Como o TDAH é diagnosticado em crianças e por que isso deve ser feito o mais cedo possível?
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, ou simplesmente TDAH, é um quadro neurobiológico que provoca dificuldade no nível de atenção e foco do indivíduo, fazendo com que ele seja mais inquieto, agitado, impaciente e, frequentemente, impulsivo. O TDAH é bastante comum, estima-se que entre 4 e 12% das crianças e adolescentes (entre 6 e 12 anos) tenham a condição. A estimativa é que até 8% da população mundial conviva com o quadro. Para que o diagnóstico seja feito, são levados em conta alguns critérios específicos. Continue a leitura para saber:
Qual a importância de diagnosticar o TDAH o mais cedo possível?
O TDAH pode afetar pessoas de qualquer idade, mas ele é diagnosticado com mais frequência nas duas primeiras fases da vida. Os impactos dele são significativos, veja alguns exemplos do que o déficit de atenção com hiperatividade pode ocasionar em crianças e adolescentes:
- Dificuldade de aprendizado causado pela baixa capacidade de foco e concentração;
- Dificuldade de socialização na escola provocada pela impulsividade;
- Dificuldade em se relacionar com professores por não conseguir executar ou planejar tarefas em sala de aula);
- Baixa autoestima.
O diagnóstico precoce do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade é fundamental para reduzir o sofrimento psicológico dos portadores do quadro e ainda auxiliar na construção de adaptações que ajudem a pessoa a conviver com o problema.
O diagnóstico precoce de TDAH pode causar problemas?
Embora o diagnóstico precoce do TDAH seja muito importante, quando ele é feito de forma precipitada, sem levar em consideração as evidências disponíveis e até mesmo investigar outras possíveis condições de saúde com sintomas semelhantes (como o transtorno de ansiedade), pode provocar um quadro de medicação desnecessária e até atrasar a ajuda adequada da qual a criança realmente precisa.
Para evitar um diagnóstico apressado do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade em crianças, sem a devida investigação e o envolvimento dos profissionais de saúde necessários para que ele seja feito com segurança, pais e responsáveis devem:
- Não confiar em evidências inconclusivas, pois o diagnóstico do TDAH não é simples e rápido;
- Questionar o médico sobre a possibilidade de ser outra condição que pode provocar sintomas semelhantes ou até mais de uma;
Quais são os critérios para que o diagnóstico de TDAH seja feito?
Tanto em adultos como em crianças, o diagnóstico de TDAH é feito de forma clínica, ou seja, com base na avaliação especializada dos sinais e sintomas. Atualmente, não existem exames de imagem ou laboratoriais que possam indicar o transtorno. Por isso, o diagnóstico do transtorno de déficit de atenção com hiperatividade pode e deve ser feito de forma interdisciplinar, com a participação de diversos especialistas, tais como:
- Psiquiatra;
- Pediatra;
- Neurologista.
Mas também os professores e os pais ou responsáveis podem colaborar para o diagnóstico ao observarem o comportamento das crianças e adolescentes com base em um questionário, chamado SNAP-IV, que divide os sintomas em dois grupos: desatenção e hiperatividade e impulsividade. Para cada sintoma, é importante graduar em “nem um pouco”, ‘só um pouco”, “bastante” e “demais”. São eles:
Déficit de atenção
- Desatenção a detalhes; comete erros por descuido na escola e nas tarefas;
- Dificuldade de sustentar atenção na escola ou atividades de lazer;
- Parece não estar ouvindo quando estão falando;
- Dificuldade com instruções, regras e prazos;
- Dificuldade de planejamento e organização;
- Evita/reluta em fazer tarefas que necessitem de esforço mental;
- Perde/esquece objetos;
- Se distrai facilmente com estímulos externos;
- Não consegue automatizar tarefas do cotidiano.
Hiperatividade e impulsividade
- Movimento excessivo do corpo enquanto sentado na cadeira;
- Dificuldade em permanecer sentado;
- Dificuldade em se expor a situações de lazer de forma calma;
- Exposição a atividades perigosas;
- Acelerado, realiza todas as atividades “a mil”;
- Fala demais, se intromete nas conversas e responde perguntas de forma precipitada;
- Dificuldade em esperar;
- Interrompe os outros durante as conversas.
Se existem seis itens marcados como “bastante” ou “demais” para cada grupo, satisfaz-se os critérios para o diagnóstico de sintomas de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade. Mas não é só isso. Os sintomas também precisam:
- Manifestarem-se durante seis meses ou mais;
- Serem mais pronunciados do que o esperado pela idade;
- Ocorrerem na escola e em casa;
- Interferir de forma importante na funcionalidade, prejudicando o desempenho do indivíduo.
Quais são as possíveis causas de TDAH?
O TDAH é um problema de origem neurobiológica que causa alterações principalmente na região frontal do cérebro, a área responsável pelo controle de impulsos e pela capacidade de concentração, de atenção, planejamento e memória, entre outros.
Os cientistas sabem que esse problema está ligado aos baixos níveis de dois neurotransmissores responsáveis por “ativar” essas atividades: a noradrenalina e a dopamina. No entanto, ainda não está claro o que causa essa alteração no sistema nervoso. Algumas hipóteses que já foram levantadas por estudos científicos são:
- Fatores genéticos – ter familiares com TDAH;
- Consumo de substância na gestação – alguns estudos indicam que fumar cigarro durante a gravidez aumenta o risco para o transtorno no bebê;
- Prematuridade e baixo peso – bebês que nascem nessas condições têm maior risco de desenvolver o problema;
- Presença de TPS (transtorno do processamento sensorial) – estudos indicam que crianças com TDAH podem ser dificuldades de integração social; sendo assim, crianças com diagnóstico de TPS podem também receber o diagnóstico de TDAH posteriormente;
- Outros transtornos e lesões no cérebro – pacientes com epilepsia ou alguma lesão cerebral, por exemplo, podem ser mais risco de receber o diagnóstico.
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Referências
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