciosas na infância. As diarreias e as infecções das vias aéreas superiores são exemplos comuns.3

A doença diarreica aguda (DDA) continua sendo a maior causa de mortalidade na infância no mundo inteiro. Sendo, na maioria das vezes, de caráter infeccioso (vírus, bactérias e parasitas), a DDA tem como base fisiopatológica a geração de processo inflamatório que culmina com alterações absortivas e que determina diarreia (três ou mais episódios em 24 horas), geralmente líquida, com ou sem febre e vômito.4

Muitas crianças, no mundo inteiro, sofrem com infecções das vias aéreas superiores (IVAS) a cada ano, sobretudo aquelas que estão em idade pré-escolar, quando o sistema imunológico ainda se encontra em desenvolvimento, principalmente se estiverem institucionalizadas, em creches ou berçários.5

Considerando crianças que apresentem infecções tanto do sistema digestório quanto do respiratório, é recomendada a adoção de um tratamento que vise restabelecer a composição e o equilíbrio da microbiota intestinal.6,7

Bibliografia

  1. CHISSOCA, Antônio Ribeiro Chissululo. Influência da microbiota intestinal nas propriedades imunológicas de uma vacina recombinante. Antônio Ribeiro Chissululo Chissoca; orientador, Prof. Dr. Oscar Bruna Romero – Florianópolis, SC, 2016. 105.
  2. WANG, Jingeng; ZHENG, Jiayong; SHI, Wenyu; DU, Nan; ZHANG, Yanming; JI, Peifeng; ZHANG, Fengyi; JIA, Zhen; WANG, Sim; ZHENG, Zhi; ZHANG; Hongping; ZHAO, Fangqing. Disbiose da microbiota materna e neonatal associada ao diabetes mellitus gestacional. Setembro de 2018; 67 (9): 1614-1625.
  3. TANAKA, M; NAKAYAMA, J. Development of the gut microbiota in infancy and its impact on health in later life. Allergol Int.

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  2. DOMINGUEZ-BELLO, MG; DE JESUS, Laboy KM; SHEN, N; COX, LM; AMIR, A; GONZALEZ, A. et al. Partial restoration of the microbiota of cesarean-born infants via vaginal microbial transfer. Nat Med. 2016; 22(3): 250-3.
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  6. HOJSAK, I; SNOVAK, N; ABDOVIC, S; SZAJEWSKA, H; MISAK, Z; KOLACEK, S. Lactobacillus GG in the prevention of gastrointestinal and respiratory tract infections in children who attend day care centers: a randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Clin Nutr. 2010; 29(3): 312-6.

A importância da microbiota na saúde da criança

A importância da microbiota na saúde infantil.

A comunidade microbiana intestinal é estabelecida tanto durante o período neonatal como no início da infância. No momento do nascimento, os microrganismos colonizam o tubo gastrointestinal do bebê, e entre os 18 e 24 meses de vida a microbiota da criança já se torna semelhante à de um adulto. Os recém-nascidos de parto normal, por sua vez, possuem uma microbiota semelhante à da mãe. Esse quadro se dá, sobretudo, devido à passagem do feto pelo canal vaginal. Recém-nascidos de cesariana não possuem essa mesma oportunidade de colonização, portanto, as probabilidades para desregulações e alergias podem ser maiores para estas crianças no futuro. 3-4

Mas, afinal, o que é microbiota?

O organismo é colonizado por milhões de bactérias distribuídas em centenas de espécies não patogênicas, com grande influência para a saúde. O intestino é o principal órgão de colonização destas bactérias; neste ambiente específico se forma a microbiota intestinal. Ela atua em diversas frentes e com diferentes funções: auxilia o metabolismo de fibras e toxinas, age no suporte às demandas de outros sistemas – como o imunológico, o nervoso e o próprio digestório – exercendo papel essencial na proteção de doenças. 4

O microbioma, por sua vez, é definido como o conjunto de micro-organismos e genes que colonizam todo um meio natural. O microbioma humano, por exemplo, diz respeito aos micro-organismos presentes em todo o corpo, para além do trato gastrointestinal, abrangendo também pele, cabelo, vias aéreas, trato urogenital e alguns órgãos e sistemas. 4

Como é a sua formação?

Antes mesmo do nascimento, caso o feto esteja em perfeitas condições de desenvolvimento (como dieta e temperatura adequadas, ambiente livre de patógenos e apresente tolerância imunológica) é possível identificar a presença de micro-organismos através da colonização do trato gastrointestinal. Ela ocorre, segundo alguns estudos recentes, quando o feto realiza a deglutição do líquido amniótico ainda intraútero. Neste momento, então, pode-se afirmar que a microbiota intestinal teve o seu início. 4-5

Após o nascimento, outros micro-organismos essenciais para uma vida saudável são introduzidos por meio da ingestão dos primeiros alimentos e, também, através do leite materno. O leite confere benefícios nutricionais essenciais à criança, ele é globalmente considerado o padrão-ouro para a alimentação infantil. Também, o leite materno garante benefícios não nutricionais explicados, sobretudo, pelos fenômenos epigenéticos.  Tais fenômenos são mecanismos moleculares envolvidos na interação entre fatores do ambiente e a expressão da informação contida no DNA. 1,5

A amamentação natural promove a maturação da microbiota saudável, destacando-se pela presença de lactobacilos e de carboidratos conhecidos como human milk oligosaccharides (HMOs), os quais auxiliam o crescimento e o desenvolvimento de bactérias não patogênicas. 5

A microbiota intestinal da mãe, portanto, é a principal fonte de bactérias que efetivamente colonizarão o trato gastrointestinal do recém-nascido e, assim, atuarão na promoção e no desenvolvimento do sistema imunológico. 1-5

Ressalta-se que algumas bactérias também podem ser transferidas de mãe para filho por meio do leite materno, são elas: Lactobacillus, Leuconostoc, Streptococcus, Enterococcus, Lactococcus e Weisella, bem como algumas espécies benéficas de Bifidobacterium. 5

A microbiota e o sistema imunológico

A principal função do sistema imunológico é defender o organismo contra patógenos invasores e outros agentes agressores, sendo eles infecciosos ou não. Em linhas gerais, ele atua também no reconhecimento de corpos, células e toxinas estranhas ao organismo, tal qual acontece na vigilância contra tumores. 5

Ainda intraútero, o sistema imunológico sofre uma espécie de hibernação de sua atividade (conhecida como downregulation) e passa a adquirir regularização após o nascimento e com o passar dos anos. Por essa razão – embora essa assertiva seja atualmente questionada – certos aspectos do sistema imunológico ainda não estão totalmente maduros nesse período, como por exemplo, a baixa concentração de anticorpos no recém-nascido (exceto da IgG, que é materna e transferida para o feto através da placenta). Existe, também, certo desequilíbrio na relação dos subtipos linfocitários, com discreto predomínio do subtipo Th2. 5

O leite materno é a melhor fonte de proteção ao recém-nascido contra enfermidades infecciosas, tendo grande influência sobre a composição da microbiota intestinal. A resposta microbiana intestinal leva à formação de anticorpos séricos contra bactérias patogênicas presentes no intestino, e estende essa proteção a outras mucosas e às glândulas exócrinas, como as salivares e as mamárias, durante a lactação. 3

Portanto, nessa fase, o sistema imunológico intestinal possui fundamental importância no amadurecimento global do sistema imunológico, criando uma barreira por meio da secreção de anticorpos (IgA), que inibem a colonização da mucosa por bactérias patógenas. Da mesma forma, utiliza mecanismos bioquímicos celulares, como a ativação de células específicas (T reguladoras) e a síntese de citocinas moderadoras (IL-10), que estão ligadas diretamente à tolerância oral. 5

Como manter a microbiota saudável?

Para um bom metabolismo materno e que ajude no crescimento e no desenvolvimento do bebê, é necessário que a mãe adote um estilo de vida que resulte em uma microbiota saudável para ambos. 5

Recomenda-se a adoção de hábitos saudáveis mesmo antes da gravidez. Indubitavelmente, esse comportamento otimiza a saúde da mãe ao passo que previne riscos durante a gravidez, quando ela acontecer. A microbiota intestinal da mãe influencia na formação do trato gastrointestinal do bebê, e pode ser modulada através de uma dieta adequada e suplementada com prebióticos e probióticos. Conforme supracitado, é durante o parto vaginal e durante a amamentação que a criança adquire uma série de bactérias provenientes da mãe. 2-5

Uma microbiota e um sistema imune equilibrados resultam em um indivíduo saudável. A microbiota não nasce pronta, ela se desenvolve ao longo do tempo. Sua formação precisa ocorrer de maneira robusta desde o período gestacional até o decorrer da infância, para que ao longo da vida não cause, eventualmente, desequilíbrio ao sistema imune e ao funcionamento intestinal (com a presença de inflamações e alergias). A adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta adequada suplementada com prebióticos e probioticos, é um cuidado que, se mantido até a vida adulta, refletirá de maneira positiva os mecanismos dos processos digestórios. Haverá uma melhor absorção de nutrientes e um ótimo desenvolvimento da resposta imune, além da modulação do metabolismo e da prevenção de doenças. 4

Referências

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2 – (ANGÉLICA DOS SANTOS PERBELIN, CAMILA VIEIRA DA SILVA, ENERI VIEIRA DE SOUZA LEITE MELLO, LARISSA CARLA LAUER SCHNEIDER, 2019). O papel da microbiota como aliada no sistema imunológico. 2019. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/ArqMudi/article/view/51557/751375149170. Acesso em: 21 set. 2020.

3 – (DÉBORA BORGES DE OLIVEIRA SILVA, EDUARDO HENRIQUE MENDES REZENDE, GUILHERME DO VALE BESSA, KAMYLLA BORGES SANTOS, ALINE DE ARAUJO FREITAS, 2019) Desenvolvimento da microbiota do recém-nascido e sua relação com o tipo de parto. 2019. Revista Educação em Saúde. Disponível em: http://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/educacaoemsaude/article/view/3789/2633. Acesso em: 21 set. 2020.

4 – (LU ZHUANG, HAIHUA CHEN, SHENG ZHANG, JIAHUI ZHUANG, QIUPING LI, ZHICHUN FENG). Microbiota intestinal na infância e suas implicações na saúde infantil. 2019. US National Library of Medicine National Institutes of Health. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6522475/. Acesso em: 21 set. 2020.

5 – (INDRIO F, MARTINI S, FRANCAVILLA R, CORVAGLIA L, CRISTOFORI, MASTROLIA SA, et al.) Epigenetic matters: the link between early nutrition, microbiome, and long-term health development. Front Pediatr. 2017; 5: 178.

I-PROBIOTIC PEDIÁTRICO

Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®). O probiótico mais estudado do mundo

[ Jon A. Vanderhoof, MD ]

Desenvolvimento do Microbioma Intestinal nas crianças e implicações ao longo da vida

[ Profa. Dra. Cristina Targa ]

Interação entre microbioma intestinal e imunidade

[ Prof. Dr. Bruno Paes Barreto ]

Análise global de ensaios clínicos com probióticos

Mais de 1.000 estudos clínicos com probióticos, registrados em ClinicalTrials.gov  e/ou na Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos (ICTRP) da Organização Mundial da Saúde, abordaram mais de 700 doenças e condições clínicas diferentes. O tamanho médio de um ensaio clínico com probióticos (74 participantes) é comparável à média geral de todos os estudos em  ClincialTrials.gov. Lactobacillus  rhamnosus  GG (LGG) e  Bifidobacterium  animalis  ssp. lactis  BB12 são as cepas probióticas mais estudadas. A composição exata do produto que é utilizado, incluindo a dosagem, nem sempre é indicada no registro. A maioria dos estudos de probióticos em  ClinicalTrials.gov está registrada nos EUA ou na Europa (56%).

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32715136/

Eficácia de Lactobacillus rhamnosus GG no tratamento de diarreia aguda na pediatria: Uma revisão sistemática com meta-análise

Introdução: A diarreia é uma das principais causas infecciosas de morbidade e mortalidade infantil em todo o mundo. Em ensaios clínicos,  Lactobacillus  rhamnosus  GG ATCC 53013 (LGG) tem sido usado para tratar diarreia.

Objetivo: Avaliar a eficácia da LGG no tratamento da diarreia aguda em crianças.

Métodos: Os bancos de dados EMBASE, MEDLINE, PubMed, Web of Science e o Cochrane Central Register of Controlled Trials foram pesquisados até abril de 2019 para meta-análises e ensaios controlados randomizados (RCTs). O Cochrane Review Manager foi usado para analisar os dados relevantes.

Resultados: Dezenove Estudos Controlados (RCTs) atenderam aos critérios de inclusão e mostraram que, em comparação com o grupo controle, a administração LGG reduziu notavelmente a duração da diarreia [diferença média (DM) -24,02 h, intervalo de confiança de 95% (IC) (-36,58, -11,45)]. Resultados mais eficazes foram detectados em  dosagem alta ≥ 1010  UFC por dia [MD -22,56 h, IC95%(-36,41, -8,72)]  versus uma dose menor. Houve redução semelhante em pacientes asiáticos e europeus [MD -24,42 h, IC95%(-47,01, -1,82); MD -32,02 h, IC95%(-49,26, -14,79), respectivamente]. Foi confirmada a redução da duração de diarreia nos participantes com uso de LGG com diarreia inferior a 3 dias na inclusão no estudo [MD -15,83 h, IC95%(-20,68, -10,98)]. O LGG com dosagem alta reduziu efetivamente a duração da diarreia induzida pelo rotavírus [MD -31,05 h, IC 95%(-50,31, -11,80)] e o número de evacuações diárias [MD -1,08, IC95% (-1,87, -0,28)].

Conclusão: A terapia com LGG reduziu a duração da diarreia e o número de evacuações diárias. Recomenda-se a intervenção em estágio inicial. Estudos futuros são esperados para provar a efetividade do tratamento com LGG.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31543689/

Trinta anos de Lactobacillus rhamnosus GG: Uma Revisão

Lactobacillus rhamnosus  GG (LGG) foi a primeira cepa pertencente ao gênero Lactobacillus a ser patenteada em 1989 graças à sua capacidade de sobreviver e proliferar em pH ácido gástrico e em meio contendo bile, e aderir a enterócitos. Além disso, o LGG é capaz de produzir tanto um biofilme que pode proteger mecanicamente a mucosa, e diferentes fatores solúveis benéficos para o intestino, aumentando a sobrevivência da cripta intestinal, diminuindo a apoptose do epitélio intestinal e preservando a integridade citoesquelética. Além disso, LGG, graças à sua proteína 1 e 2 em forma de lectina, inibe alguns patógenos, como a espécie Salmonella. Finalmente, a LGG é capaz de promover a resposta imune tipo 1 reduzindo a expressão de vários marcadores de ativação e inflamação em monócitos e aumentando a produção de interleucina-10, interleucina-12 e fator de necrose tumoral-α  em macrófagos. Um grande número de dados de pesquisa sobre Lactobacillus GG é a base para o uso desse probiótico para a saúde humana. Nesta revisão, consideramos ensaios controlados predominantemente randomizados, meta-análises, Revisões Cochrane, Consensos de Sociedades Médicas Científicas e estudos cujos resultados foram avaliados por meio de risco relativo, odds ratio, diferença média ponderada de 95% de intervalo de confiança. O artigo analisa a eficácia do LGG em infecções gastrointestinais, diarreia aguda, diarreia associada a antibióticos e Clostridium difficile, síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, infecções do trato respiratório, alergia, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa não alcoólica, esteato-hepatite não alcoólica, fibrose cística, câncer, uso em idosos.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30741841/

Lactobacillus rhamnosus GG (ATCC 53103) para o Manejo da Cólica Infantil: Um Estudo Clínico Controlado Randomizado

Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar a eficácia do  Lactobacillus  rhamnosus GG (ATCC 53103) juntamente com a dieta materna, evitando a ingesta de leite de vaca no tratamento da cólica infantil.

Métodos: Quarenta e cinco bebês lactantes foram consecutivamente randomizados para receber  L. rhamnosus  por 28 dias em uma dosagem de 5 × 109  cfu por dia ou placebo. Amostras fecais  foram coletadas de cada sujeito antes do início da suplementação e ao final do período de estudo e foram imediatamente  analisadas.  A  calprotectina fecal foi detectada através de um ensaio quantitativo. A carga bacteriana total e as espécies bacterianas selecionadas foram avaliadas utilizando-se TaqMan PCR em tempo real.

Resultados: Após a suplementação por 28 dias com  Lactobacillus  rhamnosus  GG (ATCC 53103), a mediana de tempo no choro diário foi reduzida (104 versus 242 min,  p  < 0,001) e os valores da calprotectina fecal  diminuíram significativamente (p=  0,026). Além disso, o probiótico aumentou a abundância de  Lactobacillus  (p = 0,048) e bactérias totais (p  = 0,040); todos esses efeitos não foram observados no grupo placebo.

Conclusão: Os bebês tratados com  Lactobacillus  rhamnosus GG (ATCC 53103) por 28 dias, em associação com a eliminação do leite de vaca da dieta, apresentaram algumas características interessantes relacionadas ao efeito deste tratamento probiótico: reduções no tempo de choro e  calprotectina  fecal, com aumento total de bactérias e Lactobacillus. Para validar esses resultados, é necessário um teste duplo-cego e controlado por placebo em uma coorte maior.

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32517123/