Uma rotina que inclui a prática de exercícios diários como caminhada, ioga ou exercício de fortalecimento muscular melhora a condição de saúde do portador de Miastenia Gravis.
Um artigo escrito pelo pesquisador
Nils Erik Gilhus, professor de Neurologia da Universidade de Bergan, na
Noruega, e publicado no PubMed em dezembro de 2020, mostrou que exercícios
físicos são seguros para pacientes com Miastenia Gravis. Com dados em estudos,
o artigo mostrou que o treinamento físico aumenta a força muscular em pacientes
com a doença. A função muscular respiratória, segundo o artigo, também melhora
com o treinamento de resistência em pacientes com Miastenia Gravis.
Outro artigo realizado por
pesquisadores indianos na área de Neurologia Clínica, e publicado em 2019 pela
Karger (editora de revistas e livros científicos), mostrou que a prática
regular de exercícios físicos, de leve a moderada intensidade, durante 30
minutos, melhora a qualidade de vida dos miastênicos.
Isso porque a Mistenia Gravis é
uma doença neuromuscular caracterizada pela súbita interrupção da comunicação
natural entre nervos e músculos, causando fraqueza muscular. Como ela afeta a
parte do músculo que se conecta com o nervo, a doença dificulta que a pessoa
execute movimentos do cotidiano de forma voluntária.
Essa fraqueza pode acometer qualquer
músculo, mas existem alguns grupos musculares que são mais frequentemente
acometidos pela doença. Destaque para a fadiga muscular de braços e pernas,
queda das pálpebras, visão dupla e dificuldade para falar, mastigar e engolir.
Mas quando o paciente leva uma
rotina que inclui a prática de exercícios, é possível comprovar e constatar
tais afirmações dos estudos e ir além. Não são apenas a caminhada, a ioga ou o exercício
de fortalecimento muscular que melhoram a condição de saúde do portador de Miastenia
Gravis. A dança tem o poder de transformar a vida dessas pessoas. Quem faz essa
afirmação é Andrea
Passarelli, especialista em Dança pela Faculdade Paulista de Artes,
coordenadora do projeto Entre Nessa, de Oficinas Socioculturais da Nova Transformar
(SP), e do Clube dos Paraplégicos de São Paulo.
Andrea Passarelli é especialista em Práticas Artísticas e
Terapêuticas, Interfaces da Arte e da Saúde pelo setor de Terapia Ocupacional
da USP (Universidade de São Paulo), também é parceira da ABRAMI (Associação
Brasileira da Miastenia), ela trabalha com portadores da doença há 23 anos. “A
dança traz muitos benefícios para a saúde física e mental para todas as
pessoas, mas aos portadores de miastenia ela tem funções ainda maiores. Melhora
a postura e o fortalecimento da musculatura. A prática também leva a liberação
de serotonina e endorfina, hormônios ligados a sensação de bem-estar, que para
os miastênicos é essencial para que eles continuem a desenvolver o trabalho de
conscientização corporal, sem sentir dor”, afirma a especialista.
“A Miastenia Gravis estando compensada, todos os pacientes recebem
a recomendação de fazer alguma atividade física, e a dança é uma delas. Os pacientes
com o grau da doença muito leve, no caso da miastenia ocular, têm indicações e
benefícios de fazer algum exercício físico como todas as pessoas”, recomenda
Eduardo Estephan, neurologista do Ambulatório de Miastenia do Hospital das
Clínicas (SP) e do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Santa
Marcelina (SP), e parceiro da ABRAMI. “Quem apresenta a doença de forma
generalizada, com fraqueza nos músculos, também colhe os benefícios, em
especial o de conseguir se movimentar com mais facilidade porque a atividade
física auxilia no fortalecimento da musculatura. Sem contar que melhora a capacidade
motora. Ou seja, a dança sendo realizada dentro de uma rotina melhora a
resistência muscular até para que o paciente possa realizar as atividades do
dia a dia com mais facilidade”, recomenda o especialista.
A dança melhora o desempenho motor
Para a professora Andrea Passarelli, existe
uma didática diferenciada na maneira de conduzir a aula para os portadores de Miastenia,
a começar pela supervisão individual, orientando para que o aluno preste
atenção aos sinais do corpo e respeite o seu limite. “Procuro também fazer uma
combinação de atividades alternadas, algumas que requerem mais o uso da força
muscular, outras aeróbicas, como é o caso da dança em si, sem esquecer dos
exercícios de alongamento que também são de baixo impacto”, explica.
Segundo a professora, essa alternância da
dança com os demais exercícios melhoram o desempenho motor e, consequentemente,
impactam positivamente nos aspectos funcionais do corpo como um todo.
A professora enfatiza a importância da dança
já que na modalidade é possível trabalhar todos os músculos do corpo, além de
ser uma forma de comunicação e expressão. “A dança traz motivação, alegria,
prazer, além de aumentar a socialização e o relacionamento. Ela é capaz de unir
pessoas de todas as faixas etárias”, relata Andrea, que recomenda a prática
para portadores de Miastenia a partir de 18 anos.
É preciso avaliar caso a caso
Como não há um padrão único de sintomas da Miastenia Gravis,
é preciso avaliar em cada caso o grupo de músculos acometidos pela doença e seu
estágio, bem como se a doença está bem compensada para definir se o paciente
pode iniciar a prática da dança.
Ou seja, de acordo com os especialistas não há restrições
para o paciente miastênico praticar a modalidade. No entanto, isso vai depender
da condição física e do respectivo quadro da doença. Por isso, a recomendação é
conversar primeiro com o médico, para se certificar que a doença esteja
compensada para que possa fazer a indicação da prática.
Para mais informações
sobre miastenia, acesse o site: https://www.miastenia.com.br/abrami/
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