ADHD
05/12/2022
O que é o hiperfoco que o TDAH pode causar e como isso pode ser positivo?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma desordem neurobiológicaque, na maioria das vezes, causa dificuldade em manter a atenção e o foco em algo. Estima-se que entre 3% e 5% das crianças apresentam o transtorno, que pode continuar a se manifestar na fase adulta. Entretanto, o TDAH também pode provocar o hiperfoco, que é quando a pessoa passa horas concentrada em uma única tarefa e não presta atenção a mais nada. Embora isso pareça um problema a princípio, pode ser uma vantagem. Continue a leitura para saber como!

O que é TDAH?

O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é uma condição neurobiológica de causas genéticas que, geralmente, provoca sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade. O TDAH pode ser dividido em três subtipos, conforme a predominância de determinados sinais e sintomas.

Quando a maior parte deles está relacionada com desatenção e distração, o TDAH é do subtipo predominantemente desatento. Já quando a maioria dos sinais e sintomas tem relação com hiperatividade e impulsividade, o subtipo é predominantemente hiperativo. E quando há uma mistura de desatenção e hiperatividade, o TDAH é do subtipo combinado.

O TDAH costuma se manifestar ainda na infância e pode acompanhar a pessoa pela vida toda. Atualmente, é cada vez mais frequente o diagnóstico em adultos, que provavelmente manifestaram os primeiros sinais quando eram menores, mas não foram corretamente avaliados.

O que é o hiperfoco no TDAH?

Uma característica comum do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade é a pessoa não conseguir se concentrar por muito tempo em uma mesma tarefa. Entretanto, o oposto também pode acontecer, o que é chamado de hiperfoco, um estado mental em que a pessoa “esquece” de tudo ao seu redor e se dedica horas a uma única tarefa ou projeto.

O hiperfoco é algo que pode acontecer com qualquer pessoa em algum momento, mas é associado com mais frequência ao TDAH, ao transtorno do espectro do autismo e à esquizofrenia. Embora as pesquisas a respeito ainda sejam muito limitadas, acredita-se que tanto a distração quanto o hiperfoco sejam resultantes dos níveis baixos de dopamina em todos que têm o transtorno.

  • Dopamina – é um neurotransmissor que tem várias funções, como regular o humor, o estresse e a concentração, bem como estimular a memória e o raciocínio, entre outras.

Então, essa deficiência de dopamina pode fazer com que a pessoa com TDAH apresente dificuldade em transferir a atenção para atividades menos que ela considere menos agradáveis, permanecendo naquilo que é considerado mais divertido e prazeroso. Ou seja, em algo que proporcione uma recompensa imediata.

O hiperfoco no TDAH é um problema ou pode ser positivo?

O hiperfoco no TDAH se torna um problema quando não há um freio e o objeto dele é uma atividade improdutiva ou que pode prejudicar a pessoa. Por exemplo, quando ela deixa de fazer outras coisas que considera desinteressante, como preencher relatórios e fazer trabalhos de escola. Em casos extremos, é possível até que a pessoa não tome banho e não durma para continuar focada em determinada atividade, como jogar videogame.

Entretanto, o hiperfoco no TDAH pode ser positivo nos casos em que os portadores do transtorno consigam ter foco em atividades, como na produção acadêmica e na carreira.

Isso porque é possível canalizar o hiperfoco para algo produtivo, por exemplo: cientistas e escritores com o transtorno e que se tornaram bem-sucedidos devem isso, em parte, à capacidade de focar por muito tempo seguido em algo que estavam desenvolvendo.

Quais outras qualidades estão associadas ao TDAH?

O cérebro do indivíduo com TDAH costuma apresentar um funcionamento diferente em comparação às pessoas sem o transtorno. Algumas características típicas da condição são comportamentos considerados positivos e desejáveis tanto na vida pessoal quanto nas relações sociais e profissionais, tais como:

  • Empatia;
  • Criatividade;
  • Espontaneidade;
  • Bom humor;
  • Resiliência.

Como gerenciar o hiperfoco no TDAH?

Veja algumas dicas para ajudar a gerenciar o hiperfoco no TDAH em crianças:

  • Converse com a criança sobre o hiperfoco para que ela entenda o que é e que precisa aprender a lidar com isso;
  • Estabeleça um cronograma claro de atividades para limitar o tempo da criança em cada uma;
  • Defina atividades que retirem a criança do isolamento e estimulem a interação.

A seguir, veja algumas dicas que podem ajudar com os adultos:

  • Fique atento a como se comporta e no que pensa para conseguir identificar que está em hiperfoco;
  • Movimente-se quando perceber que está no estado de hiperfoco, pois isso pode ajudar a interrompê-lo;
  • Defina as prioridades para não ficar focado só em uma coisa;
  • Estabeleça o tempo para cada tarefa conforme as prioridades e programe alarmes e coloque lembretes para ajudar a concluí-las;
  • Evite começar algo que possa fazer entrar em hiperfoco perto da hora de dormir ou antes de alguma tarefa que precisa ser feita.

Qual a importância do tratamento do TDAH?

O tratamento do TDAH deve envolver uma equipe multidisciplinar de saúde e pode incluir diferentes profissionais, como psicólogo, psiquiatra, neurologista, fonoaudiólogo, psicopedagogo e fisioterapeuta – com a utilização de terapias comportamentais e de medicamentos, dependendo do caso.

O objetivo é ajudar a pessoa com TDAH a lidar com a desatenção e com comportamentos como hiperatividade e excesso de fala, fortalecendo as qualidades e pontos positivos. O tratamento auxilia na tomada de decisões, na priorização de atividades e no planejamento de rotinas – o que pode ser bastante desafiador para quem tem o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

  • O tratamento aumenta a qualidade de vida e reduz o risco de desenvolver comorbidades, como ansiedade e depressão.

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Referências


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