TDAH e alimentação: o que você precisa saber!

Uma alimentação saudável, balanceada e com variedade de nutrientes pode ser um aliado importante para o tratamento de questões de saúde. O que parece meio óbvio quando falamos de saúde física, mas nem tanto quando o assunto é um transtorno neurobiológico como o TDAH. No entanto, estudos sugerem que ter uma alimentação saudável pode sim ajudar a manter mais consistente e sob controle o comportamento de quem tem o transtorno. A hiperatividade e impulsividade se tornariam mais sutis e a concentração poderia melhorar.

Quais são os melhores alimentos para pessoas com TDAH?

Para ter uma dieta balanceada e que possa ajudar a controlar a hiperatividade e a impulsividade do TDAH, é preciso levar em consideração como diferentes nutrientes atuam em nosso organismo e quais as melhores fontes deles.

Proteína – é um macronutriente essencial que tem diversas funções no organismo. Pode prevenir picos de açúcar no sangue, que aumentam a hiperatividade. Desta forma, pode ocorrer a melhora da concentração.. Exemplos de boas fontes:

  • Carne vermelha magra;
  • Carne de porco;
  • Aves;
  • Peixes;
  • Ovos;
  • Laticínios com baixo teor de gordura;
  • Feijão;
  • Nozes;
  • Soja.

Carboidratos complexos – a principal função é fornecer energia para o organismo. São absorvidos de forma mais lenta ao serem ingeridos, estando presentes em alimentos ricos em nutrientes e fibras. Junto com as proteínas, ajudam a prevenir picos de açúcar no sangue, que aumentam a hiperatividade. Exemplos de boas fontes:

  • Batata doce;
  • Cenoura;
  • Beterraba;
  • Inhame;
  • Lentilha;
  • Grão de bico;
  • Feijão preto;
  • Amendoim;
  • Castanhas;
  • Quinoa;
  • Aveia;
  • Centeio;
  • Alimentos integrais, como arroz, pães e massas;
  • Frutas ricas em fibras, como banana e maçã.

Ômega-3 – pode auxiliar na melhora de diversas características do TDAH, como a hiperatividade, a impulsividade e a falta de concentração. Pesquisas sugerem que crianças com TDAH têm níveis mais baixos de ômega-3 no sangue do que crianças sem TDAH. Um estudo mostrou que 25% das crianças que tomaram doses diárias tiveram uma diminuição significativa dos sintomas de TDAH após três meses. Em seis meses, quase 50% delas experimentaram uma melhoria dos sintomas. Exemplos de boas fontes:

  • Peixes de águas frias, como salmão, atum e sardinha;
  • Óleos vegetais, como de linhaça e de soja prensados a frio;
  • Oleaginosas, como castanhas, nozes e amêndoas;
  • Sementes, como linhaça e chia;
  • Leguminosas, como feijão, soja, grão de bico e ervilha;
  • Folhas verde escuro, como couve e espinafre.

Zinco e magnésio – são dois minerais que desempenham um papel importante no controle dos sintomas de TDAH. O magnésio também é usado para produzir neurotransmissores envolvidos na atenção e na concentração, e tem um efeito calmante no cérebro. Exemplos de boas fontes:

  • Aveia (magnésio e zinco);
  • Sementes de linhaça (zinco e magnésio);
  • Amendoim (zinco e magnésio);
  • Feijão (zinco);
  • Castanha de caju (zinco e magnésio);
  • Amêndoas (magnésio e zinco);
  • Espinafre cozido (magnésio);
  • Banana prata (magnésio);
  • Gema de ovo (zinco);
  • Leite integral (zinco);
  • Carne de boi assada (zinco);
  • Frango cozido (zinco);
  • Porco assado (zinco).

Sugestão de refeição – a recomendação dos especialistas é preparar um prato cuja primeira metade seja preenchida com vegetais. A outra metade se divide em duas: um quarto deve conter proteína e o outro quarto, carboidratos complexos. No café da manhã, por exemplo, é possível combinar alimentos como aveia e leite ou manteiga de amendoim e pão integral. Os açúcares desses carboidratos são digeridos mais lentamente, porque proteína, fibra e gordura ingeridos juntos resultam em uma liberação de açúcar no sangue mais gradual.

Quais alimentos pessoas com TDAH devem reduzir ou evitar?

Açúcar – diminuir a quantidade de açúcar ingerida diariamente é uma das principais medidas na alimentação para aliviar os sintomas de TDAH. Isso porque vários estudos sugerem que algumas crianças que têm TDAH são estimuladas por grandes quantidades de açúcar na alimentação. Assim, elas tendem a ficar mais inquietas e desatentas. Então, recomenda-se evitar ou reduzir o consumo de bebidas como sucos e achocolatados industrializados, bolos, tortas e outros doces.

  • Alimentos compostos em grande parte por carboidratos simples, como pão branco, são digeridos e processados em glicose (açúcar) de maneira rápida. Por isso, devem ser reduzidos ou evitados.

Aditivos artificiais – corantes, conservantes e emulsionantes estão presentes em diversos alimentos ultraprocessados. Então, para conseguir evitá-los é necessário estar atento aos rótulos. Vários estudos mostram que os aditivos artificiais tornam mais hiperativas mesmo as crianças que não têm TDAH, além de intensificar a característica daquelas que já são hiperativas.

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Pessoas com TDAH são mais criativas?

Embora as pessoas que têm transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) sejam muitas vezes estigmatizadas por características negativas do distúrbio – como falta de foco, impulsividade e inquietação -, estudos indicam que elas também costumam ser mais criativas. Essa característica pode estar ligada à tendência para dispersão dos pensamentos, o que poderia deixar as pessoas mais suscetíveis às novas ideias.

Qual a relação entre TDAH e a criatividade?

Não existe um consenso sobre a relação do TDAH com um maior potencial criativo. Mas, os indícios desse vínculo estão cada vez mais fortalecidos. Segundo pesquisas, a conexão entre criatividade e TDAH está relacionada à atenção difusa, uma das características do transtorno. Essa facilidade em dispersar – causada por alterações em neurotransmissores no lobo frontal, responsáveis pelo controle da concentração – facilitaria a criatividade, definida como a capacidade de elaborar algo novo e/ou incomum.

Nesse sentido, quem tem TDAH estaria mais propenso, por exemplo, a encontrar soluções pouco óbvias e inovadoras para problemas cotidianos. Outros estudos partiram de análises dos domínios da criatividade para determinar a conexão com o transtorno. Assim foram considerados:

  • pensamento divergente – voltado para elaboração de várias soluções diferentes para um problema;
  • pensamento convergente – relacionado com processos que incluem a utilização de um conjunto de regras e/ou informações para resolver um problema;
  • habilidades/realizações criativas cotidianas.

De todos os quesitos, as habilidades criativas se mostraram mais positivas em pessoascom TDAH, seguida pelo pensamento divergente. Outro achado das pesquisas é a maior sensibilidade desse grupo aos estímulos externos. Testes revelaram que pessoas com o transtorno exploram mais aspectos criativos mediante recompensas na comparação com as pessoas que não têm TDAH.

Todas a pessoas com TDAH são mais criativas?

É possível que pessoas com TDAH sejam mais criativas do que pessoas que não convivem com o transtorno, conforme apontam os estudos. No entanto, isso não significa que todas as crianças que têm transtorno de déficit de atenção com hiperatividade possam desenvolver a criatividade na mesma intensidade. Fatores externos, como ambiente familiar e escolar, impactam esse processo, assim como outros tipos de estímulos.

É importante ressaltar que qualquer pessoa pode desenvolver o pensamento criativo, apresentando ou não um distúrbio que possa favorecer essa habilidade. Além disso, é preciso cuidado com as expectativas em relação às crianças com TDAH, pois, independentemente de ter propensão a apresentar determinadas características, cada indivíduo é único.

Quais outras características positivas podem estar associadas ao TDAH?

Além da criatividade, outras características positivas podem estar relacionadas ao transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Entre elas estão:

Resiliência – pessoas com TDAH enfrentam diversos desafios ao longo da vida pelas características inerentes ao transtorno. Essas experiências, mesmo negativas, acabam por aguçar a resiliência, ou seja, a capacidade de se adaptar às adversidades. Além disso, quem tem o distúrbio costuma desenvolver uma autoconsciência sobre os sinais e sintomas, contribuindo para autoproteção perante obstáculos.

Hiperfoco – a dificuldade em manter a atenção está entre os principais sintomas do TDAH. No entanto, o oposto disso, o hiperfoco, também é observado em pessoas com o transtorno. Essa concentração máxima pode ser benéfica no desempenho de diversas tarefas cotidianas, como os estudos.

Coragem – uma das características proeminentes do TDAH é a impulsividade, que pode ser vista como algo negativo muitas vezes. Mas, sob outro ponto de vista, ela permite descobertas sem tanto receio de julgamentos ou de complicações futuras, fatores que, frequentemente, impedem ter novas experiências.

Energia em alta – a hiperatividade, outro sintoma comum do transtorno, também tem um lado positivo. É que essa inquietude pode ser aproveitada na prática de esportes. Além disso, a energia em alta favorece um aspecto importante no desenvolvimento psicossocial das crianças, que é o ato de brincar.

Habilidades sociais – alguns estudos indicam que pessoas com TDAH possuem alto nível de inteligência social. Isso pode proporcionar uma facilidade maior em se relacionar, demonstrando sentimentos e empatia por outras pessoas.

Como estimular as habilidades das pessoas com TDAH?

Pessoas com TDAH podem e devem ser estimuladas a desenvolver os aspectos positivos de suas características. Para tanto, é importante identificar quais dessas características se sobressaem, de acordo com a subdivisão do transtorno:

  • Predominantemente hiperativo – quando a maior parte dos sintomas se relaciona à hiperatividade e impulsividade;
  • Predominantemente desatento – em que a maioria dos sintomas está voltado para desatenção e distração;
  • Combinado – mistura de sintomas de desatenção e sintomas hiperativos e impulsivos.

Se a impulsividade é muito marcante, por exemplo, vale direcionar as atividades que exigem maior desprendimento, como uma oficina de teatro. Já no caso da hiperatividade, as modalidades esportivas ajudarão no gasto da energia acumulada. Quando o hiperfoco é o traço que se sobressai, brincadeiras que exigem máxima atenção, como montar um quebra-cabeças, podem ser uma ótima opção para estimular a criatividade.

Se o que predomina é a desatenção, a música é uma boa opção, pois é formada por padrões e ritmo, que por sua vez são uma forma de estrutura, e o pensamento linear é extremamente benéfica para o cérebro.

Compreender outras formas de lidar com as características do TDAH, reafirmando o lado positivo de cada uma delas, contribui enormemente para qualidade de vida de quem tem o transtorno. Nesse sentido, o apoio de um psicólogo pode ser essencial para apoiar e orientar sobre maneiras de estimular as habilidades.

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Pessoas com TDAH podem ser agressivas?

Pessoas com transtorno  déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) não são naturalmente mais agressivas, mas enfrentam condições biológicas que podem  levá-las a comportamentos agressivos.

A baixa tolerância à frustração, falta de foco e baixa capacidade de automotivação podem fazer com que ela responda a esses sentimentos de maneira impulsiva, impaciente e irritadiça. Esses episódios, no entanto, são passageiros e não são direcionados a uma pessoa em específico.

Pessoas com TDAH são mais agressivas?

Não é possível afirmar que pessoas com TDAH são agressivas. Acontece é que elas podem ter dificuldade no gerenciamento das emoções, especialmente da frustração. Assim, em situações frustrantes ou irritantes, podem responder de maneira agressiva. Isso pode acontecer com mais frequência entre aqueles que manifestam o tipo hiperativo-impulsivo.

No entanto, é preciso tomar cuidado com o uso da palavra agressão para não estigmatizar quem tem TDAH, pois não há garantia de que ela apresentará comportamentos agressivos. Assim como todo mundo com TDAH não manifesta apenas a condição do tipo hiperativo-impulsivo, nem todo mundo que é hiperativo-impulsivo também é agressivo.

Há casos em que o comportamento predominante é o oposto da agressão: algumas pessoas podem ter dificuldade em se defender, ser tímidos ou ter dificuldades em lidar com as pessoas. .

Por que pessoas com TDAH podem ser mais agressivas?

Existem duas razões principais que podem desencadear comportamentos agressivos em pessoas com TDAH.

  • Dificuldade de controle emocional

Há um grupo de pessoas com TDAH que têm mais dificuldade em conter comportamentos impulsivos e emoções mais fortes. Elas sentem os mesmos sentimentos que todos, mas essas emoções são vividas com mais intensidade.

Dessa forma, uma pessoa com TDAH pode ficar irritada e, ao invés de pedir ajuda, pode chorar, lamentar ou jogar algo para transmitir frustração. Isso pode acontecer especialmente com crianças hiperativas-impulsivas com TDAH, pois elas estão mais inclinadas a agir de forma imediata e com um grau de intensidade quando o desejo ocorre.

Além disso, existem agravantes que podem engatilhar esses momentos de agressividade: uma criança com TDAH tem tendência ao esquecimento e à falta de motivação. No dia a dia, isso pode levar ao não cumprimento de tarefas, que por sua vez leva à frustração e ao sentimento de culpa.

Entre os adultos com TDAH, é mais frequente a agressão verbal que a física. Casos de agressividade também são menos frequentes nesse grupo, porque eles tendem a ser menos impulsivos que as crianças.

  • Combinação de TDAH com outros transtornos

Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade geralmente ocorre em conjunto com outros distúrbios. Muitas crianças com TDAH apresentam também problemas de comportamento ou conduta, transtornos de aprendizagem, ansiedade ou depressão. Um estudo encontrou alterações de posições no genoma que aumentam o risco de desenvolver TDAH com transtorno de comportamento disruptivo, que são transtornos psiquiátricos infantis caracterizados por comportamentos antissociais e agressivos.

Quais transtornos de comportamento podem estar associados ao TDAH?

Os transtornos de comportamento disruptivo podem estar associados ao TDAH e eles se dividem em duas condições: o transtorno opositivo desafiador e o transtorno de conduta.

Transtorno de conduta – pode ocorrer em 25% das crianças e 45% dos adolescentes com TDAH. É mais comum em meninos do que em meninas, e sua prevalência aumenta com a idade. Crianças com transtorno de conduta são mais propensas a se machucar e a ter dificuldades em se relacionar com os colegas. Ele é diagnosticado quando há um comportamento consistentemente agressivo e violações de regras e normas sociais em casa e na escola. Na prática, uma criança com transtorno de conduta pode apresentar comportamentos como:

  • Fugir de casa;
  • Ficar fora de casa à noite ou quando não é permitido;
  • Faltar à escola;
  • Ser agressivo de uma forma que cause danos, através de bullying, brigas ou crueldade com animais;
  • Mentir;
  • Roubar ou danificar objetos de outras pessoas de propósito.

Transtorno opositivo desafiador – geralmente começa antes dos 8 anos de idade, mas também pode ocorrer em adolescentes. As crianças com esse transtorno podem ser mais propensas a agir de forma desafiadora em torno de pessoas que conhecem bem, como membros da família ou um profissional de saúde regular. Na prática, uma criança com transtorno opositivo desafiador pode apresentar comportamentos como:

  • Perder constantemente a paciência;
  • Discutir com adultos ou recusar-se a cumprir as regras;
  • Ficar ressentido ou querer machucar alguém que sente que a machucou;
  • Incomodar deliberadamente os outros;
  • Culpar outras pessoas por seus próprios erros ou mau comportamento.

Como reconhecer esses transtornos de comportamento em uma criança com TDAH?

Não há uma linha clara entre os desafios normais do TDAH e a combinação de outros transtornos comportamentais. Dessa forma, cabe aos pais decidir quando buscar ajuda. Se você está lutando diariamente com comportamentos agressivos do seu filho de forma que prejudica as interações em casa ou na escola, então atende os critérios para buscar auxílio profissional.

Como os pais e responsáveis podem ajudar crianças e adolescentes com TDAH a lidar com a agressividade?

A percepção e compreensão dos pais e responsáveis sobre o TDAH são importantes. Entender o transtorno ajuda a compreender os motivos por trás das ações agressivas e impulsivas da criança, que é o caminho certo para lidar com a situação. Dessa forma, ao invés de tomarem as atitudes como propositais e se irritarem, os pais podem auxiliar a criança a gerenciar suas emoções.

Na prática, é importante que os pais e responsáveis:

  • Estejam dispostos a sentar e conversar com as crianças para descobrir uma maneira de lidar com a situação;
  • Ajam como modelo, demonstrando controle sobre seus próprios impulsos;
  • Sejam mais conscientes de situações ou gatilhos que possam levar uma criança a agir de forma agressiva;
  • Promovam um ambiente de compreensão e aceitação, para que a criança não se sinta constantemente criticada.

As crianças com TDAH que encontram um ambiente saudável de crescimento, cercado de pessoas queridas, podem obter um senso de valor que ajuda a reduzir frustrações e quaisquer tendências agressivas relacionadas.

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Que tipo de equipe de saúde deve tratar o TDAH, equipe multidisciplinar, transdisciplinar ou interdisciplinar?

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, comumente conhecido como TDAH, afeta cerca de 4% da população adulta mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o TDAH atinge cerca de dois milhões de pessoas adultas.

É recomendado que a avaliação e o gerenciamento da doença sejam feitos com o envolvimento de profissionais da saúde de áreas variadas, pois o transtorno tem impacto em diversos aspectos da vida da pessoa. Mas, como é estabelecida a estratégia de tratamento e como diferentes profissionais podem atuar em conjunto? Continue a leitura para saber:

Como é feito o diagnóstico e o tratamento de TDAH?

Em agosto de 2022, o Ministério da Saúde aprovou o protocolo para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, que traz orientações e diretrizes para a condição que devem ser adotadas em todo o Brasil nas redes públicas de saúde. Quando há suspeita de TDAH, o protocolo orienta que deve ser realizada uma avaliação clínica e psicossocial completa.

O diagnóstico deve ser feito por um médico psiquiatra, pediatra ou outro profissional de saúde, como neurologista ou neuropediatra. A confirmação do diagnóstico, tanto em crianças como em adultos, pode ser baseada em 18 sintomas indicativos de desatenção excessiva, hiperatividade e impulsividade. E para que seja feita a adequada avaliação e gerenciamento da doença, o protocolo destaca ainda que é fundamental o envolvimento de equipe multidisciplinar.

Isso porque cada paciente possui sinais e sintomas diferentes, com quadros que podem ser mais predominantemente hiperativos ou de desatenção – o que influencia diretamente na forma de tratamento. Como o TDAH pode afetar diferentes áreas da vida da pessoa, requerer intervenções específicas em cada uma dessas frentes.

O uso de medicações passadas por um médico, por exemplo, ajuda a amenizar a impulsividade e a hiperatividade. Já as terapias psicológicas e comportamentais auxiliam com questões sociais e amenizam sintomas mais graves do transtorno. Algumas terapias que podem ser usadas são:

  • Psicoeducação;
  • Psicoterapia;
  • Terapia comportamental;
  • TCC (Terapia cognitivo comportamental);
  • Grupos de apoio.

Nutricionistas e educadores físicos também são especialistas que podem auxiliar no tratamento de quem possui TDAH. No caso do TDAH em crianças, a conversa com os profissionais da escola e os profissionais da saúde também é fundamental para traçar estratégias personalizadas de cuidado e manejo do problema.

Mas, para prestar cuidados em saúde, existem dois outros tipos de equipe além da multidisciplinar, onde a definição da estratégia de tratamento e a coordenação do que deve ser feito acontecem de forma um pouco diferente. Então, vamos conhecer os três tipos de equipes de saúde:

  • A equipe multidisciplinar de saúde;
  • A equipe interdisciplinar de saúde;
  • A equipe transdisciplinar de saúde.

O que é uma equipe multidisciplinar de saúde e como atua?

A equipe multidisciplinar é um grupo de especialistas, que podem ser ou não da mesma área de atuação, que trabalharão para tratar uma determinada patologia em um indivíduo com necessidades de saúde complexas.

Um bom exemplo disso são as equipes presentes em hospitais e que cuidam de pacientes internados. O médico responsável pelo paciente é quem toma as decisões sobre o tratamento e os demais profissionais de saúde do grupo adequam as demandas do paciente à estratégia de cuidados.

O que é uma equipe interdisciplinar de saúde e como atua?

Em uma equipe interdisciplinar de saúde, a equipe de especialistas se comunica entre si e atua em conjunto para chegar a um consenso sobre qual o melhor tratamento para o paciente. Por exemplo: o cardiologista e nutricionista de um paciente com colesterol alto conversam para definir uma estratégia comum de manutenção dos níveis de gordura corporal dele.

Na equipe interdisciplinar de cuidados em saúde, profissionais de diferentes especialidades trabalham juntos para alcançar o melhor resultado para a saúde do indivíduo. É diferente da equipe multidisciplinar, onde há um médico responsável que estabelece a estratégia de cuidados.

O que é uma equipe transdisciplinar de saúde e como atua?

É o conceito mais moderno de todos e pressupõe que os especialistas tenham mais de uma frente de atuação, ou seja, estejam habilitados a cuidar de um paciente com uma abordagem mais abrangente com base em diversas disciplinas. Mas atendo-se às regulamentações e limitações de cada especialidade.

Por isso, a equipe transdisciplinar de saúde é composta por profissionais de diferentes disciplinas, que estão envolvidos nas mesmas tarefas – avaliar, estabelecer metas e fazer recomendações de cuidados. Eles funcionam de forma independente, mas trabalham em colaboração com os demais, compartilhando conhecimentos e habilidades especializadas para atender às necessidades do paciente.

Todos os integrantes de uma equipe transdisciplinar de saúde são iguais e mantêm uma mesma posição. Embora seja necessário existir um responsável geral, há momentos em que pessoas diferentes precisam assumir o papel de liderança, quando diferentes disciplinas são lideradas por outra.

Mas, o que é TDAH exatamente?

O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, comumente chamado de TDAH, é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece principalmente na infância – mas tem sido cada vez mais diagnosticado na vida adulta.

É um quadro que acompanha a pessoa por toda a vida. Embora não tenha cura, existe tratamento. Ele se caracteriza por alguns sintomas característicos, como desatenção, inquietude/agitação motora, impulsividade e dificuldade em engajamento na execução de tarefas cotidianas.

Quais são os sinais e sintomas do TDAH em crianças e em adultos?

O TDAH se caracteriza pela combinação de dois quadros, que são a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. As crianças que têm o transtorno costumam ser consideradas “desligadas”, “avoadas” e, infelizmente, chamadas de “preguiçosas” por estarem sempre desatentas no ambiente escolar. Há também a descrição de crianças “elétricas”, “ligadas no 220V”, por não pararem quietas muito tempo.

Os meninos tendem a apresentar mais hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos e podem apresentar problemas de comportamento como, por exemplo, dificuldade em seguir regras e respeitar limites.

Conheça os principais sintomas de TDAH em crianças:

  • Mexe pés e mãos ou se contorce na cadeira constantemente;
  • Dificuldade para permanecer sentado;
  • Corre ou escala em crianças;
  • Dificuldade em se envolver em atividades silenciosas;
  • Fala excessivamente;
  • Responde antes que as perguntas sejam concluídas;
  • Interrompe a fala de outras pessoas.

Já os adultos costumam ter dificuldade em avaliar o próprio comportamento, demonstram irritação e inquietação constantes e têm episódios de desatenção em tarefas profissionais. Os adultos também têm uma maior propensão a assumir comportamentos de risco para consigo e com outros.

Por isso, o TDAH em adultos pode estar associado a outros problemas de saúde como abuso de drogas e álcool, além de uma maior incidência de outros transtornos mentais, como ansiedade e depressão.

Veja outros sintomas, que são comuns em adultos:

  • Inquietação e nervosismo;
  • Necessidade de começas novas atividades sem terminar as antigas;
  • Constantemente responder interrompendo os outros;
  • Oscilações de humor;
  • Inabilidade em lidar com situações estressantes;
  • Impaciência.

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TDAH – O que é hiperfoco?

De maneira geral, o hiperfoco consiste na concentração máxima e duradoura em uma única tarefa. Nessa situação, a pessoa pode passar horas a fio jogando videogame, assistindo televisão ou trabalhando em um projeto profissional, sem perceber o que acontece ao seu redor. Embora o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) esteja intimamente ligado a dificuldade em manter o foco, o contrário também acontece.

Continue a leitura para entender a relação entre TDAH e hiperfoco, o que isso sintoma causa e como gerenciá-lo para evitar problemas na vida pessoal, nos estudos e na profissão.

O que é o hiperfoco no TDAH?

É bastante comum que pessoas com TDAH tenham dificuldade em manter a atenção. Esse, inclusive, é um dos principais sintomas que apoiam o diagnóstico do distúrbio. Mas, o hiperfoco, que é o oposto disso, também pode ser uma característica do transtorno.

  • Hiperfoco – faz com que a pessoa permaneça absorta em uma atividade, geralmente prazerosa, ignorando o que acontece em sua volta.

Isso acontece porque, na verdade, o TDAH está relacionado a um desequilíbrio do controle de atenção. Assim, quem apresenta o problema tem dificuldade em manter o comando sobre o nível e a duração da concentração.

Como o hiperfoco afeta crianças e adultos com TDAH?

Manter o foco em uma atividade é algo positivo. O problema é que o hiperfoco em pessoas com TDAH faz com que elas percam o controle da intensidade e do tempo empreendido em uma única tarefa. Para as crianças, esse comportamento pode causar prejuízos como:

  • Problemas no rendimento escolar – já que a tendência do hiperfoco é a concentração máxima em atividades divertidas, as crianças podem passar horas brincando ou jogando vídeo game, esquecendo as tarefas da escola ou de estudar para uma prova;
  • Conflitos de convivência em casa – o hiperfoco faz com que as crianças percam a noção do que acontece ao redor, ignorando o chamado ou uma orientação importante dos adultos, o que acaba gerando conflitos entre pais e filhos;
  • Dificuldade de socializar – com o nível de atenção totalmente voltado a um jogo, a criança pode permanecer o dia todo sozinha no quarto, sem se comunicar com outras pessoas.

No caso de adultos com TDAH, o hiperfoco pode ser tão prejudicial quanto para as crianças. Essa prática, certamente, interferirá nos seguintes aspectos:

  • Produtividade no trabalho – mantendo o foco em um único projeto ou atividade, aumentam as chances do profissional esquecer reuniões e entregas importantes, que interferirão no rendimento;
  • Convívio social – assim como na vida profissional os adultos com TDAH e hiperfoco estão mais propensos a esquecer os compromissos sociais, seja uma festa de aniversário ou um favor para um amigo;
  • Falta de organização – em geral, essas pessoas se desorganizam e têm dificuldade em gerenciar o tempo, acumulando tarefas.

O que causa o hiperfoco no TDAH?

Assim como a desatenção, estudos indicam que o hiperfoco no TDAH é provocado por mudanças no lobo frontal do cérebro. É nessa área que se concentram mais ativamente a dopamina, neurotransmissor que ajuda no controle da atenção.

A falta de dopamina nessa região cerebral faz com que a pessoa com TDAH apresente dificuldade em transferir a atenção para atividades menos prazerosa, permanecendo naquilo que é considerado mais divertido e recompensador de alguma maneira.

  • Pessoas com TDAH tendem a se sentir ainda mais atraídas por atividades de resposta rápida, ou seja, em que a recompensa é imediata.

Como gerenciar o hiperfoco no TDAH?

Existem algumas formas de gerenciar o hiperfoco. Mas elas, certamente, exigirão esforço de quem sofre com o problema, assim como amigos e familiares, especialmente no caso das crianças. Confira as recomendações a seguir!

Gerenciamento do hiperfoco na infância:

  • Rotina – os pais devem criar uma rotina de horários para o desempenho de todas as tarefas das crianças durante a semana;
  • Horários – o tempo de permanência no telefone celular, televisão ou vídeo game deve ser monitorado;
  • Paciência – especialistas recomendam paciência aos pais na hora de chamar a atenção dos filhos para desligarem a tevê, por exemplo, pois a ideia é que, com o tempo, as crianças aprendam a gerenciar esse tempo sozinhas;
  • Diálogo – é importante conversar sobreTDAH e hiperfoco com as crianças para saber se elas percebem os sintomas e encontrarem, juntos, uma maneira de gerenciar o problema.

Gerenciamento do hiperfoco na fase adulta:

  • Interesse – reflita sobre as atividades que mais costumam atrair a sua atenção;
  • Tempo – utilize um cronômetro ou alarme para identificar quanto tempo gasta com as atividades cotidianas, para depois definir prazos de execução;
  • Metas – estipule metas para realização das tarefas e faça intervalos curtos entre uma e outra;
  • Atenção e relaxamento – pratique exercícios de atenção e relaxamento;
  • Atividades – evite atividades que costumam atrair a sua atenção na hora de dormir ou que anteceda uma tarefa importante e menos prazerosa;
  • Autoconsciência – se perceber o estado de hiperfoco, mude de posição na cadeira, levante ou faça qualquer outro movimento para sair dessa condição.

Quais são outros sintomas de TDAH?

Além do hiperfoco e da desatenção há outros sintomas bem característicos de TDAH como:

  • Dificuldade em esperar;
  • Perder objetos;
  • Dificuldade em seguir as regras;
  • Deixar de prestar atenção aos detalhes;
  • Dificuldade em finalizar trabalhos escolares ou tarefas domésticas;
  • Ter mãos ou pés muito inquietos;
  • Dificuldade em ficar parado;
  • Dificuldade em fazer atividades em silêncio;
  • Falar muito;
  • Interromper ou se intrometer nas conversas, jogos ou atividades de outras pessoas.

Vale ressaltar que no TDAH há subtipos de manifestação e por isso os sintomas variam dessa forma:

  • Predominantemente hiperativo – quando a maior parte dos sintomas se relaciona à hiperatividade e impulsividade;
  • Predominantemente desatento – em que a maioria dos sintomas está voltado para desatenção e distração;
  • Combinado – mistura de sintomas de desatenção e sintomas hiperativos e impulsivos.

Importante: o TDAH tem tratamento e persiste ao longo da vida. Por isso o diagnóstico precoce é extremamente importante para que a pessoa consiga lidar com o problema, gerenciando os sintomas

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Entenda o que é o recém-aprovado protocolo nacional para o TDAH

O Ministério da Saúde aprovou o protocolo clínico de diretrizes terapêuticas para o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). De caráter nacional, o protocolo é um documento que estabelece os parâmetros para o diagnóstico, tratamento e o acompanhamento na rede pública para os indivíduos com este transtorno. Confira, a seguir, alguns pontos importantes que o protocolo se refere:

Diagnóstico do TDAH

O protocolo recém-aprovado ressalta que o diagnóstico incorreto, bem como o atraso e a ausência de diagnóstico, tem sérias consequências para o indivíduo com TDAH. Portanto a identificação do transtorno e o encaminhamento ágil e adequado do paciente garantem melhor resultado terapêutico.

Profissionais aptos para o diagnóstico – O diagnóstico do TDAH deve ser realizado por um médico psiquiatra, pediatra, neurologista, neuropediatra ou outro profissional de saúde devidamente qualificado, com treinamento e experiência no transtorno.

É fundamental o envolvimento de equipe multidisciplinar para avaliação e gerenciamento adequados da doença.

Características e comportamentos indicativos – Para se enquadrar no diagnóstico de TDAH, as características apresentadas devem atender aos seguintes critérios:

  • Ter início precoce e ser persistente;
  • Causar prejuízos em dois ou mais contextos (casa, escola e ambiente clínico);
  • Causar comprometimento significativo do funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

Método de avaliação

Em casos de suspeita de TDAH, deve ser realizada uma avaliação clínica e psicossocial completa. O especialista deve considerar os critérios dos sintomas ajustados à fase de desenvolvimento e, sempre que possível, os pontos de vista da pessoa com TDAH. Também devem ser consideradas as informações coletadas dos responsáveis e da escola, no caso de pacientes em idade escolar.

Identificação de fatores de risco – durante a avaliação, o profissional de saúde deve estar ciente de que os seguintes grupos estão mais propensos ao TDAH, como por exemplo: Indivíduos nascidos prematuros, crianças e jovens com diagnóstico de transtorno desafiador de oposição ou transtorno de conduta, crianças e jovens com transtornos de humor (como ansiedade e depressão) e pessoas com um familiar próximo com diagnóstico de TDAH.

Diagnóstico de eventuais comorbidades[SI1] é fundamental que o médico consiga fazer o diagnóstico das comorbidades presentes em adultos e crianças com TDAH, dada a alta prevalência de condições de saúde associadas nesses pacientes e uma vez que o tratamento para cada uma delas é distinto.

Tratamento do TDAH

O protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para o TDAH preconiza a intervenção multimodal para o gerenciamento da condição, incluindo atendimento psicológico, orientação aos familiares e apoio escolar.

Monitoramento de pacientes com TDAH – O protocolo do governo brasileiro para o TDAH também destaca a importância do acompanhamento contínuo dos pacientes, o monitoramento da eficácia das medidas terapêuticas instituídas e o acompanhamento das condições de saúde associadas.

Periodicidade de avaliação – o ideal é que as primeiras consultas ocorram em intervalos inferiores a 30 dias. Posteriormente, o intervalo pode ser ampliado para a cada três ou quatro meses.

Transição para a vida adulta – pacientes com TDAH que recebem assistência em serviços pediátricos devem ser reavaliados na idade de deixar a escola quanto à necessidade de continuar o tratamento. Se este for necessário, devem ser feitos arranjos para uma transição suave para os serviços de adultos.

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Qual a relação entre TDAH e depressão?

Cerca de 30% das pessoas diagnosticadas com TDAH também têm depressão. A doença pode acontecer em decorrência do TDAH e/ou em função dos problemas que o transtorno de atenção traz para a vida de quem tem o transtorno. Também existe a possibilidade das duas condições se desenvolverem de forma independente uma da outra. Continue a leitura para entender mais sobre TDAH e depressão:

O que é TDAH?

O TDAH é um transtorno neurobiológico que causa dificuldade em manter a atenção e o foco, além de causar inquietação e impulsividade. A agitação, a impaciência e a impulsividade tornam a execução de tarefas longas e repetitivas, ou lembrar de atividades cotidianas e datas especiais, muito mais difícil. O transtorno pode ser causado por:

  • Predisposição genética;
  • Alterações nos neurotransmissores (dopamina e noradrenalina) responsáveis por estabelecer as conexões entre os neurônios na região frontal do cérebro.

Os primeiros sintomas do TDAH costumam ser identificados na infância e adolescência. Na vida adulta, com o uso de medicamentos adequados, as manifestações tendem a ficar mais brandas.

Qual a relação entre TDAH e depressão?

É possível que uma pessoa tenha TDAH e depressão de forma independente uma da outra, ou que o transtorno de atenção contribua para o rebaixamento do humor.

O transtorno de déficit de atenção pode causar dificuldades na vida de crianças, principalmente durante os estudos e na interação social, e em adultos, que podem ter problemas de concentração no trabalho. As adversidades podem levar ao desânimo, tristeza profunda e a um quadro de depressão.

Os sintomas do TDAH podem contribuir para problemas de autoestima, de imagem e de socialização, e pacientes com o transtorno têm a maior probabilidade de se sentirem sobrecarregados e infelizes com a vida que levam.

Quais as diferenças entre os sintomas de TDAH e depressão?

Alguns sintomas de TDAH e depressão são parecidos, incluindo dificuldade de memória, desmotivação, problemas de humor, irritabilidade e desinteresse. A presença desses sintomas pode levar a um diagnóstico tanto de uma doença quanto da outra.

A depressão pode mascarar a presença do TDAH em um indivíduo, principalmente em crianças. É importante estar atento às diferenças entre elas para chegar a um diagnóstico e tratamento adequado.

  • Oscilação de humor – pessoas com TDAH podem ir do bom humor a um estado de irritabilidade e desânimo sem um motivo plausível para isso. Já para quem tem depressão, esses sintomas costumam acompanhar o indivíduo durante semanas ou meses seguidos.
  • Procrastinação – tarefas repetitivas e que demandam concentração por muito tempo são um verdadeiro fardo para quem tem TDAH e acabam sendo procrastinadas. Já os depressivos tendem a procrastinar quase tudo, pois não possuem ânimo ou motivação para fazer coisas simples do dia a dia.
  • Organização – para o portador de TDAH, a organização tem mais a ver com a memória. Eles, simplesmente, esquecem de manter suas coisas organizadas. Para quem tem um quadro de depressão, a organização não é prioridade.
  • Baixa autoestima – no TDAH, a baixa autoestima está ligada ao sentimento de fracasso em tarefas na escola, no trabalho ou mesmo na rotina. Já para os depressivos, a sensação é de ser inútil e sem importância.
  • Atenção – ao contrário dos depressivos, pessoas com TDAH conseguem manter a atenção em coisas variadas, desde que sejam estimulantes e não maçantes. Para quem tem depressão, é difícil se manter atento a qualquer coisa.
  • Motivação – pessoas com TDAH precisam de estímulos constantes e recompensas imediatas, enquanto para os depressivos nada os motiva ou gera o sentimento de gratidão.
  • Emoções os portadores de TDAH demonstram excitação e alegria diante de estímulos positivos, raiva e frustração diante de estímulos negativos, e também raiva. Quem tem depressão é indiferente e inexpressivo, seja a situação boa ou ruim.
  • Sono e alimentação problemas com sono e alimentação não têm padrão fixo em quem tem TDAH. Na depressão, as pessoas tendem a dormir muitas horas além do normal e ainda acordam sentindo cansaço. Em relação a alimentação, há depressivos que não sentem fome em momento algum, enquanto outros comem excessivamente.

Outros sintomas que podem aparecer para pessoas com TDAH são hiperatividade, agressão, falta de moderação, esquecimento, raiva e ansiedade.

Alguns dos sintomas comuns em pessoas que têm depressão são cansaço fácil, incapacidade de sentir alegria e prazer, apatia, sensação de ruína e fracasso, diminuição do desempenho sexual, perda ou aumento de peso e insônia.

Qual o tratamento para TDAH e depressão?

Os medicamentos utilizados para o tratamento do TDAH e depressão são substâncias controladas e que precisam de prescrição médica. Diante do surgimento dos sintomas do TDAH e/ou depressão, é necessário consultar um psiquiatra ou neurologista para receber o diagnóstico correto. O tratamento do TDAH e depressão pode envolver:

  • Psicoterapia – a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se terapia cognitivo-comportamental, com a aprendizagem de técnicas para o gerenciamento da condição. Já para a depressão, também pode ser feita a terapia interpessoal que tem como o objetivo melhorar o relacionamento com outras pessoas, expressar as emoções e resolver problemas de forma saudável.
  • Medicação – os medicamentos para o tratamento do TDAH costumam ser estimulantes. Se caso não houver melhora nos sintomas, pode-se recomendar antidepressivos, que também são utilizados no tratamento contra a depressão.

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Qual a relação entre TDAH e vícios?

Teste123 Estudos indicam que adolescentes e adultos com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) estão mais suscetíveis ao abuso ou dependência de álcool, nicotina e drogas ilícitas (Compulsão alimentar e vício por açúcar também podem ser considerados). No entanto, o tratamento adequado do transtorno na infância ajuda a diminuir o risco do uso problemático de substâncias no futuro. Continue a leitura para entender:

Existe uma conexão entre TDAH e vício?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico caracterizado por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele surge na infância e frequentemente acompanha a pessoa por toda a vida, podendo causar prejuízos acadêmicos, profissionais e sociais.

Uma das principais comorbidades relacionadas ao TDAH é o transtorno por uso de substâncias (TUS), que inclui dependência de álcool e outras drogas. Diversos estudos indicam a existência dessa conexão. Confira alguns dados encontrados:

  • Adultos com TDAH são duas a três vezes mais propensos ao abuso de substâncias do que a população geral;
  • Cerca de 25% dos adultos em tratamento para abuso de álcool e substâncias se enquadram no diagnóstico de TDAH;
  • Pessoas com TDAH tendem a iniciar o uso de álcool e drogas e álcool mais precocemente.

Vale ressaltar que nem todas as crianças com TDAH desenvolverão dependência de substâncias no futuro. Mas é importante que os pais estejam cientes dessa ligação e intensifiquem os esforços de prevenção, conscientizando os filhos sobre os riscos das drogas desde cedo e garantindo que eles recebam tratamento adequado para TDAH.

O que explica a conexão entre TDAH e vício?  

Embora não haja evidências definitivas que expliquem por que pessoas com TDAH são mais suscetíveis ao abuso de álcool e outras drogas, várias hipóteses foram propostas, incluindo as seguintes:  

Tentativa de amenizar os sintomas do TDAH – muitas pessoas com TDAH, sobretudo aquelas que não recebem tratamento, recorrem a substâncias para melhorar a atenção, o foco e a impulsividade, por exemplo. Esse tipo de “automedicação”, contudo, agrava os sintomas do TDAH.

Lidar com as implicações do TDAH – os sintomas do TDAH podem afetar a vida social, profissional e acadêmica, causando angústia, baixa autoestima e outros sentimentos negativos a quem sofre com a condição. Muitos desses problemas são fatores de risco para o abuso de substâncias.

Ligação genética – é possível que os genes associados ao comportamento de risco e à busca por novidades predisponham um indivíduo tanto ao TDAH como ao abuso de substâncias.

Existem outros fatores que aumentam o risco do desenvolvimento de vício, tais como:

  • Histórico de abuso de substância na família;
  • Coexistência de outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade;
  • Influência de pessoas próximas que usam drogas;
  • Problemas de relacionamento com a família;
  • Sentimento de desconexão com as pessoas ao redor.

Quais são os sinais de abuso de substâncias?

Quando uma pessoa possui dependência por qualquer tipo de substância, alguns sinais ficam evidentes. Eles incluem:

  • Compulsão pela substância e desejo constante de consumi-la.
  • Esforços malsucedidos para tentar ficar sem usar a substância;
  • Dificuldade para controlar a frequência e a quantidade ingerida;
  • Necessidade de aumentar continuamente as quantidades consumidas para atingir o efeito desejado;
  • Interferência no cumprimento das obrigações e nos relacionamentos interpessoais devido ao uso da substância;
  • Abandono de hábitos;
  • Agressividade e outras mudanças de comportamento;
  • Crises de abstinência;
  • Descuido com a aparência;
  • Desenvolvimento de outros transtornos mentais como depressão, ansiedade, crises de pânico e paranoias.

Importante – se houver suspeita de um problema com álcool ou drogas, é essencial procurar ajuda profissional.

Tratamento TDAH e vícios

O tratamento precoce do TDAH na infância ajuda a controlar os sintomas e evitar o impacto deles na vida do paciente, reduzindo, assim, a chance de abuso de substâncias na adolescência e na vida adulta. Além disso, o tratamento de problemas de saúde mental que geralmente acompanham o TDAH, como ansiedade e depressão, também é importante e pode diminuir o risco de dependência. 

O tratamento do TDAH pode envolver:

  • Psicoterapia – a psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se terapia cognitivo-comportamental, com a aprendizagem de técnicas para o gerenciamento da condição;
  • Medicação – uma das escolhas do médico pode ser os medicamentos estimulantes, capazes de reduzir os sintomas do TDAH em cerca de 70% dos casos. Quando não há resposta a estimulantes, o profissional de saúde pode recomendar certos tipos de antidepressivos.

Quanto ao manejo do TDAH e do transtorno do uso de substâncias (TUS) concomitantes, é necessária uma avaliação abrangente que considere os dois diagnósticos, pois um interfere no outro. O tratamento simultâneo de ambas as condições pode ser a melhor abordagem.

A medicação para o TDAH pode causar vício?

Os medicamentos mais comumente prescritos para o TDAH são substâncias controladas, o que significa que têm o potencial de levar ao abuso e ao vício. Por causa disso, existe um equívoco comum de que é arriscado consumi-los. Na verdade, estudos indicam o oposto: pessoas diagnosticadas com TDAH que tomam a medicação conforme prescrita pelo médico são menos propensas ao uso indevido de substâncias do que aquelas que não recebem tratamento.

Além disso, não há evidências de que tomar medicamentos psicoestimulantes  para tratamento do TDAH com orientação médica torne o indivíduo mais propenso a desenvolver dependência. O risco aumentado é devido ao próprio transtorno, não à medicação estimulante.

Porém, no caso de pessoas com TDAH que já possuem um vício, o profissional de saúde pode recomendar que o tratamento seja feito com outros medicamentos, a fim de evitar o uso indevido.

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Estratégias para o gerenciamento do TDAH em adultos

No Brasil, cerca de 2,5 mil adultos convivem com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O distúrbio, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade, afeta o âmbito acadêmico, profissional e social, causando prejuízos ao longo da vida. No entanto, o tratamento adequado, por meio de medicamentos e psicoterapia, é capaz de amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Além disso, algumas estratégias comportamentais podem ser úteis para o gerenciamento do TDAH em adultos no dia a dia. Continue a leitura para saber:

O que é o TDAH?

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é caracterizado por uma combinação de sintomas persistentes, como desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade.  Embora a causa exata da condição seja desconhecida, estudos indicam que ela está ligada a alterações genéticas sutis na parte frontal do cérebro, responsável pelo controle da atenção e pela inibição do comportamento.

As manifestações do TDAH podem variar entre os pacientes e se apresentar das seguintes formas:

  • Predominantemente hiperativo – sintomas relacionados à hiperatividade e impulsividade são mais acentuados;
  • Predominantemente desatento – desatenção e distração são preponderantes nesse caso;
  • Combinado – equilíbrio entre os sintomas de desatenção e sintomas hiperativos e impulsivos.

Os primeiros sintomas costumam surgir na infância e são mais facilmente detectados quando a criança inicia o processo de alfabetização. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado facilitam o controle do distúrbio ao longo da vida.

Entretanto, cerca de duas a cada três crianças com TDAH seguem com o transtorno na vida adulta e, em alguns casos, o problema só é diagnosticado na maturidade. Para pessoas que receberam diagnóstico tardio, a primeira coisa a saber é que suas dificuldades têm um nome e têm tratamento.

Quais são os sinais e sintomas de TDAH em adultos?

Os sinais e sintomas de TDAH costumam ser os mesmos na infância e na fase adulta. No entanto, a intensidade deles pode mudar com o tempo. A hiperatividade, por exemplo, tende a atenuar com o passar dos anos. Em contrapartida, a desatenção, a impulsividade e a inquietação podem persistir e interferir no funcionamento diário. As possíveis manifestações do TDAH incluem:

  • Rendimento aquém da capacidade intelectual;
  • Falta de foco;
  • Tédio;
  • Dificuldade de seguir rotinas;
  • Procrastinação;
  • Dificuldade para planejar e executar tarefas;
  • Ansiedade diante de tarefas não estimulantes;
  • Alteração de humor constante;
  • Esquecimento de datas e compromissos importantes;
  • Perda de objetos;
  • Problemas para expressar ideias e colocar em prática o que está pensando;
  • Dificuldade para escutar e esperar a sua vez de falar;
  • Intolerância a situações monótonas e repetitivas;
  • Falta de atenção com coisas simples e erros constantes na execução de atividades.

Importante: qualquer pessoa pode apresentar os sinais e sintomas acima em algum momento. Mas, no TDAH, eles estão presentes desde a infância e são persistentes, além de serem graves o suficiente para causar problemas em mais de uma área da vida.

Quais são os desafios associados ao TDAH em adultos?

Há uma parcela de adultos com TDAH que desconhece o diagnóstico. Um dos fatores que dificulta a identificação do transtorno nessa faixa etária é que, com frequência, a pessoa afetada e os que estão ao seu redor enxergam os sinais e sintomas da condição como um traço de personalidade.

Embora alguns dos adultos com TDAH não diagnosticados consigam desenvolver estratégias para compensar suas dificuldades, muitos deles, por desconhecerem a origem do problema e não receberem tratamento, ficam mais suscetíveis a relacionamentos instáveis, baixo desempenho profissional e acadêmico, baixa autoestima e outras consequências.

Um dos maiores desafios está na execução das atividades relacionadas ao trabalho. Pessoas com o transtorno estão mais suscetíveis a:

  • Demissões;
  • Acidentes de trabalho;
  • Avaliações negativas de rendimento;
  • Problemas de relacionamento com os colegas;
  • Repreensão por comportamento inadequado.

No âmbito da saúde, estudos indicam que 75% dos adultos com TDAH estão propensos a mais de uma comorbidade. Entre elas:

  • Depressão;
  • Dislexia;
  • Ansiedade;
  • Compulsão alimentar;
  • Distúrbios do sono;
  • Uso abusivo de álcool e outras drogas;
  • Baixa autoestima.

Como é feito o diagnóstico do TDAH em adultos?

Quando a pessoa suspeita do TDAH ou é alertada por alguém, é importante que ela consulte um psiquiatra ou neurologista. Para fazer o diagnóstico, o profissional realizará o seguinte processo:

  • Exame físico: para descartar outras possíveis causas dos sintomas;
  • Coleta de informações/anamnese: perguntas feitas pelo médico sobre histórico clínico pessoal e familiar, além do surgimento e frequência dos sintomas;
  • Testes de transtornos mentais:  para avaliar os sintomas e até mesmo descartar outros tipo de transtornos.

Como é o tratamento do TDAH em adultos?

O tratamento do TDAH em adultos costuma envolver medicação, psicoterapia e treinamento de algumas habilidades para atenuar os sintomas. Esses recursos, em geral, precisam ser adaptados ao longo do processo e podem ou não estar associados.

Em relação aos medicamentos, é comum a prescrição de:

  • Psicoestimulantes : são usados para elevar e equilibrar o grau de substâncias químicas cerebrais/neurotransmissores;
  • Antidepressivos: também ajudam no equilíbrio das reações químicas do cérebro.  Em geral, são recomendados quando há contraindicação para o uso de psicoestimulantes.

A psicoterapia é de suma importância para aprender formas de lidar com os sintomas e treinar habilidades como organização, planejamento e controle emocional. Há dois tipos de acompanhamento psicológico indicados:

  • Terapia cognitiva comportamental: ajuda no desenvolvimento de habilidades específicas para o gerenciamento de comportamentos e enfretamento de problemas no trabalho e vida pessoal. Também auxilia a lidar com comorbidades como ansiedade e depressão.
  • Aconselhamento familiar: essa terapia envolve pais, filhos e cônjuges, para que todos possam encontrar a melhor forma de se comunicar e lidar com os sintomas do TDAH.

Importante: buscar o máximo de informações sobre TDAH e partilhar experiências e dúvidas em grupos de apoio também são ferramentas importantes para conviver melhor com o transtorno.

Quais estratégias podem ajudar no gerenciamento do TDAH em adultos?

Além de acompanhamento médico, medicamentos e psicoterapias, existem técnicas que podem ajudar adultos com TDAH a lidar com o transtorno. Confira algumas delas:

Atividade física – ajuda a diminuir a alternância de humor, aumenta gasto de energia e acalma a mente.

Sono adequado – a falta de sono é capaz de piorar os sintomas do TDAH, aumentando o nível de desatenção.

Alimentação adequada – comer bem, em pequenas porções ao longo do dia, pode diminuir a distração e a hiperatividade. Diminuir o consumo de açúcar e carboidrato, e aumentar a ingestão de proteínas também contribui para redução dos sintomas do TDAH.

Documentar a rotina – manter uma agenda com os horários e compromissos ajudará a driblar a dificuldade de organização, comum para quem tem TDAH.

Definição de prioridades – identifique as tarefas mais importantes do dia e comece por elas.

Gerenciamento do tempo – outra dica é definir a quantidade de tempo necessária para executar cada tarefa e estabelecer prazos para seus projetos.

Uma tarefa de cada vez – realize uma atividade por vez e, no caso de um grande projeto, divida-o em partes para terminá-lo aos poucos.

Organização do espaço – verifique diariamente o que você usará e o que deverá ficar guardado. Defina lugares para chaves, contas e outros itens que se perdem facilmente. E jogue fora tudo o que não for necessário.

Evitar respostas imediatas – a impulsividade é um sintoma perigoso para adultos com TDAH que podem se comprometer a fazer algo que não vão dar conta. Por isso, antes de responder a um pedido, respire, pare, e verifique se realmente é possível.

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Como lidar com as comorbidades do TDAH?

O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) se caracteriza pela dificuldade em manter o foco nas mais diversas atividades e pelo comportamento inquieto e impulsivo, o que pode dificultar o desenvolvimento acadêmico e a convivência social. Em cerca de 70% dos casos há também a existência de comorbidades associadas. Continue a leitura e saiba quais são e como é feito o tratamento nessas situações.

Com que frequência o TDAH é associado com outros transtornos?

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), cerca de 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade apresentam alguma comorbidade e ao menos 10% delas possuem três ou mais problemas de saúde coexistentes.

O relatório de recomendações (PCDT – protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas)do Ministério da Saúde sobre TDAH aponta ainda que 85% dos adultos com o transtorno apresentam comorbidades. A alta prevalência de doenças coexistentes ao TDAH aumenta o nível de comprometimento funcional dos pacientes, prejudicando o desenvolvimento acadêmico e as relações sociais.

Vale ressaltar que cerca de 4% da população mundial possui TDAH e, no Brasil, 2 milhões de adultos sofrem do distúrbio. Assim, é provável que 1,7 milhões de brasileiros apresentem também alguma comorbidade.

Quais são as comorbidades mais comuns do TDAH?

O transtorno opositivo desafiador (TOD), desordem comportamental caracterizada por episódios de raiva, agressividade, provocação e desobediência, é uma das comorbidades mais comuns entre as crianças com ADHD. Ao cruzar dados de diferentes pesquisas na área, o problema aparece em até 41% dos casos. Outros transtornos frequentemente associados ao TDAH são:

  • Transtorno de ansiedade – 25 a 35%
  • Transtorno de conduta – 25%
  • Depressão – de 10 a 30%
  • Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) – de 10 a 17%

No caso de adultos com TDAH os principais problemas de saúde coexistentes são:

  • Problemas de ansiedade – 47,1% a 19,5%
  • Transtornos de humor – 38,3% a 11,1%
  • Abuso de substâncias – 15,2% a 5,6%
  • Transtorno explosivo intermitente – 19,6%  

Estudos também indicam que pessoas com TDAH têm maior chance de desenvolver obesidade. A prevalência é de 70% em adultos e 40% em crianças.

Como essas comorbidades influenciam os sintomas de TDAH?

As comorbidades podem potencializar alguns sintomas do TDAH, gerando prejuízos ainda maiores para o desenvolvimento das crianças e na vida de adultos, em suas relações pessoas e profissionais. Dessa forma, é possível citar o agravamento de:

  • Problemas de aprendizagem – cerca de um quarto das crianças diagnosticadas com o TDAH também apresenta dislexia – caracterizada especialmente pela dificuldade de leitura – dificultando ainda mais os estudos.
  •  Ansiedade – a associação de sintomas de ansiedade e TDAH faz com que o paciente tenha mais dificuldade no convívio com outras pessoas e, no caso de adultos, ainda é capaz de comprometer o desempenho profissional.
  • Oscilações de humor – crianças com TDAH e distúrbios de humor apresentam maior instabilidade emocional, problemas sociais e dificuldade de comportamento. Isso interfere no desenvolvimento devido a momentos de depressão e total apatia, assim como extrema irritabilidade.

De que forma as comorbidades impactam o tratamento de TDAH?

De modo geral, o tratamento de TDAH combina o uso de medicamentos, sessões de psicoterapia e o envolvimento de outros profissionais da saúde, como fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, fisioterapeuta etc. Pais e educadores também costumam ser orientados para o desenvolvimento de técnicas específicas dentro de casa e da escola.

A existência de comorbidades, no entanto, torna o tratamento mais complexo. Nesses casos é necessário considerar o distúrbio associado, tratando o sintoma mais incapacitante. Ou seja, a prioridade será controlar o que mais compromete a vida do paciente.

  • Ansiedade – nesta situação, além dos medicamentos indicados para TDAH, é comum o apoio psicológico, com terapia cognitiva-comportamental. Medicamentos especialmente voltados ao tratamento de ansiedade também podem atenuar os sintomas.
  • Depressão – se os sintomas depressivos resultam do TDAH, eles podem diminuir conforme os medicamentos indicados para o distúrbio. Do contrário, são recomendadas medicações específicas para controlar a depressão, em geral inibidores seletivos da receptação de serotonina.
  • Transtorno Opositivo Desafiador – em geral os medicamentos indicados para o controle de sintomas de TDAH são capazes de atenuar o TOD. No entanto, quando esses distúrbios estão associados também é recomendado o treinamento dos pais, com atendimento psicológico para que possam acompanhar e lidar com as situações.

O que a família e pacientes com comorbidades do TDAH precisam saber?

A família de crianças com comorbidades do TDAHe adultos diagnosticados com o distúrbio devem compreender que com o diagnóstico e tratamento adequados é possível conviver com o transtorno e ter qualidade de vida.

Para isso, é necessário o monitoramento constante de uma equipe que envolve diversas especialidades. Esse acompanhamento envolve, por exemplo:

Consultas constantes com psicólogo, fonoaudiólogo e equipe de profissionais que estejam auxiliando no desenvolvimento do paciente.

  • Consultas regulares para o acompanhamento do tratamento medicamentosos e evolução do paciente;
  • Envolvimento da escola para que possa trocar informações com os pais sobre as dificuldades e conquistas da criança com TDAH;

É importante também esclarecer que crianças com TDAH não tem déficit de inteligência, mas sim comportamentos e mecanismos de aprendizagem que dificultam o progresso nos estudos. O tratamento adequado auxiliará nas dificuldades de relacionamento, permitindo a inclusão de pacientes com TDAH em qualquer ambiente, da escola ao local de trabalho.

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