A depressão na adolescência afeta 10,7% de todos os adolescentes, sendo que os casos aumentaram em 36% no Brasil durante a pandemia de Covid-19, segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A depressão precisa do apoio de especialistas para ser devidamente diagnosticada e tratada, até porque pode se agravar.
Quais são as causas e fatores de risco da depressão na adolescência?
Não se sabe qual é, exatamente, a causa da depressão. Mas existem vários fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de depressão na adolescência, por exemplo: alterações hormonais, histórico familiar de depressão, mudanças no corpo, desequilíbrios químicos e genética. Também há situações que podem funcionar como um gatilho para a depressão, tais como:
- Brigas com a família ou amigos;
- Baixa autoestima;
- Mudar de escola ou iniciar o ensino médio;
- Ser intimidado (bullying);
- Experimentar um rompimento de relacionamento, morte recente, abuso ou negligência;
- Estresse ambiental;
- Consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou drogas;
- Doença crônica.
Quais são os sinais e sintomas da depressão na adolescência?
Os sinais e sintomas da depressão na adolescência nem sempre são óbvios e podem ser confundidos com mudanças que acontecem frequentemente nessa fase da vida.
Os sinais mais comuns são a tristeza sem motivo aparente e uma mudança radical na atitude e no comportamento do adolescente, que pode causar sofrimento e problemas significativos. Conheça possíveis sinais e sintomas emocionais, físicos e sociais da depressão na adolescência:
- Emocionais – ansiedade irritabilidade, tristeza, mudanças bruscas de humor; explosões de raiva;
- Físicas – dores, cansaço ou indisposição para atividades cotidianas, insônia ou dormir demais;
- Sociais – falta de atenção mau desempenho nos estudos, dificuldade na interação com outras pessoas, uso de álcool ou drogas.
Os sinais e sintomas de depressão na adolescência variam de intensidade conforme o temperamento do jovem, mas as mudanças nas emoções e no comportamento dele podem incluir também:
- Choro sem motivo aparente;
- Frustração ou sentimentos de raiva, mesmo por questões pequenas;
- Sentimento de vazio;
- Perda de interesse ou prazer em atividades habituais;
- Perda de interesse ou conflito com familiares e amigos;
- Sentimentos de inutilidade ou culpa;
- Fixação em falhas passadas ou auto-culpa exagerada ou autocrítica;
- Extrema sensibilidade à rejeição ou fracasso, e a necessidade de segurança excessiva;
- Problemas para pensar, concentrar-se, tomar decisões e lembrar de coisas;
- Mudanças no apetite – diminuição do apetite e perda de peso, ou aumento do desejo por comida e ganho de peso;
- Agitação ou inquietação – por exemplo, andar de um lado para o outro, torcer as mãos ou incapacidade de ficar parado;
- Pensamento lento, fala ou movimentos corporais;
- Isolamento social;
- Menos atenção à higiene pessoal ou aparência;
- Automutilação, como se cortar ou queimar
A depressão na adolescência pode aumentar o risco de suicídio?
A maioria das crianças e adolescentes que tentam suicídio tem um transtorno de saúde mental significativo, geralmente a depressão. Mas, além da depressão, existem outros fatores de risco para o suicídio em crianças e adolescentes, por exemplo:
- Histórico familiar de tentativas de suicídio;
- Exposição à violência;
- Impulsividade;
- Comportamento agressivo ou perturbador;
- Acesso a armas de fogo;
- Assédio moral;
- Abusos;
- Sentimentos de desesperança ou desamparo;
- perda ou rejeição aguda.
Dados do Boletim Epidemiológico sobre mortalidade por suicídio e notificação de lesões autoprovocadas no Brasil – publicado em setembro de 2021 pelo Ministério da Saúde – mostram que houve um aumento de 81% em suicídios de adolescentes entre 15 a 19 anos no período de 2010 até 2019. Portanto, é importante ficar alerta a alguns sinais que podem significar que a criança ou o adolescente esteja pensando em suicídio, tais como:
- Comentários com conotação suicida, por exemplo, “eu gostaria de estar morto”, “não serei um problema para você por muito mais tempo”, “eu não deveria ter nascido, “eu não faço falta neste mundo”, “queria sumir para sempre”;
- Parar de planejar ou falar sobre o futuro;
- Começar a doar bens importantes;
- Tristeza frequente ou generalizada;
- Afastamento de amigos, familiares e de atividades que fazia regularmente;
- Preocupação com a morte e com morrer.
Como a depressão em adolescentes é diagnosticada e tratada?
O ideal é que a depressão na adolescência seja identificada quando surgem os primeiros sinais. Entretanto, pode ser difícil identificar o início de uma depressão na adolescência, pois esse período da vida é marcado por uma série de mudanças, inclusive de comportamento e na personalidade. É importante procurar um especialista em transtornos mentais para que ele faça o diagnóstico correto e indique o tratamento mais adequado para o caso. Pois, se não for devidamente tratada, a depressão na adolescência pode resultar em problemas em todas as áreas, por exemplo:
- Abuso de álcool e drogas;
- Problemas nos estudos;
- Conflitos familiares e dificuldades de relacionamento;
- Tentativa de suicídio.
O tratamento da depressão na adolescência é feito com medicamentos antidepressivos prescritos pelo médico, devendo ser usados diariamente para ajudar a melhorar os sintomas. Também é importante a realização de psicoterapia para que o tratamento seja completo, pois ela ajuda os adolescentes a explorarem sentimentos ou acontecimentos que são dolorosos para eles.
O adolescente precisa ter consciência de sua situação e compreender que é necessário se esforçar para superá-la. O apoio da família é fundamental e os familiares devem ter paciência e tentar sempre dialogar com o jovem para esclarecer que a depressão não é motivo de vergonha e que precisa ser tratada corretamente para que tenha uma vida melhor.
Lidar com uma pessoa depressiva não é uma tarefa muito fácil, em especial quando não se tem experiência e nem conhecimentos sobre como lidar com a doença. Portanto, é importante que os familiares procurem suporte psicológico.
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Referências
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