ADHD
25/07/2022
Como lidar com as comorbidades do TDAH?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) se caracteriza pela dificuldade em manter o foco nas mais diversas atividades e pelo comportamento inquieto e impulsivo, o que pode dificultar o desenvolvimento acadêmico e a convivência social. Em cerca de 70% dos casos há também a existência de comorbidades associadas. Continue a leitura e saiba quais são e como é feito o tratamento nessas situações.

Com que frequência o TDAH é associado com outros transtornos?

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade apresentam alguma comorbidade e ao menos 10% delas possuem três ou mais problemas de saúde coexistentes.

O relatório de recomendações (PCDT – protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas)do Ministério da Saúde sobre TDAH aponta ainda que 85% dos adultos com o transtorno apresentam comorbidades. A alta prevalência de doenças coexistentes ao TDAH aumenta o nível de comprometimento funcional dos pacientes, prejudicando o desenvolvimento acadêmico e as relações sociais.

Vale ressaltar que cerca de 4% da população mundial possui TDAH e, no Brasil, 2 milhões de adultos sofrem do distúrbio. Assim, é provável que 1,7 milhões de brasileiros apresentem também alguma comorbidade.

Quais são as comorbidades mais comuns do TDAH?

O transtorno opositivo desafiador (TOD), desordem comportamental caracterizada por episódios de raiva, agressividade, provocação e desobediência, é uma das comorbidades mais comuns entre as crianças com ADHD. Ao cruzar dados de diferentes pesquisas na área, o problema aparece em até 41% dos casos. Outros transtornos frequentemente associados ao TDAH são:

  • Transtorno de ansiedade – 25 a 35%
  • Transtorno de conduta – 25%
  • Depressão – de 10 a 30%
  • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) – de 10 a 17%

No caso de adultos com TDAH os principais problemas de saúde coexistentes são:

  • Problemas de ansiedade – 47,1% a 19,5%
  • Transtornos de humor – 38,3% a 11,1%
  • Abuso de substâncias – 15,2% a 5,6%
  • Transtorno explosivo intermitente – 19,6%  

Estudos também indicam que pessoas com TDAH têm maior chance de desenvolver obesidade. A prevalência é de 70% em adultos e 40% em crianças.

Como essas comorbidades influenciam os sintomas de TDAH?

As comorbidades podem potencializar alguns sintomas do TDAH, gerando prejuízos ainda maiores para o desenvolvimento das crianças e na vida de adultos, em suas relações pessoas e profissionais. Dessa forma, é possível citar o agravamento de:

  • Problemas de aprendizagem – cerca de um quarto das crianças diagnosticadas com o TDAH também apresenta dislexia – caracterizada especialmente pela dificuldade de leitura – dificultando ainda mais os estudos.
  •  Ansiedade – a associação de sintomas de ansiedade e TDAH faz com que o paciente tenha mais dificuldade no convívio com outras pessoas e, no caso de adultos, ainda é capaz de comprometer o desempenho profissional.
  • Oscilações de humor – crianças com TDAH e distúrbios de humor apresentam maior instabilidade emocional, problemas sociais e dificuldade de comportamento. Isso interfere no desenvolvimento devido a momentos de depressão e total apatia, assim como extrema irritabilidade.

De que forma as comorbidades impactam o tratamento de TDAH?

De modo geral, o tratamento de TDAH combina o uso de medicamentos, sessões de psicoterapia e o envolvimento de outros profissionais da saúde, como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, fisioterapeuta etc. Pais e educadores também costumam ser orientados para o desenvolvimento de técnicas específicas dentro de casa e da escola.

A existência de comorbidades, no entanto, torna o tratamento mais complexo. Nesses casos é necessário considerar o distúrbio associado, tratando o sintoma mais incapacitante. Ou seja, a prioridade será controlar o que mais compromete a vida do paciente.

  • Ansiedade – nesta situação, além dos medicamentos indicados para TDAH, é comum o apoio psicológico, com terapia cognitiva-comportamental. Medicamentos especialmente voltados ao tratamento de ansiedade também podem atenuar os sintomas.
  • Depressão – se os sintomas depressivos resultam do TDAH, eles podem diminuir conforme os medicamentos indicados para o distúrbio. Do contrário, são recomendadas medicações específicas para controlar a depressão, em geral inibidores seletivos da receptação de serotonina.
  • Transtorno Opositivo Desafiador – em geral os medicamentos indicados para o controle de sintomas de TDAH são capazes de atenuar o TOD. No entanto, quando esses distúrbios estão associados também é recomendado o treinamento dos pais, com atendimento psicológico para que possam acompanhar e lidar com as situações.

O que a família e pacientes com comorbidades do TDAH precisam saber?

A família de crianças com comorbidades do TDAHe adultos diagnosticados com o distúrbio devem compreender que com o diagnóstico e tratamento adequados é possível conviver com o transtorno e ter qualidade de vida.

Para isso, é necessário o monitoramento constante de uma equipe que envolve diversas especialidades. Esse acompanhamento envolve, por exemplo:

Consultas constantes com psicólogo, fonoaudiólogo e equipe de profissionais que estejam auxiliando no desenvolvimento do paciente.

  • Consultas regulares para o acompanhamento do tratamento medicamentosos e evolução do paciente;
  • Envolvimento da escola para que possa trocar informações com os pais sobre as dificuldades e conquistas da criança com TDAH;

É importante também esclarecer que crianças com TDAH não tem déficit de inteligência, mas sim comportamentos e mecanismos de aprendizagem que dificultam o progresso nos estudos. O tratamento adequado auxiliará nas dificuldades de relacionamento, permitindo a inclusão de pacientes com TDAH em qualquer ambiente, da escola ao local de trabalho.

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Referências


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