A miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune, entre as mais de 100 atualmente conhecidas. Em todo o mundo, cerca de cinco a cada 100 pessoas têm uma ou mais doenças autoimunes. Mas a proporção é bem maior em quem tem MG, pois de 13 a 22 pessoas a cada 100 possuem uma segunda doença autoimune. Entender como essas condições se relacionam é importante, pois a presença de uma doença autoimune pode aumentar o risco de desenvolver outras condições autoimunes. Então, continue a leitura para entender:
O que é a miastenia gravis?
A miastenia gravis é uma doença autoimune que afeta os músculos que controlam os movimentos voluntários do corpo. Nesta condição, o sistema imunológico ataca erroneamente os receptores de acetilcolina – substância que transmite sinais nervosos que permitem a contração muscular – na junção neuromuscular, onde os nervos se conectam aos músculos.
O ataque autoimune leva à destruição ou ao bloqueio dos receptores de acetilcolina, resultando em uma comunicação prejudicada entre os nervos e os músculos, provocando fraqueza muscular, fadiga e dificuldade em controlar os movimentos. Embora não haja cura para a miastenia gravis, existem tratamentos disponíveis para gerenciar os sinais e sintomas.
O que são doenças autoimunes?
Doenças autoimunes são condições nas quais o sistema imunológico, que normalmente funciona para proteger contra invasores externos, como bactérias e vírus, começa a atacar erroneamente os tecidos do próprio organismo. Nesses casos, o sistema imunológico perde a capacidade de distinguir entre as células saudáveis do corpo e substâncias invasoras.
Quando o sistema imunológico ataca as células normais, pode ocorrer inflamação e danos aos tecidos. Essa resposta autoimune pode afetar uma ampla variedade de órgãos e tecidos, resultando em diferentes tipos de doenças autoimunes.
Qual a possibilidade da miastenia gravis coexistir com outras doenças autoimunes?
Cerca de 20 a 25% das pessoas que possuem miastenia gravis podem ter uma segunda doença autoimune. Isso acontece porque pacientes com MG podem apresentar uma predisposição para desenvolver outras condições autoimunes. É possível que isso esteja relacionado com fatores genéticos e imunológicos.
Quais são as doenças autoimunes mais comuns associadas à miastenia gravis e o que elas causam?
A miastenia gravis pode estar associada a várias doenças autoimunes, e a presença concomitante dessas condições pode afetar a gestão da saúde do paciente. Algumas das doenças autoimunes mais frequentemente associadas à MG incluem:
- Tiroidite autoimune – causa distúrbios da tireoide em que o sistema imunológico ataca a glândula tireoide. Pode levar a hipotireoidismo ou hipertireoidismo, afetando o equilíbrio hormonal no corpo.
- Lúpus eritematoso sistêmico (LES) – causa inflamação em vários órgãos e tecidos. Afeta a pele, articulações, rins, coração, pulmões e sistema nervoso, resultando em uma variedade de sintomas.
- Artrite reumatoide – causa inflamação crônica das articulações. Entre os principais sintomas estão dores, inchaço e eventual dano articular.
- Esclerose múltipla (EM) – causa danos à mielina, a cobertura protetora dos nervos no sistema nervoso central. Esses danos podem resultar em problemas neurológicos, como dificuldades de movimento e coordenação.
- Polimiosite e dermatomiosite – causa inflamação nos músculos. Como sintomas, há fraqueza muscular, dor e, no caso da dermatomiosite, erupções cutâneas características.
- Vasculite – causa inflamação dos vasos sanguíneos. Pode afetar diferentes órgãos, levando a sintomas variados, dependendo da localização da inflamação.
Além disso, a miastenia pode afetar o coração, interferindo no funcionamento cardiovascular e exigindo acompanhamento médico específico.
É fundamental que os pacientes com MG sejam acompanhados por uma equipe médica especializada para um diagnóstico preciso, monitoramento adequado e desenvolvimento de um plano de tratamento abrangente que leve em consideração as diferentes condições autoimunes presentes. O tratamento é adaptado às necessidades individuais de cada paciente.
Qual a importância de se investigar a presença de outras doenças autoimunes em quem tem miastenia gravis?
A coexistência dessas condições autoimunes pode complicar o quadro clínico e o manejo da miastenia gravis. A investigação da presença de outras delas em quem tem miastenia gravis é crucial, pois pode oferecer uma abordagem clínica abrangente e personalizada, que dará mais qualidade de vida ao paciente. Entre as principais razões para realizar essa investigação estão:
- Impacto no tratamento – a presença de outras doenças autoimunes pode influenciar a escolha dos tratamentos para a miastenia gravis. Alguns medicamentos usados para tratar uma condição autoimune podem afetar positiva ou negativamente outras, exigindo uma abordagem cuidadosa para evitar interações indesejadas.
- Monitoramento de sintomas – a coexistência de várias doenças autoimunes pode levar a uma variedade de sintomas. Monitorar e entender esses sintomas é crucial para proporcionar alívio aos pacientes e melhorar sua qualidade de vida.
- Prevenção de complicações – algumas condições autoimunes podem aumentar o risco de complicações adicionais. Ao identificar e tratar precocemente essas condições, é possível minimizar o impacto negativo na saúde do paciente e reduzir o risco de complicações.
Além disso, especialistas indicam que o treinamento físico para miastenia pode ser uma alternativa segura e benéfica para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, desde que realizado sob supervisão médica.