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04/11/2021
O que são doenças inflamatórias intestinais?

Doenças inflamatórias intestinais (DIIs) são condições de saúde que afetam o sistema gastrointestinal. As mais comuns são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. As DIIs são crônicas, ou seja, duram para toda a vida e não tem cura, mas o tratamento adequado pode deixá-las em remissão para evitar complicações e não prejudicar a qualidade de vida do paciente. Entenda mais sobre as causas, sintomas e como é feito o tratamento das doenças inflamatórias intestinais.

Quais são os tipos de doenças inflamatórias intestinais?

A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são as principais doenças inflamatórias intestinais e correspondem a quase todos os casos. Cada uma afeta uma parte do sistema gastrointestinal e pode ter características únicas. Entenda quais são as diferenças:

Doença de Crohn – é uma inflamação intestinal que pode afetar todo o sistema digestivo, desde a boca até o ânus. Mas, principalmente, o intestino delgado (íleo), intestino grosso e a região perianal. Todas as camadas intestinais (mucosa, submucosa, muscular e serosa) podem ser atingidas pela inflamação causada pela doença de Crohn.

Retocolite ulcerativa – atinge o intestino grosso (chamado de cólon) e o reto, com episódios recorrentes de inflamação que ocorrem somente nas camadas mais internas que revestem o intestino (mucosa e submucosa). É uma doença mais incidente em homens.

Qual a incidência das doenças inflamatórias intestinais?

As DIIs são mais comuns em adolescentes e adultos jovens, na faixa etária entre 15 a 40 anos de idade. Atualmente, há mais de 5 milhões de pessoas no mundo com doenças inflamatórias intestinais. No Brasil, porém, faltam estudos epidemiológicos sobre a incidência – somente algumas regiões do país têm esses dados. No estado de São Paulo, por exemplo, há 52,6 casos a cada 100 mil habitantes, o que corresponde a cerca de 23.100 diagnósticos em toda a região.

As doenças inflamatórias intestinais têm maior incidência em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá e na Europa, ou em regiões com maior índice de urbanização, como o Sudeste e o Sul do Brasil.

O que causa as doenças inflamatórias intestinais?

A causa exata das doenças inflamatórias intestinais ainda é desconhecida. No entanto, algumas características são observadas entre os pacientes diagnosticados com a doença de Crohn ou a retocolite ulcerativa:

  • Fator imunológico – o sistema imunológico geralmente combate organismos estranhos, como vírus e bactérias, para proteger o corpo. No caso das DIIs, o sistema imunológico passa a atacar incorretamente os alimentos, o que causa sintomas como diarreia e inflamação do trato gastrointestinal.
  • Fator genético – o histórico familiar está presente em cerca de um a cada quatro casos de doença inflamatória intestinal.
  • Fator emocional – alguns médicos observam que pacientes com doença inflamatória intestinal foram anteriormente submetidos a uma extensa situação de estresse, seja no trabalho, relacionamento ou algum motivo social.
  • Disbiose intestinal – o desequilíbrio da flora intestinal pode afetar a digestão e alterar o trato intestinal, causando condições como diarreia ou constipação.
  • Tabagismo – observa-se o tabagismo como um possível fator de risco e de agravamento para a doença de Crohn.

Como não há um fator de risco diretamente ligado às DIIs e a possível causa pode ser genética ou imunológica, não há ações que podem prevenir uma retocolite ulcerativa ou a doença de Crohn. Mas, sobretudo para pessoas que já possuem alguma das doenças, é importante evitar o tabagismo e ter uma alimentação saudável e equilibrada, priorizando cereais, verduras, legumes e frutas e evitar consumir alimentos ultraprocessados ou muito gordurosos.

Quais os sinais e sintomas das doenças inflamatórias intestinais?

Os sinais e sintomas das doenças inflamatórias intestinais podem se manifestar principalmente em momentos de crise, sendo mais raros quando as doenças estão em remissão ou controladas. Entre os sinais mais comuns das DIIs estão:

  • Diarreia (que pode se alternar com períodos de constipação);
  • Sangue nas fezes;
  • Dores abdominais;
  • Gases e inchaço abdominais;
  • Perda de apetite ou de peso sem causa aparente.

Há também sinais específicos, de acordo com o tipo da doença inflamatória intestinal, por exemplo:

Doença de Crohn – pode causar fraqueza e febre. Em estágios mais avançados, a doença de Crohn pode levar a dores na articulação, presença de aftas, inflamação nos olhos, lesões na pele, cálculo renal (pedra nos rins) ou na vesícula biliar.

Retocolite ulcerativa – está relacionada a episódios frequentes de diarreia com sangue (que duram entre três a quatro semanas), vontade intensa e repentina de evacuar e presença de muco nas fezes. Em casos mais graves de retocolite ulcerativa, pode ocorrer febre, anemia, perda de peso e fraqueza nas pernas.

Como é feito o diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais?

O diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais é feito com a combinação de diversos exames e análises clínicas, pois não há um teste específico que permita a detecção. É fundamental que o paciente relate ao médico seu histórico de sintomas, como diarreia ou dores abdominais, para que sejam indicados os exames de diagnóstico que possam confirmar a suspeita. Entre esses procedimentos, são mais comuns:

  • Colonoscopia – exame endoscópico feito por um tubo flexível introduzido pelo reto que captura imagens do intestino grosso;
  • Endoscopia digestiva alta – análise de imagens da região do trato digestivo alto, que é composto pelo esôfago, estômago e duodeno;
  • Exames de imagem – geralmente uma tomografia ou ressonância magnética de toda a região do trato digestivo;
  • Biópsia – durante a realização da colonoscopia e da endoscopia, pode-se remover uma pequena mostra do tecido da região afetada para uma análise patológica (que é feita em laboratório) e, assim, realizar um diagnóstico mais preciso.

Qual o tratamento para as doenças inflamatórias intestinais?

As doenças inflamatórias intestinais são crônicas, ou seja, não tem cura. Porém, com o tratamento é possível deixar o quadro clínico em remissão, ou seja, reduzir os momentos de crises, períodos com maior manifestação de sintomas e desconfortos ao paciente, e evitar complicações para a saúde.

O tratamento da DII pode ser dividido em dois momentos: indução da remissão e manutenção. No primeiro estágio, o objetivo é tratar a fase aguda da doença para reduzir a inflamação e equilibrar o sistema imunológico. Posteriormente, o foco passa a ser a manutenção do período de remissão. Veja quais medicamentos podem ser realizados para o tratamento da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn:

  • Aminossalicilatos – geralmente indicado para minimizar a irritação intestinal;
  • Imunomoduladores – atuam diretamente no sistema imunológico, para ajustar o seu funcionamento e evitar que ataque alimentos;
  • Terapia biológica – age em alvos específicos para o tratamento da doença, é um procedimento mais recente e com drogas lançadas nos últimos anos;
  • Corticoides – com ação anti-inflamatória, podem ser indicados no período de indução de remissão.

A dieta também é importante no tratamento das DIIs, especialmente na fase aguda, pois ajuda a combater sintomas como a diarreia. É fundamental o acompanhamento de um nutricionista ou médico especializado para indicar quais alimentos devem ser incluídos ou removidos das refeições.

O objetivo do tratamento medicamentoso é manter o quadro de remissão da doença inflamatória intestinal para o paciente. Desse modo aumenta as chances de evitar um tratamento mais agressivo, que é a cirurgia para remoção da parte do intestino mais afetada.

Esse procedimento é, geralmente, o último passo para evitar alguma complicação, como câncer de intestino, para o qual a DII pode ser um fator de risco. Por isso, é importante o tratamento correto e contínuo da doença inflamatória intestinal, para que o paciente tenha mais qualidade de vida e menos chance de desenvolver outros problemas de saúde.

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