ADHD
23/01/2023
Volta às aulas: como lidar com o TDAH na escola?

Ficar quieto, ouvir em silêncio, concentrar-se. Essas são tarefas que toda criança tem que cumprir quando está em sala de aula. Por isso, o ambiente escolar pode apresentar desafios para uma criança com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Ele atinge entre 3% e 5% das crianças no mundo e é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Como o TDAH pode atrapalhar a aprendizagem em sua maneira tradicional, a atenção dos pais e professores precisa ser redobrada no retorno de crianças e adolescentes às aulas.

Como preparar quem tem TDAH para a volta às aulas?

Estrutura e rotina são as chaves para o sucesso de um aluno com TDAH. Portanto, antes da volta às aulas, procure seguir três recomendações que ajudarão na transição do fim das férias para as aulas:

  • Restabeleça a rotina de sono

Depois de um período sem horário para dormir e acordar, reajustar o organismo a fazer isso mais cedo pode deixar as crianças cansadas e irritadas. Algumas semanas antes do fim das férias, comece a retornar a esses horários aos poucos.

  • Tire um tempo para organizar os materiais escolares e a área de estudo

Fazer isso com a participação da criança permite que ela volte a se envolver com os estudos. Certifique-se de que seu filho tenha uma área de trabalho adequada, com boa iluminação.

  • Converse com seu filho

Seja claro sobre as regras de estudo na volta às aulas e explique as consequências de desrespeitá-las.  Deixe a criança saber que a aplicação das regras nada mais é do que um ato de amor.

Como o TDAH interfere na aprendizagem?

Sete a cada 10 crianças com TDAH apresentam distúrbios de aprendizagem. Isso acontece porque o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade causa um desequilíbrio nos níveis de neurotransmissores que, na maioria dos casos, é combinado ao subdesenvolvimento da porção frontal do cérebro da criança. Com isso, há uma maior dificuldade em manter a atenção, necessidade de estar constantemente se movimentando e falta de comportamento racional, sintomas que afetam a aprendizagem de diversas maneiras:

Concentração – a desatenção é um sintoma clássico do TDAH. Crianças com TDAH enfrentam problemas na realização de tarefas que exijam concentração. Por isso, muitas vezes procuram desculpas para não estudar.

Comunicação e interação – devido à sua natureza impulsiva, as crianças com TDAH têm dificuldade em lidar com outras pessoas. Elas ficam irritados com frequência e, quando isso acontece, podem apresentar comportamentos desafiadores e violentos. Dessa forma, podem ficar isolados no ambiente escolar.

Memória – devido à desatenção e impermanência características do transtorno, a criança com TDAH tende a ter dificuldade em guardar o que aprendem. Mesmo que pareça que estão ouvindo, algo atrapalha sua capacidade de reter a informação.

Habilidades de escrita – entre as crianças com TDAH que apresentam dificuldade de aprendizagem, pelo menos 6 a cada 10 delas apresentam deficiência mais profunda nas habilidades de escrita.

Como alunos com TDAH devem ser tratados na escola pública?

De acordo com a Lei 14.254/21, escolas da rede pública e privada devem garantir acompanhamento específico às crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. A legislação também determina que o acompanhamento deve ser feito pelos profissionais da rede de ensino, mas também por profissionais da rede pública de saúde, em uma parceria multidisciplinar. 

  • Os sistemas de ensino são responsáveis pela capacitação dos professores para identificação dos sinais de prejuízo à aprendizagem por TDAH.

Como professores podem ajudar alunos com TDAH?

Confira como os professores podem ajudar alunos com TDAH a lidar com cada um dos principais sintomas do transtorno:

Gerenciando a distração – ajudar uma criança a manter a atenção na aula envolve que um professor dinamize as atividades e pense estrategicamente. Algumas maneiras de fazer isso são:

  • Sentando a criança longe de portas e janelas para que não se distraia com o que acontece do lado de fora;
  • Quebrando longos períodos de exposição da matéria ou de trabalho em partes mais curtas;
  • Alternando atividades sentadas com aquelas que permitem que a criança mova seu corpo pela sala;
  • Anotando as informações importantes onde a criança possa lê-las facilmente, lembrando-a constantemente onde a matéria está localizada.

Gerenciando a impulsividade – para evitar que uma criança com TDAH aja impulsivamente e interrompa as atividades, é preciso guiá-la sobre um plano de comportamento, disciplinar imediatamente as infrações e dar a ela a sensação de controle sobre seu dia com planejamento de atividades. O professor pode fazer isso:

  • Garantindo que instruções de comportamento em sala de aula estejam escritas e fiquem em um lugar perto do aluno (na parede ou na mesa da criança);
  • Escrevendo a programação do dia na lousa e riscando cada item à medida que for concluído;
  • Repreendendo imediatamente o mau comportamento, certificando-se de que a criança saiba por que ela se comportou mal;
  • Reconhecendo o bom comportamento em voz alta, garantindo que a criança saiba o que fez certo.

Gerenciando a hiperatividade – as estratégias para evitar que a criança se mantenha sentada e concentrada na aula consistem em maneiras criativas de permitir que ela se mova, mas apenas em momentos apropriados. Liberar energia dessa forma pode tornar mais fácil para a criança manter o corpo mais calmo. Algumas maneiras de fazer isso são:

  • Pedindo que completem uma tarefa na lousa, para que caminhem pela sala;
  • Incentivando a prática de esportes no recreio das aulas;
  • Oferecendo uma bola antiestresse ou outros objetos que elas possam manusear discretamente em sua mesa enquanto assistem à aula.

A correção do comportamento de crianças com TDAH deve ser feita com cuidado para que a autoestima seja mantida, principalmente na frente dos outros. Desenvolver códigos com a criança para que ela entenda o que quer dizer através de gestos e palavras combinadas pode ser uma boa alternativa.

Em geral, há estratégias de ensino que tornam o processo de aprendizado mais divertido, o que facilita o interesse da criança. Veja alguns exemplos:

  • Conecte a matéria ensinada a curiosidades da vida real;
  • Insira jogos no processo, especialmente nas operações matemáticas;
  • Desenhe para ilustrar e tornar as informações palpáveis;
  • Invente siglas bobas ou músicas para elas guardarem as informações;
  • Conte histórias de maneira ativa, atuando e deixando as crianças participarem.

Como pais e/ou responsáveis podem ajudar o aluno com TDAH?

Confira como pais e responsáveis podem ajudar a criança com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade:

Trabalhe em conjunto com a escola – o objetivo das duas frentes é descobrir a melhor forma de ajudar a criança a ter sucesso na escola. É essencial que você comunique suas necessidades aos adultos na escola e é igualmente importante que você ouça o que os professores e outros funcionários da escola têm a dizer. Faça reuniões, crie metas juntos, ouça com atenção e compartilhe informação.

Incorpore pequenas recompensas no sistema de estudo em casa – crianças com TDAH respondem melhor a objetivos específicos e uso de presentes (sejam materiais ou não) como afirmação positiva. Crie um plano que incorpore o reconhecimento de pequenas e grandes vitórias.

Ensine a criança a absorver o aprendizado – não basta ter um planejamento de ensino na escola. Com o seu apoio, a criança pode usar o tempo de lição de casa não apenas para problemas de matemática ou redações, mas também para praticar as habilidades organizacionais e de estudo necessárias para prosperar na sala de aula. Alguns exemplos são:

  • Ajude seu filho a organizar seus pertences diariamente, incluindo mochila;
  • Ajude seu filho a aprender a fazer e usar listas de verificação, riscando os itens à medida que os realiza;
  • Escolha um horário e local específicos para a lição de casa que seja o mais livre possível de desordem e distrações;
  • Permita que a criança faça intervalos a cada dez a vinte minutos durante o horário de estudo.

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